Adalberto Day
Em Histórias de nosso cotidiano, apresento
hoje a história de um cidadão exemplar, respeitoso, dócil, educado, criativo,
inteligente, ótimo pai e esposo. “Era durão quando necessário, mas sem perder a
ternura” – cidadão da comunidade do
Garcia.
Tio Alberto
Day (foto) querido pela família e para quem o conhecia.
Nascido em Brusque em 30 de abril de
1919 veio para Blumenau servir no 23º RI (Regimento de Infantaria) atual
23º Batalhão de Infantaria.
Residiu por alguns anos em uma transversal
da Rua Belo Horizonte e depois Rua 12 de Outubro, nº10 uma transversal da Rua
da Glória no bairro Glória. Mais tarde residiu na Rua Rudolfo Hollenweger, transversal da Rua Amazonas e
posteriormente na praia de Navegantes localidade Gravatá.
Casado com Iris tiveram três filhos:
Osmar, Eliane e Shirley. Faleceu em 08 de novembro de 2006.
Tio Alberto estava cursando o antigo
contador em 1952, quando sofre um terrível acidente de moto. Ficou tempos no
hospital correndo risco de falecer. Sobreviveu e meu pai (Nicolao Day) ao lado
de sua cama no hospital prometeu que se ele sobrevivesse, os dois iriam visitar
Nossa Senhora de Fátima. Cumpriram a promessa no início dos anos de 1970.
Seu primeiro automóvel foi uma Vemaguet que adquiriu do
Sr. Alfredo Item diretor da E.I. Garcia, pessoa quem ele admirava muito.
O segundo veiculo foi um Volkswagen que comprou
“Zerinho” em 1972 de cor verde e que permaneceu com ele até seu falecimento.
Em 1948 meu pai Nicolao Day (1930-1995) também nascido em Brusque, veio
procurar emprego na Empresa Industrial Garcia (1948-1980) e neste
período foi acolhido pelo seu irmão Alberto.
Fato este e outros meu pai nutria um carinho especial pelo irmão e em
sua homenagem colocou meu nome de AdAlberto Day
Quantas recordações desta casa, da rua
“12 de Outubro”, das pessoas dos meus tios e primos. Morávamos próximo na Rua
Almirante Saldanha da Gama.
Ao lado da casa existia uma
cobertura, ali havia um poço público, era ponto de parada das carroças para
darem água aos animais cavalos e outros. Também onde meu tio fazia o altar no
dia de procissão de Corpus Christi.
Parada quase obrigatória dos alunos que
vinham da Escola São José
saciar a sede. Depois de uma vitória no campinho do “12”, era o local favorito para
tomar a garrafa com capilé ganho na partida.
As casas neste estilo tinham paredes com taboas na horizontal e dupla. Eram
muito bem conservadas, constantemente pintadas e reformadas. O telhado neste
estilo Técnica alemã era para uma possível neve que viesse a acontecer,
facilitando seu deslizamento e escoamento.
EIG - Aos fundos Vila Operária
Ruas Glória, Almirante Saldanha da Gama e 12 de Outubro
As casas eram produzidas pelos
marceneiros da Empresa Industrial
Garcia. Foram feitas mais de 240 residências quase todas idênticas,
espalhadas por várias Ruas do Bairro como Rua da Glória, Almirante Saldanha da
Gama, 12 de outubro, Cambará, Emilio
Tallmann, Tibají , Beco do Luca, - E
na Vila Operária João Anastácio da Silva e
transversais, Ruas Riachuelo, Caeté, Taío, João Simas, João Deschamps,
Botucatu, Tangará, logo
após a igreja Nossa Senhora da Glória. Os moradores eram empregados da
empresa Garcia, com boa infraestrutura de saneamento básico, como água encanada
e recolhimento (coleta) do lixo.
Tio Alberto trabalhou na
antiga Cooperativa de Consumo dos
Empregados da Empresa Industrial Garcia S/A
e depois no Departamento de Pessoal no setor Técnico em folha de
pagamento. Era autodidata, seu conhecimento e sabedoria impressionavam os que o
rodeavam. Era uma fonte importante de
pesquisa para todos.
Quando estava para aposentar-se eu (Adalberto) fui trabalhar no mesmo setor dando
continuidade ao seu trabalho.
Nas horas vagas vendia joias, relógios
de marcas importantes como Mondaine, este da imagem adquirido
pelo meu pai em 1963 que está em nosso acervo. Vendeu para um diretor da EIG,
um relógio da marca Patek Philippe , que na
época tinha alto valor.
Costumava passar filmes para crianças da
Rua 12 e próximas. A pistola que ele passava os filmes está com meu primo Osmar Day. Cobrava
entrada, R$ 1,00 (cruzeiro), comparando, na época R$ 0,50 se comprava um
picolé. Cobrava para poder adquirir mais filmes, não gostava de ficar repetindo
os mesmos. Os filmes eram passados no rancho e em frente da casa.
Foi fotógrafo amador. Qualquer evento
que houvesse na região era chamado para fotografar, o mais procurado para
festas de 1ª comunhão, “ por seu preço ser
mais em conta”. Além de bater as fotos, fazia as revelações em casa.
Possuía um quarto especial e escuro preparado para o procedimento das
revelações.
Colaborava nos eventos festivos da E.I.
Garcia e clube Amazonas, festa junina, dia do trabalhador, natal. Também seu
trabalho se estendia às igrejas como Nossa Senhora da Glória e Santo
Antônio, chegando ao posto de Diácono e realizou o casamento de uma
das filhas.
Era muito criativo, na década de 1960
com o auxilio de um antigo toca-discos fazia girar o pinheiro nos Natais.
Soltava suas pipas ou (pandorgas como era conhecida), no morro ou campinho do
12.
Cuidadoso o tio Alberto deixava tudo
desde os moveis, eletrodomésticos, fechaduras, prateleiras, gavetas, portas e
janelas funcionando adequadamente como novos.
Adendo de Eliane Day
"Fez uma chocadeira elétrica, mas foi
uma decepção, caiu à energia e perdeu todos os ovos, em seguida criou uma
movida a querosene, com serpentina de cobre que eram aquecidas pela chama de
querosene que nunca apagava consequentemente os ovos descascavam”.
Começou a fabricar para vender. Seus
clientes eram os colonos da redondeza, pois a chocadeira que ele criou cabia
100 ovos, lembro que havia um sistema que os ovos eram virados de tempos em
tempos.
Lembro também, que um dos pintinhos
nasceu com alguma deficiência, o pai não matou, deixou para mim, mas por pouco
tempo, em seguida deu para o Sr. José Kargel, para cozinhar para o cachorro.
Para me consolar me deu um galinho de vidro, que guardo até hoje.
Lembro que achei uma moeda de R$ 0,50
centavos de cruzeiro no poço, fiquei feliz, poderia comprar guloseimas na venda
do Maneca padeiro, mas meu pai,
sabiamente me fez guardar, “a pessoa que a perdeu poderia vir procurar”,
concluindo que o fato de eu ter achado não significava que não tinha dono”.
Conta Eliane Day filha do Tio Alberto.
Em sua oficina confeccionava com muita
habilidade, cabos para enxadas, pá, facões, até armários e mesas.
Colaboração Eliane Day e Osmar Day.
Acervo de Adalberto Day e Eliane Day