BLUMENAU E SUA GENTE, UMA PAIXÃO ANTIGA.
Em histórias de nosso cotidiano, apresentamos
Flavio Monteiro de Mattos, contando um pouco de suas lembranças quando vinha do
Rio de Janeiro visitar
Blumenau, com sua família.
Carioca de nascimento e BLUMENAUENSE POR OPÇÃO".
Minha ligação com Blumenau foi estabelecida muito antes do meu nascimento e teve como origem, indireta e incidentalmente, quando minha tia-avó Cybelle, seu marido José Ribeiro de Carvalho e os filhos José Luiz e Maria Lúcia se mudaram para Santa Catarina, lá pelo inicio dos anos trinta.
Contava-se que o Carvalhinho, como ficou conhecido em Blumenau, que já advogava no Rio resolveu prestar concurso e acabou aprovado para a promotoria da comarca de Mafra, também em Santa Catarina. Meses depois se mudou com a família e permaneceu naquela cidade por um bom tempo, sendo transferido posteriormente para Blumenau, onde a família fincou raízes.
Minha mãe, que era afilhada do casal, foi várias vezes visitar os parentes e dizia que Blumenau dessa época não era mais do que uma pequena e esquecida cidade do interior do estado de Santa Catarina onde predominavam imigrantes alemães e italianos, que tiravam seu sustento na agricultura e pecuária e posteriormente, na indústria manufatureira da tecelagem e porcelana.
E a cada vez que minha mãe lá retornava constatava que os tios e primos iam se tornando, gradativamente, catarinenses. Ao longo dessas estadas fez várias amizades, teve alguns namoros e dizem que, por muito pouco, eu não nasci por lá.
Contava minha mãe que quando terminou a II Guerra retornou ao Brasil uma irmã da tia que morava em Blumenau, que se alistara como enfermeira da FEB. Ao retornar essa tia audaz decidiu visitar a irmã que morava “em um fim de mundo chamado Blumenau”.
Embarcaram no Galeão e depois de quase três horas de voo desembarcaram em Itajaí para dali seguirem, no ônibus da empresa aérea, até Blumenau. Mal o ônibus partiu, a destemida tia percebeu que a língua falada no interior do veículo era o alemão, idioma que não lhe trazia as melhores lembranças. Lá pelas tantas os brios americanizados da tia visitante transbordaram e a impetuosa senhora, do alto do seu metro e meio, decretou o fim do uso do idioma de Goëthe naquele espaço. Concluiu informando que não mediria esforços para interceder junto ao promotor público de Blumenau, que por acaso era seu cunhado, no sentido de auxiliar o pronto retorno para a Alemanha dos saudosos pelo idioma. Afirmava minha mãe que por todo o resto do trajeto nenhuma palavra foi pronunciada, nem em alemão ou mesmo em português.
Anos depois, casava-se a filha da minha tia-avó quase blumenauense que providenciou uma prole de nove rebentos, ao longo dos anos. Era a esse time ao qual me incorporava, de tempos em tempos e que contribuíram pelas boas lembranças que tenho por Blumenau.
Minha primeira ida à cidade aconteceu em 1951 e é claro que não lembro. Mas há algumas fotos clicadas por meu pai que registram o acontecimento.
- Alameda Rio Branco em Blumenau 1962
Blumenau dos meus primeiros anos se restringia à casa da minha tia tia-avó. Situava-se na Alameda Rio Branco, na época, a mais aristocrática e charmosa rua da cidade.
A residência fazia esquina com uma pequena rua de terra e sem saída. Construída no centro do terreno, tinha dois andares e cercada por um baixo muro com pilares interligados por cercas de madeira, em toda sua extensão. O acesso principal se fazia através de um portãozinho de madeira que se abria para a calçada da Alameda Rio Branco. Chegava-se até a entrada social cruzando um caminho de cimento que separava o gramado em dois. Em cada lado haviam fícus plantados em intervalos e podados em formato de bolas bem rentes ao chão e sobre os quais pulávamos, em diversas brincadeiras. Na esquina do terreno haviam as plantas maiores e lembro-me em particular de uma árvore grande que sobressaia, uma palmeira, talvez.
No lado esquerdo do acesso, plantas escondiam o varal de secar roupas e como o local era gramado formavam um mini campo de futebol onde disputávamos animadas peladas.
Naquele lado da Alameda somente havia uma transversal que era continuação da Rua Coronel de Freitas Melro. Por uma razão que desconheço essa continuação da rua não era pavimentada como também não haviam calçadas, muito embora várias residências ali existiam.
Por essa rua de terra se tinha acesso à garagem da casa e nos fundos havia uma espécie de lavanderia. Lembro que era um ambiente escuro e meio sombrio e nos grandes tanques de cimento não era raro o Zé Luís, primo da minha mãe, enchê-los dos peixes que fisgava na suas pescarias.
A cada retorno à Blumenau eu ganhava mais liberdade e autonomia e com isso, mais percepção das coisas e da cidade. Lembro que havia uma vendinha na Alameda, que ficava quase em frente à casa da minha tia, onde comprávamos sorvetes coloridos e de formato cilíndrico. Havia ainda o capilé, um refresco de groselha que eu adorava.
Inesquecíveis também eram os carros de mola, que ficavam estacionados na esquina da Alameda Rio Brancos com a XV de Novembro. Eram elegantes charretes puxadas por cavalos. Da boléia o condutor manobrava os cavalos e os fregueses se sentavam confortavelmente, atrás do condutor, em duas fileiras de bancos forrados. Se fosse um dia de sol puxava-se um toldo, mas andar com ele arriado permitia a visão ampla da cidade, sua gente e casas.
Como minha autonomia era pequena, minhas explorações à cidade se restringiam aos passeios de bicicleta pelos quarteirões próximos.
- Maternidade Johannstift
Imagem - Comerciante e Cineasta Willy Sievert
Se saísse em direção ao centro, a primeira casa vizinha era do Margarida cujo pai era tabelião. Mais a frente situava-se o escritório (ou oficina) da Viação Catarinense, que tinha uma pequena rampa de acesso muito boa para executar manobras de bicicleta e claro, colecionar tombos. Na esquina da Alameda com a Sete de Setembro ficava o prédio da Maternidade e esse era o meu limite nessa direção.
Indo na direção oposta o quarteirão era imenso, pois não havia transversais com esse lado da Alameda, exceto o da tal rua de terra. É claro que preferia pedalar para este lado. O temor era passar sem ser visto pela frente da casa da temida Frau Scholl, que diziam ficar espiando as crianças choronas pelas frestas das janelas. Tendo sucesso, sucediam-se as casas de gente que não inspirava medo.
Logo depois começava o muro do G. E. Olímpico , com o largo e sempre aberto portão de acesso. Era impossível resistir o convite para descer a ladeira que nos levava à sede. Tinha que se ter cuidado ao descê-la porque o chão era de terra, com alguns buracos. Nessas peripécias, várias vezes perdi o controle da bicicleta e tomei vários e doloridos tombos.
Era uma vida simples, que em nada se compara aos dias de hoje.
Como todos em casa ficamos encantados com Blumenau e sua gente, a opção mais acessível para ir até Santa Catarina era por meios próprios, isto é, de carro e o escolhido foi um Citroen uma espécie de Fusca daquela época.
Como todo Citroen que se prezasse o nosso era preto e quatro portas, tão contemporâneas como nos anos atuais, porém obrigatórias. Mas o que mais impressionava era o interior pela ausência total do conforto que hoje desfrutamos! Na frente, bancos individuais que não permitiam regulagem na distância para os pedais ou altura. Se você se encaixasse no padrão, sorte sua. Na traseira, o banco era inteiriço. A forração era de um material que parecia plástico, dizia-se oleado, e de cor vermelha (ou encarnada). O painel era o mais simples possível com o volante preto, um único e no painel um único e imenso mostrador, No meio desse painel ficava a alavanca de mudanças, que acionava as três marchas para frente e a ré. O comando do limpador de para-brisa era acionado junto ao teto e somente o que ficava à frente do motorista era elétrico. O do copiloto era a vácuo e a sua velocidade estava condicionada à rotação do motor. Isso quer dizer que se você andasse devagar por causa de uma forte chuva, o que era recomendado, seu carona não ia enxergar absolutamente nada porque a velocidade do limpador de para-brisas daquele lado equivaleria ao “quase parado”. Um ponto positivo era para o para-brisa dianteiro que permitia articulá-lo, ou seja, através de um comando no painel podia-se abrir uma fresta para ventilação evitando, assim, que os vidros ficassem embaçados. Mas como nas quatro janelas das portas não haviam quebra-ventos, o ganho de ventilação ia, literalmente, por água abaixo. O resultado era vidros totalmente embaçados e água entrando pela fresta dianteira!
Sr. Anthero Frota de Mattos
Mas com tudo isso que o Citroen possuía, ou deixava de oferecer, era o que tínhamos e para mim, com meus parcos cinco ou seis anos, era realmente o possante que nos levava à Blumenau.
Essas viagens acontecidas há quase cinquenta anos podiam ser classificadas nos dias de hoje como autênticas provas de rally e como tal dividida em setores.
O setor 1 era o trecho que ia do Rio até São Paulo. Podia-se dizer que este era a fase mais tranquila, com a extensão totalmente asfaltada, porém com mão dupla. Comparado ao que vinha depois, essa parte da viagem era quase como um aquecimento.
O setor 2 começava em São Paulo e ia até Curitiba e aqui, o bicho pegava. Asfalto, pelo que me recordo era somente até Sorocaba e daí para frente, lama e barro se estivesse chovendo ou, sem chuva, poeira e as irritantes costelas, que eram sulcos feitos na terra pela água da chuva que escorria para as beiras da estrada.
No meio desse trecho ficava a cidade de Registro, ainda no estado de São Paulo e ponto do nosso primeiro pernoite, se tudo corresse bem. Daí para frente iniciava-se a subida da serra para Curitiba. E aí, subir uma baita serra na lama ou dentro da baita nuvem de poeira que os caminhões levantavam, só mesmo para quem gostava muito de Blumenau.
O setor 3 ia de Curitiba até Blumenau, também na terra e idem para as condições. Descia-se a serra até Joinville para subir novamente até a cidade de Jaraguá. Daí descia-se novamente para um nível pouco abaixo do mar (ou do rio Itajaí-açú) onde estava Blumenau.
Agora você está inserido no contexto, sente-se ao meu lado e vamos dar inicio a uma fantástica viagem que nos levará à Blumenau, estado de Santa Catarina!
Meu pai gostava de sair do Rio lá pelas quatro da manhã. Recordo-me que tinha a sensação de acabar de dormir e logo alguém me acordava para viajar.
Saíamos de Ipanema quase sempre de madrugada e as ruas do Rio neste horário eram rigorosamente desertas. Entretanto, não tínhamos qualquer preocupação caso acontecesse um furo de pneu na temida Avenida Brasil, por exemplo. Parava-se o carro e se trocava o pneu com total tranquilidade. Isso era o Rio de Janeiro, capital do estado da Guanabara.
Não contávamos com o túnel Rebouças ou Aterro do Flamengo e era quase obrigatório trafegar pela orla. Cruzávamos Ipanema, Copacabana que tinha somente uma pista de mão dupla, praia de Botafogo, do Flamengo, Praça Mauá, os armazéns do Cais do Porto, a tal Avenida Brasil e por fim a via Dutra, onde a viagem realmente começava.
Uma vez na via Dutra, bastava que rodássemos alguns quilômetros para deixar para trás o estado da Guanabara e logo estávamos na baixada fluminense que fazia parte do estado do Rio de Janeiro, cuja capital era Niterói.
Deste ponto em diante, os ônibus Morubixabas da Viação Cometa, GMC importados, hidramáticos e com ar condicionado passavam zunindo a inacreditáveis 100 km/h. Vinham para a “festa” também os caminhões FNM (Fenemês) com as três letras afixadas na grade dianteira da frente achatada, escritas de baixo para cima e os estradeiros eram logo reconhecidos, pois a parte da carga era geralmente coberta com o encerrado Locomotiva.
Nosso farnel era composto por duas garrafas térmicas e controlado por minha mãe.
Muito embora meu pai sempre fizesse uma revisão no carro antes de partirmos, era comum a parte elétrica do Citroen logo no início da subida da serra das Araras, que fica atualmente a uma hora do centro da cidade.
Na primeira oficina elétrica que encontrou aberta e o diagnóstico foi de trocar toda a fiação. Na próxima, na outra e na outra, o mesmo diagnóstico e como meu pai não estava disposto de correr riscos com mecânicos que não conhecia decidiu ignorar este “pequeno probleminha” e estabeleceu que somente viajaríamos de dia!
E atravessar a serra das Araras era duro mesmo naquele tempo. A subida e descida eram feitas no lado que hoje é utilizado somente para a descida, com todas aquelas curvas apertadas. E para que ninguém esqueça, seguíamos no escuro, na rabeira de um Fenemê, respirando toda aquela fumaça que era despejada na nossa frente, a quase estonteantes 5 quilômetros por hora! A primeira vez que se trafega sem iluminação é apavorante. Depois, mais acostumados com o fato a situação perde um pouco o suspense...
Muitas vezes íamos a “reboque” de algum caminhoneiro que percebendo o nosso problema com os faróis colaborava, sinalizando tudo que podia. Quando clareava o dia e o deixávamos para trás, agradecíamos a ajuda com vários toques de buzina, que eram também retribuídos, tudo na maior cordialidade e que vai desaparecendo neste insosso século XXI.
Dia claro pela frente chegávamos às vezes a estonteante velocidade de 80 quilômetros por hora, a velocidade máxima que meu pai admitia e assim mesmo no plano e em retas longas.
Com sorte, chegávamos perto de Resende lá pelas 9 da manhã, que era local da primeira parada e sempre no posto de venda da fabrica do Ovomaltine, à beira da estrada. Enquanto eu ia com minha mãe tomar o achocolatado, meu pai ainda tentava encontrar um bom e honesto mecânico que resolvesse o problema da parte elétrica. Sempre, minha mãe e eu tínhamos mais sucesso!
Horas depois chegávamos à capital paulista onde sempre nos perdíamos para dela sair. Depois de muito tentar São Paulo finalmente ficava para trás, entravamos no setor 2 onde havia aventura para todos os gostos.
Chegava-se à Sorocaba com alguma facilidade, pois a estrada era asfaltada. De Sorocaba em diante, as cidades iam se revezando com uma procissão e à medida que avançávamos, a estrada piorava. O que não dava para acreditar que uma estrada que mais parecia uma picada era a única via de ligação do sudeste com o sul, regiões consideradas como as mais importantes do país, coalhadas de indústrias, fábricas e forte agricultura.
Mas esse Brasil antigo ainda é muito parecido com Brasil atual. Muitos anos depois e com muito custo construíram a Regis Bittencourt, uma estrada que já nasceu perigosa. Portanto, nada a estranhar uma quantidade elevada de acidentes mortes em uma via que foi dimensionada para o tráfego dos velhos fenemês e que hoje é percorrida por veículos modernos, turbinados, etc. e tal.
Tínhamos ainda pela frente terra, poeira, barro que se alternavam em função das condições climáticas. Como viajamos quase sempre no verão, época das chuvas, o barro e a lama eram companhias quase constantes, porém o pequenino carro os encarava com total galhardia.
Muitas vezes íamos muito além do que se podia esperar pelas condições da estrada, mas em algum momento atolávamos. Nas primeiras atoladas meu pai descia do carro para pedir ajuda calçado em sapatos e quase sempre retornava com ditos nas mãos, as meias e a barra da calça, dobrada evidentemente e cobertas de lama. Com o passar do tempo, já descia descalço, mesmo...
Havia situações em que o lameiro não era tão alto e o que nos impedia atravessar era o barro alto se ajuntava entre as rodas dos caminhões. Chamava-se de talude e imobilizavam os veículos baixos que teimavam enfrentá-los. Muitas vezes eram tantos que não havia alternativa senão tentar trafegar por cima deles, porém tampouco dava certo. E de repente, lá estava você totalmente imobilizado como um caranguejo no brejo.
Quando começava a chover sobre a terra seca acontecia outro fenômeno. Formava-se uma camada de lama sobre a superfície da estrada que era extremamente escorregadia que fazia os pneus deslizar alucinadamente e sem qualquer tipo de tração.
Todos esses percalços faziam com que nossa média fosse de três ou quatro horas para percorrer trechos de apenas cinquenta quilômetros. E sempre no auge da chuvarada, o limpador de para-brisas dava pane. Somente restava em funcionamento do limpador a vácuo, que ficava à frente da minha mãe. Mas como eu já disse, a velocidade de funcionamento dependia da rotação do motor e nessas condições se andava muito devagar, quando se andava, o movimento do limpador beirava o imperceptível!
A chuva, a lama e a ausência de funcionamento do limpador de para-brisas já bastariam para criar um clima de aventura às nossas viagens, mas não eram somente estes os vilões. Trafegar à noite, sem faróis e sem sinalização não era brincadeira! Por isso, quando começa a escurecer e ainda estávamos na estrada dava frio na barriga.
Mas sempre que tínhamos algum problema os caminhoneiros paravam para ajudar. E dava dicas também. Um deles disse que quando acontecessem panes no limpador de para-brisas bastava esfregar folhas de amendoeira sobre o vidro para que a água da chuva escorresse. Não era uma grande melhora, mas era a que se podia ter. Daí para frente, folhas de amendoeira não podiam faltar nas nossas viagens.
E foi nesse setor 1 que tivemos uma experiência que será difícil de esquecer!
Não me recordo com exatidão em que ano aconteceu, mas certamente não foi nem na primeira e nem na ultima viagem com o Citroen. O certo é que estávamos no estado de São Paulo entre as cidades de Apiaí, Capão Bonito ou Ribeira, debaixo de um temporal daqueles e que já durava algumas boas horas e novamente sem a ajuda daquele instrumento indispensável: o limpador de para-brisas!
De repente, todos que estavam a nossa frente pararam e nós, também. Meu pai desceu para se informar e logo voltou. Uma ponte que teríamos que atravessar adiante fora arrancada pelas águas do rio, que transbordara. Teríamos que retornar alguns quilômetros e pegar uma estrada alternativa, torcer para que o rio não tivesse arrancado a outra ponte para depois retornar para a estrada principal. E assim, fizemos. Nós, e quase todo mundo que estava parado.
Depois de muito penar, chegamos a tal estrada que não passava de um atalho. Tinha a largura que abrigava justo, um caminhão. De quando em quando, a estrada sumia e trafegávamos pelo mato.
A cena era impagável: o limpador de para-brisas quebrado e meu pai, com o braço para fora, esfregando as folhas de amendoeira sobre o vidro.
Quando vinha algum caminhão no sentido contrário tinha que se fechar a janela para se proteger da lama que era jogada contra nós e cobria todo o carro! Não se esqueçam de que a única pessoa que até então enxergava alguma coisa à frente era minha mãe até que a lama levantada nos atingisse! Nessa hora se instalava um certo pânico a bordo porque andávamos alguns metros em total voo cego!
Retomando, para nossa sorte a tal ponte ainda estava lá. O problema é que depois da travessia havia uma forte lombada coberta por um lameirão que inibia qualquer tentativa dos mais ousados. Nova parada técnica e lá se vai o meu pai conversar com os caminhoneiros. Para nossa sorte (ou azar), sempre havia algum que acabava convencendo meu pai que o Citroen tinha como transpor mais essa parada. A “estratégia” era de atravessar a ponte o mais embalado que pudesse para que a “velocidade” ajudasse a subir o ladeirão. Vale dizer que a tal ponte era de madeira e estreita, com passagem de somente um carro, por vez. Para atravessá-la, você tinha que por as rodas apoiadas sobre as toras de madeiras que formavam a pista que, infelizmente, não estavam unidas ou alinhadas às outras. Portanto, o ajuste tinha que ser muito fino senão havia o risco de cair no rio!
Mas a sorte já tinha sido lançada! A travessia da ponte foi mais ou menos tranquila, porém o embalo que conseguimos para encarar o subidão não deve ter passado dos 10 quilômetros por hora! E nesta estonteante velocidade começamos a subir, com lama em todos os lados. E o valente Citroen vai subindo, subindo... e atola. Sem tração para continuar subindo, começamos a escorregar de ré, entortando para o lado que havia um barranco. Por pura sorte, caímos em um imenso buraco e o carro parou. Meu pai deu a ordem para que ninguém se mexesse, temendo que um movimento despregasse o carro da lama e nos levasse para o tal barranco. Mas como tudo parecia “firme”, meu pai abriu a porta, saltou. Havíamos naufragado mesmo, cercados de lama por todos os lados. Para sentir a situação, abri a porta traseira e via a roda daquele lado enterrada na lama, até a metade. Meu pai acenou para os que estavam na ponte e para os que estavam em cima da ladeira e a solidariedade mais uma vez foi demonstrada. Nem sei como, mas o pessoal conseguiu reunir cabos ou cordas que foram presas no Citroen e amarrados em um caminhão, em cima do ladeirão que nos puxou, morro acima.
E naquele dia, além das caminhonetes de tração nas quatro rodas, houve um valente Citroen, do estado da Guanabara, que foi o único a conseguir atravessar aquele mar de lama e seguir viagem!
Raríssimas foram as vezes que conseguimos chegar à Registro, que era o meio do caminho entre São Paulo e Curitiba, ao término do primeiro dia de viagem.
Pernoitávamos com alguma frequência em cidades como Capão Bonito ou Ribeira que, na época, eram apenas vilarejos. Dormíamos também em hotéis de beira de estrada que milagrosamente apareciam e era melhor pernoitar ali porque do que arriscar passar a noite em algum atoleiro. Lembro-me de dormir várias vezes sobre o vestido da minha mãe, porque as roupas de cama desses hotéis não eram “de confiança”, como meu pai dizia. Mas com ou sem roupa de cama, o fato é que batíamos na cama exaustos e dormíamos (pelo menos, eu) instantaneamente. Ao clarear o dia, já estávamos novamente na estrada.
Chegar à Registro era uma vitória e quase sempre almoçávamos por lá. Não sei se daí para frente a estrada melhorava mas o fato é que os maiores apertos aconteciam antes de Registro. Dali até Curitiba era mais ou menos tranquilo. O complicador era subir a serra tendo pela frente uma fila interminável de caminhões.
Mas o valente Citroen era valente mesmo e no fim do segundo dia, chegávamos à Curitiba onde a oferta de hotéis era muito melhor do que nas cidades que passávamos. Noite bem dormida e um bom café da manhã e todos com forças renovadas para o ultimo trecho da viagem, o setor 3, que ia de Curitiba à Blumenau.
Foto : Flavio Monteiro de Mattos, em 1956, no trecho da estrada entre Curitiba/Blumenau, em Jaguariaíva, e que no texto é citada como a "Capela onde fazia promessas para passar de ano".
Esta etapa era a mais tranquila de todas e lembro que a cruzar uma determinada ponte, antes ou depois de Jaguariaíva havia uma cachoeira e uma capela, onde quase sempre parávamos. O curioso é que sempre que passávamos por lá, minha mãe pedia para parar e como era um local agradável e fresco, meu pai abria uma das poucas concessões. Na verdade, minha mãe me carregava para rezar e que pedisse para passar de ano, ter boas notas e essas coisas. Eu rezava, de fato, mas empregava todo o fervor em pedir que um professor de matemática que dava aula no colégio onde estudava fosse chamado de volta para a Espanha ou se não desse, que ficasse mudo para o resto da vida. Hoje tenho certeza que o meu fervor nas orações não foi suficiente para sensibilizar o Criador, já que o tal padre não voltou para a Espanha...
Seguindo viagem, depois dessa ponte deixávamos o Paraná para trás, descíamos a serra para outra vez viajarmos ao nível do mar. O primeiro indício que estávamos no estado de Santa Catarina era o calçamento das ruas em paralelepípedos, que se iniciava quando entrávamos nos perímetros urbanos das cidades. O segundo, a grande quantidade de ciclistas, na maioria os operários indo ou vindo das indústrias onde trabalhavam.
Outra coisa que notava eram as casas de madeira nas áreas do que hoje chamamos de periferia eram levantadas do solo por bases de tijolos e não entendiam como ficavam equilibradas.
E assim iam desfilando as cidades pela janela do Citroen. Quase sem perceber chegávamos à Joinville, a cidade dos Príncipes, muito bonita e bem tratada, mas cá entre nós, não chegava aos pés de Blumenau!
Alguns quilômetros depois, subíamos novamente para Jaraguá pela serra que se apresentava com curvas fechadas e, claro, muitos caminhões. Não me lembro se já havia ligação pelo litoral, mas tenho quase certeza que o acesso atual somente foi aberto anos mais tarde. Lá pelas quatro ou cinco da tarde do terceiro dia de viagem, dependendo de como estava a situação na serra, cruzávamos o rio Itajaí por sobre uma ponte de ferro, em arcos. Logo depois, Blumenau surgia à nossa frente.
Foto : Ano 1949, na residência dos tios José Ribeiro de Carvalho/Cybelle, na Alameda Rio Branco. Senhora Celeste com os sobrinhos Carmem Lúcia e Otávio.
A cada chegada havia um novo primo ou prima recém-nascida. Ainda quando toda essa turma, ou parte dela, cabia na casa da Alameda Rio Branco as brincadeiras eram infindáveis.
O futebol ocupava grande parte do tempo. Havia também os passeios de bicicleta que já mencionei e outras brincadeiras, um pouco mais “elaboradas”. Dessas, a mais perigosa foi sem dúvida quando junto com os primos maiores resolvemos dar um fim nas casas de marimbondos que infestavam o beiral do telhado e que por vezes, interrompiam nossas brincadeiras. O plano era de queimarmos todas as “residências” que ali haviam e para isso os instrumentos utilizados foram uma vara de bambu bem longa tendo na ponta um pano embebido em álcool que, em momento certo, seria ateado ao fogo. Feitos os preparativos, o escolhido para a missão de fritura dos marimbondos foi, é claro, eu! Lembro que nem deu tempo para correr, pois logo fui picado por um marimbondo vermelho. Até então não sabia que era alérgico ao veneno, mas logo descobriram porque passei a ter dificuldades de respirar. Fui levado às pressas para o Pronto Socorro e atendido pelo Dr. Abelardo Vianna. Ele disse à minha mãe que se tivesse sido picado por mais outro marimbondo teria certamente morrido...
Rua XV de Novembro Blumenau
Imagem - Comerciante e Cineasta Willy Sievert
Mas as melhores brincadeiras dessa época aconteciam na tal rua de terra e sem saída onde ficava a casa da minha tia-avó. Juntava uma “piazada” que morava na rua e nas redondezas e formávamos uma tropa para ninguém botar defeito.
Houve a fase das pescarias e meu pai desaparecia com o Zé Luís, por semanas inteiras. Depois, veio a fase dos passarinhos e sempre haviam gaiolas dentro do carro. Minha função era de abastecê-las com água e quando parávamos, meu pai as tirava para fora do carro para que os passarinhos renovassem forças para as próximas etapas da viagem.
Foto : 1958, Senhora Maria Celeste e Flávio no sítio do folclórico "seu Bitú", nos arredores de Blumenau.
Não sei se os canários que iam eram os mesmos que voltavam, pois o seu Bitú, um personagem meio folclórico que surgiu nessa época em Blumenau e por causa dele, passei a ser obrigado a dividir o meu espaço no banco traseiro do Citroen com gaiolas de passarinhos.
Seu Bitú era de estatura mediana, andava sempre vestido de jardineira e um chapéu enfiado na cabeça. Morava nos arredores de Blumenau em uma casa que ficava sobre uma colina de onde se tinha uma bela visão do rio Itajaí-Açú. Toda vez que chegávamos à Blumenau vindo pela serra de Jaraguá, passávamos pela sua casa. Além de um grande viveiro para os passarinhos, havia horta, pomar e outras coisas do gênero. Lembro que ele tinha um carro azul e parecia estar enguiçado há muito tempo, porém toda vez que foi solicitado a funcionar, funcionou sem maiores problemas.
Uma ocasião, meu pai e o seu Bitú resolveram pescar no rio em frente casa e eu os acompanhei. Utilizavam uma pequena canoa a remo e tive muito medo porque a água ficava muito próxima. O seu Bitú, percebendo meu desconforto fez um terrorismo dizendo que não pusesse a mão na água por causa dos jacarés que haviam e eu, com mais medo ainda, não ousei por um dedo na água.
Lembro-me de muita coisa, é verdade, mas não lembro terem pescado peixe algum daquela vez.
O ciclo de viagens com o valente Citroen encerrou-se no início dos anos 60 e o fato que decidiu seu destino foi um acidente que sofremos, ao retornar para o Rio numa dessas viagens.
Seguíamos no trecho entre Curitiba e São Paulo, o tal mais difícil e perigoso.
Lembro que havíamos dormido em uma pequena cidade do interior de São Paulo e levantamos bem cedo, para seguir viagem. Estava meio noite e meio dia, na hora que se costumava chamar de lusco-fusco. Ainda com sono, encolhi-me no pequeno espaço que me sobrava no banco traseiro junto com as gaiolas de passarinhos e até hoje não sei direito o que aconteceu. O que posso garantir é que não estávamos correndo porque velocidade nunca foi o forte do meu pai. Disse ele que veio sobre nosso carro outro, em sentido contrário e não para evitar a batida teve que manobrar bruscamente. Com isso nosso carro derrapou sobre o chão de terra, subiu desgovernado em um barranco que ficava à margem da estrada e lá tombou sobre o lado do motorista.
Eu que estava no banco traseiro, voei por cima do banco dianteiro e encaixei aonde ficavam os pedais do Citroen. Minha mãe caiu por cima do meu pai e logo que entendeu a situação tentou encontrar apoio para abrir a porta, mas não conseguiu. Logo, os caminhões começaram a parar e seus motoristas subiram na lateral do Citroen e nos tiraram do interior do carro. Meu pai foi o que deu mais trabalho, pois prendera o pé em alguma coisa.
Com todos do lado de fora, os que pararam ainda ajudaram a desvirar o carro, que pouco amassara. Constatou-se que uma barra da direção havia rompido e segui com minha mãe de carona em um caminhão até a cidade de onde havíamos saído para providenciar um reboque. Durante todo o dia, meu pai procurou a tal peça na cidade, mas não houve como encontrar uma substituta. O jeito foi deixar o carro lá e seguir viagem de ônibus.
Dia depois, já no Rio meu pai comprou a tal peça e retornou com minha mãe à cidadezinha para o conserto do carro. Só que aconteceu outro problema. Quando retiraram a peça danificada o parafuso que a segurava também se estragou e não havia outro para substituí-lo. A solução encontrada foi fixá-la com um fio de aço e trafegar com muito cuidado. Minha mãe conta que foi uma viagem terrível, pois a cada curva para o tal lado não se podia virar todo o volante, pois havia o risco do fio romper e o carro ficar sem direção. Quando chegaram, meu pai comentou que em várias curvas teve a certeza que iam entrar embaixo dos caminhões que trafegavam no sentido contrário, mas o fio aguentou e o Citroen enfrentou mais essa, que foi o seu “canto do cisne”.
Depois que o valente Citroen passou para outras mãos, chegaram lá por casa outros carros. Primeiro um imenso Buick, que meses depois fez algumas viagens à Blumenau sem que nada excepcional acontecesse. Anos depois o Buick foi substituído por um Chevrolet, que proporciou uma passagem curiosa.
O ano era 62 ou 63 e grande parte do trajeto já estava asfaltada. Havíamos deixado Curitiba para trás, descemos a serra e quando alcançamos Joinville havia a opção de seguir pela serra de Jaraguá, que estava em condições normais de uso ou utilizar a nova, que estava quase pronta e nos levaria direto à Itajaí com a vantagem de ter um trajeto mais curto do que o da serra. Meu pai nem pestanejou e seguimos pela segunda alternativa. Entretanto, as condições de tráfego dessa escolha estratégica eram tão ruins que quando chegamos ao entroncamento que liga Itajaí à Blumenau, passava da meia noite. Meu pai, exausto, estacionou e disse que dali para frente não tinha mais condições de dirigir e alguém que não ele, poderia assumir o posto de pilotagem. E foi para o banco traseiro, dormir. Minha mãe, que tinha pavor de dirigir muito embora houvesse feito uma tímida tentativa de aprender, assumiu o volante. Mas guiar não era mesmo o seu forte. Arrastamo-nos por vários quilômetros atrás de caminhões porque o medo dela era tanto que não conseguia acelerar o carro para ultrapassá-los e lá pelas tantas, meu pai acordou e percebeu que estávamos quase no mesmo lugar em que paramos.
Ele sugeriu que me deixasse dirigir e minha mãe acabou por concordar. Sentei-me no colo dela e cuidava do volante e marchas, enquanto minha mãe se responsabilizava pelo freio e acelerador. E assim fomos, em dupla, até que depois de um bom tempo, surgiu à nossa frente Blumenau, com o prédio do Grande Hotel sobressaindo entre os telhados e árvores, a pequena ponte da XV e o Itajaí, fluindo placidamente, margeando os prédios baixos da cidade.
Fomos direto para o Grande Hotel. A cor do carro deixara de ser creme e se tornara um bonito marrom estrada. Meu pai saltou e demorou muito para retornar e quando o fez disse que o recepcionista recusou a hospedagem por achar que éramos caminhoneiros. Recomendou que o hotel mais apropriado fosse o Rex, pois achava que nem o Glória nos aceitaria. O recepcionista somente liberou nossa estada quando meu pai mostrou sua carteira de identidade do Ministério da Fazenda.
As surpresas nas estradas eram quase nulas, mas as mudanças aconteciam mesmo era em Blumenau. A família dos primos já havia crescido o suficiente para não caberem mais no andar superior da casa da Alameda e se mudaram para uma casa na rua Frederico Guilherme Busch. Se não estiver errado, era uma casa azul de três andares. Na frente tinha uma espécie de piscina, onde tomávamos banho em quase todos os dias de sol. Numa das esquinas dessa rua havia um campinho de futebol onde batíamos intermináveis peladas.
Às vezes acompanhava minha mãe pela XV e eram inevitáveis as paradas na Casa Flamingo, onde éramos atendidos pelo próprio Augustinho Schramm, que tinha sempre uma estória para contar.
Obrigatórias também eram as visitas à Moellmann e a Hering. Lembro-me de uma casa na XV que parecia um castelo, com direito, a brasão e bandeiras alemãs entrecruzadas junto ao telhado. Fazia questão de dar uma parada no Kiekebusch, que ficava na esquina da XV com a Alameda. Os carros de molas foram substituídos na minha preferência pela “banana split” que era servida no restaurante do Grande Hotel.
Já não se via tantas “carroças” circulando pela cidade como antes, como também ficava difícil ver trafegar os pequenos caminhões com caçambas eram de madeira. Desapareciam as lambretas de três rodas, que tinham cabines fechadas e limpadores de para-brisas. Algumas lojas ainda permaneciam intactas, mas a modernidade se fazia presente com chegada da Prosdócimo.
Pelas ruas, a língua mais falada já não era o alemão.
Flavio Monteiro de Mattos
Rio de Janeiro, 22/12/11.
Arquivo: Anthero Frota de Mattos , Maria Celeste Monteiro de Mattos, Flavio Monteiro de Mattos e Adalberto Day
Caro Adalberto, nosso agradecimento ao Sr. Mattos por deixar interessantes informações de décadas passadas para a posteridade. Conhecer particularidades da vida dos que nos antecederam são fonte de admiração e respeito para com os mesmos. Seria muito bom se cada família tivesse ao menos uma pessoa interessada em escrever sua crônica. Que riqueza seria legada à sua descendência. Grande abraço!
ResponderExcluirExcelente relato, muito nostálgico. É interessante refletir também sobre o tempo, que provavelmente corria "bem mais devagar" do que hoje para se empreender uma viagem dessas. Um abraço e parabéns.
ResponderExcluirMuito bom, excelente leitura. Mauro Bremer
ResponderExcluirParabéns Flavio Monteiro de Mattos,
ResponderExcluirseu relato é fantástico. Tua memória é prodigiosa. Para quem não viveu essa época pode até parecer uma obra de ficção. Não é ficção, é a pura realidade daqueles tempos. Tuas informações sobre Blumenau são exatas. As condições das estradas era aquelas mesmo. Poeira ou lama, "costelas de vaca", burracos, verdadeiras aventuras a cada viagem. Encontrar um trecho patrolado era a maior felicidade.
A cachoeira com uma capela que aparece na foto,onde voced rezava, na descida da serra entre Curitiba e Joinvile, fica do lado esquerdo da BR 376 de quem vai de Jopinvile para Curitiba, ou seja, a BR foi construida do outro lado do vale que dá acesso ao planalto paranaense. Era ponto de parada para descansar, servir-se de água potável, esfriar o motor dos veículos, orar por uma viagem feliz, etc,. Tenho uma foto feita no mesmo local no início dos anos 60. Os trechos das estradas calçadas com paralelepipedos eram as ruas centrais das cidades mais evoluidas, elas eram parte das estradas, não exitia outra via alternativa.
Flávio, muito obrigado por esse magnifico, detalhado, realistico registro de uma época que também tive a felicidade de conhecer. Um bélo retrato de um béla época.
Muito bom pai!
ResponderExcluirAdorei saber um pouco mais sobre a sua infância e momentos marcantes que se passaram.
Agora entendo porque sempre nos pede para irmos à Blumenau e quero muito poder passar alguns dias lá com você e meus irmãos...
Parabéns pela excelente narrativa!!
Muitos beijos da sua filha Patricia
Dr.Carvalhinho,Dr.Leitão e Dr.Melro,na época,autoridades respeitadas!
ResponderExcluirParabens primo pelo relato.Fiquei muito feliz ao ler e descobrir muitas coisas que nao conhecia e outras que nao lembrava, das vindas de voces para nossa casa.
ResponderExcluirMuitas saudades de voces ,da sua querida e Linda mae,seu divertido pai.Parabens mais uma vez.
Sexta, 01 Junho 2012 01:38 postado por Suian Andreyti Bergmann
ResponderExcluirBela historia sr. Flavio, imagino como deve ter sido emocionante pera o sr. Relembrar todas essas aventuras com sua corajosa famila.
Parabens….
Oi, Flávio :
ResponderExcluirhoje que descobri este blog do Adalberto e acabei lendo TODAS as tuas crônicas de 2012, que ADOREI.
De lá pra cá não escreveu mais ?
Não querendo ser repetitiva e já sendo, vc escreve super-bem !
Era vizinha das Sras. Cibelle e Lucinha e fazia parte da "piazada" que por lá brincava.
Tenho até foto nossa daquela época, doce infância ...
Quero agradecer aos leitores de minhas crônicas e especialmente, pelos comentários recebidos.
ResponderExcluirCom a autorização do Adalberto Day, coloco meu endereço eletrônico para eventuais contatos, que é fmdemattos@hotmail.com
Tive o prazer de conviver com dona Cybelle, bem como com seu Flávio, pai da Carminha que casou com Renato Viana, prefeito de Blumenau e deputado Federal. À época, na década de sessenta, morei em casa vizinha à casa de dona Cybelle quando estudante no Pedro II em Blumenau e namorava uma vizinha e filha de amiga de dona Cybelle. Coincidência... Saudades... Grande abraço. Laerte.
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