Introdução
Por Renate Odebrecht
Comentários sobre a Neue Deutsche Schule, precursora do Colégio D. Pedro II, constantes do Livro “Cartas de Família – Biografia de Emil Odebrecht”, capítulo 11: “Filhos – Ensino Escolar, Língua Nacional e Profissionalização”, páginas 207/9. O longo capítulo é um apanhado da história do ensino na Colônia de Blumenau, desde o tempo da Colônia Particular e depois Colônia Imperial. O livro todo é um passeio pelo cotidiano da colônia desde o início da mesma, até a época do começo da República, baseado na pesquisa e em cerca de cem cartas de família, devidamente traduzidas.
Pensionato da Escola Nova de Blumenau em 1912 - Rua XV de
Novembro, atual Lojas Sulamericanas
Neue Deutsche
Schule zu Blumenau
Escola Nova Alemã de Blumenau, diretor Pastor Hermann
Faulhaber
Voltamos à terceira década da existência da Colônia Blumenau,
quando os filhos do engenheiro Odebrecht ainda iam à aula. Ele escreve em 1881, de
Azambuja, sul da Província, aos parentes na Alemanha: “O padre católico de Blumenau
abriu uma escola, e conforme me escrevera, muito boa”. No entanto, escreve no ano
seguinte, de Morretes/PR, aos parentes, sobre o filho mais velho: “Por enquanto
Edmund ainda fica em casa (acabara os estudos que o colégio oferecia) para instruir-se
por meio de aulas particulares. (...) Há muito tempo venho querendo mandar as
crianças estudarem Joinville, onde existem escolas excelentes (grifo nosso). (...),
além disso, esta decisão nos sobrecarregaria financeiramente. August, Oswald e Rudolf
estão frequentando uma escola fundada por padres católicos novos, que não parece
ser ruim.(...)”.
Em certa ocasião, o vigário Jacobs, diretor da St.Paul Schule (Escola São Paulo), num sermão dominical, fez ataques insultuosos aos protestantes e suas famílias, sendo que em conseqüência a maioria deles tirou os filhos da escola, segundo Deeke,1917 (Deeke, edição em português, 1995,p.115). O número de alunos que em 1884 havia chegado a 144 caiu para 88 no ano de 1889, pelo que escreve Emmendoerfer, 1950, p.299. A situação financeira da Escola São Paulo, que já não era boa, piorou no ano de 1890, devido à perda dos muitos alunos e porque, em fins do ano anterior, o Governo Republicano cortara a subvenção que era de Rs.1:200$000 anuais.
Devido a atitudes extremadas e portando-se com teimosia, segundo Deeke, 1917 (Deeke,edição em português, 1995, p.127)e principalmente devido à sua intolerância religiosa, o Padre José Maria Jacobs fez nascer na sociedade blumenauense, em 1885, o desejo de fundar uma escola interconfessional.
A ideia levou alguns anos a concretizar-se. Em 1888 e início de 89, após algumas reuniões de cidadãos das classes representativas de Blumenau – evangélicos e católicos –, aconteceu no dia 10 de março, no Salão Gross, a reunião de fundação oficial da escola. Na reunião foi apresentado um esboço de estatutos e foi eleita a primeira diretoria para um mandato de três anos. Para o início das aulas foi fixado o dia 1º de maio. A Diretoria contratou os professores Wetzele Ruseler. Ofereceram-separa lecionar gratuitamente: o Dr. Fritz Müller para Ciências Naturais, o Dr. Paula Ramos para Física, Química e Agricultura, e como Turnwart (professor de Educação Física) o professor da Sociedade de Ginástica local, Phillip Doerk ( jornal Immigrant de 17 de março de 1889, Deeke, 1995, p.115 e “Blumenau em Cadernos” de fevereiro de 1989).
Em certa ocasião, o vigário Jacobs, diretor da St.Paul Schule (Escola São Paulo), num sermão dominical, fez ataques insultuosos aos protestantes e suas famílias, sendo que em conseqüência a maioria deles tirou os filhos da escola, segundo Deeke,1917 (Deeke, edição em português, 1995,p.115). O número de alunos que em 1884 havia chegado a 144 caiu para 88 no ano de 1889, pelo que escreve Emmendoerfer, 1950, p.299. A situação financeira da Escola São Paulo, que já não era boa, piorou no ano de 1890, devido à perda dos muitos alunos e porque, em fins do ano anterior, o Governo Republicano cortara a subvenção que era de Rs.1:200$000 anuais.
Devido a atitudes extremadas e portando-se com teimosia, segundo Deeke, 1917 (Deeke,edição em português, 1995, p.127)e principalmente devido à sua intolerância religiosa, o Padre José Maria Jacobs fez nascer na sociedade blumenauense, em 1885, o desejo de fundar uma escola interconfessional.
A ideia levou alguns anos a concretizar-se. Em 1888 e início de 89, após algumas reuniões de cidadãos das classes representativas de Blumenau – evangélicos e católicos –, aconteceu no dia 10 de março, no Salão Gross, a reunião de fundação oficial da escola. Na reunião foi apresentado um esboço de estatutos e foi eleita a primeira diretoria para um mandato de três anos. Para o início das aulas foi fixado o dia 1º de maio. A Diretoria contratou os professores Wetzele Ruseler. Ofereceram-separa lecionar gratuitamente: o Dr. Fritz Müller para Ciências Naturais, o Dr. Paula Ramos para Física, Química e Agricultura, e como Turnwart (professor de Educação Física) o professor da Sociedade de Ginástica local, Phillip Doerk ( jornal Immigrant de 17 de março de 1889, Deeke, 1995, p.115 e “Blumenau em Cadernos” de fevereiro de 1989).
Neue Deutsche Schule- Escola Nova Alemã de Blumenau Acervo do Arquivo Histórico José Ferreira da Silva
A escola passou a chamar-se Neue (nova) Deutsche Schule,
porque resultou da fusão de duas escolas – a do professor Ruseler e a do professor
Wetzel – as quais já tinham a denominação de Die Schule (A Escola) ou também Deutsche
Schule (Escola Alemã), conforme o Urwaldsbote Kalender, 1900.p. 72/77. Começou a
funcionar numa grande casa de madeira como aspecto de um galpão fechado com janelas
de tábuas (Luken), na Palmenallee (Rua das Palmeiras) e mais tarde num prédio especialmente
construído para a finalidade, na mesma rua, em terreno doado pelo Dr. Blumenau,
através de seu procurador 55. Em 1890 o Governador do Estado, Lauro S. Müller,
concedeu uma subvenção anual de Rs.600$000 (seiscentos mil réis) à Escola Nova.
Na década de 30 ou de 40, na época da avalanche “nacionalizadora”
e repressora, a Palmenalle e recebeu o nome oficial de Alameda Duque de Caxias,
mas na voz do povo continua sendo a Rua das Palmeiras e muitas pessoas idosas continuam
chamando-a de Palmenallee. No tempo em que lá moravam Dr.Blumenau, Viktor Gärtner
e Hermann Wendeburg, a rua era o centro do povoado, o Stadtplatz.
Depois
do falecimento do vice-diretor da Colônia, Dr. Blumenau deu à alameda o nome de Boulevard Wendeburg. Posteriormente
passou a denominar-se Rua Dr. Blumenau, até que lhe foi dada a atual designação.
Os espécimes plantados no século XIX eram jerivazeiros nativos,
próprios da região do Vale do Itajaí, do gênero Arecastrumsp., que produzem
cachos grandes com coquinhos comestíveis, tanto a polpa quanto a amêndoa, muito
gostosos para humanos, pássaros, roedores (caxinguelês, pacas e cutias), graxains
e outras espécies. Suas folhas são forrageiras: antigamente usadas para tratar
bovinos e equinos no inverno, tem pode pasto seco em decorrência das geadas. Na
década de 1950 os jerivazeiros foram substituídos por palmeiras-imperiais, originárias,
quer nos parecer, do arquipélago das Canárias, noroeste da África, e algumas “falsas
reais”(de estipe mais fino e anelado) e,paradoxalmente, duas do tipo jerivá. A alegação
para a substituição de nativas por exóticas, um tanto simplória, a nosso ver, foi
a de que as folhas dos jerivazeiros vinham sendo atacadas por determinada
espécie de lagarta e que os coquinhos caídos no chão atraíam moscas.
Não se soube de infestação de lagartas, nos últimos decênios,
nos jerivazeiros hoje centenários plantados por Odebrech tem seu arboreto, no começo
do bairro Garcia, em torno de 1870/80. Anos atrás ainda eram visitados por caxinguelês,
que vinham saborear as amêndoas, enquanto que ultimamente só algumas espécies
de pássaros e morcegos vêm refestelar-se da polpa dos coquinhos e recentemente
(outubro de 2005) um casal de cutias.
Em
Pomerode existe uma bela aléia de altas palmeiras do tipo jerivá; e por
onde se viaje pelo Vale do Itajaí vêem-se lindos espécimes desta palmeira nativa, sem ataques de insetos ou de suas larvas.
O Pastor Hermann Faulhaber dirigiu a Neue Deutsche Schule zu Blumenau
desde janeiro de 1890 até janeiro de 1907,quando foi substituído pelo reitor,Dr.
Friedrich Strohtmann, especialmente contratado para a finalidade. O Pastor Faulhaber,
pessoa de destaque no meio intelectual da cidade, editou em 1893 o primeiro número
do jornal Der Urwaldsbote (“O Mensageiro da Selva”), fundado pela Conferência
Pastoral Evangélica para Santa Catarina e foi diretor responsável pelo mesmo até
1898, ano em que foi vendido; Faulhaber 56 foi também o fundador do
Christenbote – “Mensageiro do Evangelho” –, jornal evangélico que circulou, com
interrupções, até a década de 1970 (Weingärtner, 2000, p.26) e viera substituir
o Sonntagsblatt, que fora criado em 1896 também pela mesma Conferência Pastoral.
A Neue Deutsche Schule cresceu rapidamente em todo o sentido
da palavra, tanto que a partir de 1906 “os alunos saíam aptos a se matricularem
nas universidades alemãs e, a partir de 1910, também na de São Paulo - SP”, segundo
Kormann, 1994, Vol. II,p. 135 e 139, e segundo
Weingärtner, 2000, p. 26. Os netos do engenheiro Odebrecht, filhos de Gustave
Mathilde Baumgart, são prova disso: eles foram alguns dos alunos que ingressaram
em universidades alemãs sem quaisquer restrições: Oswald Baumgart formou-se em engenharia
elétrica na faculdade de Mittweida, na Saxônia, Otto Baumgart em mecânica e química,
Hermann em química e Richard chegou a iniciar um curso superior, deixando de concluí-lo
por motivo de saúde. Segundo Baumgarten, 2001, p.17, Emílio, primogênito do referido
casal Baumgart, coma base que recebeu na escola em Blumenau, obteve as melhores
notas no Ginásio de São Leopoldo/RS, depois no Ginásio Catarinense, em Florianópolis,
e o primeiro lugar na Escola Politécnica do Rio de Janeiro (foi o introdutor do
concreto armado no Brasil).
O quadro de professores da escola era seleto, a grande maioria
tinha formação em escolas especializadas. O professor de música foi, durante alguns
anos, Hermann Gutsch, nascido em Lörrach, Baden, que em 1905 casou com Anny, filha
de Emil Odebrecht.
Sobre Gutschlê-se no Blumenauer Zeitung de 10.01.1907: KonzertTheater
Frohsinn – Musiklehrer H. Gutsch.1.Teil: sechsverschiedene Vorträgeder
Schüler.
2.Teil: Herr Gutschmitdem Violinund Frau Zittlowam Klavier. (Concerto
no Theater Frohsinn –Professor de Música H. Gutsch. 1a. Parte: seis apresentações
de alunos. 2ª Parte: Sr. Gutschno violino e Sra. Zittlowao piano). O mesmo jornal
escreve em 29.06.07 sobre outra apresentação musical do professor.
Assim como Blumenau sempre foi destaque na área da
saúde (médicos, enfermeiras, hospitais), também foi vanguarda na área da educação
e do ensino até fins da década de 1930, quando aconteceu a avalanche repressora
da “nacionalização”, ocasionando uma lacuna de verdadeira estagnação na área.
Arquivo/Texto Renate
e Rolf Odebrecht
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