Por Carlos Braga Mueller
segunda-feira, 2 de março de 2015
- Os sinos e relógios da Antiga Igreja
OS
PRIMÓRDIOS E A PRIMEIRA IGREJA CATÓLICA
Desde a fundação da Colônia Blumenau, seu
fundador,
Por Carlos Braga Mueller
Por Carlos Braga Mueller
Hermann Bruno Otto Blumenau,
enfrentou sérias dificuldades para ministrar
profissão de fé aos colonos e demais
habitantes da região.
Não havia nem pastor evangélico nem padre
para as funções . Mas aos poucos foram sendo utilizados serviços pastorais de
clérigos e pastores de outras regiões até que Blumenau conseguiu a vinda de
ministros efetivos.
Modestas capelas de madeira serviam para as
reuniões dominicais até que, em 1865, o governo imperial, por decreto de 10 de
novembro, autorizou a construção das igrejas católica e protestante na Colônia,
consignando verbas no orçamento para estas finalidades.
Entretanto, eram
recursos diminutos e as construções só puderam ser feitas por etapas, partindo
de planos e plantas confiadas ao arquiteto Henrique
Krohberger (imagem), profissional de grande competência e que residia em
Blumenau.
Os terrenos para as igrejas protestante e
católica ficavam no alto de colinas.
As pedras fundamentais de ambas foram
lançadas com solenidade em 1868. Os trabalhos de construção duraram quase 9
anos.
De tanto insistir junto ao governo da
Província, o Dr. Blumenau conseguiu que fosse contratado um vigário efetivo
para sua Colônia. Chamava-se José
Maria Jacobs, era natural da Alemanha e fora ordenado sacerdote em
Baltimore, nos Estados Unidos.
Padre Jacobs chegou a Blumenau no dia 16 de
setembro de 1876 e já em dezembro desse ano pôde benzer e inaugurar o belo
templo que Krohberger construíra para sua matriz.
A imagem de 1876
mostra a inauguração da Igreja Matriz São Paulo Apóstolo, de Blumenau. No alto
das escadarias está o padre Jose Maria Jacobs. A foto está presente no arquivo
histórico da cidade de Braunschweig, na Alemanha. (Imagem: arquivo pessoal de
Carl Heinz Rothbarth e Adalberto Day)
No ano seguinte foi a vez do pastor
protestante Rodolfo Oswaldo Hesse (Imagem do Pastor e da Igreja) consagrar
o templo protestante, ficando resolvido, assim, um grande problema que a
Blumenau Colônia enfrentava na segunda metade do século 19.
***********
Igreja SPA e Casa Paroquial em 1876
A
IGREJA CATÓLICA GANHA NOVA TORRE, SINOS
E RELÓGIO
Os anos foram passando.
Em 1920, depois de exercer o magistério no
Colégio Santo Antônio de Blumenau, assumiu o cargo de vigário de Blumenau o
frei Daniel Hostin, natural
de Gaspar, homem de grande espírito de iniciativa e de extraordinários tato e
bondade. Mais tarde, em 1929, Frei
Daniel seria ordenado Bispo de Lages.
Durante seu vicariato, seu coadjutor, Frei Gabriel Zimmer, deu início à
reforma e acréscimos da igreja católica.
Sobre este tópico, duras críticas foram
dirigidas àqueles que descaracterizaram, então, o templo original do arquiteto
Henrique Krohberger.
José
Ferreira da Silva,
em sua obra “História de Blumenau”, assim se refere aos acontecimentos:
“Se, de uma parte, é de lamentar, nessa
decisão tivessem deturpado, completamente , a beleza de linhas do templo
edificado em 1876 pelo engenheiro Krohberger,
por outro, foi o templo aumentado de duas capelas laterais, nova
sacristia e a sua torre foi modificada para comportar os novos sinos,
inaugurados em 18 de junho de 1928, os quais, pesando quase três
toneladas, não encontraram lugar na elegante torre do primitivo templo.”
Já a historiadora Edith Kormann, no
seu estudo “Blumenau arte, cultura e as histórias de sua gente”, assim se
manifestou sobre este assunto:
“Um fato a lamentar ocorreu durante o
vicariato de Frei Daniel Hostin,
pois foi seu coadjutor, Frei Gabriel Zimmer, que deturpou a belíssima
arquitetura gótica do templo católico, edificado em 1876 pelo arquiteto
Krohberger. Apesar do aumento das
duas naves laterais, dando-lhe a forma de cruz, nova sacristia e a modificação
da torre para comportar os pesados sinos sincronizados que foram inaugurados em
18 de junho de 1928, e também a instalação de um relógio elétrico, a alteração
não tem justificativa, pois o crescimento da população, com a imigração de
elementos nacionais a procura de trabalho, não resolveram o problema do espaço
no templo.”
Foto do templo com a Torre Nova
O relógio elétrico importado da Alemanha, foi inaugurado no dia 16 de fevereiro de 1930
O
ESFORÇO DA COMUNIDADE
Era natural que para estas reformas
existissem recursos suficientes e constantes.
Muitas “quermesses” foram feitas para arrecadar fundos.
Inclusive os colégios católicos, Santo Antônio e Sagrada Família, promoveram
eventos para ajudar.
É desta época, 1924, que tenho em meus
arquivos um panfleto de um “FESTIVAL em
beneficio das obras da matriz, promovido pelas alumnas do Collegio da
Sagrada Família” ( grafia original).
Aconteceu no THEATRO FROHSINN no dia 18 de outubro de 1924 com um variado
programa, onde constavam apresentações
de piano, violino, canto, esquetes, números de ginástica e até uma comédia.
No item 7 do programa, lá está:
“7. Van Gael, H. La Voix Du Coeur. Piano por Nayr Braga e Maria Pereira.”
Nayr
Braga
era minha mãe e por isso a família Braga guardou este panfleto, que hoje está
comigo e que reproduzo neste artigo.
(PROGRAMA
DO FESTIVAL NO
TEATRO FROHSINN)
Em 1927 a igreja recebeu um grande órgão.
O
FIM
Nos anos 50 o vigário Frei Brás Reuter (Foto) lançou o projeto de uma nova e moderna
igreja matriz para Blumenau.
Ampla discussão foi promovida pelos padres
com a comunidade mas de nada adiantaram algumas contestações: em 1956 a antiga
igreja começou a ser demolida para dar lugar à atual, inaugurada em janeiro de 1958.
Muitos reivindicavam a localização da nova
igreja mais ao fundo do terreno, deixando a antiga intacta, voto vencido.
Demolição 1956
E assim, parte da história de Blumenau acabou
sendo demolida também.
Texto de Carlos Braga
Mueller/Jornalista e escritor/Arquivo Carlos Braga Mueller e Adalberto Day.
12 comentários:
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Bom dia Adalberto e Braga Muller.
ResponderExcluirObrigado por nos brindar com estes maravilhosos artigos.
Li atentamente o texto e me chamou a atenção o sobrenome do arquiteto Krohberger. lembro que na Rua Rui Barbosa, outrora com acesso pela ponte preta, era conhecida com "Krober" mais ou menos assim, seria por ter este arquiteto residido lá? Ou um parente dele?
Abraços fraternos
Recordo-me da antiga igreja. Era um local quente e transpirava-se em bicas. A nova igreja corrigiu a falha. Parabéns ao nobre historiador Adalberto sempre informando-nos a respeito da história de nossa querida cidade.
ResponderExcluirMuito interessante
ResponderExcluirValeu
Abraço
Att:
Maestri / LC
Pois é, Mister Adalerto, Parabens grande Braga Muller, como é lindo as lembranças do passado especialmente quando é tão lindo como o nosso do povo de Blumenau e o progresso da cidade de Blumenau. Diante disso podemos ver que os antigos que eram donos de grandes espaços tambem cometiam grandes erros exemplo como tiveram a coragem de demolir aquela obra de arte que era a antiga igreja com lugar brilhante para hoje representar nosas obras de arte,foi obra do Frei Bras ele infelismente não aceitava ideia e sugestão,eu tenho um conto de historia para contar a voces, eu escutei de uma pessoa idosa la do norte do Brasil, porque existia aquela bola de cimento loga a baixo da cruz que tinha em cima da torre? éra para guardar o exesso de arrecadações que os Jesuitas levavam em seu poder para não serem , roubados, ele derretião o ouro doados e ali depossitavam para aumento da nova obra a ser construida,
ResponderExcluirBeto me permite.? eu tenho outra istorinha referente a Igrejas, oouvi falar a muito tempo atras falo assim pois ja tenho 71 anos de esperiencia da vida, dizem que as Igrejas antigamente pagavam impostos quando terminava as obras apos a inauguração. Por este motivos eles fazião varias torres o corpo da igreja ficava pronto e era usado e demoravam terminar as torres , eu no momento não lembro quantas torres tem a igreja de Norte Dame que são bastante seria por este motivo? kkkkkkkkkk
ResponderExcluirMeu caro Adalberto,
ResponderExcluirComo sempre mais um excelente texto, e com uma ilustração fantástica.
Quero registrar uma passagem que tem haver com o texto mencionado. No final dos anos 80 e inicio dos 90 eu trabalhava como vendedor em uma empresa fabricante de relógios industriais , e decorativos(DIMEP).
Eu estava na missa de domingo como de costume, e o finado padre Irineu comunicou que, seria feita uma reunião(com a diretoria da igreja) para tratar de comprar um relógio para torre com sinos, ou trocar as cadeiras da igreja por bancos, pois bem, na terça feira da semana seguinte lá estava eu para vender relógio de torre para igreja, relógio este que esta lá até hoje.
Olá Adalberto e Braga,
ResponderExcluirParabéns pela matéria com preciosas informações históricas.
Abraço,
AS
Oi meu querido amigo Beto. Gostei imenso dessa história das igrejas, pois, sabe-se por histórias tradicionais, que as primeiras obras que surgiam em uma aldeia, uma comunidade ou cidadezinha, eram as de igrejas, daí por que, elas sempre eram edificadas em pontos privilegiados e destacados, especialmente para chamar a atenção do povo. Só estranhei que se fala pouco da igreja evangélica, dando a impressão que Blumenau possuía poucos evangélicos, o que não é verdade. Acompanhei (pois nessa época eu já me encontrava residindo em Blumenau) a demolição e construção - demoradíssima por sinal- da nova igreja matriz. À frente da citada obra achava-se o inesquecível Frei Braz Reuter, de um carisma incomparável. Dava-se com todo mundo e era extremamente benquisto. Dai o êxito que ele conquistou na população da cidade, pois, em cada pregão dele, fazia um apelo para o povo, pedindo mais doações para continuidade das obras. E, assim ele foi levando, ano após ano, ate chegar ao que é hoje, uma importante Catedral, sede de bispado. Obrigado Beto e Braga Mueller por mais essa linda história que tive a felicidade de acompanhar e ajudar a construir.
ResponderExcluirEutraclinio A. Santos
Bom dia Adalberto
ResponderExcluirmuito interessante esta matéria do Braga.
Agora conheço um pouco mais da História da rua Dom Daniel Hostin. Gostaria de registrar que passa a ser motivo de orgulho para todos morar em uma rua nominada com Daniel Hostin, pois era "homem de grande espírito de iniciativa e de extraordinários tato e bondade", que, além de ter sido vigário de Blumenau foi bispo de Lages.
Parabéns ao Braga por nos trazer esta História em parte conhecida e resgatar nomes de pessoas que dignificam o nosso passado.
Abraço
Prezado Sr. Adalberto Day e Carlos Braga Mueller
ResponderExcluirMeus parabéns, o trabalho de pesquisa está ótimo, estas histórias a respeito de Blumenau só engrandece cada vez mais esta bela cidade.
Relacionando a atual igreja com futebol, Rodrigues nosso centroavante do Olimpiádico casou-se nesta igreja em 1965 e fui padrinho de casamento do mesmo. O que me chamou atenção a cruz onde se encontra Jesus crucificado é em forma de " Y " e não de cruz. Vale dizer que Blumenau é diferente até neste aspecto.
Uma grande abraço.
Lourival Barreira.
ResponderExcluirAdalberto sempre uma honra acompanhar seu engajamento na cultura da nossa querida Blumenau!
Vim (morar) para Blumenau em 2007, e acompanhando o seu blog aprendi tanto, mas tanta coisa que me apaixonei pela cidade!
Considero-me Blumenauense já. E assim como eu, tantos outros devem o amor à cidade ao seu cuidado e manutenção da história.
Bom que há tanto tempo você não dá ouvidos à eles (AHJFS)! Sua contribuição é extremamente valiosa. A cidade sairia perdendo sem ela!
Esse empoderamento todo já subiu à cabeça dela (diretora do arquivo) , é verdade. Lembranças só continuarão existindo se forem passadas adiante. Não tenha dúvidas, você já é um patrimônio de Blumenau! Felizes nós de te termos por perto! Continue por favor, não desista!
Bruna Xavier
Olá Sr. Adalberto, escrevo este e-mail apenas para agradece-lo por toda contribuição histórica e cultural que o senhor proporciona para nós estudantes.
ResponderExcluirEstava lendo seu blog e pensei o quão injusto é eu usar seu blog desde os meus tempos de ginásio até hoje (me encontro no fim do ensino médio) e nunca ter lhe dito um simples "obrigado". Fica aqui todo meu agradecimento!
att: Thiago Firmo.