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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

- Os Quebra-Tigelas

 Blumenau e Gaspar

Quebra-Tigelas

A história dos quebra-tigelas é mais antiga que se supõe, mais ou menos entre 1880/1890, quando Gaspar foi Distrito de Blumenau por 54 anos (1880 – 1934) apenas em 18 de março de 1934 houve a emancipação, com Leopoldo Schramm se tornando o primeiro prefeito de Gaspar. As desavenças principalmente bairristas nas festas dançantes onde fechava o tempo (desavenças entre os jovens) e sobrava para as tigelas, copos e outros. Isso ocorria quase sempre nos encontros entre jovens das duas cidades. A mais famosa delas foi em um encontro entre jovens blumenauenses e gasparenses em Belchior Alto, por volta de 1910/1920, onde existia um comércio que vendia tigelas, louças, copos e outros utensílios, e em anexo salão dançante, os gasparenses atacavam nas brigas e desavenças os blumenauenses com tigelas, que pegavam das prateleiras do mercado e salão.

Belchior Alto
Mas isso se intensificou nos anos seguintes e perdura este fato do apelido dado pelos blumenauenses aos gasparenses de Quebra-tigelas até os dias correntes. E eles tem orgulho de ser chamados assim, pois levaram vantagens na primeira briga generalizada, onde usavam tigelas, enquanto os blumenauenses tão somente copos que estavam em suas mãos para seus drinques, e como levaram desvantagens, logo os blumenauenses perderam o apelido de quebra-copos. Foram esquecidos pois os quebra-tigelas foram os vencedores. 
Blumenau

No Grande Garcia

Os reflexos do passado continuavam.

O nome ou menção Quebra-Tigelas, existe desde os anos 1940 final e 1950, atribuídos aos Gasparenses (cidade de Gaspar). Conta-se que surgiu na Rua da Glória – bairro Glória – Blumenau - onde predominavam os Tijucanos e alemães.

Na época era muito comum as “festinhas dançantes” nas salas residências ditas como “Casas de família”.

Como Gaspar faz divisa com Blumenau através de Gaspar Alto com bairro Glória e Progresso na localidade Jordão, era comum alguns deles virem a estas festinhas caseiras. E quando se aproximavam os moradores diziam “lá vem os Quebra-Tigelas” As salas não eram muito grandes, mas retirando os moveis dava para alguns casais dançar. Permanecia na sala ou cozinha as tais cristaleiras lotadas de Pratos, Pires, XícarasBules e outros. Em certas ocasiões, vieram através da localidade de Gaspar Grande, Gaspar Alto, município de Gaspar, pessoas que vinham a essas residências dançar. Muitas festas dessas acabavam em brigas e as cristaleiras pagavam o pato, caiam ao solo e quebravam, era cacos para todos os lados. Esses desentendimentos entre os blumenauenses e gasparenses apareceu em outros bairros da cidade e o termo quebra-tigelas, faz parte do folclore das duas cidades. Minha mãe também foi nascida em Gaspar.

Esse fato era muito comentado quando clubes como o Tupi de Gaspar vinha jogar no estádio da EIG – ocupado pelo Amazonas Esporte Clube. Os torcedores anilados comentavam hoje tem jogo do Amazonas contra os quebra-tigelas. A rivalidade era tão significativa que as brigas entre torcedores e jogadores eram evidentes, nas duas cidades. Por conta do “destino” o último jogo no estádio do Amazonas dia 26 de maio de 1974, foi contra os “quebra-tigelas” representado pelo Tupi. Garanto que neste jogo que terminou com o placar Amazonas 3x1 Tupi, não houve nenhum incidente. Afirmo, pois, além de estar no estádio, joguei na preliminar. No Amazonas jogaram três craques Quebra-Tigelas, o talentoso, formidável Jepe (José Curbani) que não era de brigas, Valdir da Silva o Poroca e o Goleiro Dolete José Alves, mais conhecido como Gaspar, esse era bom de briga, apesar de ser um cidadão de uma bondade infinita, ambos queridos e  amigos do Reino do Garcia.

Adalberto Beto Day cientista social e pesquisador da história de Blumenau.

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

- O Conde d’Eu em Blumenau

 Brasil Imperial

Em dezembro de 1884 durante viagem a Santa Catarina, o Genro do Imperador Dom Pedro II, Príncipe Consorte Gastão de Orléans o Conde d’Eu resolvera fazer uma visita ao recém-criado município de Blumenau (colônia agrícola fundada por imigrantes alemães) tendo chegado no dia 15 de dezembro entre 3 e 4 horas da tarde. 

Já desde cedo a vila engalanara-se para receber condignamente Sua Alteza e se preparava para proporcionar sua curta estada da mais aprazível forma possível.
Os moradores se reuniram no Rio Itajaí-açu para assistir à chegada do ilustre visitante e dar-lhe as boas vindas, aportando Sua Alteza ao som do hino nacional executado pela banda musical local e sob os brados de “Vivas” da população aglomerada no porto de desembarque.
Após as apresentações protocolares e do estilo, formou-se um préstito, puxado pelas bandas musicais de Rüdiger e Lingner, tendo à frente os alunos do Colégio São Paulo (depois Santo Antônio), conduzindo Sua Alteza até a Igreja Católica onde foi realizado um solene “Te Deum”. A seguir, voltando ao local da sede, Sua Alteza visitou a Coletoria, como também a Câmara Municipal, onde lhe foram apresentados também os arquivos da Colônia e da Câmara. Após curta demora o préstito dirigiu-se ao edifício Schreep, onde a Câmara havia reservado aposentos para o visitante e sua comitiva e onde também, pelas 6 horas se realizou um banquete em honra do ilustre visitante.
 Após um ligeiro passeio pelas principais ruas da vila, Sua Alteza compareceu à uma reunião dançante, realizada em sua honra no Salão dos Atiradores, onde, antes do baile, as sociedades de cantores Germânia e Urania se apresentaram com os seus coros orfeônicos, executando vários números de seus repertórios, cujos cantos mereceram os aplausos do homenageado.

Na manhã seguinte foi improvisado um passeio de carruagem até a casa do Sr. Clasen. Antes da entrada naquele bairro, em frente à casa do Sr. Höppner, o príncipe foi recebido por uma delegação de senhoritas e moços a cavalo, onde uma das moças o cumprimentou com uma breve alocução, sendo-lhe ofertado, por parte das moças, vários ramalhetes de flores.

Chegados à sede da Vila, o príncipe ainda visitou rapidamente as escolas, a Igreja Evangélica, Cadeia, Hospital, etc., tendo também, na parte da manhã já visitado a fábrica de malhas e tricotagem do Sr. Hermann Hering Sênior, onde com muito interesse observou todas as instalações e os maquinários empregados naquela indústria.

O príncipe mostrou-se de uma forma tão cordial e amável conseguindo de imediato captar os corações e a simpatia dos blumenauenses, e o fato de ter usado, em suas palestras com os alemães a língua materna destes despertou nos mesmos imensa alegria.

Ao deixar Blumenau, o príncipe entregou ainda à Câmara Municipal a quantia de 100.000 Réis para ser distribuída aos pobres.

Fonte: Colônia Blumenau. Por Gilberto Schmidt-Gerlach Bruno Kilian Kadletz e Marcondes Marchetti.

Fernando Luiz Theiss - Antigamente em Blumenau 

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Adendo de Wieland Lickfeld : O Conde d'Eu estava em visita às províncias do sul e vinha acompanhado da Princesa Isabel. Por motivos de saúde ela não veio junto a Blumenau, tendo partido de São Francisco do Sul diretamente a Desterro, para onde o marido se deslocou depois a fim de continuar a viagem. Uma pena, o Dr. Blumenau não ter podido vivenciar este momento, dado o bom relacionamento que tinha com D. Pedro II, sogro do Conde d'Eu. Partira para a Alemanha pouco mais de três meses antes. 

Adendo

Conde d´Eu Nascimento:  28/04/1842, Neuilly, França Falecimento: 28/08/l922, Navio Massilia, Oceano Atlântico. 

"Eu" é uma comuna (=município) situado no norte da França, e local de origem do Conde d'Eu.

Gastão de Orléans, o Conde d’Eu, foi o consorte da princesa Isabel e se tornou um personagem importante para a história brasileira. Nasceu em 1842 num subúrbio de Paris chamado Neuilly-sur-Seine e obteve o título de conde ao nascer, concedido por seu avô, o rei Luis Felipe. O conde recebeu uma educação esmerada, falava várias línguas, entre elas o português, e estudou na Escola Militar de Segóvia, na Espanha. Era também sobrinho do rei Fernando II de Portugal e foi por intermédio do tio que recebeu a proposta para se casar com uma das filhas do Imperador Pedro II, do Brasil. Não eram incomuns esses matrimônios “arranjados” entre os membros da realeza e Gastão de Orléans aceitou o convite, porém, com uma condição: queria conhecer a princesa antes de oficializar o noivado.

Assim, em 2 de setembro de 1864, o conde desembarcava no porto do Rio de Janeiro para conhecer sua futura esposa. Junto com ele estava seu primo, o príncipe Augusto de Saxe, que também aceitara desposar a outra filha de D. Pedro. Um fato curioso dessa combinação é que pelo plano inicial os pares estavam trocados. Isto é, Dona Isabel que viria a se casar com o Conde d’Eu estava inicialmente destinada ao primo do conde, assim como a irmã da Princesa Isabel, a Princesa Leopoldina, deveria desposar o conde. Ao conhecer os pretendentes, as duas irmãs logo perceberam que o acordo precisaria ser retificado para atender as simpatias recíprocas. O fato foi comunicado e prontamente aceito por D. Pedro, que não queria ver as filhas casadas apenas por conveniência política. Feito o novo arranjo, o Conde d’Eu casa-se com a Princesa Isabel em 15 de outubro de 1864 e o casal parte em viagem de núpcias para a Europa. Mas essa viagem logo seria interrompida.

Um ditador põe fim à lua-de-mel

De fato, em novembro daquele mesmo ano, Francisco Solano López, o ditador do Paraguai, aprisionou no porto de Assunção o navio brasileiro Marquês de Olinda e, em seguida, atacou Dourados, na então província de Mato Grosso. A intenção de Solano López era expansionista e essas atitudes hostis obrigaram o império a deflagrar aquele que seria um dos conflitos mais sangrentos da América do Sul, a chamada Guerra do Paraguai. Nela estiveram envolvidos também a Argentina e o Uruguai. Foi da cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, que partiu uma carta de D. Pedro para o casal em lua-de-mel, nela, o imperador solicitava que o conde retornasse para se juntar a ele e ao Exército brasileiro.

Foi somente depois de muitas vitórias brasileiras nas batalhas e após o comandante supremo do Exército Brasileiro, o duque de Caxias, demitir-se do comando que o Conde d’Eu pode assumir o posto para conduzir as últimas operações da guerra. Conflito que chegaria a seu fim em março de 1870. Ao retornar ao Brasil, o conde é recebido como herói.

O fim do império

A família real ainda não sabia, mas a essa altura poucos anos restavam para a sobrevivência do regime imperial no Brasil, pois vários acontecimentos estavam contribuindo para o agravamento das dissensões políticas que culminariam com o advento da República.

Para o príncipe Gastão de Órleans, bem como para toda a família imperial, o exílio durou mais de trinta anos e só terminou com a revogação da lei do banimento em 1920. Em 1922, quando, vinha ao Brasil a convite do governo para as comemorações do centenário da independência, teve um mal súbito e morreu a bordo do navio Massília. O conde estava com 80 anos de idade e seus restos mortais estão, hoje, depositados no Mausoléu Imperial na cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro.

https://educacao.uol.com.br/biografias/gastao-de-orleans-conde-deu.htm 

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