Foto Divulgação travessia a cavalo por Irmãs de Caridade, parteiras e de espiritualidades sem distinção religiosa.
Renate S. Odebrecht cita: As freiras (Schwestern), parteiras
e enfermeiras, que estão na foto são diaconisas evangélicas, alemãs. Embora
ligadas às Comunidades Evangélicas Luteranas de Blumenau, atendiam também
pessoas de outras confissões religiosas. A primeira diaconisa enfermeira
formada no Brasil, na Casa de Diaconisas de São Leopoldo, RS, foi a querida
Irmã (Schwester) Elizabeth Letzow, uma blumenauense.
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No início da colônia
Blumenau, o Ribeirão Garcia, que mais mereceria ser chamado de rio, era
bem caudaloso. Suas margens bem conservadas, pouca habitação, grandes
baixadas e a vegetação eram predominantes. Havia espaços suficientes para
vazão natural das águas quando das cheias. Foi assim até próximo aos anos de 1960.
Localidade: rua Emílio Tallmann
Em 1961 ocorreu uma das
maiores tragédias em todo Garcia. Foi na manhã do dia 31 de outubro
de 1961. Algumas casas foram levadas, a principal foi na Rua Emilio
Tallmann e onde uma mãe (família Teixeira) com as crianças preferiu ir para o “sótão”
descartando o alerta das autoridades e bombeiros. A Casa foi levada e apenas a
mãe se salvou. Quatro crianças foram encontradas mortas no estádio do Amazonas.
Também nessa enxurrada morreu afogado o soldado Moacir Pinheiro. A tragédia
poderia ter sido pior. No entanto, na época, as ocupações nas margens do
Ribeirão eram poucas.
Observação:
Nessa tragédia ocorrida no dia 31 de outubro de 1961, tivemos o caso do Soldado Moacir Pinheiro (morador da rua Almirante Saldanha da Gama, bairro Glória) que acabou caindo próximo a passarela (pinguela) após tentar atravessa-la, devido a forte correnteza, da hoje rua Hermanan Huscher (Valparaiso) cujo nível da rua era inferior ao da pinguela. Era água pelo joelho, mas ele caiu e foi arrastado para uma cerca de arame próxima onde ficou preso junto ao entulho e veio a óbito para a atual rua que empresta seu nome, ( Rua Soldado Moacir Pinheiro) no bairro Garcia em sua homenagem..
Outro fato foi uma tentativa feita por um morador da rua Emilio Tallmann, de salvar três crianças que vinham pelo ribeirão abaixo nos destroços da casa em que moravam. Este senhor foi HELMUTH LEYENDECKER que se atirou nas águas barrentas e com muita correnteza. Seu ato de heroísmo não foi suficiente pra salvar as três crianças, pois a ponte com estrutura muita baixa não permitiu, elas foram encontradas mortas no estádio do Amazonas Esporte Clube de propriedade da E.I. Garcia.
O Ribeirão Garcia por
vários momentos da história até próximo aos anos de 1980 era navegável com
pequenas canoas. Essas embarcações faziam a travessia quando da não existência
de pontes, como também para pescaria. Existiam também as chamadas “pinguelas”
de madeira apoiadas em cabos de aço, bem mais simples que as atuais e mesmo
passagens bem rústicas sobre o Garcia, constituídas por meros pranchões
sobre tambores de metal cheios de seixo do próprio rio que serviam de pilar e
apoio aos pranchões, sobre os quais passavam, se equilibrando, pedestres e
ciclistas com suas bicicletas às costas, caso da ligação para a Alameda Rio
Branco nas proximidades do G.E. Olímpico, acessando pela rua Manaus, transversal da rua
Amazonas uns 250 metros acima do atual Terminal Fonte. Ainda até meados do
século passado eram comuns passagens a pé por dentro da água, calças
arregaçadas, em pontos de espraiado, onde o Garcia era mais raso.
Quanto às matas ciliares
eram predominantes até quando começaram as construções irregulares e próximas
as margens. Os aterros indiscriminados também contribuíram muito para agravar
os efeitos das enxurradas, obstruindo as baixadas que serviam de passagem e
armazenamento das águas quando das enxurradas, aliviando e amortizando as ondas de cheias repentinas.
Ponte Preta década de 1960 Acesso a Rua Rui Barbosa
Foto divulgação .
A poluição até os anos
finais da década de 1960 era pequena, principalmente acima das empresas Industrial
Garcia e Artex. Mas já nesta época a poluição gerada por essas duas
empresas era assustadora. As cores d’água eram diversas, geradas por tintas
(corantes) da tinturaria e estamparia dessas empresas.
Todos os esgotos, assim
como hoje, eram dirigidos direto
ao ribeirão. Mudou um pouco depois que se exigiram as fossas nas casas e depois
da implantação da rede coletora de esgotos a partir da altura do 23º Batalhão
de Infantaria e o seu tratamento na ETE existente próximo à Praça Mascarenha de
Moraes. Porém mesmo assim apenas amenizava a situação.
Por volta de 1965 - Ponte Catarina Abreu Coelho que da acesso a rua Júlio Heiden. Na imagem Osni Wilson Melin
Também a ocupação das
encostas no médio e baixo Garcia e a abertura de estradas florestais para
exploração madeireira acima e nas proximidades da Nova Rússia até chegar
a boa parte da região não habitada das cabeceiras (alto Garcia), resultaram em
muita erosão, cujo material passou a assorear o ribeirão, deixando-o menos
profundo e com sensação de menor volume de água.
Localidade Nova Rússia
Para melhorar a situação
atual do Ribeirão deve ser feito primeiro o tratamento e saneamento
básico, coisa que vai demorar pelo menos até o ano de 2025. Preservação das
matas ciliares, não permitir construções irregulares nem aterros, educação da
comunidade para não jogar lixo nem entulhos de qualquer tipo ao Ribeirão. Nas
escolas palestras e mostrar aos alunos o quanto é importante nosso Ribeirão
para a conservação de seu manancial.
O Ribeirão Garcia Nasce na
Serra do Itajaí e tem vários formadores. A nascente principal do ponto de vista
de critério de maior distância é o ribeirão Canjerana, que nasce, por
coincidência, junto ao morro Loewsky (o ponto mais alto de Blumenau, na
tríplice junção com Guabiruba e Botuverá, com quase mil metros de altitude) e a
nascente principal do ponto de vista de quem sobe sempre buscando nas
confluências o maior volume de água pode ser o Garcia propriamente dito conforme
consta nas cartas do IBGE, ou, mais provavelmente, um córrego confluente da
direita, que pode ser denominado como Garcia-Janga, em homenagem ao Sr. João
Geffer Bernardo, lá instalado a mando do proprietário daquelas terras nos anos
1960, o Sr. Roland Renaux.
Localidade Rua Emílio Tallmann
Possui 40 km de extensão conforme dados
da literatura, 42,4 km conforme medidas pessoais do Biólogo e Ecólogo Lauro
Eduardo Bacca. Mas pode ter um pouco mais, pois os mapas nunca conseguem
detalhar todas as curvas e pequenos meandros do rio segundo o Ecólogo.
Não existe a contagem exata
de quantos afluentes, porém são centenas. Entre os principais afluentes mais
conhecidos na parte habitada do Vale do Garcia, podemos listar (obs.: MD =
Margem Direita e ME = Margem Esquerda):
-
Ribeirão Minas de Prata, na localidade de Nova Rússia e ao sul do morro
Spitzkopf, ME;
-
Riberão Caetés, oriundo da vertente norte do morro Spitzkopf, ME;
-
Córrego Encano do Garcia, ME;
-
ribeirão Jordão, MD;
-
ribeirão Krooberger ou Rui Barbosa, ME;
-
ribeirão da Glória, MD;
-
ribeirão Gebien ou Zendron, ME;
-
ribeirão da rua Araranguá, MD e
-
ribeirão Fresco, MD.
Rua Júlio Heiden
Tanto o Bairro como o
Ribeirão recebeu este nome em homenagem a pessoas vindas das margens do antigo
Rio Garcia em Camboriú, atual Rio Camboriú. Essas famílias se estabeleceram
em 1846 na Região.
A Rua
Amazonas recebeu esta denominação através da lei n° 124 de 16 de abril de
1919. Segundo a Lenda o nome deriva-se de mulheres que andavam a cavalo, no
entanto oficialmente é devido ao Estado do Amazonas. Até então a Rua era
conhecida como estrada geral do Garcia.
Para os
moradores de antanho (outrora, Passado) era o local da ¨Gente do Garcia¨ e conhecida como o portal de entrada
do Bairro Garcia ( Antes identificado como ¨Die
Kolonie”– A Colônia ) e como via de acesso à toda região do Vale do
Garcia, banhado pelo ribeirão do mesmo nome.
Todos os seis bairros que compõe o Grande Garcia,
(Garcia, Ribeirão Fresco, Valparaiso, Vila Formosa, Glória e Progresso) foram
criados através da lei nº 717 de 28 de abril de 1956, na administração
do Prefeito Guilherme Frederico Busch. Jr. Observação: o Bairro Ribeirão
Fresco não faz parte do Distrito do Garcia. . Possui uma área total Urbana (27,60 Km² mais a Rural uns 132 Km²) próximo 160 Km². O bairro Progresso somando área Urbana e Rural possui mais
de 1/4 do território do município de Blumenau.
Adendo de Lauro Eduardo Bacca enviado em 30 de maio de 2020.
COMPRIMENTO RIO GARCIA
Estimativas em fls. IBGE
1:50.000 e em fls. Pref. Munic. Blumemau 1:10.000.
Lauro Eduardo Bacca,
estimativa atualizada em 30/05/2020.
Observações:
- da nascente até a foz, em
linha reta, no mapa IBGE, distância = 24 km;
- a bacia do rio Garcia fica
inteiramente dentro de Blumenau;
- várias nascentes situam-se
acima dos 900 m sobre o nível do mar;
- a Foz do Garcia no rio
Itajaí Açu situa-se aos 2 m sobre o nível do mar.
Da nascente mais distante
(rib. Canjerana, afluente da m. direita) em km, até:
Observação:
1) da Nascente até a ETA
III = aproximadamente 27 km
2) da ETA III até a Foz ....... =
aproximadamente 15 km.
3) as folhas de aerofoto da
Prefeitura de Blumenau, embora em escala mais adequada, ajudam parcialmente na
estimativa, já que o curso do rio aparece sem o detalhamento correspondente de
suas curvas.
4) Esse curso d’água merece denominação de RIO, não de
ribeirão!!!
Lauro Eduardo Bacca/naturalista e ecólogo;Adalberto Day/Cientista
Social e pesquisador da História em Blumenau.