Foto : O Hotel Oásis funcionou entre1945 e 1965. - Novamente temos o privilegio de poder contar com a participação do escritor e jornalista Carlos Braga Mueller. Hoje Braga nos relata um pouco dos mistérios – sobre as lendas do famoso Hotel Oásis de Pomerode. Em breve Bettina Riffel, jornalista atualmente na Alemanha lançará um Livro sobre o Hotel Oásis.
Por Carlos Braga Mueller
- Alguém já ouviu falar ou se lembra do Hotel Oásis de Pomerode ?
Pois antigamente, há uns 50, 60 anos, ele era famoso. Sua existência, o que ele representou para toda uma geração, e o final melancólico acabaram por tornar o Oásis mais uma lenda de Blumenau.
Naquele tempo Pomerode chamava-se Rio do Testo e era distrito de Blumenau. A localidade só passou a município no dia 29 de janeiro de 1959.
Os antecedentes
Um dia resolveu deixar a profissão de curandeiro e partiu para a construção do hotel dos seus sonhos, o “Oásis”. Mas não era um simples hotel, não. O Oásis era na verdade um hotel-cassino, no estilo do famoso “Quitandinha” de Petrópolis, no Rio, inspirado também no célebre Cassino da Urca.
Isto bastou para que a fama de Gehrmann e do seu cassino corressem o Brasil.
E as lendas dizem que então começaram a chegar muitos hóspedes, turistas em busca de aventuras nas mesas de bacará e nas roletas.
O luxo e a ostentação
Hermann Gehrmann tinha muito bom gosto e copiava no que podia o luxo e as excentridades do Quitandinha, do Copacabana Pálace, do Cassino da Urca. E não media os gastos.
Quando o presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu o jogo no Brasil, a fama do hotel já estava consolidada.
Longe de ser um local mal visto, o Oásis passou a ser referência para a sociedade catarinense e as festas dos ricaços daqueles tempos, ali realizadas, marcaram época.
Em meio a todo este fausto, o proprietário contratava as mais famosas orquestras para abrilhantar os eventos.
As grandes orquestras brasileiras e inclusive a “Cassino de Sevilha” da Espanha, lá estiveram. As decorações eram no estilo de Hollywwod.
Quando faltavam condimentos especiais ou estes acabavam durante as festas, Gehrmann mandava uma condução de madrugada a Blumenau, que voltava trazendo as especiarias compradas nas fiambrerias blumenauenses.
Mas como todo poço, este também tinha um fundo. E daqui a pouco o dinheiro começou a faltar.
E a descida levou ao fundo do poço. Com as amizades que tinha o ex-curandeiro conseguia tomar emprestado algum dinheiro, que ia pagando como podia. Contam alguns amigos que ele não perdia a calma.
Um dia o hotel teve que fechar as portas. Seu proprietário foi viver sozinho em um pequeno quarto e testemunhas relatam que ali só tinha a cama e um pequeno caixote de madeira, que servia como mesa.
Neste cenário Hermann ficava horas e horas conversando com os poucos amigos que lhe sobraram, revivendo os dias de glória e ostentação.
História :
O nome Pomerode* está ligado a origem de seus fundadores, imigrantes vindos da Pomerânia (Pommernland), norte da Alemanha. O nome deriva da junção do radical Pommern e do verbo rodern, verbo alemão que significa tirar os tocos, tornar a terra apta para o cultivo. O início da colonização de Pomerode remonta ao ano de 1861, quando os primeiros imigrantes, liderados pelo colonizador Hackbarth, decidiram subir um afluente do Rio Itajaí-Açú, a partir da região onde hoje se localiza o bairro Badenfurt. Eram abertas picadas ao longo do curso do rio, que foi chamado Rio do Testo.
A colonização da área foi uma estratégia para fortalecer o comércio entre a Colônia de Dona Francisca (atual região de Joinville) e a Colônia de Blumenau, lote a qual as terras de Pomerode eram integradas. As divisões das Colônias eram definidas pela Campanha Colonizadora do Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, fundador da cidade de Blumenau.
Os primeiros imigrantes de Pomerode se estabeleceram ao longo do Rio do Testo pelo sistema de minifúndios (pequenas fazendas), onde eram cultivados arroz, fumo, batata, mandioca, cana de açúcar, milho e feijão. O colono também se dedicava à criação de gado leiteiro e suíno, cujas matrizes vieram da Europa. As primeiras edificações eram rústicas construções de pau a pique, cobertas com folhas de palmeiras. Em 1870, a primeira escola Alemã foi instalada no bairro Testo Central (atual Escola Básica Municipal Olavo Bilac).
Até a virada do século 20, Pomerode era uma colônia voltada apenas para agricultura e pecuária de subsistência, com pequenos pontos comerciais nas áreas centrais da colônia. Com a mudança de século, pequenas empresas familiares de laticínios, frios, móveis e cerâmica deram início à industrialização do município. Anos mais tarde, a indústria da porcelana se tornou uma das mais importantes para a economia local. Hoje, a cidade é considerada um forte pólo têxtil e metal-mecânico.
Desmembrada de Blumenau em janeiro de 1959, Pomerode mantém até hoje o fascínio de uma pequena comunidade com a forte influência alemã em seus costumes.
*Lê-se “Pômerôde” Carlos Braga Mueller/jornalista e escritor.
Arquivo : Dalva e Adalberto Day
- Contribuição da foto do Hotel Oásis: Bettina Riffel.
Não se sabe ao certo quando o alemão
Hermann Gehrmann chegou a Rio do Testo, terra colonizada pelos pomeranos. Mas foi por volta dos anos 30, 40, que este cidadão começou a praticar o curandeirismo. Receitava suas “garrafadas” e aos poucos, com o passar dos anos, foi amealhando uma fortuna. Vinha gente de longe para se consultar com ele.