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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

- Johann Heinrich Grevsmuhl

Em 1860, com a chegada do imigrante alemão Johann Heinrich Grevsmuhl (foto) nascido em (12 de novembro de 1804 – provavelmente falecido nos primeiros meses de 1883, abordo de um navio que o conduzia para tratamento de saúde na Alemanha), o Vale do Garcia tomava novo impulso.
Não satisfeito com os trabalhos agrícolas, passara a explorar a madeira da região. Os compensadores progressos do empreendimento levaram-no a associar-se com dois vizinhos, August Sandner, Johann Gauche que conheciam a técnica da tecelagem, para a organização de uma fábrica e associaram-se com um tecelão, conhecido como Lipmann (já possuía  teares desde 1865) que ajudou a montar alguns teares e deram impulso na primeira indústria têxtil de Blumenau, com o nome de “Johann Henirich Grevsmuhl & Cia.” Este era o nome da pequenina tecelagem - Nascia naquela região, a semente da industria têxtil por volta de 1868, solidificando-se mais tarde com o nome de Empresa Industrial Garcia
 Em decorrência desta atividade têxtil, a região passaria por uma série de transformações, sendo uma delas o surgimento do lavrador-operário. A divisão da propriedade e o esgotamento das mesmas, provocadas pela falta de espaço para a “Rotação das Terras, dificultavam a opção do plantio, que não dependia exclusivamente do agricultor”.Na procura de terras para seus filhos e quando estas não eram suficientes, ocorria a divisão e subdivisão da propriedade. Esta prática de subdivisão das terras e o processo de industrialização desenvolvido na região do Garcia. Propiciou o surgimento do lavrador-operário já citado. Este, impossibilitado pela divisão e enfraquecimento da terra, e de viver de sua única fonte geradora de economia, busca na indústria ou na empresa artesanal uma renda alternativa, permanecendo em suas terras e cultivando-as nas horas que sobram, então se procurou adaptar-se ao trabalho na indústria e progredir dentro da mesma, para atingir um futuro melhor. As habilidades principalmente nos trabalhos artesanais, aprendidos em casa desde cedo, tornaram-no responsáveis e produtivos.
Empresa Industrial Garcia em 1967
Dentro desta visão, o constante processo de desenvolvimento econômico, e conseqüentemente populacional, começa a abranger o Garcia. A industrialização abria espaços para novos empregos e muitos migrantes vindos de outras cidades buscam o "ELDORADO" de uma vida melhor. Eram promovidas pela Empresa Garcia todos os anos festas juninas, magnificamente dirigidas pelos funcionários e apoio da Empresa, minhas recordações são as mais diversas, fogueiras, pipocas, corujas, brincadeiras, pescarias, roda da fortuna e tantas outras atrações, era emocionante. A festa do centenário da Empresa Garcia em 1968 foi emocionante, com shows de artistas de TV de todo o Brasil, tais como Golias, Ivon Cury e outros. O dia do trabalhador não era diferente, festa com teatros e desfiles pelas ruas Gloria e Amazonas, festas representativas de índios, sorteios da tão sonhada bicicleta e outras premiações, culminando com um jogo do time anilado ou Alve-celeste o Grande Amazonas. Sempre à frente desses trabalhos lá estava o Sr. Jose Pêra que era motorista dos diretores e treinador do Amazonas. Não há quem tenha participado ou ouvido falar sobre essas comemorações, que emocionavam toda a comunidade do Garcia, tem a convicção que como participante e atuante dessas festividades, é um cantinho de saudades que nos parece cada vês mais forte e evidente em nossa memória. Ali nessa região Sul a colonização foi pioneira e os responsáveis do empreendimento denominaram o nome da principal Rua de Die Kolonie (a colônia).

Rua Amazonas 1962
Para os moradores, era o local da “Gente do Garcia”. Como portal de entrada do bairro e de acesso a toda região do Vale do Garcia, a Rua Amazonas, com mais de 5 Km detém hoje um vasto e variado comércio e industrias. Foi conhecido primeiro por estrada geral do Garcia até 1919 e depois a ser a Rua Amazonas dos nossos dias correntes, que juntamente com a Alameda Rio Branco, foram as primeiras ruas da cidade a receberem asfalto. Em torno dela a vida socioeconômica do bairro cresceu. A venda dos Hinkeldey onde os agricultores faziam suas compras, trocas, o escambo:, a churrascaria Tiefensee, iniciada por George Frederico Tiefensee... e o Clube Amazonas que nas tardes de domingo fazia o bairro se enfeitar de azul e branco para vê-lo jogar em seu magnífico estádio da “Empresa”, o time era formado tão somente pelos funcionários da Empresa Industrial Garcia”. o Salão da família Hinkeldey, quantos relatos de felicidades e divertimentos, resultando muitas vezes em matrimônios duradouros, e depois nesse mesmo local transformou-se em Cine, “Cine Garcia” dirigido pelo Sr. Reynaldo Olegário, que proporcionava momentos de lazer maior a toda comunidade do Vale do Garcia.Vários empregados da Empresa Industrial Garcia, tinham outras atividades dentro da comunidade, um deles o Sr. Reynaldo Olegário Gerente da Cooperativa de Consumo dos empregados da Empresa Industrial Garcia, era proprietário do Cine Garcia. Outros participavam dos Clubes de Caça e Tiro Jordão e Centenário, alem de serem sócios do Amazonas E.C., aliás, o Amazonas até o início da década de 1970, era o clube de Blumenau com maior numero de associados, em torno de 3500.
Outros colaboravam não só financeiramente na construção da Igreja Nossa Senhora da Glória e da antiga Escola São José hoje Colégio Celso Ramos, como também na própria construção, os empregados logo após o expediente, almoçavam e iam trabalhar na construção.Também alguns empregados participavam de peças teatrais coordenados por eles mesmos. Algumas empregadas eram depois do expediente costureiras em sua própria casa. Era costume em quase todas as casas populares da Empresa Garcia, o cultivo de alimentos, os canteiros como era chamado como também os famosos “galinheiros” todo mundo tinha um, onde existiam galinhas poedeiras e criação própria dessas aves. Era uma verdadeira aldeia formada pelos trabalhadores da Empresa industrial Garcia, que em sua maioria viviam em harmonia. Os moradores primeiros e até os que se seguiram até os anos de 1960, se reportavam ao indicarem onde se dirigiam, diziam vou até “Blumenau”, principalmente quem residia no final do Garcia, Glória e Progresso, talvez influencia de ali ter sido a colonização primeira a se estabelecer.
Fonte: Acervo particular da Família de Adalberto Day

11 comentários:

  1. Excelente resgate! O Tamanho diminuto das terras, citado no artigo, lembra o fato de que houve grande reclamação dos colonos ao Dr. Blumenau, em relação ao pouco espaço na divisão dos lotes durante a colonização. Este artigo é um bom retrato das consequências disso. Parabéns.

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  2. Parabéns, Adalberto. Que saudade que deu ao ver a foto da Empresa Garcia!
    Urda.

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  3. Adalberto,

    Moro aqui a apenas 23 anos, por isso, aprecio muito este tipo de resgate histórico.
    Parabéns pelo seu trabalho e continue a manter o seu blog sempre atualizado com estas preciosidades.

    Abraços,

    Paulo

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  4. O turno fabril em três jornadas diarias escalonadas na forma em que sobrava tempo para o agricultor-operario ser o que o próprio nome já diz: agricultor e operario.
    Isso sem dúvida foi a mola mestre da industrialização, disponibilizando a mão de obra necessária para os projetos industriais de empreendedores como Johann Heinrich Grevsmuhl.

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  5. Prezado Adalberto,

    Quanta coisa bonita e histórica neste post. Começando pelo "operário/agricultor", pois assim era lá em casa. Meus pais vendiam leite e eu e minha irmã entregavamos nas casas no caminho da escola São José. Depois as festas organizadas, me lembro de uma com indios, pelo seu Pera, o pai tem uma foto dele acendendo a pira olimpica nos Jogos do centenário da Empresa Garcia, era o operário mais premiado em atividade. Por fim, o Cine Garcia do Olegário onde aprendi a gostar de cinema, nas matinês de Domingo, sem falar do campo do Amazonas, cuja destruição foi um crime contra o bairro cometido pela família Zadrozny.
    Abraços,
    Beto Tillmann

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  6. Ricas informações sobre os primórdios da indústria têxtil em Blumenau, Adalberto. Um abraço, Wieland Lickfeld

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  7. Parabéns pela recordação, comecei a trabalhar na Empresa Garcia aos 14 anos e conheci tudo que está relatado. Muitas saudades daquele tempo.

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  8. Henry Spring
    E I G isto sim era, EMPRESA INDUSTRIAL GARCIA, tenho ORGULHO de DIZER, TRABALHEI NESTA EMPRESA!!!! Na época o diretor era Sr. JORGE LUIZ BÜCHELER! meu chefe na OFICINA DA CALDEIRAS o Sr. CRISTÓV MÜLER, colegas o Sr. RAULINO, Sr,RAINARD, e outros mais que agora não recordo o nome.

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  9. Márcia Demmer
    Lembro de assistir, em capítulos, as aventuras de Flash Gordon. Amava!
    Também tinha, antes dos filmes, um jornal que mostrava o que acontecia no País. Adorava Mazzaropi.

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  10. Salete Moreira
    Tempo bom. Assisti alguns filmes nesse cine.
    Lembro-me dessa moça.😊

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  11. Gerson Werner
    Me lembro do prédio. Quando a igreja Santo Antônio adiquiriu as aulas de catequese e missas eram realizadas ali. Logo em seguida foi demolido para o início da construção da atual igreja.

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