Brasil Imperial
Em dezembro
de 1884 durante viagem a Santa Catarina, o Genro do Imperador Dom Pedro
II, Príncipe Consorte Gastão de Orléans o Conde d’Eu
resolvera fazer uma visita ao recém-criado município de Blumenau
(colônia agrícola fundada por imigrantes alemães) tendo chegado no dia 15 de
dezembro entre 3 e 4 horas da tarde.
Já desde cedo a
vila engalanara-se para receber condignamente Sua Alteza e se preparava para
proporcionar sua curta estada da mais aprazível forma possível.
Os moradores se
reuniram no Rio Itajaí-açu para assistir à chegada do ilustre visitante e
dar-lhe as boas vindas, aportando Sua Alteza ao som do hino nacional executado
pela banda musical local e sob os brados de “Vivas” da população aglomerada no
porto de desembarque.Após as
apresentações protocolares e do estilo, formou-se um préstito, puxado pelas bandas
musicais de Rüdiger e Lingner, tendo à frente os alunos do
Colégio São Paulo (depois Santo Antônio), conduzindo Sua Alteza até a Igreja
Católica onde foi realizado um solene “Te Deum”. A seguir, voltando ao local da
sede, Sua Alteza visitou a Coletoria, como também a Câmara Municipal, onde lhe
foram apresentados também os arquivos da Colônia e da
Câmara. Após curta demora o préstito dirigiu-se ao edifício Schreep, onde a Câmara
havia reservado aposentos para o visitante e sua comitiva e onde também, pelas
6 horas se realizou um banquete em honra do ilustre visitante. Após um ligeiro
passeio pelas principais ruas da vila, Sua Alteza compareceu à uma reunião
dançante, realizada em sua honra no Salão dos Atiradores, onde, antes do
baile, as sociedades de cantores Germânia e Urania se apresentaram com
os seus coros orfeônicos, executando vários números de seus repertórios, cujos
cantos mereceram os aplausos do homenageado.
Na manhã seguinte
foi improvisado um passeio de carruagem até a casa do Sr. Clasen. Antes
da entrada naquele bairro, em frente à casa do Sr. Höppner, o príncipe
foi recebido por uma delegação de senhoritas e moços a cavalo, onde uma das
moças o cumprimentou com uma breve alocução, sendo-lhe ofertado, por parte das
moças, vários ramalhetes de flores.
Chegados à sede da
Vila, o príncipe ainda visitou rapidamente as escolas, a Igreja Evangélica,
Cadeia, Hospital, etc., tendo também, na parte da manhã já visitado a
fábrica de malhas e tricotagem do Sr. Hermann Hering Sênior, onde
com muito interesse observou todas as instalações e os maquinários empregados
naquela indústria.
O príncipe
mostrou-se de uma forma tão cordial e amável conseguindo de imediato captar os
corações e a simpatia dos blumenauenses, e o fato de ter usado, em suas
palestras com os alemães a língua materna destes despertou nos mesmos imensa alegria.
Ao deixar Blumenau,
o príncipe entregou ainda à Câmara Municipal a quantia de 100.000 Réis para ser
distribuída aos pobres.
Fonte: Colônia
Blumenau. Por Gilberto Schmidt-Gerlach Bruno Kilian Kadletz e Marcondes
Marchetti.
Fernando Luiz Theiss - Antigamente em Blumenau
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Adendo de Wieland Lickfeld : O Conde d'Eu estava em visita às províncias do sul e vinha acompanhado da Princesa Isabel. Por motivos de saúde ela não veio junto a Blumenau, tendo partido de São Francisco do Sul diretamente a Desterro, para onde o marido se deslocou depois a fim de continuar a viagem. Uma pena, o Dr. Blumenau não ter podido vivenciar este momento, dado o bom relacionamento que tinha com D. Pedro II, sogro do Conde d'Eu. Partira para a Alemanha pouco mais de três meses antes.
Adendo:
Conde d´Eu : Nascimento: 28/04/1842, Neuilly, França Falecimento:
28/08/l922, Navio Massilia, Oceano Atlântico.
"Eu" é uma comuna
(=município) situado no norte da França, e local de origem do Conde d'Eu.
Gastão de Orléans, o Conde d’Eu,
foi o consorte da princesa Isabel e se tornou um personagem importante para a
história brasileira. Nasceu em 1842 num subúrbio de Paris chamado
Neuilly-sur-Seine e obteve o título de conde ao nascer, concedido por seu avô, o
rei Luis Felipe. O conde recebeu uma educação esmerada, falava várias línguas,
entre elas o português, e estudou na Escola Militar de Segóvia, na Espanha. Era
também sobrinho do rei Fernando II de Portugal e foi por intermédio do tio que
recebeu a proposta para se casar com uma das filhas do Imperador Pedro II, do
Brasil. Não eram incomuns esses matrimônios “arranjados” entre os membros da
realeza e Gastão de Orléans aceitou o convite, porém, com uma condição: queria
conhecer a princesa antes de oficializar o noivado.
Assim, em 2 de setembro de 1864,
o conde desembarcava no porto do Rio de Janeiro para conhecer sua futura
esposa. Junto com ele estava seu primo, o príncipe Augusto de Saxe, que também
aceitara desposar a outra filha de D. Pedro. Um fato curioso dessa combinação é
que pelo plano inicial os pares estavam trocados. Isto é, Dona Isabel que viria
a se casar com o Conde d’Eu estava inicialmente destinada ao primo do conde,
assim como a irmã da Princesa Isabel, a Princesa Leopoldina, deveria desposar o
conde. Ao conhecer os pretendentes, as duas irmãs logo perceberam que o acordo
precisaria ser retificado para atender as simpatias recíprocas. O fato foi
comunicado e prontamente aceito por D. Pedro, que não queria ver as filhas
casadas apenas por conveniência política. Feito o novo arranjo, o Conde d’Eu
casa-se com a Princesa Isabel em 15 de outubro de 1864 e o casal parte em
viagem de núpcias para a Europa. Mas essa viagem logo seria interrompida.
Um ditador põe fim à lua-de-mel
De fato, em novembro daquele
mesmo ano, Francisco Solano López, o ditador do Paraguai, aprisionou no porto
de Assunção o navio brasileiro Marquês de Olinda e, em seguida, atacou
Dourados, na então província de Mato Grosso. A intenção de Solano López era
expansionista e essas atitudes hostis obrigaram o império a deflagrar aquele
que seria um dos conflitos mais sangrentos da América do Sul, a chamada Guerra
do Paraguai. Nela estiveram envolvidos também a Argentina e o Uruguai. Foi da
cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, que partiu uma carta de D. Pedro
para o casal em lua-de-mel, nela, o imperador solicitava que o conde retornasse
para se juntar a ele e ao Exército brasileiro.
Foi somente depois de muitas
vitórias brasileiras nas batalhas e após o comandante supremo do Exército
Brasileiro, o duque de Caxias, demitir-se do comando que o Conde d’Eu pode
assumir o posto para conduzir as últimas operações da guerra. Conflito que
chegaria a seu fim em março de 1870. Ao retornar ao Brasil, o conde é recebido
como herói.
O fim do império
A família real ainda não sabia,
mas a essa altura poucos anos restavam para a sobrevivência do regime imperial
no Brasil, pois vários acontecimentos estavam contribuindo para o agravamento
das dissensões políticas que culminariam com o advento da República.
Para o príncipe Gastão de
Órleans, bem como para toda a família imperial, o exílio durou mais de trinta
anos e só terminou com a revogação da lei do banimento em 1920. Em 1922,
quando, vinha ao Brasil a convite do governo para as comemorações do centenário
da independência, teve um mal súbito e morreu a bordo do navio Massília. O
conde estava com 80 anos de idade e seus restos mortais estão, hoje,
depositados no Mausoléu Imperial na cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro.
https://educacao.uol.com.br/biografias/gastao-de-orleans-conde-deu.htm