TRADIÇÕES
BLUMENAUENSES ... QUE NÃO EXISTEM MAIS!
ALVORADA FESTIVA NO DIA DE SANTO ANTÔNIO
por
Carlos Braga Mueller/Jornalista e Escritor em Blumenau
O Colégio Santo Antônio de Blumenau tem uma história mais que centenária. Mais recentemente, lhe acrescentaram no nome o adendo Colégio Bom Jesus, o que na trajetória desse exemplar educandário não se constituiu em nenhuma novidade.
Isso porque, fundado em 1877 pelo então pároco da comunidade católica de Blumenau, Padre José Maria Jacobs, ele foi solenemente batizado de "Colégio São Paulo".
Em
1892, premido pelas circunstâncias, e isso é outra história, Padre Jacobs
deixou Blumenau e transferiu a paróquia de São Paulo Apóstolo e o Colégio para
os padres franciscanos da Província da Imaculada Conceição.
O educandário
recebeu então o nome de Colégio Franciscano Santo Antônio.
Com o
correr dos anos o colégio foi firmando tradição de ser um dos melhores do
Estado de Santa Catarina, rivalizando apenas com o Colégio Catarinense de
Florianópolis.
As
famílias mais abastadas matriculavam seus filhos em um desses colégios. O Santo
Antônio aceitava apenas alunos do sexo masculino.
Mantinha internato e os jovens vinham de longe para frequentar suas aulas, ministradas pelos franciscanos e pelos professores que foram sendo contratados.
E
então, Colombo Salles me deu um depoimento emocionado: havia frequentado o
colégio em sua juventude e guardava doces recordações desse tempo. Lembrava até
das sessões semanais de cinema que eram realizadas para os alunos.
Lenda,
ou não, muitos reclamavam que quando o filme mostrava um beijo na tela, o esforçado
franciscano ao lado do projetor colocava a mão na frente da lente, impedindo
que os "inocentes" alunos vissem essa cena, considerada
imprópria para menores.
ALVORADA ERA TRADIÇÃO
A fanfarra do Santo Antônio foi, durante muito tempo, reconhecidamente a mais organizada de Blumenau.
Mas
havia outra ocasião especial em que eles se apresentavam. E ao contrário da
parada do Dia da Pátria, não havia público nas calçadas para
aplaudi-los.
Era
no dia consagrado ao padroeiro do colégio, 13 de junho, dia de Santo
Antônio.
Às
seis horas da manhã a fanfarra realizava uma "alvorada festiva",
desfilando pela Rua 15 de Novembro, fazendo despertar com seus acordes
todos aqueles que moravam na principal via pública da cidade. Eu era um deles,
porque em minha infância morei muitos anos com minhas tias e meu avô Thomé
Braga na Rua 15 de Novembro, nº 600, em um casarão de linhas arquitetônicas
portuguesas que possuía quatro andares, infelizmente demolido para dar lugar ao
Edifício Mauá.
Minhas
tias me acordavam e pela janela eu acompanhava a passagem da fanfarra quando o
dia ainda não havia clareado. Os postes da iluminação pública eram também mudas
testemunhas desse tradicional mini desfile que se repetia ano após ano na
madrugada do dia 13 de junho.
Ficou
em minha memória, gravada para sempre, essa imagem. Anos depois, em 1958, me formei
técnico em contabilidade no Santo Antônio, considerado então um dos melhores
formadores de contadores do país, orgulho que acompanhou durante muitos anos os
responsáveis pelo Colégio.
Texto: Carlos Braga Mueller/Jornalista e Escritor em Blumenau
Fotos: Adalberto Day/Fonte: Fundação Cultural de Blumenau – Arquivo Histórico José Ferreira da Silva