terça-feira, 4 de março de 2014
- Companhia Fábrica de Papel Itajaí
No dia
14/02/2014 o Adalberto publicou em seu blog o interessante ensaio biográfico de
*¹Victor Felix Deeke, elaborado por seu filho, o Sr.
Gunter Deeke (falecido em 18 08 2021). Ao ler o rico texto (foto Wieland Lckfeld), lembrei-me do material referente à fábrica
de papel da qual Victor Felix Deeke foi Diretor Geral, que garimpei em São
Paulo em 2010, ao realizar pesquisas no Instituto Martius Staden. Trata-se de
uma breve história da Companhia Fábrica de Papel Itajaí, publicada na Revista
Paulista de Indústria na década de 1950.
Reproduzo a
matéria a seguir, lembrando que o leitor deve sempre considerar o seguinte: a) quando
aparecer a palavra ‘atualmente’, recordar que estamos em 1955; b) o texto
enaltece, de forma especial, no contexto da empresa, membros da família Hering,
mas há uma explicação para isso: a tônica da publicação trata dos 75 anos de
fundação da Companhia Hering e a fábrica de papel foi citada na revista pelo
fato de ter sido este mais um empreendimento no qual a família Hering teve
participação.
O texto não
pretende, portanto, diminuir o papel de Victor Felix Deeke. Pelo
contrário, deixa claro que o período áureo da mesma se deu quando este era seu
Diretor Geral. Por ser sucinto, apenas não revela os preciosos detalhes
fornecidos pelo Sr. Gunter Deeke. Neste sentido, devemos entender que se trata
de textos complementares, e não excludentes.
“Cia. Fábrica de Papel Itajaí
Gottlieb
Reif, falecido pioneiro de iniciativas industriais no Vale do Itajaí, planejou
a construção de uma fábrica de papel, junto à barra do rio Itajaí-Mirim e
interessou, em seu projeto, ao saudoso industrial Curt Hering. Este conseguiu o
apoio dos componentes de sua família nas pessoas dos senhores Hermann, Bruno,
Max e Mueller Hering, e dos industriais senhores Carl Rischbieter, Fides e José
Deeke, com a participação dos quais, fundou-se, em 1911, a fábrica de papel de
Itajaí, sob a razão social de: “HERING, REIF & CIA. LTDA”. Sua primeira diretoria
ficou a cargo dos senhores: Carl Rischbieter – Presidente; Curt e Max Hering –
Diretores Executivos.
Dez
anos mais tarde, a firma transformou-se em sociedade na anônima, passando a
denominar-se “Companhia Fábrica de Papel Itajaí”, com a seguinte diretoria:
Curt Hering – Presidente; Fides Deeke – Vice-Presidente; Alfredo Eicke Senior –
Diretor Comercial, e Victor Kleine – Diretor Técnico. Com ligeiras alterações,
entre as quais a substituição na vice-presidência, por motivo de falecimento,
pelos senhores José Deeke e Max Hering, esta diretoria geriu os negócios até
1941. Durante sua gestão, a capacidade de produção da fábrica foi ampliada, com
a instalação de uma segunda máquina, em 1937.
Em
1941, influenciada pelas condições de guerra, processou-se completa alteração
na administração da Companhia, que passou a constituir-se de uma Diretoria
Executiva e de um Conselho Diretor. Foram eleitos, então, os atuais diretores
executivos: Victor Deeke – Diretor Geral; Abdon Schmidt – Diretor Gerente;
Alfredo Eicke Jr. – Diretor Tesoureiro. O Conselho Diretor sempre se compõe de
elementos da família Hering e acha-se, hoje, enriquecido com a eficiente
colaboração do dinâmico industrial Sr. Irineu Bornhausen, atual governador do
Estado de Santa Catarina.
Indústria de base
A atual administração tem
desenvolvido, desde 1941, um vastíssimo plano de ampliação, atendendo às
contingências do mercado nacional de papel. É o papel um dos produtos básicos
para a economia de um país e o Brasil possui condições especiais para ser um
grande produtor. Depende, no entanto, em grande parte, da importação. Enquanto
se verifica um aumento continuado na produção, com novas fábricas, o consumo
cresce na ordem de 50.000 toneladas por ano e tende a subir com mais
intensidade, pois o índice “per capita” não atinge a 9 quilogramas, o que é
muito baixo. Por outro lado, a fabricação do papel se processa com
preponderância de matéria prima – celulose – importada, sobrecarregando nossa
balança de pagamentos e pondo-nos sob controle de suprimento estrangeiro, sem
meios para lutar contra a alta de preços da celulose e fixação de quotas
impostas pelo estrangeiro, nos períodos de carência.
Buscando
auto-suficiência, a atual diretoria, contando com o apoio de seus acionistas,
levou a efeito uma série de arrojados investimentos para a produção das matérias
primas básicas da indústria do papel, que exigem vultosas inversões. Assim,
adquiriu enormes reservas de florestas e criou hortos de reflorestamento com o
que abastece e garante matéria prima às máquinas das indústrias que implantou
em Santa Catarina. Na sua fábrica de Itajaí, instalou equipamentos para
celulose e pasta mecânica, enquanto duplicou as instalações para o fabrico do
papel. Produz, atualmente, pasta mecânica, celulose, papel e cartolina. Junto
às reservas construiu três fábricas novas, a saber: a fábrica de celulose de
Bocaina do Sul; a fábrica de papelão e cartão de Ituporanga, e a fábrica de
papelão de Perimbó. Atualmente, está empenhada na construção e instalação
completa de fabricação de soda e cloro e duas seções, uma de pasta e outra de
celulose, trabalhando em processo absolutamente contínuo, para abastecimento da
moderníssima máquina de papel ali instalada e que produzirá papéis finos e
especiais.
Fábrica de
Perimbó – vista parcial das obras hidráulicas: tudo de pressão apoiado em ponte
de cimento armado sobre a divisionária do perau.
Com
um capital de Cr$ 66.000.000,00, e contando entre seus maiores acionistas os
componentes da família “Hering”, a Fábrica de Papel Itajaí, é uma das mais
completas e modernas empresas do ramo no Brasil, praticamente auto-suficiente
em matérias primas e com uma linha de produção que abrange toda a variedade de
papelão, cartão, cartolina e papel, desde os mais grosseiros aos mais finos e
especiais.
Igaras –
vista das obras da fábrica
É uma das
principais organizações industriais do Estado de Santa Catarina, e uma das
indústrias de base de relevante importância para a economia brasileira.”
Fonte: Revista Paulista de Indústria
– No. 34 – maio de 1955 – Ano V – p. 140 a 143.
Recomenda-se
ler, em caráter complementar, também o ensaio biográfico de Victor Felix Deeke
mencionado no início deste post, pois o mesmo enriquece de forma exponencial
esta breve história da Companhia Fábrica de Papel Itajaí. Observei que no site
da Prefeitura Municipal de Bocaina do Sul as ruínas da antiga fábrica
existentes na cidade são arroladas como atrativo turístico da cidade.
Colaboração
Wieland Lickfeld
Para saber mais sobre Victor Felix
Deeke acesse:
7 comentários:
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Obrigado Wieland Lckfeld, obrigado Adalberto Day, um belo relato de mais um pioneirismo daqueles que transformaram a região do Vale do Itajaí num polo industrial. Já tinha lido a publicação anterior e essa agora complementa a primeira, mais longa e detalhada. O empreendedorismo, a coragem, a competência e a confiança que existia entre os parceiros desses investimentos foi fundamental para o sucesso das iniciativas cujos frutos beneficiaram milhares de pessoas de várias gerações.
ResponderExcluirValeu Wieland e Adalberto !!!
ResponderExcluirLegal ler sobre as histórias que comprovam o espírito empreendedor de nossa gente. E olha que fábrica gigante que montaram. Fique curioso (e na torcida) para ver se ainda existia. Felizmente sim. A fábrica está operando num bonito prédio de cor creme e com a fachada (que deve ser a original) que lembra as antigas fábricas dos anos 50/60. Que bom que continua gerando empregos e renda !!!! Abraços,
Asalberto parabéns por mais uma estrela no teu painél, mas merece uma pergunta se me permite sou um pouco exigente ou chato mas pérgunto se via que para a época era uma potencia,porque parou? falencia ou falta de coragem para continuar, e aproveito para te fazer uma sugestão, eu vejo toda foto antiga, todos os imigrates digo entre 50 pesoas masculina adultos ou mesmo crianças adolecentes 80% usavam chapéu porque não uma pesquisa sobre a fabrica de chape Nelsa na antigua rua São Paulo,para nos .grato . Valdir Salvador
ResponderExcluirBeto desculpe este comentario acima não é anonimo foi falha minha .
ResponderExcluirPessoal, meus parabéns por este artigo. Eu sou de Otacílio Costa, tenho 44 anos e a minha família, a de minha esposa e também a nossa filha sempre estudamos no Colégio Elza Deeke e nunca tivemos algo tão aprofundado sobre a Família Deeke e creio que tão poucos talvez saibam algo a respeito, digo isto, convicto, pois também trabalho a 25 anos na Klabin de Otacílio Costa (Antiga Olinkraft - Manville - Igaras - Hoje Klabin) e também ouvi várias histórias sobre a sua fundação mas nada que esclarecesse tanto.
ResponderExcluirParabéns mesmo e fico muito feliz de ter tido sorte de encontrar este artigo por acaso.
Att.
Paulo Roberto Silva.
psilva@klabin.com.br ou paulopgn@yahoo.com.br
Próximo a Fábrica de papel havia um casarão antigo, tens algum registro Dela? Obrigada
ResponderExcluirNão temos registro deste imóvel.
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