Frohsinn por volta de 1970
Foto divulgação "face Antigamente em Blumenau".
MORRO
DO AIPIM : Elevação do terreno, com 140 metros de altura, existente a leste e
sudeste da rua Itajaí , ou seja da antiga rua Minas Gerais. No seu topo, em
certa época se pretendia fazer um aeroporto tão extensa é a sua continuidade.
No longo platô que se esparge por cerca de 05 km, há terras com moderada
ondulação, as quais dividem-se em numerosos espigões, parecendo uma soca de
aipim arrancada da terra e o que vemos, da cidade, não são as raízes mas sim a
cabeça da soca inaproveitável do pé da rama. As terras das faldas do morro, não
se prestam para o plantio vantajoso do aipim, mas o morro era uma referência
aos instrumentos necessários à sua produção
machado ,foice, facão - enxada , e lógico os sempre imprescindíveis
afiadores pedra de afiar e rebolos que somente lá eram produzidos pelo Dr.
Blumenau. O Dr. Blumenau, após recepcionar no seu bureau administrativo o novo
imigrado recém ingresso, indicava-lhe o galpão do almoxarifado onde poderia
adquirir sementes e instrumental para iniciar sua lavoura, e lá o colono tomava
conhecimento, vez primeira em sua vida, do aipim ( aqui assim chamado e não por
mandioca) suas ramas para o plantio, sem o qual não poderia satisfatoriamente
criar seus porcos, que representavam, no início de qualquer assentamento
colonial, a fonte de alimentos de mais rápida conversão. Sem embargo todo o
equipamento que adquirisse o novo colono, ficaria logo dependente da respectiva
afiação, que sem os ditos instrumentos abrasivos, não poderia adequar as
lavouras aos fins a que se destinavam. Pedras- limas- rebolos- afiadores para viabilizar
as plantações, que eram essencialmente de aipim. Ora limas Nicholsonde
aço-carbono naquela pregressa época ainda não havia. Trazer pedras na travessia
oceânico seria desperdício no pagamento do frete à navegação, que cobrava os
ditos sobre o peso do material embarcado. Chistes e pilhérias cedo foram lançadas,
como a associação das pedras e rebolos abrasivos ao até então desconhecido
aipim. Daí por diante é fácil imaginar como o colono referenciou, mediante uma
metonímia transversa ( transnominação, sinédoque por associação) , os
amoladores ao aipim. E segundo constou o próprio Dr. Blumenau, desejando não ver mencionado o seu morro
particular como Feileberg, termo que o associava à sua pequena exploração dos
amoladores, passou à citá-lo em português, aliás língua na qual sempre
preferencialmente denominou pontos da geografia local, como Morro do Aipim. A denominação
já estava definitivamente consolidada em 1892, e assim manteve-se.
Sintetizando: O
Morro por semelhar-se à uma soca de aipim arrancada e por ter sido o Morro dos amoladores
dos instrumentos para produzir aipim, tomou o nome de Morro do Aipim. Contudo
antes foi chamado Feileberg (Morro do Amolador) para designar o talude frontal
quando observado a partir do centro da cidade.
E
afinal, sempre associada ao aipim, a lima ou a pedra abrasiva, que o colono
enfiava na cinta, pelo desgaste tornando-se cônico, semelhava-se em muito a uma
das raízes do tubérculo, o que fez com que dessem o nome de aipim para aquela
rudimentar ferramenta. Portanto tudo terminou quando aquela ferramenta, passou
a ser jocosamente denominada Aipim em vez de Feile, ainda mais pela razão da pedra
ser de má qualidade e que logo se desgastava, e era mole como um aipim. Passar
o aipim na enxada ou passar a enxada no aipim - algum dos dois seria necessário
que fizessem, e isto diziam em alemão para assegurar que trabalhar era preciso.
Aqui finalizo o resumo de uma parte dos contos que passou-me meu pai - Hercilio Deeke com relação ao Morro do
Aipim e a origem de seu nome provindo da imensidade de gozações que
faziam quanto às pedras de amolar do Dr.
Blumenau.
Contou
o Sr. Jorge Gropp que durante a gestão
do prefeito Hercílio Deeke - deveria ter sido na primeira em 1951 a 1955 -
acompanhou-o, na condição de morador das proximidades ao cume do morro, que
pertencia a municipalidade, para verificar quanto às condições de viabilidade
para, na relativa distância em que o plateau se derrama para o
sudeste, aplainando-o, fazer uma pista de cerca de dois mil metros de pouso. Em
26/3/1998 durante uma churrascada do Clube de Aposentados no Bela Vista Country Clube, o Sr. Jorge
Gropp, na ocasião pouco adoentado, confirmou-nos o episódio, afirmando que o
fato ocorreu em 1953, quando acompanhou na qualificação de Engº da EFSC e de
morador nas adjacências, o prefeito Hercílio
Deeke mais o Engº Wladislau Rodacki ao cimo do morro para inspecioná-lo, visando,
especificamente, tomar vistas e observações para eventual estabelecimento de
aeroporto naquelas paragens. Vide jornal
A Nação de 24.01.1954 - título Empenhado o Governo Municipal na Construção de
um Aeroporto Local- Oferece o Empreendimento amplas perspectivas econômicas.
Realmente
as terras além do cume não apresentam inclinação excessiva, sendo,
moderadamente onduladas, além de muito extensas, e confrontavam-se, e quase
toda sua borda leste e sudeste, com o município de Gaspar, até mesmo nos
distantes sítios localizados nos fundos da propriedade da família Bowens, atual
Centro de desportos Bernardo Wolfgang
Werner, (Bernardo Hermann Wolfgang Werner) em cujos fundões, há poucos anos
passados (1983), através precário caminho pela mata, chegava-se, com automóvel,
a Cabana das Bandeirantes (talvez edificada já em terras da municipalidade,
mas por cuja superfície a PMB jamais se interessou. Aliás é uma vasta área só adentrada
por intrusos, como pela antiga rua das Cabras, atual rua Pedro Krauss sênior e
atualmente (2002) por uma rua denominada Avaré. O levantamento topográfico de
toda a área do terreno valeria o trabalho estafante de algum barnabé engenheiro da PMB,
elaborando definitivamente uma planta do próprio municipal.
Lá, no
alto do Morro do Aipim, pretendiam, em 1930 instalar a antena da então recém
constituída Rádio Cultural Sul Brasileira
Conforme
correspondência mantida por volta de 1925,
«na época dos festejos dos 75 anos de Fundação da Colônia», com as filhas do Dr. Blumenau, estas explicitaram, com
muita ênfase, que desejavam ver cumprido o desejo do Fundador que era o de que
estabelecessem nas suas terras particulares do Morro do Aipim, um Museu
Colonial da Imigração. O Morro do Aipim,
não constou da venda das terras da colônia particular do Dr. Blumenau ao governo imperial em 13 de janeiro de 1860, e foi
objeto de doação da família do Dr. Blumenau à municipalidade de Blumenau A doação das terras foi procedida em 1909 e
formalizada em 1911, pelo filho do fundador, que entretanto na formalização do
ato da transferência, através instrumento próprio, foi acompanhado de
correspondência na qual, os descendentes do fundador, condicionavam a doação à
municipalidade, mediante observância de clausulas estabelecendo finalidades da
destinação do terreno, que deveria ser a de, exclusivamente, servir à
construção ao «Memorial da Colonização». O Morro do Aipim constava
dos Relatórios Administrativos do Prefeito Hercílio Deeke
desde
o ano de 1951, arrolado na Demonstração dos Bens Patrimoniais pertencentes à
Prefeitura Municipal de Blumenau. O valor do bem patrimonial denominado por Morro do Aipim, cf. arrolamento no Relatório
Administrativo Hercílio Deeke ano 1954 pág. 32, foi de Cr$ 350.000,00 e,
objetivando estabelecer uma relação de
valores, aqui registramos o valor que foi atribuído ao terreno contendo o próprio
municipal sito a rua 15 de Novembro, onde se situava a Prefeitura (antiga
Prefeitura-fronteira à Praça Hercílio
Luz) o Fórum, Seção de Águas, Oficina Mecânica e Almoxarifado, cuja
importância foi estimada em Cr$ 2.500.000,00, portanto observe-se o vulto
atribuído ao valor do Morro do Aipim, que foi superior a 14% do valor atribuído
ao terreno e edificação do prédio sede da administração municipal, não constando,
porém, naqueles documentos, sua área ou confrontações. O prefeito Curt Hering em seu Relatório da Gestão
Dos Negócios do Município De Blumenau
durante o ano de 1929, cita a página nº 09 : Em vista de ter sido marcado o dia
29 de dezembro para o lançamento da Pedra Fundamental do Museu da Imigração Alemã mandei construir em novembro uma estrada,
provisoriamente de três metros de largura, que dá acesso ao alto do Morro do
Aipim, como também mandei escavar o chão para o futuro Museu.
Contudo, como soe acontecer neste país, nada foi cumprido, só ficou o futuro visionário,
e acabaram arrendando o proeminente local de visual panorâmico mais distinto da
cidade,
para
exploração comercial de comes e bebes (Restaurante
Frohsinn ) e, houve até um prefeito que intentou transferir para aquele
local os flagelados, aqui arribados para esvaziar o excesso populacional de
outros municípios, o que certamente transformaria o morro num beloortiço,
tão ao gosto das
administrações da atualidade que nada mais fazem que
promover a favelização das nossas cidades.
( O Restaurante Frohsinn não se
localiza no Morro do Aipim propriamente dito, e sim no Morro do Amolador, ou
melhor sobre o talude do Morro do Amolador. Morro do Amolador, ou Morro de
Amolar FEILEBERG ou FEILENBERG era o
primeiro promontório e seu talude observável a partir do centro da cidade de
Blumenau, e cujo nome foi esquecido a partir dos anos 1883/84.
Consoante
me contou meu pai, Hercílio Deeke, o
Dr. Blumenau não gostava que
referissem o morro por tal denominação, pois assim procedendo explicita vinha a
menção à Mina de Amalodres e Limas de
Pedra, além dos rebolos, de propriedade exclusiva do Dr. Blumenau e que se situava no seu sopé, justamente no local onde
atualmente está edificado no prédio do Centro de Saúde. Era tamanha a
contrariedade do Dr. Blumenau às
especulações e aleivosias além de chistes com que a população referia aquela
sua pequena mina com produção artesanal, que ainda, em 1911, o seu filho Pedro Blumenau, fez questão de salientar, no
termo de doação do Morro do Aipim,
que a fazia condicionada à proibição da retirada de qualquer pedra daquele
sítio, certamente desejando expungir da memória histórica qualquer recordação
que remetesse à lembranças da antiga exploração e artesanato de amoladores limas
e rebolos - mantidos por seu pai o Dr.
Blumenau, que foi objetivo de muitas piadas e blagues na época da
colonização.
O referido burgomestre não deixou de pecar, pois criou (
permitiu a invasão) uma super favela denominada Nova Blumenau, em terreno da municipalidade, terreno que, em
administração anterior (31/01/1961- 31/01/1966), foi adquirido com finalidade
específica de conter as instalações da grande usina, que estava projetada, para
o Tratamento dÁgua, com o qual estaria garantido o abastecimento com
tanta água quanto fluísse pelo rio Itajaí Açu, na região da Usina do Salto,
portanto com enorme capacidade. « Historiar aquisição da vasta área de terras,
pela municipalidade, à família Bromberg vizinhas à represa do Salto Usina de
Força». Atualmente (1997) o Prefeito Décio Nery de Lima , em suas declarações
aos jornais, afirma que pretende alienar o terreno do Morro do Aipim. Pois sim! Acerca da doação do Morro do Aipim à
municipalidade, consta, a seguir, o texto da Ata da Sessão Ordinária do Conselho Municipal de Blumenau do dia 10 de abril de 1911,
no qual foi mencionada a intenção da doação, sob condições. Ata da Sessão Ordinária do
Conselho Municipal de Blumenau do dia 10 de abril de 1911. Aos 10 dias do mês
de abril de 1911, às 10 ½ horas da manhã, presentes os conselheiros Abry,
No Morro do Aipim também construiu a sua moradia o alfaiate Penzlien.
Morava próximo ao Sr. Richard Kaulich, pouco acima deste, e alcançava a sua
casa por estreito caminho que somente servia para pedestres, em razão de ser
muito estreito e íngreme, pois fora talhado na abrupta rampa do Morro do Amolador, então já denominado Morro
Aipim. Era então (1946) o residente que em mais elevada altura se
estabelecera para habitar no Morro do Aipim. Na década de 1960/70 encontraremos
o seu filho, cremos que fosse genro do Sr. Spengler, exercendo atividades no
Comércio Spengler, em Gaspar.
Clube dos Candangos. Em 1962 era presidente do Clube dos
Candangos em Blumenau, o Dr. Engº Álvaro
Lobo Bittencourt Filho, o qual exercia então a Superintendência da Estrada de
Ferro Santa Catarina em Blumenau, desde sua posse em 04/5/1961 até 11/6/1963. O
Clube dos Candangos foi autorizado pela Lei nº 1.101 de
19/10/1961 (Gestão Prefeito Hercílio Deeke) ao uso a título precário permissão para ocupação e uso de área de
terras situada no Morro do Aipim,
mediante termo a ser lavrado quando o clube apresentasse a necessária
personalidade jurídica- certidões e registros de seus estatutos. Termo a ser
lavrado entre a Prefeitura Municipal de Blumenau e o respectivo Clube.
In Memorian – autorizada por Niels Deeke
Arquivo Adalberto Day
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