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sábado, 5 de junho de 2010

- Uma Luz no fim do túnel

Mais uma participação exclusiva e especial do renomado escritor, jornalista e colunista, Carlos Braga Mueller, que hoje nos relata sobre um passeio pelos túneis de Blumenau.


UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL (QUE TÚNEL ?)
Por Carlos Braga Mueller
Quando passo de carro pelo túnel da antiga estrada de ferro, na Ponta Aguda, logo depois da ponte de ferro (Ponte Aldo Pereira de Andrade), sempre me questiono:
- Será este o único túnel de Blumenau ? E os túneis das lendas urbanas que tanto mexem com os blumenauenses ?
Então me passam pela cabeça algumas imagens:
Tem o túnel transversal na Rua Namy Deeke, feito para ligar o pátio de um posto de gasolina à antiga Casa Royal, do outro lado da rua. Ainda está lá. Alguém já viu ?
E tem também um pseudo-túnel, porque é canalização de um ribeirão, que passa por baixo da Electro Aço Altona na Itoupava Seca, segue em direção à Rua São Paulo e deságua no Rio Itajaí Açú.
Em Blumenau continua se falando muito dos túneis lendários que existiriam, ligando o Colégio Pedro II ao Colégio Sagrada Família (Foto); este
com o Colégio Santo Antônio (Foto), depois se interligando ao Teatro Carlos Gomes.
Um repórter de uma emissora de TV me entrevistou recentemente e eu fui sincero ao dizer que todos estes túneis são canalizações de antigos ribeirões ou de águas da chuva.
A mesma emissora mostrou, em reportagem, o depoimento de várias pessoas, que foram quase unânimes em dizer que não existem os tais túneis.
O diretor do Colégio Bom Jesus/Santo Antônio até mostrou o canal de águas pluviais, largo e suficiente para ser confundido com um túnel.
Elisete Beck, do Teatro Carlos Gomes, declarou que nunca se encontrou ali qualquer vestígio de um túnel.
A irmã diretora do Colégio Sagrada Família disse o mesmo em relação àquele educandário..
Idêntica resposta veio da historiadora Sueli Petry, estudiosa das coisas de Blumenau..
Com fundos para o rio Itajaí Açú, a Casa de Comércio Altenburg (Foto) construiu na barranca um porto particular, que tinha acesso direto aos porões da loja, onde funcionava também o depósito. E este, depois de desativado, foi lacrado tão bem que só foi descoberto recentemente, com as reformas da Havan.
Com o passar dos tempos o rio deixou de ser importante para o tráfego de mercadorias. Novas lojas ocuparam o lugar das antigas. A barranca transformou-se, aterrada, na Avenida Castelo Branco, ou Beira-Rio como é mais conhecida.
E de vez em quando alguém encontra indícios de algum destes acessos ao rio, confundidos na maioria das vezes com túneis. E túneis geralmente são passagens secretas, que excitam a imaginação e nos transportam a sensação de aventuras e emoções.
Quando foi reformado um antigo casarão na Rua 15 de Novembro, em Blumenau, onde se situavam antigamente instalações da Casa Moellmann, encontrou-se um porão que seria ligado a um túnel ! Constatou-se que nas primeiras décadas do século passado existia um porto particular nos fundos desse casarão, por onde chegavam as mercadorias que vinham de Itajaí pelo rio. Para facilitar a descarga, os produtos percorriam um corredor que se ligava ao porão da casa comercial, corredor esse que também foi confundido durante a reforma como sendo um túnel.
Nos anos 50, a antiga canalização do Ribeirão Bom Retiro foi completamente reformada.
Na Blumenau dos anos 20,30, onde hoje a Rua 15 cruza com a Rua Nereu Ramos, existia uma ponte de madeira sobre o referido ribeirão.
O que se fez então ? Ele foi canalizado com placas de metal, acho que ferro e zinco, que foram se desgastando com o tempo.
Nos anos 50 o canal foi todo refeito, já então de concreto, passando por baixo da Rua Nereu Ramos. Tem uma largura suficiente para um carro de passeio deslizar por ali.
Esta canalização do Bom Retiro começa nas imediações do Hospital Santa Isabel, segue até a Rua Nereu Ramos e, depois de passar por baixo da Rua 15 de Novembro, deságua no Itajaí Açú. Não sem antes receber várias ligações e despejos, entre as quais os esgotos do Colégio Pedro II.
A mesma coisa ocorreu em relação ao trecho da Rua 15 de Novembro, entre o Teatro Carlos Gomes (Foto) e o Banco do Brasil. Naquela baixada, até hoje existente, havia um córrego e uma ponte. As águas foram canalizadas e outra galeria passou a ser confundida com um túnel e, pior, ficava no lado do teatro, aumentando a lenda de um túnel no local.
Mas mesmo com tudo isso, acho que não se deve abandonar as imaginárias e fascinantes histórias que se contam sobre os túneis de Blumenau.
Pelo contrário, as lendas urbanas devem ser preservadas, passadas adiante. Mas como lendas. Fazem parte da cultura de um povo.
As lendas muitas vezes acabam se sobrepondo à realidade.
Se você leitor, de qualquer parte do Brasil, duvida da existência dos túneis de Blumenau, venha nos visitar e procure os vestígios que dizem até existir.
E por que teriam sido construídos tantos túneis em Blumenau ?
De novo vem a lenda para dar uma explicação: seriam para criar uma estrutura tática para dar guarida um dia a Adolf Hitler, se ele ganhasse a guerra.
Em Blumenau, se você olhar de frente para o Teatro Carlos Gomes, vai ver claramente que a fachada portentosa do teatro é uma réplica dos quepes dos oficiais nazistas !
E se me dissessem que o antigo cofre forte da firma Hoepcke na Rua 15 de Novembro seria um "bunker", eu até acreditaria. Porque só quem viu a demolição do prédio nos anos setenta é que sabe como o cofre foi difícil de vir abaixo. Era concreto puro. Mais uma lenda ?
MAIS UM TÚNEL NO NOSSO DIA A DIA, AQUI PERTINHO
Sempre é bom lembrar o que às vezes nem lembramos: o TÚNEL DO SHOPPING, na Rua 7, por onde todos nós já passamos e continuamos a passar.
Ele já incorporou-se de tal forma ao urbanismo de Blumenau que nem chama mais a atenção.
Apenas mete medo porque às vezes uns moleques mal intencionados assaltam pessoas indefesas que transitam por ali.
Daqui a 50, 100 anos, vão dizer que existia um túnel ligando o Colégio Bom Jesus/Santo Antônio ao Shopping .... e não vamos poder negar. Vão inventar uma porção de motivos para justificar o achado ....
Para Saber mais acesse: http://adalbertoday.blogspot.com/2008/06/passeando-pela-memria-dos-tneis-de.html
Texto: Carlos Braga Mueller/arquivo de Adalberto Day

6 comentários:

  1. Parabéns Adalberto por resgatar a nossa História de Blumenau. MUito bom o blog.

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  2. Parabéns Carlos Braga Mueller, essa dos túneis está supimpa, além da conotação psicológica que um túnel emana na cabeça masculina, ele é sempre ligado a coisas escuras. Seria hilário os religiosos do Sagrada Família juntos dos do Santo Antônio voltando pelo túnel de uma noitada no Carlos Gomes, noite essa de trovoada de verão, que botaria água até a cintura naquele, digamos assim, túnel cultural de Blumenau.

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  3. Para aguçar ainda mais as especulações...
    As galerias, que hoje servem para as águas... será que, em algum momento da história, não serviram como túneis mesmo? Podem ter virado galerias para a água por não terem tanta "utilidade" como podem ter sido construidas...

    A verdade é que, jamais saberemos a verdade.

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  4. Mas o que podemos afirmar sobre as plantas das galerias de Blumenau, que misteriosamente sumiram do Arquivo Histórico na década de 90, após um grupo de pessoas pesquisarem a respeito .... alguma coisa fato existe, embora há outras muito fantasiosas ...

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  5. Belo relato, Adalberto !
    Acho que onde há fumaça, há fogo ! Algo deve ter acontecido. Lógico que as pessoas gostam de "aumentar o conto", mas que deve ter algo, deve ter sim.
    Ouvi diversas histórias de professores do Pedro II dizendo que as galerias construídas próxima ao Sagrada Família foram local de desova de fetos de freiras que engravidaram e abortaram.
    Só que isso jamais será descoberto e provado, e as pessoas envolvidas são rápidas em defender a história de "lenda urbana".
    Vai ficar para sempre no imaginário da cidade.

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  6. "Tem o túnel transversal na Rua Namy Deeke, feito para ligar o pátio de um posto de gasolina à antiga Casa Royal, do outro lado da rua. Ainda está lá. Alguém já viu ?"

    EXISTE SIM! Ano passado foi o QG do Wurstwagen durante os desfiles da Oktoberfest.

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