A Técnica Construtiva
Enxaimel
terça-feira, 28 de junho de 2016
terça-feira, 7 de junho de 2016
- Mini reportagem quase sentimental
Em histórias de nosso cotidiano o Mestre Gervásio Tessaleno da Luz em uma crônica sobre "Cines" em Blumenau.
Publicado: (Folha da Tarde, 26.10.1993).
Era um diário de uma página só em Blumenau, pertencia ao Rodolfo Buerguer. O
redator-chefe, Carlos de Freitas. Com notas políticas e literárias.
Infelizmente, o
jornal durou apenas dois meses, de outubro a novembro de 1993.
Antigo Cine Busch - foto 2006 Adalberto Day
Cine Busch 1976
Blumenau
não é mais a mesma. Os cinemas morreram. Diriam: que é isso? Tem dois novos
naquele shopping da rua Sete de Setembro. Nada a ver. Morreram de morte mandada
(leia-se família Busch) os cines Busch 1 e 2.
O
prédio em arte-decô é patrimônio histórico da cidade, cartão-postal da Alameda
Rio Branco. Li no jornalão que o vice Vílson (de Souza) e o prefeito Renato
(Vianna) bateram no peito e juraram impedir a demolição do edifício que daria
lugar a mais um monstrinho para alimentar a selva de pedra que está virando Blumenau. Nada feito até a hora
em que dedilhamos estas linhas um tanto rancorosas.
Cine Busch - e seu fundador Frederico Guilherme Busch
Pois
bem, os cinemas Busch vêm da
década de 1920, sangue genuíno da cidade. Com eles, a presença ímpar e
insubstituível de seu gerente, por mais de 40 anos, Herbert Holetz. Homem sensível, inteligentíssimo, com uma
biblioteca sobre a sétima arte de fazer inveja a países do dito Primeiro Mundo.
Tomara que a Cultura Municipal (leia-se Sueli Maria Vanzuita Petry) atenda a um
sonho do Holetz: um cantinho qualquer no Arquivo Histórico, onde ele possa
depositar, tranquilo, o seu acervo cultural cinematográfico.
Pobre
cidade esta. Vive empolgada com shoppings
a mancheias. E deixa o melhor que possui fenecer. Mas a vida é assim. Os filmes
”noir” voltaram à moda. O episódio relatado acima soa à “noir”.
Sexta-feira,
22 de outubro, à noite, a cena mostrava-se deprimente. Os porta-cartazes de
filmes vazios. Frente aos finados cinemas só a presença sonolenta dos
motoristas de táxi, agora postados, com a mudança do trânsito, em frente a um
banco que ocupou o lugar dos Correios e Telégrafos.
Tá
bom. A tevê venceu. Antes
dela, Blumenau possuía cinemas nos centro e nos bairros.
Eram
o Busch, o Blumenau (depois Lojas Americanas, após a enchente de 1983), o Cine Carlitos 2 (o 1 era em
Florianópolis, também já devidamente enterrado), e nos bairros: o Garcia (em frente à rua Antônio Zendron), o Atlas, na Vila
Nova, que virou minimercado, o Mogk,
na Itoupava Norte, que se transformou em vídeo-locadora.
Cine Garcia - Foto Maria Ângela de Oliveira
Gaspar
já teve o seu cine, também Mogk.
Atualmente, o local é uma loja de comércio. Roland, dizem. Mas há uma boa
notícia: o Paca, ex-prefeito, promete num novo empreendimento, uma casa de
espetáculos. Gaspar merece.
E
Blumenau, rebatendo o teclado, não é a mesma sem os cinemas Busch. Reagir é preciso, parodiando o
poeta d´além-mar Fernando Pessoa. Faltam pessoas para reagir. The end.
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