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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

- Adivinhe que país é este?

             Jornal de Santa Catarina Edição 11.391 - sexta  19.09.2008
Ainda somos um outro país?
Como seria recebida hoje a propaganda que, há mais de quatro décadas, transformou Blumenau na Europa brasileira. A peça ocupou oito páginas de uma das revistas mais populares do país e marcou o início do turismo de lazer na cidade

Blumenau - Em meio ao vale surge a cidade de ruas limpas, casinhas com cortinas coloridas e flores no quintal. Nelas, moram brasileiros louros de sotaque catarinense. Mas, observada com certo distanciamento, não é que parece um pedacinho da Alemanha? É a Blumenau dos anos 60 convidando os brasileiros a visitar a cidade. O convite foi um anúncio de oito páginas na edição de setembro de 1968 da revista de circulação nacional Seleções Reader’s Digest .
Era a primeira vez que o município se mostrava ao país como a Blumenau Germânica. A campanha publicitária, batizada de Adivinhe que país é êste (assim mesmo, com acento circunflexo), é considerada um marco para o turismo da cidade.
- Essa iniciativa foi inédita no Sul do país. Nem Gramado (RS) existia como cidade turística. É a melhor peça da vida da comunicação deste município - entusiasma-se o publicitário José Geraldo Reis Pfau, dono de um dos poucos exemplares daquela Seleções na cidade.

As fotos do anúncio mostravam casas de "telhadinho em pé", de traços estilo técnica enxaimel, e faziam referência a paisagens da Alemanha, Áustria, Escócia, e Luxemburgo.
O blumenauense era descrito como acolhedor e educado, alguém que, em vez de limpar os pés para entrar em casa, limpava para ir à rua. A ideia era convencer os leitores de que conhecer Blumenau era viajar ao Exterior sem passaporte ou moeda estrangeira. Deu certo.
Ao transpor o apelo da campanha para os dias de hoje, publicitários e representantes de entidades ligadas ao turismo são unânimes em afirmar que alguns dos conceitos explorados no anúncio não condizem mais. Mas a maioria acredita que a identidade germânica ainda é a melhor forma de atrair turistas.

- Só nós temos condições de ter um cenário 65% verde, casinhas enxaimel, gente loirinha, falando alemão na rua, tudo limpinho. Isso tudo ainda existe - complementa Pfau.

Os adjetivos atribuídos ao comércio, hotéis e restaurantes, no anúncio de 1968, pediriam um realinhamento, concordam os publicitários Pfau e Cao Hering, ambos no ramo há mais de 30 anos. Os hotéis, por exemplo, foram anunciados como de categoria internacional. Procurador do município do governo Carlos Curt Zadrozny - prefeito que encomendou a campanha a uma agência paulistana - , o advogado Eunildo Rebelo compara:

- Em Gramado, o comércio de rua fica aberto 365 dias do ano. Aqui, chega sábado à tarde e fecha tudo. Deveríamos fazer pousadas bem feitas, em vez de hotéis verticais. Combinaria mais.

O presidente do Convention & Visitors Bureau, Luciano Monteiro Bem, diz que o aniversário de 40 anos do anúncio serve para reflexão. Ele admite que houve desaceleração nos investimentos, "como em todo o país", mas aponta avanços na qualidade do turismo receptivo, novas atrações, como o Feliz Natal em Blumenau, e a modernização dos hotéis.

Blumenau turística?

Entenda como se deu o pioneirismo de Blumenau na promoção do turismo:

- Em 1967, o prefeito Carlos Curt Zadrozny levou a experiência adquirida na iniciativa privada (ele era um dos principais acionistas da Artex, hoje Coteminas) para a prefeitura e criou a Comissão Municipal de Turismo

- Foi o início do turismo como atividade de negócios, com planejamento e incentivos municipais

- Em 1968, ele encomendou a uma das maiores agências de propaganda do país, a Denison Propaganda S/A, uma campanha para divulgar a imagem germânica da cidade. Foi aí que surgiu a campanha Adivinhe que país é êste

- O anúncio foi veiculado na edição de setembro da revista Seleções - leitura obrigatória das famílias brasileiras na época, com popularidade equivalente à da Revista Veja hoje em dia.

- Na época, já existiam em Blumenau hotéis como Grande Hotel, Rex e Glória e restaurantes como o Gruta Azul

- Os anos seguintes foram de investimentos, tanto da iniciativa pública quanto de empresários.
Foi aí que surgiram restaurantes como Frohsinn e Moinho do Vale.

- Blumenau, que já era conhecida pela produção de cristais, instrumentos musicais e malhas, tornou-se um pedacinho da Europa no Brasil. Tudo isso muito antes da Oktoberfest, que começou em 1984

- De lá para cá, muita coisa mudou (além da Oktober). Os tremores econômicos do país nas décadas de 80 e 90, além da crise têxtil, reduziram a capacidade de investimentos do setor turístico na cidade, cedendo espaço para outros destinos no Sul do país, como Gramado, Florianópolis e Balneário Camboriú
Fonte: Arquivo histórico, publicitários e ex-funcionários do governo municipal de Carlos Curt Zadrozny
Fotos acervo José Geraldo Reis Pfau e Adalberto Day
Trabalhos de publicitário para a Revista  Carlos Henrique Knapp 
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12 comentários:


  1. Adalberto Day
    Uma pena, mas a mudança foi drástica, hoje sujeira, buracos, povo mal humorado, não lembra em nada aqueles tempos
    Rudolf Polzer

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  2. Fantástico artigo, mostrando a potência que já fomos nesta área. Infelizmente não existiu a continuidade, mas quem sabe com várias ações não podemos resgatar este espaço ? História temos de sobra para isso.

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  3. Adalberto, Amo a sua região tenho raízes Austríacas,e percebo a influencia positivada nas ruas, nas pessoas lindas.Parabéns pela matéria
    Stogmuller ‏

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  4. Meu caro Adalberto,
    Esta história que somos uma cidade turística como alguns pregam aos quatro ventos,realmente não sabe o que é turismo,pois sabemos que nossa cidade é conhecida no cenário nacional por conta da Oktoberfest, e as ex grandes indústrias têxteis, sim ex ,pois já não como nos anos 70 e 80.
    Tive a oportunidade de conhecer várias capitais brasileiras ,e algumas cidades turísticas, posso lhe garantir estamos longe de sermos cidade turística.
    Eu tenho a minha opinião formada com relação a este assunto. Falta de representatividade politica.Veja vc ,recebi um amigo meu do Recife e ele queria almoçar comida tipica alemã, era domingo, e levei ele e a família para almoçar em Pomerode porque não tinha restaurante aberto. É lamentável não explorar está cultura riquíssima.

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  5. É um fenômeno muito interessante esse causado pela imigração europeia e oriental.
    Abraços e saúde
    maria helena

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  6. Caro amigo Adalberto bom dia!

    Bela reportagem! Em 1964 quando cheguei em Blumenau realmente tive a impressão que estava fora do Brasil. Não só pelas características de todas as edificações, bem como, o idioma que quase todos falavam era o alemão. Era tudo muito organizado e todas as casas com muitas flores e o povo e os costumes eram todos europeus. Logo nos primeiros jogos que atuei com o Olímpico a torcida dizia que Barrera que eles conheciam dava na bera do rio. Em função do sutaque eles confundiam meu nome Barreira com Barrera. Ademais, todas as vezes que tornava para São Paulo não me cansava elogiar e fazer a maior propaganda em relação a bela cidade de Blumenau como a seu povo.
    Meus parabéns um grande abraço.

    Barreira. São Paulo
    Ex goleiro do Olímpico

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  7. Adalberto,que bonita esta reportagem! Nossa Blumenau já era lembrada como um pedacinho da Europa! Abraço
    Rubens F H Sombrio

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  8. Adalberto,
    Blumenau da sua postagem motivava brasileiros de qualquer parte do país deslocarem-se, a despeito de todas as dificuldades de locomoção que eram tão comuns na época para conhecer um pedaço da Alemanha no Brasil.

    Creio ter sido um orgulho para os blumenauenses receber turistas encantados com a arquitetura, com a produção local de felpudos, cristais, brinquedos, instrumentos musicais e claro, pela saborosa culinária e hospitalidade local.

    Por imposições da vida fiquei muitos anos sem retornar à minha cidade de coração e quando o fiz, em 1998, constatei tristemente que toda aquela singularidade havia dado lugar aos shoppings e lojas de grife, que levou de roldão até a arquitetura típica e impôs os insossos caixotes de vidro que proliferam em qualquer cidade destes tempos.

    Eram tão simples: bastava tombar o centro e nada mais, assim como fazem na Europa. Espaço é que não haveria de faltar para o moderno, mas...

    Restam poucas relíquias dessa época, mas tenho certeza que um aspecto permanece inalterado: a cordialidade dos blumenauenses!

    Abraços,
    Flávio Monteiro de Mattos.

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  9. Adalberto, muito interessante a matéria que nos leva a uma inevitável reflexão. Parece que eramos na época a 2a. cidade mais visitada do sul do Brasil, perdendo apenas para Foz do Iguaçu. Hoje estaríamos em 18o. lugar.

    Tenho a impressão que a ênfase de Blumenau nas últimas 03 décadas foi o desenvolvimento econômico baseado na indústria, comércio e serviços (o que também é positivo). Nosso turismo não parou, mas outros destinos se aperfeiçoaram como a Serra Gaúcha, a Rota da Amizade no meio oeste catarinense e o litoral.

    Mas Blumenau tem enorme potencial como lugares belíssimos, mirantes naturais, toda a questão germânica e ainda boa infraestrutura. Prova disso é que nossos roteiros "De Blumenau para Blumenau" continuam despertando interesse (nos próprios blumenauenses) e surpreendendo a todos.

    A reportagem nos lança o desafio. Valeu, um abraço, Theodor.

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  10. Prezado amigo Beto isto me fas lembrar aquele candidato no passado que tinha o apelido de latinha, pois o real é isto nos hoje so falamos la tinha , Casa de telhado em pé, e famosos jardins bonitos,Blumenauense éra e ainda é o povo mais acolhedor, educado, cito como exemplo as pessoas aqui recebidas durante a hoktuber festa, sempre fomos reconhecido como tal, eu perguntaria onde esta nossos governates que nunca viram o que fazer para melhorar,por que não fazem uns encontros tambem com a classe média para receber sugestão de melhora na situção, on de esta nosso concurço com premiação de melhor e mais bonito jardim? nossas tradicionas lojas com produtos da cidade que traziam maior numero de turismo?, onde esta o enchainél sem a mistura de frete com aluminio/ como tem no alto da rua quinze? nos ja tivemos aqui época que os restaurantes fechavam aos domingos, claro as praias são muitos proximas e eles tambem gostam de praias por isto a Prefeitura deveria permitir de deixar fazer o famoso espetinhos de gatos,mas gente eu ainda digo saibão escolher que vai nos comandar que um dia voltaremos a ter orgulho de BLUMENAU com letras maiusculas abraços a todos. Valdir Salvador

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  11. Muita coisa mudou. Para começar o Centro ganhou a Beira-Rio, cuja ausência é bem vistosa na foto do início do anúncio. Ademais Blumenau deixou de parecer a "cidadezinha do interior" para propsperar buscando ser metrópole (essa ideia de prosperar foi o que fez justamente que Blumenau se tornasse uma cidade forte e importante economicamente falando, desde 1850).
    Muito do charme dito europeu foi-se embora ao se trocar o enxaimel pelo concreto. Assim também foi na Alemanha que não é a mesma anunciada na revista de 1968 (já não era uma Alemanhazinha de Fritzes naquele tempo, a bem da verdade). A impressão que fica é que falta a Blumenau justamente o que sobra na Alemanha: a conciliação entre a tradição e o progresso, o antigo e o novo, passado e futuro.
    Dá tempo ainda!

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  12. Prezado Adalberto, tudo bom?
    Este já foi um sonho realizado, pagina virada da história do turismo de Blumenau. Este encarte da Revista Seleções, na época da sua publicação realmente caracterizou a nossa cidade de Blumenau como um lugar sui generis ,um País ou uma Europa a ser descoberta. Foi sem duvidas, a marca de marketing turístico que transformou a nossa pacata e bucólica cidade num grande destino turístico do Brasil, não somente destino, mas como cidade de referencia para quem queria conhecer e estudar como se fazia turismo com profissionalismo, quando se tinha apenas como referencia as grandes capitais do Brasil, ex. Rio, São Paulo e Salvador... o resto veio aprender em Blumenau. Já no Governo do Prefeito Hercílio Deecke, que foi o primeiro visionário que introduziu o turismo em Blumenau, teve o apoio da COMBRATUR, que através de seu Presidente Abellard França que afirmou" a cidade figura em primeiro plano para receber turistas nacionais e estrangeiros e que era relevante o empreendimento que estava sendo executado, o Grande Hotel Blumenau, para o incremento do turismo internacional" (Historia do turismo de Blumenau, pg. 50 e 51) Em 1963 Prefeito Hercílio Deeke cria, através do Decreto nº 1.169 de 27/06/1963, o Departamento Municipal de Turismo e designou Prof. José Ferreira da Silva para exercer as funções de Diretor-Geral. Destaco que Blumenau foi na época o único município do interior brasileiro dotado de um Departamento de Turismo.
    Assim foi o inicio do turismo em Blumenau, um Prefeito que vislumbrou o potencial turístico da cidade, bem antes que muitos pensam que foram os empresários que despertaram para o turismo e outro Carlos Curt Zadrozny que viabilizou esta obra de marketing turístico Adivinhe que País é Este, neste tempo já existia a Comissão de Turismo, formada pelas entidades representativas de Blumenau.
    E agora como está o Turismo de Blumenau? Escondido atrás de uma bandeira brasileira, com um chapéu típico alemão, dizendo que somos o Brasil que fala alemão...Pode parar, vai ter falta de criatividade e mau gosto querendo transformar a Bandeira, símbolo da Republica Brasileira, em peça de marketing turístico. Isto é próprio de quem pensa que sabe o que é turismo, que sabe o que é produto turístico, que sabe o que o mercado turístico deseja, ainda de Blumenau. Não sabe nada, melhor é construir um puxadinho na Vila Germânica ou reconstruir o Frohsim que ainda não sei para que.
    Vamos ficar felizes com 17 dias de alegria em outubro e está de bom tamanho para Blumenau.
    Abraços
    Adolfo Ern Filho

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