Doutor Alfredo Hoess
Adendo do Prof. José Manoel Luís da Silva Diretor do OACEP e
Presidente do CACEP
Doutor Hoess
o anjo que Deus enviou a Blumenau
Era uma noite quente.
Madrugada a dentro, a viatura do 32 BC estacionou em frente à nossa residência
à Rua Amazonas. Meus pais, minha irmã e eu rumamos para o Hospital Santa
Isabel.
Minha irmã Mabel (conhecida
como Belinha) com apenas quatro anos, agonizava com pneumonia. Dr. Hoess a
salvou, milagrosamente, estávamos na parte final do ano de 1940.
No início de 1941 o segundo
tenente Nilo Floriano Peixoto, neto do Marechal de Ferro,
ministrava uma instrução ao seu pelotão sobre granadas. Por obra do destino a
trave de uma delas quebrou liberando a espoleta. “Deitem-se todos ¨, gritou o
jovem oficial que correu e fê-la explodir em seu peito. Levado quase sem vida
ao Hospital Santa Isabel, foi salvo pelas milagrosas mãos do anjo Dr. Höess,
que substituiu o intestino do oficial pelas tripas de um carneiro.
Em 1955, já capitão da Polícia
do Exército no Rio de Janeiro, lembrava com emoção do milagre que o devolveu
para a vida. Consta que o então general Nilo Floriano Peixoto, já aposentado,
voltou a Blumenau discretamente, e visitou o túmulo do Anjo Doutor Höess, ali
chorando copiosamente.
Um breve relato de sua vida e de seu
legado:
O doutor Alfredo Hoess nasceu em
Mergenhofen, na Áustria, em 29 de abril de 1892. Iniciou os estudos
universitários de medicina na Universidade Imperial de Viena em 1911. Teve que
interromper durante a 1° Guerra Mundial de 1914/1918, quando foi convocado para
o serviço sanitário do Exército austríaco, como oficial médico no Regimento
Imperial Tirolez. Após a guerra, Dr. Hoess voltou à sua pátria, onde continuou
os estudos universitários em medicina geral, dedicando-se, porém, mais ao ramo
de cirurgia. Em 1919, Hoess colou grau na Universidade de Viena e ingressou
como médico assistente no Hospital de Linz na Áustria. Em fins de 1921,
resolveu atender a um chamado e veio para o Brasil. Aqui chegou em 8 de
dezembro de 1921, fixando residência na Vila Itoupava e iniciou os trabalhos no
ex-distrito de Massaranduba, estabelecendo-se na povoação da Itoupava Rega.
Juntamente com o farmacêutico e vereador Max Haufe, Max Wulf, Henrique
Feldmann, Emílio Manke, Ervin Manzke, Frederico Kilian entre outros, contribuiu
na construção da Sociedade Hospitalar de Massaranduba que recebeu o nome de
Hospital Misericórdia de Massaranduba, administrado pelo Dr. Hoess. Trabalhou
durante uma década naquele local com extrema competência, o que em 1930 chamou a
atenção da Irmã Aluisianis que o convidou para trabalhar no Hospital Santa
Isabel, de Blumenau. Aposentou-se no ano de 1951. A Câmara Municipal,
reconhecendo os seus méritos, concedeu-lhe, pela Lei N° 911 de 7 de novembro de
1959 o título de cidadão blumenauense. Faleceu em Blumenau no dia 4 de outubro
de 1965.
Aqui entregou-se de
corpo e alma ao atendimento da população rural, fazendo muitas vezes estafantes
viagens, cavalgando de dia ou de noite, às mais afastadas "tifas", em
atendimento aos doentes impossibilitados a vir à sua clínica particular,
improvisada em sua residência.
Dr. Hoess que dedicou-se com entusiasmo e amor
ao engrandecimento deste nosocômio entregue à sua competência profissional e
administrativa, em prol dos doentes da localidade e dos arredores, que nele
encontraram mais do que um médico, um pai e amigo.
Em Blumenau, o Dr. Alfredo Hoess assumiu a
direção do Hospital Santa Isabel, atuando primeiramente sozinho, auxiliado por
competentes irmãs enfermeiras, mas após curto tempo assistido pelo Dr. Paulo
Mayerle, que durante os anos em que o Dr. Hoess foi médico-chefe, lhe serviu
como seu médico-assistente nas intervenções cirúrgicas.
Aposentou-se o Dr. Alfredo Hoess no ano de 1951
e durante estes 21 anos de atividade no Hospital Sta. Isabel, o Dr. Hoess
desenvolveu o verdadeiro apostolado, que era para ele o exercício da medicina e
cirurgia, arte em que se tornou mestre, merecedor de absoluta confiança.
Adendo Prof.
José Manoel Luís da Silva Diretor do OACEP e Presidente do CACEP
Fonte:
Arquivo Histórico José Ferreira da Silva / Fundação Cultural de Blumenau).
u caro Adalberto!! Que linda história, eu fico imaginando os recursos para saúde e tratamentos da época. Imaginamos na guerra, como se trabalhava na área da saúde? Quais as prioridades da época? Imagino não ter sido nada fácil na vida de um Homem desse.. PARABÉNS MAIS UMA LINDA E RICA HISTÓRIA.
ResponderExcluirSimplesmente...espetacular! Muito obrigado @
ResponderExcluirClaudio Andre Danker
ResponderExcluirFundador e tb 1º medico do Hospital Misericórdia na Vila Itoupava. A uns 8 anos atrás enviei 3kg de mel para a viúva dele. Que 2 vezes ao ano vinha a Blumenau visitar a cidade.
Sergio Hoffmann
ResponderExcluirDoutor Hoess, irmão da mãe de meu pai, Maria Hoess Hoffmann, que, ao vir da Áustria para o Brasil conheceu meu avô, João Bruno Hoffmann, farmacêutico, nascido na Alemanha, que se estabeleceu em Rio dos Bugres, hoje Alfredo Wagner, antes de abrir sua farmácia na Vila Itoupava. Meu pai contou muitas histórias desse grande médico e ser humano iluminado. Olha isso, minha prima Elisabeth Kossmann. Confere?
Claudio André Danker
ResponderExcluirSei de uma versão fabulosa sobre a decisão se construir o Misericórdia na Vila. Pois havia surtos de doencas contagiosas. Como as aguas da Vila corriam para Massaranduba. Nao havia risco de contaminar as aguas de Blumenau.