Eu Adalberto ao lado do amigo André (Boina)
Em Histórias de nosso cotidiano, apresentamos mais um belo
texto do colunista André Luiz Bonomini – Uma crônica relatando sobre os antigos Almanaques Renascim
Hoje e ontem. O tradicional Almanaque Renascim é apenas mais um na
história dos almanaques farmacêuticos, que nunca deixaram o imaginário popular
(André Bonomini)
Renascim: Os
fabulosos almanaques farmacêuticos (que nunca morrem!)
Seus pais, tios ou avós já devem ter
aparecido em casa com um destes depois de uma visitinha a farmácia do bairro.
Pequeno, recheado de curiosidades, piadas, advinhas, dicas caseiras, calendário
lunar e previsões astrais, sempre com uma bela mulher ou uma paisagem de capa.
Hoje, naturalmente, é algo mais cult,
mas em tempos mais remotos, era um baita informativo para o ano todo.
Tradicionais e nostálgicos, os almanaques farmacêuticos passaram de
antiquadas publicações ao status de relíquias altamente valiosas e
colecionáveis, uma verdadeira mina de história e costumes resumida em algumas
poucas páginas. Parado em casa na manhã desta terça-feira passada (05/01),
percebi na mesa da cozinha um pedaço dessa história que nunca morre. Era a 71ª edição do veterano Almanaque Renascim-Sadol, publicado anualmente pelo Laboratório Catarinense desde a fundação da
empresa, em 1945, na sempre bela cidade dos príncipes, Joinville.
Edição de 1908 do Pharol da Medicina, o primeiro almanaque de farmácia brasileiro, lançado no Rio em 1897 (Reprodução)
O pioneiro foi o Pharol da Medicina,
publicação elaborada com o patrocínio da Drogaria Granado, do Rio de Janeiro (sempre o Rio), em 1887. A partir dele, as publicações que se
seguiram copiavam os moldes do pioneiro. O Almanaque trata-se de uma publicação
anual que traz dicas para o lar, datas boas para pesca e agricultura,
horoscopo, curiosidades, anedotas, adivinhações, tudo para cada mês do ano. Era
um verdadeiro guia de bolso, da mãe em dúvida ao aluno curioso, do agricultor
ao pescador.
Edição de 1943 do Almanaque do Biotônico Fontoura. Primeiros números tiveram ilustrações e foram editados por Monteiro Lobato (Reprodução)
É dito que o mais conhecido do
país foi o Almanaque Fontoura,
criado pelo farmacêutico Cândido
Fontoura, o criador do famoso fortificante Biotônico Fontoura. O que o faz tão conhecido e
lembrado pela história é pelo fato de a ideia geral do anuário partir de um dos
maiores gênios da literatura nacional: Monteiro Lobato. Amigo
de Fontoura – e a qual devia uma por
ter-lhe curado da fraqueza com o fortificante – era Lobato quem ilustrava e
editava o Almanaque nos primeiros idos, dando-lhe personalidade e qualidade sem
igual. A publicação esteve presente nas farmácias nacionais de 1920 até meados da década de 90, chegando a ter
tiragem de 100 milhões de exemplares anuais em um período (tiragem de 1982).
Esta e outras tantas
publicações, com o passar dos tempos, deixaram de serem simples peças antiquadas
de um passado distante e passaram a ser exemplares ricos em história e
simbolismo. Alguns exemplares, que no tempo de glória eram distribuídos de
graça, são disputados atualmente a preços de ouro por colecionadores e sebos,
por valores que variam entre R$
15 a R$ 100, dependendo do valor histórico e se é um pacote com determinado
número de almanaques.
Apesar do desaparecimento do
Almanaque Fontoura, outros persistiram e seguem na trilha até os dias atuais,
como é o caso do Renascim. Destaco especialmente nesta edição uma preciosidade
que tenho ainda hoje guardada, até como recordação de meu saudoso avô, Godofredo Heiden. É um pequeno exemplar do Renascim
de 1979, que além do conteúdo padrão de todo
Almanaque, traz uma curiosa história em quadrinhos em que um barbeiro contador
de histórias (Zé Navalha) e o
filho curioso (Brasílio)
viajam o Brasil atrás de histórias e pontos turísticos conhecidos.
O andamento do conto é meio
forçado em alguns momentos, especialmente na hora de inserir propaganda (vale
lembrar, o Renascim é um informativo publicitário do Laboratório Catarinense),
mas é uma curiosa peça de fim de anos 70 que vale a pena serem lida e
contemplada, especialmente pela capa que traz os vários tipos brasileiros em
confraternização. Dentro, além dos quadrinhos e dicas, um desfile de marcas
tradicionais do Laboratório, algumas até hoje na ativa, como:
- Balsamo Branco (Boettger), o
próprio
- Renascim, Melagrião, Sadol,
- Alicura, Figatil,
- Camomila Rauliveira
(Camomila Catarinense),
- Água Inglesa, Catuama e outros tantos.
A edição
de 2015 do
Renascim já está disponível nas farmácias de confiança no Centro e nos bairros.
Quem não garantiu a sua ainda tem tempo. E guarde-a com carinho, nunca se sabe
quando você, no futuro, terá uma peça história de valor inestimável e que pode
até lhe valer alguns bons trocados.
Texto: André Luiz Bonomini
Usei o Almanaque Renascim como uma das tantas outras fontes necessárias para escrever meu livro Verde Vale, que se encaminha para a 14ª edição. Consultava nela as épocas de semeaduras e plantios da lavoura.
ResponderExcluirComo viver sem um almanaque Renascim?
Abraço,
Urda A. Klueger
Beto, tive mais de 60 " almanaques de FARMÁCIA" Cheguei a emprestá-los a uma professora, que fez um catálogo, muito interessante, com todas as revistas e almanaques, que havia conseguido compilar. Um dia, alguém da minha casa achou um absurdo aquela" tranqueira" ( assim designada). Achei, que estava na hora de me desfazer e coloquei num leilão, partindo do pressuposto de quem compra, guarda com carinho. Não vendi. Acho que super estimei... Vendi, em separado, alguns exemplares: almanaque Dr Ross, Cabeça de Leão ...Vendo o seu email do Renascim, lembrei que tenho vários deles, de anos sequenciais. Qualquer hora vou colocá-los novamente em leilão e junto vai o catálogo, que pouca gente sabe que existe. Sinto que preciso me desfazer de objetos que juntei a vida toda. Ninguém quer lixo!!!!!!!!!!!!!!Para você ter uma idéia, tenho um álbum de cromos de 1865. Um abraço da velha juntadora de tralhas Marilia Car
ResponderExcluirO Urbanauta 3 minHá 3 minutos lendo esses almanaques e adquirindo conhecimento geral, junto com HQs, álbuns de figurinhas, desenhos animados :-)
ResponderExcluirZé Roig:
Adalberto e André Todo começo de ano eu corria nas farmácias de Araranguá e Tubarão para pedir um almanaque desses.Pena que acabou.
ResponderExcluirCésar Canto Machado
Sr. Day.
ResponderExcluirFeliz 2016, rico em descobertas interessantes e preciosas!
Apreciei ler a crônica do Sr. Bonomini.
Fez-me lembrar de uma passagem em um artigo que escrevi à pedido dos editores da REVISTA DE VICENTE SÓ,
para a sua próxima edição, com o título A LÍNGUA ALEMÃ EM BRUSQUE.
Pesquisando, descobri informações sobre o almanaque bilíngue do Laboratório Boettger (Fernando) de Brusque
que eu bem conhecia, nos anos que precederam a Grande Guerra.
Desejo-lhe uma boa semana!
Helga Erbe Kamp
Amigo Adalberto bonita lembrança dos dias do almanaque,os pequenos e com grandes inlustraçoes e maravilhosas reportagens, para quem quer saber tenho ainda uns 40 esemplarens, com numeros sortidos para vender a 5,00 cada,grato e abraços Valdir Salvador.
ResponderExcluirMeu caro Adalberto,
ResponderExcluirEu particularmente conheci alguns deles(almanaques) porém não tinha o hábito de explorara-los.
Sobre tudo entendo como um método muito valioso de informações para a época. Mais um excelente texto,parabéns.
Ola amigo Adalberto. Feliz 2016. Obrigado pela visita ao www.stadion.com.br por enquanto, somente as colunas publicadas em A Voz da Razão.
ResponderExcluirSaudades do Almanaque. Esperava-os com ansiedade quando menino. Parabéns pelo resgate.
Beto e André,
ResponderExcluirMeu falecido pai teve farmácia no início dos anos cinquenta em localidades do interior de Santa Catarina: Serril, Braço do Trombudo e Rio Cerro II.
Naqueles locais, sem médico ou hospital por perto, o farmacêutico era considerado um verdadeiro doutor.
Me lembro que, quando criança, era aguardado com expectativa no finalzinho de cada ano o Almanaque Renascim, cujos exemplares vinham acondicionados na caixa dos remédios diretamente para a Farmácia. E ali nós colocávamos o carimbo Farmácia Popular....
Os moradores do interior, todos colonos, gostavam das informações e, como bem lembrou a Urda, eram dados de muita utilidade para cultivo da lavoura, datas da mudança da lua, etc. Um brinde e tanto !
A propaganda lembrava: "Quem toma Renascim...renasce sim !"
Outro medicamento daqueles tempos, a Camomila Rauliveira, tinha um mote também interessante: "Camomila Rauliveira...faz bem à família inteira."
E quem não lembra das "cartas enigmáticas" de antigamente, que muitos almanaques publicavam ?
Infelizmente não colecionei os almanaques que ganhei no decorrer dos anos, mas guardo um que herdei da família Braga: o do ano em que nasci. Precioso documento para saber o que acontecia naqueles tempos....
Carlos Braga Mueller
Caro Adalberto, o colega Braga Mueller citou a Camomila Rauliveira. Pesquisando os microfilmes de nossos jornais do final do século 19, encontrei ali anúncios de medicamentos oferecidos por "Raulino Horn e Oliveira". Parece vir dali o termo "Rauliveira". Quanto aos almanaques, a galera adolescente também gostava deles, mas por causa das belas mulheres que às vezes ilustravam suas capas. Grande abraço!
ResponderExcluirQUERIA A RESPOSTA DE UMA CHARADA QUE SAIU EM UM DOS EXEMPLARES DE ALMANAQUE SADOL DECADA DE 70.
ResponderExcluir"QUAIS OS DIAS QUE SEMPRE CAEM NOS MESMOS DIAS DA SEMANA?"
PODE ME AJUDAR COM ESSA QUESTAO?
FABIOEQTERRA@HOTMAIL.COM