“A Educação é a base de tudo, e a Cultura a base da Educação”

Seja bem-vindo (a) e faça uma boa pesquisa.

sábado, 31 de janeiro de 2009

- A ponte da Rua Santa Maria II

Hoje estamos apresentando este belo projeto (fotos animação) executivo da nova ponte da Rua Santa Maria no Bairro Progresso em Blumenau. Acompanho já faz uns seis anos este projeto que começou em conversas junto a comunidade, por Pedro Prim que já vem articulando o trabalho desde a década de 90. Estamos não só apoiando como também tentando auxiliar. Já encaminhei pra algumas pessoas para a apreciação; ao amigo e grande colaborador publicitário José Geraldo Reis Pfau – Comunicação Pfau , Wieland Lickfeld grande pesquisador da história de nossa cidade. Penso que é justamente nesta hora pós tragédia , que devemos mostrar aos turistas que afloram em grande número a esta região, que será reconstruído em com visão turística.
Por Pedro Prim:
Em pesquisa realizada “in loco” com os relatos da história oral da comunidade da Nova Rússia, ficou evidente a manifestação da vontade dos moradores, reivindicando que a comunidade deseja que a ponte atual da Rua Santa Maria, (Recanto Silvestre) seja construída com vigamento e piso de concreto armado, com cobertura do tipo arquitetônico, no modelo que era construído antigamente pela comunidade alemã.
Quanto ao impacto ambiental nas condições atuais de topografia e vegetação serão mínimas, já que um novo projeto de ponte não afetará o curso d`água, não modificará o relevo do solo e nem a retirada das espécies da vegetação sucessional secundária da Mata Atlântica no local. Os registros históricos do arquivo oficial da Fundação Cultural, cruzando-se os dados conclui-se que a ponte foi construída em 1940 pela comunidade local, para atender duas serrarias daquela região. Em 1941, devido a uma enxurrada, o Prefeito Alfonso Rabe, fez o primeiro conserto de vigamento. Dez anos depois, na gestão do prefeito Hercílio Deeke, foi reconstruída a ponte nos moldes atuais, ou seja: com suas cabeceiras de pedras com vão livre superior a 15 metros de comprimento.
Como atributo turístico a ponte serve de estimulo contemplativo, especialmente, porque a cidade de Blumenau é uma região reconhecida nacional e Internacionalmente por sua cultura Alemã e Italiana, refletida na qualidade de vida, hospitalidade, culinária, eventos de negócios e festas. Esses atributos, aliados a beleza cênica da região geram fluxos de turistas importantes para o desenvolvimento da Cidade e da região. A Rua Santa Maria, é caminho principal do “PARQUE MUNICIPAL DAS NASCENTES” e “PARQUE NACINAL SERRA DO ITAJAI” com 57000 hectares de floresta, conhecido internacionalmente pelo seu BIOMA natural. É também o núcleo da reserva da Biosfera da Mata Atlântica em santa Catarina.
Do ponto de vista da biodiversidade, estudos apontam a presença de 802 espécies, destas, 340 espécies de arvores e arbustos e 462 de Vertebrados e mais oito espécies novas para a ciência. Os turistas usam a Rua Santa Maria para contemplar a natureza, tomar banho de cachoeira, caminhadas, acampamentos, fotografar, praticar ciclismo e saborear a culinária européia da região. As escolas usam o caminho da Rua Santa Maria para desenvolver atividade de sensibilização e interpretação ambiental com os alunos.
Desta forma para atender os objetivos gerais da população a Secretaria Distrital do Grande Garcia contratatou o projeto executivo da nova ponte.
Arquivo : Pedro Prim /Adalberto Day

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

- Jubileu de Prata da Artex



Toalha de rosto da Artex comemorativa ao Jubileu de Prata de fundação, em 1961. Grande festa de confraternização marcou a data, em frente às instalações da empresa, onde hoje se encontra a sede do Distrito do Garcia e ambulatório geral. A Artex foi fundada em 23 de maio de 1936 por Theophilo Bernardo Zadrozny e Otto Huber. Também iniciaram os preparativos de montagem da nova empresa Max Rudolf Wuensch e Albert Hiemisch, Alfredo Hess, Artur Rarbe. O primeiro diretor foi Ricardo Peiter:
Publicado no Jornal de Santa Catarina Ediçao nº 11.501 Quarta-feira - 28/01/2009, coluna ALMANAQUE DO VALE do jornalista Sérgio Antonello

(Foto: Arquivo de Dalva e Adalberto Day)
A imagem a esquerda mostra a placa comemorativa do Jubileu de Prata da Artex em 1961 - Aos fundos os então diretores Arno Zadrozny (de óculos) e Carlos Curt Zadrozny., sentados Rubens Sombrio e Ulrich Kuhm A imagem a direita, com vestido de bolinhas, a esposa do fundador da Artex Otto Huber, senhora Else ao seu lado senhora Ana Theiss.
Os funcionários e convidados, na festa de Jubileu de Prata da Artex. Na faixa os seguintes dizeres: “Salve 25º aniversário de fundação 1936-1961”.
Na imagem em primeiro plano, empregados exibindo as toalhas comemorativa dos 25 anos de fundação da Artex. Em segundo plano a imagem nos mostra: Arno Zadrozny, Carlos Curt Zadrozny, Governador Celso Ramos que prestigiou a comemoração, e Júlio H. Zadrozny.
Arquivo de Adalberto Day

domingo, 25 de janeiro de 2009

- Costurando

Hoje apresento uma doação dos amigos Pedro Prim e sua esposa Eliane Drude. Sempre tenho o maior carinho ao ver uma maquina de costura, pois ela nos trás nossa infância onde quase todas as nossas mães, avós e alguma vizinha faziam com maestria trabalhos de costura em maquinas manuais.
-Também nos reporta as nossas origens no ramo têxtil, com o advento das primeiras empresas de Blumenau, A Industrial Garcia,(1868) CIA. Hering,,(1880) já nos primórdios da fundação.
A imagem mostra uma máquina de costura manual alemã marca Dietrich Vesta, da década de 1926, trazida por Alexander Drude (foto), nascido em 18-03-1909, na cidade de Volina (Rússia). Depois foi para a Alemanha e com 18 anos veio para o Brasil. Aqui desembarcou na Ilha das Flores, foi para Florianópolis mais tarde veio para a região de ‘Subida’ e finalmente para a cidade de Dona Emma no Médio Vale SC. Sua esposa Maria Kränkel, costurava para toda família e vizinhos. Dia da costureira é comemorado dia 25 de maio.
A neta Eliane Drude, trouxe essa raridade para Blumenau em 2002.
As imagens Junto a maquina de costura são de artigos fabricados no século passado décadas 40/60 quando ainda eram utilizadas etiquetas de papel. São Guardanapos, e toalhas confeccionadas na Empresa Industrial Garcia em Blumenau.
No tempo do café no bule e na xícara - Bule doação de Pedro Prim e sua esposa Eliane Drude, xicara doação Augusta Day
História
O trabalho da mulher era imprescindível no desenvolvimento da Colônia Blumenau, esse era o entendimento do Colonizador, que não gostava de ceder terras aos solteiros porque sozinhos não progrediam visto que não tinha quem cuidasse da casa, horta, roupas e quem lhes confortasse nos momentos difíceis, situação confirmada pelos imigrantes, conforme constatamos nos relatórios do Dr. Blumenau e em correspondências dos colonos aos parentes.
Além do trabalho doméstico cuidando dos filhos, casa, roupas e comida, as mulheres trabalhavam na roça, eram responsável pela horta, pelos animais domésticos e ainda costuravam, faziam tricô e crochê; para que a esposa se aperfeiçoasse nestas artes de agulha é que Julius entre outros motivos agilizou o casamento, visto que em casa a noiva não tinha tempo. (BAUMGARTEN, 1855, (1988): 24). ......à época e de esposa e companheira; ainda sobrava tempo para cuidar do jardim, aos sábados faziam quitutes para reunir a família para o lanche de domingo e quando não tinham nada para fazer, bordavam e costuravam; sem dúvida, é forçoso concordar com o Dr. Blumenau, a mulher realmente era imprescindível para o progresso do imigrante. A indústria têxtil garantia trabalho às mulheres, diretamente na fábrica ou em casa, conforme relata Johanna Baier Muller, (apud RENAUX, 1995: 161) ela e familiares costuravam para a firma Hering em casa, trabalhavam desde a manhã até as vinte e duas horas, cada uma fazia uma parte da peça: “Para a fábrica eu costurei alguns anos, minha avó, eu e a Tante Delminda. Hermann Muller-Hering nos trazia a costura cada segunda-feira ao mesmo tempo em que levava a que já ficara
Hoje em dia uma moça é independente até para casar, mudou muito, a mulher se sente mais valorizada”. Realmente muita coisa mudou e para melhor, hoje a jovem se prepara, constrói para si uma carreira profissional, faz universidade, para ter sua própria autonomia financeira. E então, ela admite a vida a dois. Os costumes mudaram, a sociedade mudou, pelo menos na maioria dos casos principalmente em uma cidade politizada (com cultura e tradição. muito marcante e organizada ) como a nossa Blumenau. Nosso reconhecimento a essas belas e guerreiras, parabéns pela luta e dedicação.
As mulheres constituíam a maioria das operárias na indústria têxtil, os homens dedicavam-se à agricultura, pecuária, comércio e transporte.
Para saber mais= Acesse
Maria de Lourdes Leiria
Arquivo de Eliane Drude/Pedro Prim/Adalberto Day

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

- Festa Pomerana




- Criada para comemorar o aniversário de emancipação do município de Pomerode, que em 21 janeiro de 2009 completou 50 anos de emancipação política de Blumenau , a Festa Pomerana é, antes de tudo, uma festa do povo pomerodense.

A festa Pomerana de Pomerode-SC, teve sua primeira edição Janeiro de 1984, em neste mesmo ano no mês de Outubro, tiveram inicio a maioria dos eventos típicos da região. Na primeira edição, somente num pavilhão de esportes, que foi dividido com um pequeno palco para os músicos, uma pequena pista de danças, e o local para servir chopp e refigerantes e ainda sobrou espaço para exposições das fábricas e comerciantes. O inicio foi pequeno, e como as festa em Blumenau fracassaram no mês de janeiro, Pomerode aproveitou a oportunidade de lançar a Festa Pomerana, e hoje está aí, com um publico de mais de 80.000 visitantes. A festa sempre teve uma boa organização, e devido à isso cada ano vai traz novidades, e este ano teremos no dia 24 de janeiro, o primeiro encontro folclórico germânico na Festa Pomerana, e conta com quase 300 dançarinos inscritos. A grande adesão ao encontro, é porque não cobramos nenhuma taxa de inscrição, e ainda fornecemos um almoço com refrigerante gratuitamente para quem participa com desfile e apresentação do encontro. A festa Pomerana é composto por 5 pavilhões, sendo o primeiro o pavilhão principal, onde também está localizado o restaurante típico, com palco e pista de danças, e segundo é o pavilhão cultural, onde ocorrem diariamente as apresentações folclóricas, bandas típicas, show diversos, e é uma boa opção para gosta para para cultural, o terceiro é o Biergarten, onde servem-se pratos típicos e chopp acompanhados de boa música ao vivo, o quarto é o pavilhão das atividades, como serrador de lenha, tiro ao alvo, chopp em metro e outras atividades, e o quinto é o pavilhão onde ocorrem a exposição industrial comercial e artesanal. Fica bem difícil, relacionar tudo o que de bom acontece na nossa Festa Pomerana, e vale a pena participar, porque procuramos cada vez mais a participação das famílias, isto, turistas de todo o Brasil, bem como a grande participação dos Pomerodenses.

O principal evento do calendário turístico do Município é a Festa Pomerana, realizada na segunda quinzena de Janeiro, no aniversário da cidade. Criada em 1984, a Festa Pomerana tem como atrações os desfiles, apresentações de grupos folclóricos e bandas regionais, chopp e pratos da cozinha regional.
Cartaz localizado no pavilhão cultural, onde está escrito no dialeto pomerano, a frase "nossa terra , nossa gente",. Este dialeto PLAT-DEUTSC, ou "PLAT-DÜTSCH, ainda está sendo usado muito no interior de Pomerode, e outras cidades de todo o Brasil , onde a cultura Pomerana está sempre presente. Fotógrafo Ingo Penz.
Atrações:
Desfiles Típicos
Os Desfiles típicos, com demonstrações da tradição e apresentação dos clubes de Caça e Tiro do Município, acontecem em todos os dias da festa. Gastronomia
Marreco com repolho roxo, Bockwurst (salsichão) e Eisbein (joelho de porco) são alguns dos pratos servidos na festa. O tradicional Chopp, tirado na medida certa e bem geladinho completa as delícias da Festa Pomerana. Uma ótima sugestão gastronômica é o BIERGARTEN da Festa Pomerana, administrado pelos Gastrônomos e Hoteleiros Unidos de Pomerode !!
Competições Típicas
Fischerstechen (fisgar o pescador) - trazida da Alemanha. É uma luta realizada no meio de um rio ou lagoa, em que duas equipes se enfrentam, uma em cada canoa. Cada equipe é munida de um bastão. O objetivo é derrubar o adversário.
Schneidmüller (serrador de lenha) e Holzhacker (lenhador) – apartir da prática dos imigrantes de preparar as madeiras para as construções, se originaram estas competições. São utilizados um tronco, uma serra manual de dupla e um machado. É vencedora a dupla que serrar ou aquele que lenhar seu tronco no menor tempo. Vogelstechen (pássaro ao alvo) - competição tradicional na qual o participante utilizará um pássaro esculpido em madeira com bico de prego preso a uma corda para acertar o alvo.
Exposição Artesanal, Comercial e Industrial
A Festa Pomerana também conta com uma exposição de empresas locais. Seja em exposição ou na venda direta ao consumidor, há uma grande variedade de artesanatos, produtos caseiros, utilidades para o lar, móveis, equipamentos em geral.
Concursos Culinários
Concursos Culinários de bolos, cucas, tortas, geléias e licores com produtos produzidos por famílias do município. Os visitantes podem provar as delícias e eleger os vencedores de cada categoria.

Todos os dias o Pavilhão Cultural traz uma programação recheada de dança, música e tradição. Nesta edição diversos grupos de Pomerode e de cidades próximas se apresentaram e encantaram todos.
História :
21 de janeiro de 2009, data em que o município de Pomerode comemorou 50 anos de emancipação.política adminsitrativa.
O nome Pomerode* está ligado à origem de seus fundadores, imigrantes vindos da Pomerânia (Pommernland), norte da Alemanha. O nome deriva da junção do radical Pommern e do verbo rodern, verbo alemão que significa tirar os tocos, tornar a terra apta para o cultivo.Pomerode constitui-se em uma pequena cidade no Verde Vale do Itajaí, cortada pelo Rio do Testo e emoldurada por verdes montanhas, sendo que a mesma guarda toda a fisionomia de um típico modelo de Imigração, Tradição e Cultura Germânica. Está ligada a Blumenau por rodovia asfáltica, bem como a Jaraguá do Sul.A região onde hoje se situa o município, fazia parte da Colônia de Blumenau.O início da colonização de Pomerode remonta ao ano de 1861, quando os primeiros imigrantes, liderados pelo colonizador Hackbarth, decidiram subir um afluente do Rio Itajaí-Açú, a partir da região onde hoje se localiza o bairro Badenfurt. Eram abertas picadas ao longo do curso do rio, que foi chamado Rio do Testo.A colonização da área foi uma estratégia para fortalecer o comércio entre a Colônia de Dona Francisca (atual região de Joinville) e a Colônia de Blumenau, lote a qual as terras de Pomerode eram integradas. As divisões das Colônias eram definidas pela Campanha Colonizadora do Dr. Hermann Otto Blumenau, fundador da cidade de Blumenau.Os primeiros imigrantes de Pomerode se estabeleceram ao longo do Rio do Testo pelo sistema de minifúndios (pequenas fazendas), onde eram cultivados arroz, fumo, batata, mandioca, cana de açúcar, milho e feijão. O colono também se dedicava à criação de gado leiteiro e suíno, cujas matrizes vieram da Europa.As primeiras edificações eram rústicas construções de pau a pique, cobertas com folhas de palmeiras. Em 1870, a primeira escola Alemã foi instalada no bairro Testo Central (atual Escola Básica Municipal Olavo Bilac).Até a virada do século 20, Pomerode era uma colônia voltada apenas para agricultura e pecuária de subsistência, com pequenos pontos comerciais nas áreas centrais da colônia. Com a mudança de século, pequenas empresas familiares de laticínios, frios, móveis e cerâmica deram início à industrialização do município.Anos mais tarde, a indústria da porcelana se tornou uma das mais importantes para a economia local. Hoje, a cidade é considerada um forte pólo têxtil e metal-mecânico.Desmembrada de Blumenau em janeiro de 1959, Pomerode mantém até hoje o fascínio de uma pequena comunidade com a forte influência alemã em seus costumes.
Para saber mais. Acesse :
http://www.festapomerana.com.br/

Fonte: Vivian Althoff
Assessora de Comunicação da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte


http://www.jornaldepomerode.com.br/
Arquivo de : Horst Spies/Adalberto Day

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

- Um brasileiro por adoção


Emil Odebrecht prussiano de nascimento se naturalizou no Brasil em 1859.

- A trajetória do prussiano-brasileiro Emil Odebrecht mostra um lado por vezes esquecido da personalidade do imigrante: a disposição em adotar um novo lar como se fosse a terra de origem. Para muitos dos desbravadores, a solução era partir do zero, sentir-se um verdadeiro brasileiro, assumindo um compromisso com o país.
Sem, é claro, esquecer as raízes natais. Dos 77 anos de vida do engenheiro Odebrecht, 53 anos foram gastos na vontade tenaz de um útil profissional da engenharia e colonização. Emil chegou à colônia de Blumenau, no Natal de 1856 com mais dois companheiros. O Trio veio com o objetivo de colonizar terras no Alto Itajaí.Um dos amigos, porém, se afogou nas turbulentas águas do rio.O projeto acabou não se concretizando,e Emil voltou para a Alemanha, onde foi terminar seus estudos.
Colou grau de engenheiro, e voltou para a colônia de Blumenau. Aqui, foi incumbido pelo farmacêutico de explorar e fazer o levantamento de vales e caminhos.
Começa então a criar uma incomparável folha de serviços a Blumenau e região:durante 40 anos varou os sertões catarinenses. Foram serras, rios e selvas mais inóspitas de Santa Catarina. Nesse trajeto, acabou criando uma relação especial com os índios botocudos , coroados e guaranis. Várias estradas de ferro viraram também projetos nas mãos do engenheiro. Embora não tenha saído do papel, acalentaram o sonho do progresso catarinense.
Trabalho Giz Pastel - da renomada artista Sônia Baier Gauche
Primava também pelos pontos de vista e atitudes definidos. Identificou-se, por exemplo, de forma intensa com a pátria adotiva.Em 1859, já promovera sua naturalização. No ano de 1865, abriu com seu nome a lista de Voluntários da Pátria, se oferecendo para lutar pelo Brasil, na guerra do Paraguai. Seguiu as batalhas como tenente, mas, atacado de febre palustre, regressou no ano seguinte a Blumenau. Essa vontade de ser útil lhe valeu, curiosamente, uma homenagem do mundo cientifica. Os integrantes caranguejos que catou no Rio Morombas, no Planalto Serrano, acabaram sendo estudados pelo Naturalista Fritz Muller.
Trabalho Giz Pastel - da renomada artista Sônia Baier Gauche
O famoso cientista batizou o desconhecido caranguejo como Aeglea Debrechtii.
Em 1867, foi nomeado agrimensor das terras da colônia Príncipe Dom Pedro,. Fez a exploração da Serra. Depois foi nomeado ajudante do diretor da colônia Azambuja, onde ficou até 1881. Nesse local, virou inspetor da segunda classe do Telégrafo Nacional. No cargo, empreendeu muitas viagens e construiu linhas telegráficas. Aposentou-se em 29 de março de 1897.
Emil Odebrecht nasceu 29 de março de 1835, em Jakobshagen, na antiga Prússia . e faleceu repentinamente em 05 de janeiro de 1912.
Seu perfil de vida acabou lhe rendendo especiais homenagens, prestadas ainda em vida.Em certa ocasião, o engenheiro foi visitado pelo General Vespasiano de Alburquerque, comandante da 5ª R.M. , outro veterano da Guerra do Paraguai. Uma banda tocou quando os dois heróis trocaram saudações. Um ato simbólico, mostrando o congraçamento entre o brasileiro nato e um novo brasileiro.O brasileiro-alemão, ou italiano, ou polonês, que imigrou para um país em formação e dispôs a lutar e trabalhar pela nova terra.
Suplemento do Jornal de Santa Catarina, sábado 2/setembro/2000 Volume 3 – Personagens, lugares e construções. Foto: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva/Adalberto Day

domingo, 18 de janeiro de 2009

- Tempo e placar no Dêba



Crônica de Maurício Neves de Jesus de Lages SC - Grande desportista e advogado.
A escolha oportuna e feliz do tema “Tempo e Placar no Dêba” ecoa entre os fanáticos torcedores blumenauenses. Mauricio veio cursar direito na FURB em Blumenau e se apaixonou pelo Blumenau Esporte Clube.
- Nasci e me criei em Lages, e por assim dizer, torço para o Internacional. O velho Inter, de tantas jornadas gloriosas e divertidas, o Leão da Serra. Muito cedo comecei a freqüentar o estádio Vidal Ramos Júnior, e me seduzi por aquele futebol que – bem diferente dos poucos jogos televisionados – tinha textura de vida real, cheiro de grama e pipoca fresquinha, gosto de bergamota e pé-de-moleque. E tinha sons, muitos sons.
Internacional de Lages 1988 :Em pé: Aloísio Maguila, Bin, Madruga, Zé Rubens, Nei e Muralha;Agachados: Marciano, Weber, João Carlos, Zé Sérgio e Marcos Lima.

Rodolfo Sestrem (foto Airton G. Ribeiro - Airton Moritz)
Sestrem faleceu no dia 01/junho/2002
Era o palavrão a cada gol perdido, era o uuuhhhh da bola que passou rente ao poste e deixou na garganta o grito de gol, era o som que escapava do rádio do vizinho de assento: - O Internacional joga com Madruga, guardião do arco rubro; o lateral-direito é Alves, jaqueta dois; os homens da zaga são Dudu, o xerife do Morro do Posto com a três, e Dutra jaqueta quatro; fechando o setor defensivo a classe e a experiência de Cláudio Radar, meia-dúzia às costas!
O DÊBA lotado

Sestrem 
O futebol era uma degustação organoléptica da vida. Usava todos os sentidos. Audição, paladar e olfato já explicados, o tato quando apertava o braço do meu pai a cada ataque inimigo, e a visão, ah, a visão daquelas camisas vermelhas espalhadas pelo gramado verde em busca da bola branquinha sob um céu azul, cinza ou negro e estrelado.
A falta que o BEC faz
Não posso dizer que o Inter daria um livro porque o livro está quase pronto mesmo. E não é do Inter que quero falar hoje, mas dos adversários. Aliás, de um adversário. Não o Figueirense de Albeneir ou o Avaí de Bizu, nem o Joinville de Nardela ou o Criciúma de Jorge Veras. Falo do Blumenau, o BEC, que a vida acabou por tornar um adversário alvo de meu afeto
Acesse:

O BEC em 1989 : em pé Leandro, Alaércio, Silva, Gassem , Sidney, e Derval - Agachados Serginho, Osmair, Mirandinha, César Paulista e Cide.
No início, era o temível Blumenau. Zeca, armador habilidoso, bom chute de fora da área, sempre jogava bem contra o Inter. Mas a grande ameaça era Piter, goleador implacável. Até hoje quando lembro da voz de Toninho Waltrick, plantonista da Rádio Clube anunciando um gol na rodada, me vem assim: - Bola na rede, dizia Toninho. – É festa de quem?, perguntava Mário Motta, hoje na RBS e à época narrador da Clube. Respondia Toninho: - É festa tricolor na rua das palmeiras em Blumenau, Piter abre o placar contra o Renaux.
Anos depois, um trauma. 1988. O Inter precisava vencer para fugir da segunda divisão, e não depender dos dois últimos jogos fora, contra Avaí e Figueira. O BEC lutava para ir às finais. Era um sábado à tarde, e sofremos muito até Weber fazer 1x0, já com o segundo tempo bem avançado em minutos. A vitória parecia certa, mas o centroavante Chicão acertou uma cabeçada incrível aos quarenta e três minutos. Parecia que a bola não tinha forças para chegar ao gol, mas chegou e entrou no canto esquerdo, como que impulsionada pelo vento. 1x1 o placar final, e o tento de Chicão foi chamado de “e o vento levou”.
Levou mesmo, o BEC às finais e o Inter ao rebaixamento...
Três anos depois fui morar em Blumenau, para cursar Direito na FURB. E longe do Inter, que só me chegava pelo plantão da Rádio Nereu, adotei o BEC. O time estava mandando os jogos no histórico Aderbal Ramos da Silva, e a voz de Rodolfo Sestrem vinha de todos os lados, de todos os rádios: - Teeeeempoooo e placaaarrrr no Dêeeeba...
Lembro especialmente de um jogo contra o Criciúma, então o poderoso campeão da Copa do Brasil. Dia 10 de novembro de 1991, Dêba lotadinho. Soares fez 1x0 para o Tigre, mas o BEC foi empurrado pela torcida até empatar com Chicão, batendo pênalti rasteiro no canto direito, lá no gol do barranco. E só não saiu a virada porque aquele Criciúma tinha Alexandre na meta, em grande tarde. Ficou o empate, e saímos do estádio satisfeitos com a garra dos jogadores do Blumenau.
Vi outros jogos no Dêba, grandes lembranças que a demolição do estádio não vai apagar. Mas dói ler nos jornais que começa hoje o campeonato catarinense, e não teremos o Inter e o BEC na disputa. Que saudade de saber que Lages e o Inter estavam ao alcance de três horas pela 470, ou de simplesmente almoçar no Moinho antes de seguir para o Aderbal Ramos da Silva. Se fechar os olhos e ficar em silêncio, acho que ainda consigo ouvir a voz imponente de Sestrem anunciar teeeeempo e placaaarrr no Dêeeebaaaa...
Era um belo tempo, caro e saudoso Rodolfo Sestrem. Eu era feliz e sabia.
Arquivo : Colaboração especial de Maurício Neves de Jesus /Adalberto Day
acesse:
A História do Futebol de Lages e Região

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

- Um catarinense na Teoria da Evolução

Artigo

LAURO EDUARDO BACCA/ Ecólogo e ambientalista
- Em 2009, o mundo celebrará o Big Year, ou o Grande Ano, do bicentenário de nascimento de Charles Darwin, que será em 9 de fevereiro. Eventos diversos marcarão intensamente a data na maioria das nações. Todos lembrarão e comentarão sobre uma das maiores revoluções da história da Ciência, a Teoria da Evolução, geradora de grande polêmica na época. No furor da discussão que se seguiu à publicação da Origem das Espécies, tanto nos meios acadêmicos como na imprensa, foram inúmeros os cientistas de diversos países que discutiram e debateram a obra de Darwin (Foto), cuja primeira edição foi publicada em 1859. O que poucos sabem, é o extraordinário papel do naturalista imigrante alemão Fritz Müller, em apoio concreto, e não apenas com teorias, nas revolucionárias idéias de Darwin.
Naturalizado brasileiro e radicado na Colônia Blumenau, por 34 anos, dali se afastou por 11 anos, para residir e lecionar em Desterro, capital da Província de Santa Catarina. Foi ali que Fritz Müller tomou conhecimento e entusiasmou-se pela obra de Darwin. Com suas pesquisas sobre o desenvolvimento embrionário e larvar de crustáceos marinhos, reuniu dados e fatos que resultaram na obra Für Darwin, ou: Fatos e Argumentos em favor de Darwin, publicada em 1864, apenas cinco anos após o livro de Darwin.
Darwin providenciou a tradução da obra para o inglês, reconhecendo uma das melhores contribuições de caráter prático que corroboravam cientificamente sua teoria.

Na época, a maioria dos zoólogos e botânicos mantinha uma atitude de hostilidade e negação diante da teoria da descendência. O grande Ernst Haeckel, criador do termo Ecologia, reconheceu que Fritz Müller "contribuiu significativamente para inverter a citada proporção numérica". Por tudo isso, urge que os governos blumenauense, catarinense e brasileiro unam-se para fazer com que a importância inestimável de Fritz Müller seja também lembrada nas comemorações do Big Year.
Blumenau, 08 de setembro de 2008. Publicado no Jornal de Santa Catarina - Edição nº 11411
__________________
jornal Folha de São Paulo , na página de ciência.
Teoria de Darwin
Teoria de Darwin teve teste inaugural em Florianópolis Estudo do alemão Fritz Müller com crustáceos "salvou" a evolução, diz biólogoTroca de cartas com inglês durou 17 anos; naturalista atestou seleção natural e ancestralidade comum em animais de ilha catarinense Divulgação O naturalista Fritz Müller (1822-1897) na antiga Desterro
EDUARDO GERAQUEDA REPORTAGEM LOCAL Se Charles Darwin pudesse dar uma festa hoje, por ocasião de seus 200 anos, o nome do alemão Fritz Müller (1822-1897) certamente estaria entre os convidados. O naturalista, que vivia em Santa Catarina, foi o primeiro a testar em campo, e aprovar, as ideias lançadas por Darwin sobre a evolução dos seres vivos em 1859, história que começou a ficar mais clara na última década."Müller, pode-se dizer tranquilamente, foi o primeiro a criar uma filogenia [história evolutiva das espécies] séria, com base no estudo exaustivo de material vivo, ao contrário das especulações meramente teóricas e fantasiosas, como as feitas por [Ernest] Haeckel", escreve o zoólogo Nelson Papavero em seu livro "A Recepção do Darwinismo no Brasil".À Folha, o pesquisador do Museu de Zoologia da USP foi categórico. "Müller salvou a teoria do Darwin, que tinha acabado de surgir e vinha sendo muito atacada." Papavero lamenta o fato de Müller ser um tanto desconhecido, até entre cientistas brasileiros.A amizade entre Darwin e Müller, que nunca se viram pessoalmente, surgiu a partir da leitura que o naturalista inglês fez da obra de Müller intitulada "Para Darwin", em 1865. O livro fora escrito dois anos antes em Desterro, atual Florianópolis. O "Origem das Espécies" é de 1859. A troca de cartas entre ambos durou até 1882, quando Darwin morreu.Garras da evoluçãoPara testar em campo a evolução, Müller escolheu o grupo dos crustáceos. Afinal, eles eram abundantes na região de Florianópolis, onde ele trabalhava como professor. Além disso, eram bem conhecidos e fáceis de criar em aquários.O último parágrafo da obra, escrita originalmente em alemão, é simbólico: "Espero ter conseguido convencer os leitores de que realmente a teoria de Darwin tem, como para tantos outros fatos sem ela não explicados, também a chave da interpretação para o desenvolvimento dos crustáceos".O autor continua: "Que as falhas dessa tentativa não sejam jogadas sobre o plano pré-construído pela mão segura do mestre, que sejam jogadas unicamente sobre a incapacidade do operador, que não encontrou o local exato de cada ferramenta". Para Papavero, foram muitas as contribuições de Müller à teoria darwinista.Seu único livro publicado em vida (outros foram editados após sua morte), "desenvolvido em ambiente primitivo, sem biblioteca adequada, equipamentos e recursos, tornou-se um marco para a consolidação da teoria de Darwin".Para Müller, por exemplo, a seleção natural explica o fato de os machos do gênero Tanais (crustáceo que vive sob a areia) terem duas formas anatômicas. Um grupo de machos apresentava pinças grandes e um certo número de filamentos olfativos. No ou tro grupo, as patas eram pequenas, mas o número de filamentos para o olfato aparecia em quantidade enorme.Segundo Müller, a variação dos machos privilegiou os grupos dos preensores e o conjunto dos animais com olfato mais desenvolvido. Mas ele foi além.A luta pela sobrevivência entre os dois grupos estava sendo muito mais fácil para o grupo dos que tinham as pinças grandes. Na contabilidade de Müller, ao contar os crustáceos de Florianópolis, havia cerca de cem indivíduos do grupo dos preensores para apenas um representante do grupo de olfato aguçado e patas pequenas.E Müller observou outra evidência da evolução. Descobriu que os chamados crustáceos superiores, como o camarão, também possuem uma fase embrionária chamada náupilus. Cientistas a conheciam apenas em crustáceos inferiores, e isso era problema para a teoria de Darwin. Se todo o grupo evoluiu desde um mesmo ancestral comum, todos os crustáceos deveriam passar ter as mesmas fases embrionárias -assim como Müller atestou.Pai da evolução diz que Müller prestou "admirável serviço"
DA REPORTAGEM LOCAL
Logo após ler o livro de Fritz Müller sobre os experimentos feitos em Santa Catarina, Charles Darwin escreveu ao amigo. A carta é de 10 de agosto de 1865. "Meu caro senhor, estive por um longo período tão doente, que somente agora acabo de ter ouvido as leituras de sua obra sobre espécies, que me foi feita em voz alta. Agora, o senhor me permita lhe agradecer cordialmente pelo grande interesse com o qual eu a li. O senhor fez um admirável serviço pela causa em que ambos acreditamos. Muitos de seus argumentos me parecem excelentes, e muitos de seus fatos, maravilhosos (...)."As 39 cartas escritas por Darwin a Müller e as 34 que fizeram o sentido contrário estão publicada na obra "Dear Mr. Darwin", escrita em português, na cidade de Blumenau, pelo neurocirurgião Cezar Zillig. O livro está esgotado. O próprio pesquisador, na obra, relata que nem todas as cartas trocadas entre ambos foram encontradas até hoje.É interessante notar na correspondê n cia, como apontou Zillig em entrevista à Folha, que os dois se tornaram grandes amigos e conversaram sobre tudo. Pouco, até, sobre a evolução dos crustáceos propriamente dita. O lado botânico de Darwin e de Müller emerge claramente dos textos."Há poucos dias recebi sua dissertação sobre plantas trepadeiras, e me apresso em lhe expressar minha gratidão por esta valiosa dádiva. Eu a li com o maior interesse e estou muito feliz que minha atenção foi dirigida para estas notáveis plantas, que são extraordinariamente frequentes em nossa flora (...)", escreveu Müller ao amigo inglês no dia 12 de agosto de 1865.É possível perceber nas cartas que ambos nem sempre tinham certezas definitivas sobre evolução. Porém, a dupla confiava em suas observações e na ciência que estavam fazendo. Nos textos, Müller demonstra ser um preocupado observador da natureza."A paisagem em nossa ilha é muito bonita. (...) Infelizmente, agora a vegetação perdeu muito de sua primitiva grandiosidade. (...) muitos de nossos morros são agora cobertos quase que exclusivamente por arbustos baixos de uma insignificante Dodonaea (vassoura-vermelha)", disse Müller em carta de 1º de novembro de 1865.CurrículoO alemão Müller nasceu em 1822 e chegou a Blumenau em 1852, já formado filósofo e médico. Em 1856, passou a ensinar matemática no Liceu Provincial da antiga Desterro. Ocupou também o cargo de naturalista do governo da província até 1891. Em 1884, passou a ser naturalista-viajante do Museu Nacional do Rio de Janeiro, posto que perdeu com a proclamação da República. (EG)
arquivo Adalberto Day

domingo, 11 de janeiro de 2009

- Willy Sievert

O comerciante – Cineasta
Nascido em Blumenau no dia 20 de maio de 1903, aos 15 anos Willy Sievert já estreava no comércio, ramo que mais tarde o consagraria como grande homem de negócios. Iniciou como aprendiz na fábrica e loja de brinquedos Gustav Bernhardt.
Em 1923, a loja foi comprada por Artur Hoeschel. A Carreira de Sievert teve que ser interrompida pouco depois de completar 22 anos de vida. Apesar do serviço militar não ser obrigatório na época, ele se inscreveu para o sorteio que selecionava os recrutas, e foi um dos premiados. Mas mesmo na caserna, Willy Sievert exercitou a vocação de comerciante e ainda colecionou uma série de histórias inusitadas.
Durante toda a vida, Sievert iria enaltecer o tempo passado num quartel no Rio de Janeiro, mas também sem nunca esquecer os dias difíceis passado com a farda de cor cáqui. O jovem não chegou a sofrer com os horários da tropa. Antes do alistamento ele já se levantava às 6h pra limpar os armazéns e loja onde trabalhava. Mas se a rotina de acordar cedo foi vencida com certa facilidade, a diferença dos hábitos alimentares entre a vida na terra natal e as minguadas refeições do quartel trouxeram muito sofrimento e fome ao soldado.
Casa Willy Sievert
Interior da Loja
Interior da Loja
Em Blumenau só saía de casa depois de tomar café e comer várias fatias de pão caseiro com musse ou mel. Por volta das 10h, parava o trabalho de aprendiz para saborear mais um pedaço de pão e tomar chá, previamente trazidos de casa. Ao meio-dia o almoço era farto com grandes porções de carne. Às 15h, mais pão e chá e à noite, um bom jantar. Além de Sievert, outros 80 soldados também eram da região, e mantinham o mesmo costume alimentar.
Funcionários e diretores da Casa Willy Sievert
No quartel, porém, o café da manhã era resumido a um pequeno pedaço de pão com pouca margarina e uma xícara de café ralo, com muito açúcar. A próxima refeição só seria feita no almoço, servida em uma pequena onde se contavam raros grãos de feijão afundados em muita água e apenas um naco de carne. O Próprio Sievert chegou a afirmar que alguns soldados choravam de fome e saudades de casa.
Fotos da família de Arno Letzof. Senhor Arno é este no balcão do armazém.
Apesar de dureza daqueles dias, Sievert não deixou de arrumar uma maneira de aumentar seu soldo, aproveitando para também matar parte da fome dos colegas de caserna. Saindo escondido pelos fundos do quartel e indo até a cidade, ele comprava chocolates e outras guloseimas, que revendia, acrescidos de um pequeno lucro , para os companheiros de farda e suplícios. O tráfico de doces rendia tanto que Sievert chegava a mandar dinheiro para a família em Blumenau.
Terminado o serviço militar Sievert voltou a trabalhar na loja de Arttur Hoeschl, mas por pouco tempo.Com um tino comercial apurado e juntando praticamente todo o dinheiro que ganhava, no dia 30 de outubro de 1933 conseguiu comprar a loja onde trabalhava. Com orgulho que nunca conseguiu esconder, o jovem comerciante inaugurava então a Casa Willy Sievert, que marcou época na esquina da Rua XV de Novembro e Amadeu da Luz.
Outra prova da capacidade criativa de Sievert para os negócios é o fato de ele ter sido o criador do slogan “Tem de tudo”, até hoje amplamente usado por inúmeras empresas. Foi durante o tempo em que economizava praticamente todos os seus ganhos que Sievert conheceu uma paixão que o acompanharia praticamente até o fim da vida. Sempre que podia, abria mão de alguns vinténs para assistir a um filme em preto - e - branco, ainda mudo, no Cine Busch. Assim que pôde, depois de aprender a fotografar, ele foi a Porto alegre comprar uma filmadora.
Até 1983, com quase 80 anos, registrou quase todos os grandes acontecimentos da cidade, de familiares e amigos. Sievert teve sete filhos, frutos de dois casamentos. Vítima de uma grave infecção nos intestinos, morreu às 22 hs do dia 12 de novembro de 1998, com 94 anos.
Suplemento do Jornal de Santa Catarina, sábado 2/setembro/2000 Volume 3 – Personagens, lugares e construções.
Foto em preto e branco: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva/Foto em cores Pfau Comunicação/Adalberto Day
_____________________________
Confira vídeos antigos de Blumenau feitos por Willy Sievert
Publicado no Jornal de Santa Catarina dia 22/janeiro/2011
Vinicios Batista/Rafaela Martins
Acervo de 200 filmes enriquece a história da cidade
Cerca de 3 mil negativos fotográficos da década de 1940 e 1950 e mais de 200 filmes que abrangem o período de 1950 até 1980 produzidos pelo comerciante blumenauense Willy Sievert foram encontrados por seu neto, o arquiteto blumenauense Sávio Abi-Zaid. O avô, que morreu em 1998, havia deixado o material na casa da família. Após a morte da avó, Vitória Sievert, ano passado, o neto encontrou o acervo.
Além de filmes e fotografias, Abi-Zaid encontrou diversas revistas, selos, moedas e outros materiais.  vídeo com as projeções de filmes em formato 16mm.
 http://www.youtube.com/watch?v=Z6wze3iT51s&feature=player_embedded
Belo trabalho publicado por Vinicios Batista e fotografias Rafaela Martins, a história de Blumenau agradece. (Adalberto Day cientista social e pesquisador da história).

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

- Nosso irmão, o Bugre.

Apresentamos hoje mais uma bela crônica da escritora e historiadora Urda Alice Klueger, que nos brinda falando sobre O Bugre, na região do Vale do Itajá.
"Histórias de nosso cotidiano":
Por Urda Alice Klueger
Santa Catarina, via de regra, é um Estado todo bonitinho, cheio de cidades arrumadinhas e bem cuidadas, não importa muito a etnia que as formou no princípio. Aqui pelo meu Vale do Itajaí o pessoal gosta mesmo de caprichar: jardins bem cuidados rodeando casas quase sempre caprichosamente pintadas, centenas de donas de casa a usar uma preciosíssima água que deve se acabar em duas décadas para lavar e lavar calçadas que poderiam ser apenas varridas – uma beleza, todo o mundo cuidando da estética e da manutenção de uma terra que foi roubada dos... índios! É bem isso aí, gente, toda esta terra do Vale do Itajaí, bem como toda esta terra do continente americano já tinha dono antes que europeus e africanos aqui chegassem (há que se perdoarem os africanos, que para cá foram trazidos à força.). E tem gente demais, por aí, dizendo e sentindo barbaridades a respeito do nosso espoliado índio, mais conhecido pelo termo bugre, que tem conotação bem pejorativa.

Eu tenho um amigo índio chamado Edvino. Ele é Xokleng, mas têm os olhos azuis, coisa lá de uns antepassados alemães que ele teve, mas dos quais não faz conta. Decerto são daqueles alemães que furunfaram lá com as antepassadas do Edvino e depois foram para casa cheios de si, a defender idéias de raça pura, essas bobagens assim. O fato é que Edvino é um Xokleng de olhos azuis. Num sábado aí para trás tirei um tempinho para andar pela cidade, e sentei-me numa pracinha onde Edvino justamente estava a vender bonito artesanato. Daí a pouco se senta ao meu lado uma típica dona de casa blumenauense, daquelas que gastam nossa preciosa água com as calçadas, e entabulamos alguma conversa. Disse para ela:
- Vês aquele rapaz ali, de olhos azuis? Ele é um índio!
Se uma dúzia de cobras venenosas tivesse aparecido naquele momento na praça e avançado na mulher ela não teria dado maior pulo. Ficou apavorada, o coração espremido de medo, a dizer-me:
- Aquele? Meu Deus, um selvagem! – e jogou-se embora quase correndo, tamanho seu medo.

Daí eu pergunto: quem é, ou quem foi o selvagem? O índio, antigo dono das nossas terras, era (e é) tão Homo sapiens sapiens quanto qualquer um de nós que lê jornal, e o que nós fizemos com ele? Aconselho que vocês leiam um livro chamado “Índios e brancos no Sul do Brasil”, de autoria de um nosso grande antropólogo, internacionalmente respeitado, Sílvio Coelho dos Santos. Sílvio passou toda a sua vida ligada ao povo Xokleng e conhece como ninguém a sua história. Vou transcrever aqui um pedacinho do livro – é um pedacinho de uma entrevista que o Sílvio fez lá pela década de 60 com um importante fazendeiro catarinense, e está à página 87 do livro. Depois de contar muitas atrocidades sobre como se efetuava o genocídio desse povo a quem roubamos as terras, ele conta o pedacinho seguinte:
“...conheci um indivíduo chamado Júlio Ramos, que participava dessas tropas. Contou-me que uma vez, durante um ataque, uma meninota de mais ou menos 14 anos tentava fugir do acampamento. Ele a alcançou, agarrando-a pelos cabelos, e desceu-lhe o facão. Este penetrou pelos ombros descendo até o estômago, cortando que nem bananeira(...)”
Duvido que você consiga almoçar bem hoje, se se lembrar de tal fato na hora da comida. E este é apenas um minúsculo pedacinho da História verdadeira. E dificilmente alguém de nós não descende de invasores que fizeram ou mandaram fazer coisa parecida. E ainda está cheio de gente levando susto quando vê índio, pensando na velha fórmula do “selvagem”. Quem é o selvagem? Eles ou nós?
Arquivo de Adalberto Day Colaboração: Urda Alice Klueger/escritora

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...