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terça-feira, 29 de março de 2016

- Blumenau: a perda de territórios

COMO FOI QUE O  MUNICÍPIO  DE  BLUMENAU  FICOU  TÃO  PEQUENO?

Por Carlos Braga Mueller/Jornalista e escritor em Blumenau (foto).
Em 1930 o Município de Blumenau englobava o território de Gaspar e ia em direção ao oeste até Curitibanos. Possuía 10.610 km².  Mas então começou a ser retalhado, passando para a extensão territorial dos dias atuais, apenas 519,8 km².
Como foi que isso aconteceu?  

Em parte devido ao desenvolvimento dos vários Distritos que compunham o município. Mas a grande retaliação foi de origem política, em 1934, o que motivou grandes manifestações de rua, quando o povo desfilou pedindo que Blumenau ficasse unido.
Não adiantou, como veremos depois.
SIEBERT, Claudia. Estruturação e desenvolvimento da rede urbana do vale do Itajaí. Blumenau: Editora da FURB, 1996.

1864
por volta de 1890 - Alameda 
DE  VILA  A  MUNICÍPIO
A Colônia Blumenau  ficava em terras de Itajaí, e pela Lei Estadual nº 860, de 4 de fevereiro de 1880, foram desmembradas do município de Itajaí as freguesias de São Pedro Apóstolo, de Gaspar, e São Paulo Apóstolo, de Blumenau, para formarem um novo município, Blumenau. A sede do município passou a ser a freguesia de São Paulo Apóstolo, que foi elevada à categoria de Vila e Município, com a denominação de Vila de Blumenau.
Embora só em 10 de janeiro de 1883 tenha sido oficializada a instalação do município, em virtude da catastrófica enchente de 1880, a vida da cidade transcorria serena, sob a soberania do Imperador Pedro II, cabendo  à Câmara Municipal exercer  a administração da Vila/Município.
Em 28 de julho de 1894, pela Lei Estadual 197, a Vila foi elevada à categoria de cidade, ficando dividida em três distritos: o da Sede e os de Gaspar e Indayal.
Com a Proclamação da República, em 15 de Novembro de 1889, houve uma reviravolta na política brasileira, a que não vamos nos estender aqui, mas que colocou na administração da cidade uma Intendência, logo substituída por uma Superintendência. Ambas, no período inicial, foram exercidas pelo médico baiano, radicado em Blumenau, Dr. José Bonifácio da Cunha, um ferrenho defensor da República.
Enquanto isso, iam sendo criados Distritos na vasta região de Blumenau, especialmente para atender as demandas populacionais.
Em 2 de março de 1912,  pela Lei Municipal nº 80, foi criado o Distrito de Hammonia (hoje Ibirama). Logo em seguida, 13 de março de 1912, surgiu o Distrito de Bella Aliança (hoje Rio do Sul). Em 16 de setembro de 1916 foi criado o Distrito de Encruzilhada (atual Rio dos Cedros).  Em 16 de abril de 1919, pela Lei Municipal nº 120, surgiram os Distritos de  Rodeio e Ascurra.
O Distrito de Massaranduba foi  criado em 16 de agosto de 1921, pela Lei Municipal 142.
A Lei Municipal 148, de 30 de maio de 1922, oficializou o Distrito de Benedito /Timbó.
Viria em seguida, criado pela Lei Municipal 213, de 26 de março de 1927, o Distrito de Taió.
Assim, em 1930, este era o panorama territorial, Sede e  respectivos Distritos, da Grande Blumenau,  de 10.610 km².
A DIVISÃO COMEÇA
Em 10 de outubro de 1930, em plena efervescência política no país, com a Revolução que colocou Getúlio Vargas no Governo, ocorreu o primeiro e significativo desmembramento de Blumenau. O Distrito de Bella Aliança tornou-se município com a denominação de Rio do Sul.
Com a nova ordem institucional no Brasil foram extintos os Conselhos Municipais e nomeados prefeitos provisórios. Em Blumenau o prefeito provisório João Kersanach criou uma Junta Administrativa Municipal e nomeou para integrá-la os senhores Antônio Cândido de Figueiredo, como presidente; Thomé Braga como vice, Teodolindo Pereira como secretário e Max Mayr e Adolfo Wollstein como membros. Tanto Kersanach como a Junta não duraram muito.
Os Estados passaram a ter Interventores Federais e em Santa Catarina este cargo coube ao General Ptolomeu de Assis Brasil. Vieram novos prefeitos provisórios: Antônio Cândido de Figueiredo (05/01/1931 a 21/4/1933); Jacó Schmidt (24/4/1933 a 25/2/1934); Capitão Antônio Martins dos Santos (25/02/1934 a 20/08/1934). Seguiram-se os prefeitos nomeados João Gomes da Nóbrega e Germano Beduschi.
Durante a gestão de Antônio Cândido de Figueiredo surgiram divergências entre ele e o Interventor Federal, já então Aristiliano Ramos, o que levou Figueiredo a demitir-se.
Em 1933, já com Jacó Schmidt como prefeito, realizaram-se  eleições para  Deputados à Assembleia Constituinte.
Em Blumenau a oposição ao governo federal crescera muito, o que infligiu espetacular derrota aos candidatos governistas.
Então, vingança política ou não, o Interventor Federal Aristiliano Ramos resolveu, em fevereiro de 1934, subdividir o território do Município de Blumenau em vários outros. Foram emancipados os Distritos de Hammonia, sob o nome de Dalbérgia (hoje Ibirama), Gaspar, Indaial e Timbó.
Em 1934 a Linha Colonial de Rio do Testo foi elevada à categoria de Distrito como Vila de Rio do Testo (hoje Pomerode).
Blumenau ficou reduzido a cerca de 900km², com apenas os  distritos de Massaranduba e Rio do Testo.
População de Blumenau nas ruas 1934

A população blumenauense ficou indignada e o povo saiu às ruas em passeatas de protesto, portando cartazes, O movimento  passou à história com a designação de  “Por Blumenau Unido”. Oradores exaltados se fizeram ouvir, entre eles o Juiz da Comarca, Amadeu da Luz, filho de Hercílio Luz. Houve até preparação para ação armada, mas a prudência dos líderes do movimento evitou derramamento de sangue e outras trágicas consequências.
Depois deste triste acontecimento, que feriu, e muito, os brios dos blumenauenses, houve poucas alterações territoriais no município.
Em 31 de dezembro de 1943 foi criado o Distrito de Vila Itoupava, desmembrado do Distrito de Massaranduba.
Em 11/12/1948, o remanescente do Distrito de Massaranduba  passou a ser município, desmembrado de Blumenau, Itajaí e Joinville).
Em 19 de dezembro de 1958, Blumenau perdeu seu último território: o Distrito de Rio do Testo passou a ser Município com o nome de Pomerode.  Emancipação político-administrativa: 21 de janeiro de 1959.
Em 17 de dezembro de 1999 foi criado o Distrito do Grande Garcia, unificando os bairros do Garcia, Glória, Progresso, Vila Formosa e Valparaiso. Obs: o bairro Ribeirão Fresco embora pertencendo ao Grande Garcia, preferiu não ser incorporado ao distrito.
Este, e a Vila Itoupava e o da Sede constituem os três únicos e atuais distritos de Blumenau, nos levando a rememorar o longínquo ano de 1894, quando também eram três os distritos: Sede, Indaial e Gaspar.
Todavia, dos municípios que foram desmembrados de Blumenau surgiram muitos outros, que a seguir relacionamos por ordem alfabética,  num total de 36 e mais o município-mãe, Blumenau.
_______________________________________________
Município                               Data de criação     Desmembrado de
01 - Agrolândia                       12/06/1962             Trombudo Central
02 - Agronômica                     08/04/1964             Rio do Sul
03 - Atalanta                             04/12/1964            Ituporanga
04 - Ascurra                             01/04/1963             Indaial 
05 - Apiúna                              04/01/1988             Indaial
06 - Aurora                              08/04/1964            Rio do Sul
07 - Blumenau                         04/02/1880            Itajaí
08 - Benedito Novo                  20/12/1961           Rodeio
09 - Braço do Trombudo        26/09/1991           Trombudo Central
10 - Chapadão do Lageado    29/11/1995            Ituporanga   
11 - Doutor Pedrinho              04/01/1988            Benedito Novo
12 - Dona Emma                     17/05/1962            Presidente Getúlio
13 - Gaspar                             17/02/1934            Blumenau
14 - Ibirama                             17/02/1934           Blumenau 
15 - Imbuia                              23/08/1962           Ituporanga
16 - Indaial                              28/02/1934           Blumenau
17 - Ituporanga                       30/12/1948            Rio do Sul,Bom Retiro
18 - José Boiteux                    26/04/1989            Ibirama
19 - Laurentino                       12/06/1962            Rio do Sul
20 Lontras                                     19/12/1961            Rio do Sul
21 - Massaranduba                  11/12/1948            Blumenau, Itajaí e Joinville
22 - Mirim Doce                      26/09/1991            Taió 
23 Petrolândia                       26/07/1962             Ituporanga
24 - Pomerode                        19/12/1958             Blumenau
25 - Pouso Redondo               21/06/1958             Rio do Sul
26 - Presidente Getúlio           30/12/1953             Ibirama
27 - Rio do Campo                  20/12/1961             Taió 
28 - Rio do Oeste                    21/06/1958              Rio do Sul
29 - Rio dos Cedros                19/12/1961              Timbó
30 - Rio do Sul                        10/10/1930             Blumenau
31 - Rodeio                              22/10/1936             Timbó
32 - Salete                                29/12/1961             Taió
33 - Taió                                       30/12/1948             Rio do Sul
34 - Timbó                               28/02/1934             Blumenau
35 - Trombudo Central             21/06/1958             Rio do Sul
36 - Vitor Meireles                   26/04/1989              Ibirama
37 - Witmarsum                       17/05/1962              Presidente Getúlio    
       
OBS: As datas acima são das leis que criaram os municípios. As datas das respectivas instalações, em alguns casos, são outras. Tome-se como exemplo: Rio do Sul, criação em 10/10/1930; instalação em 15/04/1931. Recomenda-se que para mais informações se consulte os sites de cada município.
Em virtude de posteriores divisões territoriais por regiões do Estado e também em virtude da criação de áreas específicas, como o “Vale Europeu”, muitos indicam como sendo oriundos do município de Blumenau os municípios de Luiz Alves, Vidal Ramos, Ilhota e até mesmo Brusque, Guabiruba e Botuverá. Luis Alves originou-se de Itajaí; Vidal Ramos, de Brusque; Ilhota, de Itajaí; Brusque, de Itajaí; Guabiruba e Botuverá, de Brusque.
Mais dados sobre a perda de territórios:
Texto e pesquisas de Carlos Braga Mueller/Jornalista e escritor em Blumenau.
- Internet/Wikipédia - sites dos municípios relacionados neste artigo;
- José Ferreira da Silva, História de Blumenau, Editora Edeme, 1972;
- José Deeke, O Município de Blumenau e a História do seu Desenvolvimento, Editora Nova Letra, 1995 (mapa antigo de Blumenau).


Arquivo de Carlos Braga Mueller e Adalberto Day e  Claudia Siebert http://csiebert-arq.wix.com/csiebert

domingo, 20 de março de 2016

- A criação do blog


Crônica de Adalberto Day
Desde garotinho quando iniciei meus estudos em 1961, no Grupo Escolar São José¹, apreciava a história e dos por quês?. 
Perguntava sempre para meus pais sobre a história de Blumenau, mas principalmente sobre o bairro Garcia. A pessoa que mais eu perguntava era para minha avó Ana (Nascida Deschamps) em 1901 em Gaspar na localidade conhecida como Gaspar Alto. Ela foi uma das primeiras mulheres que ingressaram na antiga empresa industrial Garcia, nos seus 13 anos de idade.
A pergunta sobre o bairro que já me referi em muitas das entrevistas que concedi em rádios e TVs, era quando ela visitava uma de suas irmãs que morava na Rua Rui Barbosa. “Vó aonde a vó vai?” ela respondia lá na casa da tia Maria; mas onde ela mora; ela mora lá no Kroba; mas onde fica este local? Lá no Krohbergerbach “bach ribeirão”; certo!. Mas ainda não entendi onde é o local; ela dizia lá onde é a Ponte Preta; agora entendi; vó me leva um dia lá? Ela respondeu que sim, mas nunca se concretizou.
Atualmente residimos próximo ao "Kroba" na rua Júlio Heiden (que foi o esposo da irmã de minha avó Ana. Deschamps a tia Maria Deschamps, casada Heiden). 
Graças a estes porquês, e olha que não foram poucos os questionamentos, pude um dia ser pesquisador de Blumenau e intitulado o “Cuidador da História de Blumenau” pela competente Jornalista Nane Pereira em 7,8 sábado e domingo de 2012 jornal de Santa Catarina.
Para obter êxito precisei ir a luta em buscas de informações dos porquês, e começam aparecer as respostas, o exemplo aqui citado Kroba é a abreviatura do primeiro engenheiro e agrimensor de dr. Blumenau.
Em conversas com alguns amigos lá por volta da década de 1990, solicitavam que escrevesse um livro e fizesse exposições do meu acervo. Um dos incentivadores era meu amigo Djalma Fontanella da Silva que gostaria na época de rever fotos antigas de nossa região. Eu o recebi e mostrei as que tinha. Ficou emocionado. E assim ocorreu com muita gente um deles foi o Álvaro Luiz dos Santos que me ajudou e ainda continua no resgate de fotos e história do Clube mais amado o Amazonas Esporte Clube..
Em 1993 começo a fazer minhas primeiras exposições na E.E.B.M. Pedro II lá no Canto do Rio, depois, E.E.B. Padre José Mauricio, Celso Ramos, Izolete Muller, Comendador Arno Zadrozny, Vale do Itajaí e tantos outros educandários, empresas Coteminas, Darius Turismo, SESI, Associação Artex23 BI  acompanhados também de palestras. Sempre é bom lembrar que meu conhecimento provém de muitas pesquisas, mas fui ajudado por mais de mil pessoas que pesquisamos e mais de 150 colaboradores com fotos e objetos, e a estes eu rendo minha justa homenagem de agradecimentos. Vale ressaltar também o apoio incansável da família, minha esposa e filhas.
Quando chegou o ano de 2007 nossa filha jornalista nos propõe abrir um blog achei muito interessante e acatei. Em julho de 2007 iniciamos 
Este começo foi importante, pois os acessos eram considerados bons para um principiante. Minha intenção na época era escrever somente sobre o Grande Garcia composto por 6 bairros: Ribeirão Fresco, Vila Formosa, Valparaiso, Garcia, Glória, e Progresso.
O renomado publicitário de Blumenau José Geraldo Reis Pfau “Zé Pfau” que já conhecia meus trabalhos, me orientou para escrever sobre todo município e não só do Grande Garcia. “Deixa de ser bairrista” dizia ele. Entendi o recado e comecei a escrever sobre nossa cidade e até região. Mas mandei um recado, somente vou escrever algum artigo desde que a marca ou palavra Blumenau esteja inserida. Continuei bairrista, mas de todos os bairros. E O Zé Pfau aquele que confecciona como hobby motos fantástica com peças de relógios, é também hoje nosso colunista, colaborador, incentivador e irmão de coração.
O Blog dele o "Zé Pfau" com seu magnifico trabalho:

Em dezembro de 2007 meu assíduo leitor e amigo Rubens Heusi me encaminhou fotos antigas do balneário Camboriú. Disse a ele que não as publicaria pois minha intenção era só de Blumenau. Ele acatou. Fui dormir pensando na negativa que acabara de dar ao amigo Rubens. Como irei resolver esta situação, pensava e a insônia veio. Já sei disse para minha esposa! Já sabes o que, retrucou ela. Depois te conto, é sobre umas fotos.
Levantei liguei o computado e fui escrever sobre a Prainha onde os primeiros moradores do centro tomavam seus banhos e lá pela década de 1940 final, vão adquiri seus lotes em diversas praias e assim pude encaixar no texto  as fotos do meu amigo citando a nossa prainha.
Foi uma bela postagem, pois pude contar a história de nossa famosa Prainha, comentar sobre o primeiro afogamento e outros dados importantes que você pode ler clicando neste Link: http://goo.gl/2w5zja
                         
Desde a fundação da cidade de Blumenau, um dos locais favoritos para um bom banho (se refrescar) era principalmente na “Prainha” no Rio Itajaí Açu. O primeiro registro de afogamento foi com um dos primeiros colonizadores, em 1852 Daniel Pfaffendorf.
                                  
¹Grupo Escolar São José fundado em 14 de fevereiro de 1919 incialmente com o nome de Escola  Paroquial São José (servia de capela para a comunidade). Inicialmente, a sede se localizava na rua Belo Horizonte (conhecida por rua do Pfiffer no Bairro Glória, em propriedades da família de Carlos Loos. Atualmente E.E. Básica Governador Celso Ramos com sede na rua da Glória, bairro com o mesmo nome.
 ²quem morava onde hoje é a Rua Rui Barbosa dizia que morava no “Krohberger ” ou Krohbergerbach “bach ribeirão”, ou ainda somente “Kroba”, devido a primeira família a morar na região Sr. Heinrich Krohberger, que chegou por aqui por volta de 1858 e falecido em 22 de abril de 1914 - que possuía uma grande propriedade - era engenheiro, agrimensor prestou serviço em vários governos inclusive com Dr. Blumenau, projetou as primeiras e maiores obras de vulto do município , entre os principais estão a construção das pontes do Garcia e do Salto, igrejas católicas e evangélicas.
                                  
³Ponte Preta sobre o Ribeirão Garcia, na Rua Progresso em Blumenau, com acesso a Rua Rui Barbosa. À esquerda a imagem é de alunos da antiga Escola Rudolf Hollenweger, que aparece na foto em pé de chapéu. À direita, o dia da inauguração da nova Ponte, 18 de fevereiro de 1978 – de concreto - A nova ponte recebeu o nome de Gustavo Krug,mas até hoje é chamada carinhosamente pela comunidade de “Ponte Preta” Devido ser de madeira e pintada com óleo queimado. 

Obs: A atual ponte Gustavo Krug (ponte preta) foi demolida dia 12 de agosto de 2015 para ser construída uma nova com  27 metros de extensão e 12,30 metros de largura. 
- A Ponte Preta 
- Cuidador da História de Blumenau:
O Autor é Cientista social e pesquisador da história de Blumenau 

segunda-feira, 14 de março de 2016

- Recursos




Artigo: RECURSOS
Por Cezar Zillig/Neurologista em Blumenau Cezar Zillig é médico, neurocirurgião de formação, atuando em Blumenau desde 1978.
  


Artigo do nosso amigo colunista Cezar Zillig, que nos apresenta um breve relato como funciona nossa "Justiça" leis de nosso país e que não é diferente em nossa querida Blumenau. Na realidade uma impunidade que todos já perceberam,  muito mais ainda os que agem a margem da lei. (Adalberto Day) 

RECURSOS 
Parece mentira, mas até o dia 17 de fevereiro deste Anno Domini de 2016, qualquer condenado mais abonado só iria finalmente parar na cadeia depois de julgado em última instância. Uma beleza! (Beleza pra quem tem como ficar pagando advogado este tempo todo). Desde 17 de fevereiro criminosos condenados em segunda instância iniciam imediatamente o cumprimento de suas penas. Podem recorrer se desejarem, mas detrás das grades.
(Mesmo assim, a necessidade de uma "segunda instância" já é uma baita colher de chá para os nocivos à sociedade...) 

Caso emblemático é o do ex-senador Luiz Estevão que vinha com o status de "condenado" desde 2006, mas que conseguiu ficar em liberdade por mais de dez anos graças a interposição de nada menos que 34 recursos!  Pra quem olha de fora, isto parece piada.
É comum os noticiários mostrarem advogados saírem de fóruns onde seus clientes acabaram de ser condenados alardeando pomposamente: "vamos recorrer". Recorrer parece uma questão de honra e não recorrer parece equivaler a admissão da culpa. Tudo bem! É muito justo que quem se sinta lesado através de um julgamento duvidoso tenha como recorrer de uma sentença que lhe parece injusta. No entanto, para evitar leviandades como a do Sr. Luiz Estevão, decidir-se por interpor um recurso deveria ter um preço. Preço não em espécie, mas em acréscimo da penalidade caso a segunda instancia concorde com o parecer da primeira. Digamos, acréscimo de um terço da pena! Com isto, advogados de defesa e supostos injustiçados pensariam duas vezes antes de atravancaram abusivamente os tribunais. 
É curioso como os tribunais não se ressentem ao verem réus que acabaram de condenar, rindo-se de suas sentenças e correndo lépidos e faceiros para uma instancia superior, como quem diz: fui julgado por amadores, por uma corte incompetente.
(Em assim sendo, o Sr. Luiz Estevão se sentiu "injustiçado" nada menos que 34 vezes! De novo: pra quem olha de fora, isto parece piada.)

No dia -  07/março/16 - a justiça se lembrou do Sr. Luiz Estevão, condenado já em segunda instância por corrupção ativa, estelionato, peculato, formação de quadrilha e uso de documento falso nas obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.
Estima-se que o roubo cometido implique em cerca de um bilhão de Reais.
Em 2006 este ilustre cidadão foi condenado pela justiça de São Paulo a 31 anos de cadeia, mas graças às manobras de esquiva jurídicas de seus advogados é possível que alguns dos seus crimes tenham prescrito e hoje sua dívida importe em 26 anos de masmorra.
Por este Brasil afora há centenas de casos semelhantes orbitando as instancias; é de se esperar um interminável desfile de contumazes "recursivos" a caminho do xilindró.
No dia 17 de fevereiro de 2016 o Supremo Tribunal Federal deu um passo no sentido de mitigar a sensação de impunidade que tanto machuca o povo brasileiro. 
Texto dr. Cézar Zillig
Imagens: Internet divulgação 

quinta-feira, 10 de março de 2016

- A marca Centenária da EIG

Apresentamos algumas das imagens produzidas durante o Centenário da Empresa Industrial Garcia.
Esta logomarca foi criada por Franz Tchersovky em 1968 pela passagem do Centenário de Fundação da empresa. Seu período de duração foi de 1968 até 1972.
Chaveiros entregue a todos colaboradores
Emblema de madeira feito pelo sr. Lotar Riedeger
Caneco com emblema da Empresa Industrial Garcia de 1969. Doada por José Carlos Rocha. A EIG foi uma das patrocinadoras do 4º Festival da Cerveja em Blumenau. Este festival foi durante os anos de 1966 até 1971.
EIG 1971
História
A primeira indústria que se instalou no bairro e mais antiga de Blumenau, foi a Empresa Industrial Garcia em 1868, na Rua Amazonas nº 4906 – CGC – 82.647.298, fundada por Johann Heinrich Grevsmuhl (que possuía em suas terras que depois foram vendidas para Garcia e Artex, uma roça de aipim com um moinho para fubá e engenho de serra) August Sandner, Johann Gauche,( Confirmado no Documentário da CIA. Hering por ocasião de seu centenário em 1980) associaram-se com um tecelão, conhecido como Lipmann (já possuía teares desde 1865) que ajudou a montar alguns teares e deram impulso na primeira indústria têxtil de Blumenau, com o nome de “Johann Henirich Grevsmuhl & Cia.” Este era o nome da pequenina tecelagem - ganhou diplomas em duas grandes exposições internacionais e algumas medalhas, na Europa. Uma dessas exposições foi no ano de 1873, em Viena (Áustria) e a outra teria sido em Paris. Em 1876 esta pequena empresa extinguiu-se.. Esses considerados fundadores foram os antecessores, de Gustav Roeder.Pouca gente sabe que a Empresa Industrial Garcia teve como primeira edificação, bem em frente à Portaria da ARTEX – (Toália - Coteminas), onde subia para a antiga cantina, em uma casa de madeira, de Grevsmuhl.

 Em 1883 juntamente com sua esposa, Roeder retorna ao Garcia dando um impulso grande no desenvolvimento da Empresa adotando o nome de “Tecelagem de Tecidos Roeder”, (antes em 1882, Roeder, juntamente com Heinrich Hadlich e Johann Karsten, fundara a Empresa KARSTEN ). Em 1896 Roeder sofria um grande golpe com o falecimento da esposa, que era, incontestavelmente, a alma comercial da empresa, ela dirigia os negócios da fábrica, sendo que grande parte do capital lhe pertencia. Com o seu desaparecimento a empresa entrou em fase de decadência, os negócios diminuíram sensivelmente, Roeder viu-se então forçado em princípios de 1900, a promover a liquidação da Empresa. Assumiu a direção da Empresa Nicolau Malburg, que não foi mais feliz que seu antecessor, tanto que poucos meses após, não conseguindo melhorar a situação, foram forçados a vender a fábrica a uma sociedade da qual faziam parte Heinrich Probst, Frederico Busch e Hermann Sachtleben. Em 1906 faleceu Heinrich Probst, substituindo-o na direção da empresa, seu Filho Júlio Probst. Neste mesmo ano, havendo se retirado o sócio Frederico Busch, constituiu-se numa nova firma com a denominação “Probst & Sachtleben”. Em 1913 a Empresa foi transformada em Sociedade Anônima, adotando a denominação “Empresa Industrial Garcia & Probst. Fabrica de Fiação e Tecelagem – Tinturaria – Fundição – Serraria – Olaria - -Oficina Mecânica – Marcenaria - Ferraria. A empresa colocou o nome de Garcia em homenagem a primeira família a residir no bairro conhecido como gente do Garcia. A E.I.Garcia já foi também conhecida pela fabricação de maquinário agrícola e de sinos para Igrejas. Otto Huber técnico austríaco trouxe ideias não só para a tecelagem, mas também foi responsável pela implantação do prédio com três pavimentos. Em janeiro de 1918 verificou-se a nova alteração no nome da firma com a retirada do seu maior acionista JÚLIO PROBST.
EIG 1967
Na constituição da nova sociedade, verificou-se a entrada de capitais de Curitiba Grupo Hauer (permanecendo até o final da Empresa), passando definitivamente a denominar-se “Empresa Industrial Garcia S/A”. Os operários desta empresa eram em sua maioria, moradores do bairro e filhos e parentes de empregados, pois facilitava a locomoção até o parque fabril, por residirem perto da empresa. Isso ocorria devido às estradas serem esburacadas, empoeiradas e lamacentas, principalmente as Ruas Amazonas e Glória, por esse motivo à empresa de ônibus “Empresa Coletivo Ultich Ltda.” (antes existiam outros particulares que faziam transporte urbano), negava-se a realizar esse trajeto.
Em 15 de fevereiro de 1973 atua em período de caráter experimental com a Artex S/A. Em 15 de Fevereiro de 1974 é incorporada a Artex S/A (atual COTEMINAS).
Arquivo de Adalberto Day Colaboração Álvaro Luiz dos Santos.

sexta-feira, 4 de março de 2016

- Estabilidade e ineficiência

ESTABILIDADE E INEFICIÊNCIA

Por Cezar Zillig/Neurologista em Blumenau
Cezar Zillig é médico, neurocirurgião de formação, atuando em Blumenau desde 1978.
Entre 2004 e 2015 foi colunista semanal do Jornal de Santa Catarina.
Publicou os seguintes livros:
Dear Mr. Darwin “A intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin”. 1997.
Dose o Stress, Tempere a Vida. 1998.
Fritz Müller: Reflexões Biográficas. 2000 [em co-autoria]
De Ventos e Brisas. (poemas) 2000.
Fritz Müller, Meu Irmão. [2004]
Foto divulgação Internet
Em Blumenau e região, temos ótimos servidores públicos e que nem necessitariam de estabilidade para bem servir. Servidores  de carreira que poderiam até exercer cargos públicos e de confiança dos governantes. Aos nossos bons funcionários públicos nossa admiração e estima.  Dia do Servidor público 28 de outubro.
Como ocorre frequente em consultórios médicos, mormente nos de psiquiatria, neurologia, recentemente atendi um paciente que estava arrasado, chutando o pau da barraca. A causa de seu infortúnio era curiosa, bizarra: aposentado depois de mais de trinta anos na iniciativa privada em Blumenau e sentido-se ainda com energia, aceitou um convite para atuar como secretário da fazenda num pequeno município. Afinal, uma experiência nova, pensou. E aí começou o calvário que culminou na procura de socorro médico.  Acostumado com coisas como disciplina, hierarquia, eficiência, não conseguiu engolir alguns subalternos relapsos, preguiçosos, vadios, acostumados a se refugiar atrás da excrescência chamada "estabilidade no emprego". A tal da "estabilidade" é um defeito congênito, uma espécie de microcefalia, que acomete o funcionalismo público brasileiro em todos os níveis. (Existiria em também em outros países? Países sérios?)
A justificativa, segundo consta, é proteger o servidor de perseguições políticas quando da alternação do poder. Pode ser, mas na iniciativa privada também há troca de poder e ninguém, que tenha valor, perde emprego por causa disto. Ademais, as leis trabalhistas do setor privado já são suficientemente paternalistas para proteger muito bem o trabalhador, de tal maneira que a "estabilidade" inventada para o setor público é totalmente casuística, demagógica, servindo apenas para promover a ineficiência e proteger os péssimos "concursados", como muito bem experimentou o meu infeliz e deprimido paciente. Ressalte-se que bom servidor não necessita da proteção desleal da "estabilidade". Desleal para com o cidadão, o contribuinte que paga por um serviço caro e que em geral é muito mal prestado.
O fato de meu paciente não ter sobrevivido entre os indolentes "trabalhadores estáveis" indica que ele tem estômago, que não se deixou contaminar pela cultura da ineficiência. "Nem o próprio prefeito consegue fazer um servidor de má vontade trabalhar", bravejava o desiludido homem.
A questão não se esgota por aqui; o assunto continua. Quando se pará para pensar a respeito, se conclui que as consequências deste detalhe aparentemente inofensivo tem um efeito deletério impactante para a sociedade. É apenas um dos tantos males insuspeitos que assolam este pobre país e sua gente. 
ESTABILIDADE E INEFICIÊNCIA II 
A relação entre empregado e empregador, é um contrato de compra e venda: um vende a sua operosidade e o outro paga por ela. Se isto não for cumprido, o contrato terá que ser rompido; a tal da "estabilidade no emprego" é uma cláusula leonina onde desde o início fica claro que o contrato não poderá ser rompido, mesmo sem a contrapartida do serviço prestado. (Para alguém ser demitido em regime de "estabilidade no emprego" necessita quase cometer um crime hediondo para que o empregador - o estado - lhe ponha no olho da rua!)
"Estabilidade no emprego" é uma carta branca para o indivíduo só trabalhar quando e o quanto quiser. Neste regime empregatício, poucos são os servidores produtivos, que têm iniciativa, que enxergam e executam o trabalho a ser feito. Uns poucos que carregam o piano enquanto o resto faz pouco mais que figuração.
É imoral. É a mãe do corpo mole e da ineficiência; é uma das razões do porquê no setor público estar sempre faltando efetivo, sempre há longas filas, as obras levam séculos para serem concluídas e ainda por cima são de baixa qualidade. 
Desacorçoado em meio da maior crise de incompetência já vista no país, o povo acredita que basta tirar do poder os governantes atuais e demais figurinhas funestas da república que tudo estará resolvido. Ledo engano. Enquanto existir a deformidade da "estabilidade", o brasileiro continuará a ser mal servido. Mal servido em qualquer área: rodovias, trânsito, saúde, segurança, educação, etc. Afinal, a interface do governo (Federal, estadual e municipal) voltada para o cidadão pode ser representada por um servidor desmotivado que não vê a hora de ir para casa ou se aposentar. E antes que o desolado contribuinte reclame, lhe apontam o indecente aviso encontradiço em repartições, mormente nas piores, com o profilático Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940, Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Uma verdadeira mordaça.
Mesmo a maior carga tributária do planeta não está sendo suficiente para manter o inchado setor público brasileiro. O mais irônico é que alegam ser este um regime democrático: do povo, pelo povo e para o povo!

Que tal perguntar ao povo o que ele acha da estabilidade no emprego praticada no setor público? 
Texto dr. Cézar Zillig

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