“A Educação é a base de tudo, e a Cultura a base da Educação”

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terça-feira, 30 de março de 2010

- Independente Futebol Clube

A imagem da década meados de 60, mostra o time do Independente bairro Valparaiso/Zendron
Em pé, da esquerda pra direita: Paulinho; Maçaneiro; Pitoco; Tripa; Pindá e Ivo.Agachados: Tito; Eliseu; Büerguer; Bento e Maneca.
Treinador era Luiz Barbeiro. Presidente: Zézo.
Arquivo: Wanderley Maçaneiro/Adalberto Day
Publicado no Jornal de Santa Catarina – 23/03/10, coluna ALMANAQUE DO VALE do jornalista Sérgio Antonello.
A imagem de 1964 mostra mais um esquadrão do time do Independente do Bairro Valparaíso, no Zendron. O Clube se localizava onde hoje é o atual C.C. Antônio Zendron.Da Esquerda para a direita: Pitoco,Tito, Paraguá, Pindá, Dalmiro,Júlio Rodrigues e Marquinho; Agachados: Nelinho Sedrez, Gaúcho, Elizeu, Bento e Maneca.
Mais timaço do Independente
Por volta de 1969/70. Da (E) para (D) Pitoco, Elizeu, ?, Osny Vieira, Paulico, Helio, e Tito;
Agachados: Argeu, Bento, Jorge Santos (Tangerina), Sargento Rodrigues, Maneca, e Pindá
Arquivo de Adalberto Day

sábado, 27 de março de 2010

- Álbum Teixeirinha

Homenagem ao Craque Catarinense “Teixeirinha”

Apresentamos hoje na integra o álbum “Homenagem ao Craque Catarinense “Teixeirinha”, lançado em fins de 1964 perdurando até 1966 – as imagens são do ano de 1963. Foram momentos de pura nostalgia que eu e muita gente pode conviver e vivenciar na construção e preenchimento do Álbum composto por 168 figurinhas.
- A primeira imagem é a capa do álbum com Teixeirinha, a segunda Osni Melo então presidente da Federação Catarinense de Futebol, a terceira os estádios do Palmeiras Esporte Clube e do Grêmio Esportivo Olímpico de Blumenau. A quarta imagem é do time do Palmeiras Esporte Clube de Blumenau fundado em 19/julho/1919.
- As imagens a seguir são do Grêmio Esportivo Olímpico de Blumenau fundado em 14/agosto/1919, - Sociedade Desportiva Vasto Verde do Bairro da Velha em Blumenau fundado em 27/outubro de 1944, - Amazonas Esporte Clube do bairro Garcia em Blumenau tendo como segunda fundação 1952, e a primeira 19 de setembro de 1919, apesar de desde 1911 já atuava com o nome de jogadores do Garcia, - Guarani Esporte Clube do Bairro Itoupava Norte de Blumenau fundado em 09/fev./1929.
- Imagens da Sociedade Desportiva Floresta da cidade mais alemã do Brasil Pomerode fundada em 06/jan./1946, - Clube Atlético Tupi da cidade de Gaspar fundado em 03/jan.1942, - Sociedade Desportiva Recreativa União da cidade perola do Vale de Timbó fundada em 14/março/1942. – Clube Atlético Carlos Renaux da cidade berço da fiação catarinense Brusque fundado em 14/abril/1913.
- Clube Esportivo Paysandu da também cidade berço da fiação catarinense Brusque fundado em 30/out./1918, - Caxias Futebol Clube da cidade Manchester Catarinense de Joinville fundado em 12/out./1917, - América Futebol Clube da Manchester Catarinense de Joinville fundado em 14/julho/1914, - Clube Náutico Barroso da cidade portuária de Itajaí fundado em 11/maio/1946.
- Clube Náutico Marcilio Dias da cidade portuária de Itajaí fundado em 19/março/1919, - Esádios do Guarani Esporte Clube da Itoupava norte, do Amazonas Esporte Clube do Bairro Garcia ( o mais belo da Região) e do Vasto Verde do Bairro da Velha,
- Seleção Catarinenses de 1960.
Estes são os jogadores da Seleção de Santa Catarina campeã sul-brasileira de 1960. Em pé da (E) para (D): Ivo, Zilton, Nelinho, Gainete, Antoninho, Roberto Picolé, e Arruda. Agachados: Massaneiro, Galego, Idésio, Teixeirinha, Valério, Almerindo. O atleta Teixeirinha foi um dos maiores jogadores da história de Santa Catarina, atuando em diversas equipes do país. Encerrou a carreira como profissional no início dos anos 60, no Grêmio Esportivo Olímpico de Blumenau.
Arquivo de Adalberto Day/ e colecionador do álbum exposto.

quarta-feira, 24 de março de 2010

- Um Passeio pela Rua principal de Blumenau I

UM PASSEIO PELA RUA PRINCIPAL DE BLUMENAU EM 1900/1903- Serão três partes
Escrito por OTTO STANGE - Traduzido do alemão pelo seu filho ERICH STANGE
O galpão dos imigrantes, situado no bairro “Vorstadt”, foi visitado por nós. Velho, com aspecto de abandono, não é mais usado para seu fim específico, mas é usado por algumas famílias caboclas como moradia. Tudo bem. Todavia, dividido em diversos cômodos, este comprido galpão de madeira serviu para muitas famílias recém imigradas, como primeira estada na terra estranha. Mas hoje, os imigrantes, logo após a sua chegada, são despachados por carroções puxados por duas parelhas de cavalos, via Morro do Cocho, para a recém aberta colônia de Hansa-Hammonia.
Neste instante vem chegando o vapor de rodas “Blumenau”, subindo o rio, cheio de novos alemães. Ao redor da chaminé e outros vãos estão sentados, todos cheios de esperança, olhando para frente, homens, mulheres e crianças. Manéca, o cozinheiro de bordo, mal consegue achar passagem. Os demais marinheiros se retiraram para suas cabinas ou ficaram na popa do barco, conversando. O capitão Krambeck observa a aproximação da cidade e puxa a corda do apito à vapor, - tuuuut, tuuut, estamos chegando. São aproximadamente três horas da tarde. O vapor hoje chega mais cedo do que de costume, certamente teve menos perda de tempo nas paradas em Ilhota e Gaspar. Também as chuvas nas últimas semanas eram poucas, em conseqüência o rio está com o volume de água normal, a correnteza não é forte, descendo devagar até o porto de Itajahy, na barra do rio.
Apressamos o passo, pois não queremos perder a chegada do vapor no trapiche. Também o nosso superintendente Dr. Cunha está atrás da sua casa, observando a chegada do barco. Novos alemães, muito bem precisamos deles, são bons agricultores, bons colonos. Cumprimentamos o velho Emill Gropp na passagem, quando o mesmo como de costume, cruza a estrada, saindo da sua serraria para a sua residência. Esta trabalhando com suor e passa o lenço para enxugar a testa empoeirada de serragem. Sempre atento na serra, não fica atrás dos seus filhos, no serviço. “EMILL GROPP & FILHOS”, pode-se ler na construção comprida que abriga a serraria à vapor. E o Dr. Hugo Gensch também está em casa. Neste momento fala, em voz alta à sua mulher: - Isto vai melhorar logo, siga a minha receita, ajudou aos outros também, isto tudo é somente humano, despedindo-se com um adeus e acompanha-nos até o Schneider, o canoeiro, que recebe na sua varanda, cumprimentando-o: - Bom dia, doutor, sim, assim faremos ... .Depois se houve estrondosas gargalhadas, ha, ha, ha,, agora compreendo a coisa.
Caminhando, chegamos ao Hospital Municipal, cumprimentamos a Lieschen Wandal no momento que está fechando a janela: - Bom dia Dona Lieschen, tudo bem?
Mas o que está acontecendo no outro lado da rua? Muita movimentação com gritaria e choro: Ahá, mais um pobre desgraçado, desequilibrado mental que está sento levado para ser preso no asilo.
Bom dia, senhor Stutzer, neste momento ele está chegando lá da Câmara, o tesoureiro, que assinou uma por uma, todas as notas de com réis e duzentos réis, o dinheiro emitido pela Câmara, com sua assinatura “Otto Stutzer”. Com as sua comprida barba branca, tem a aparência de um nobre, ainda está bem de saúde, apesar da idade. Todo respeito. Com o guarda-chuva debaixo do braço, abre a sua porteira e a porta da casa e desaparece.
Agora temos a vista livre até o porto, vejam, até o rebocador “Jahn”, também está atracado. Provavelmente levará amanhã cedo, as lanchas, rio abaixo, até Itajahy. As barrigas das lanchas de frete estão quase cheias, carregadas com tábuas, caixotes e barris, atracadas no muro do trapiche, sobra pouco até a beirada, quase afundam.
O vapor “Blumenau”, na mesma direção que nós, nos acompanha ou nós à ele, mas agora inicia a grande curva para atracar. Nós também dobramos a esquina, no Jansen. No outro lado da rua estaciona o senhor Peter Christian Feddersen o seu Landau, está chegando de Altona e traz de carona o senhor Luiz Abry. Este, por sua vez, deverá receber imediatamente os imigrantes, e já se dirige à rua do trapiche.
O senhor Feddersen grita para dentro da loja: - Senhor Cônsul, novos imigrantes estão chegando, e o senhor Gustav Salinger chega à porta com a cara toda risonha e atrás dele o Hugo Joachinsthal esfrega as mãos: - É bom, precisamos deles. Em breve deveremos abrir uma filial em Hansa-Hammonia, imigrantes aumentam o consumo.
Lungershausen comenta sua nova construção com Schoenfelder, sai correndo. Luiz Sachtleben, na porta da sua loja, quer saber, porque tanta pressa, mas Lungershausen responde que Shoenfelder não aceita sugestão e continua correndo até desaparecer na próxima esquina do “Hotel Brasil” de Haennchen Scmidt, em direção à sua quase pronta casa nova, na rua das Palmeiras.
O padeiro Kuehn, ao lado de Jansen, descansa no banco frente à sua casa e pensa consigo: Se a coisa continua deste jeito preciso, em breve contratar um ajudante. O Albert Jaeger sozinho quase não dá mais conta do serviço, ainda mais que ele faz diariamente a entrega domiciliar do pão fresco, com a carrocinha. E o Dr. Faust também é da mesma opinião, quando olha por cima do muro e vê como se trabalha lá. Mas, atrás destas casas, ao lado do porto da balsa, passeia sem pressa o Dr. Todt, perante a porta da sua casa, fumando seu longo cachimbo, digerindo os rins de porco assados, que tanto gosta de comer
No pátio do porto da balsa está o Sr. Heinrich Probst, chapéu de palha de 400 réis na cabeça, falando sozinho ou com as velhas pedras do ribeirão Garcia: Parece que algo não está certo com as tábuas que o Stein está descarregando da sua carroça.
Saindo da Agência da Navegação Fluvial está chegando Erich Gaertner com suas pernas curtas e passo comprido, chocando-se quase com o professor Juerges na esquina, pois o mesmo também quer entrar na Palmen-Alee (Rua das Palmeiras(foto)) e este lhe diz: - Com tanta pressa, Sr. Gaertner? e esta balançando a sua pasta preta, no seu andar rápido lhe responde: - “Imigrantes” e com isto também já está no outro lado da rua, em direção a entrada do porto.
August Zittlow e Paul Schwartzer não tem tanta pressa. Zittlow, como de costume, com as mão às costas, seu boné de serviço, que ele já usa durante anos, na cabeça, pergunta naquele instante: Bem, como distribuiremos os personagens no teatro? - Salinger deverá ser o velho “Guarda Florestal” e seu ajudante deverá ser o Curt Hering. Gustav Lungershausen ou Max Feddersen, um dos dois deverá ser o amante e o Max Clasen seu rival. A mulher do guarda florestal deve ser a Dona Hanny e a filha sua própria filha. Para os papéis secundários, senhor Schwartzer, ainda temos a filha da Senhorita Salinger, falta alguém para o papel de....... hoppla! - Quase que acontece um desastre! ... veja, o Woldemar Odebrecht voando com a sua bicicleta, a primeira e única até agora em Blumenau, dobrou a esquina e esqueceu de tocar a sineta, bem desta vez ainda não aconteceu nada de grave, mas os dois assustados senhores seguem com seus olhares espantados o Woldemar: - É, em Blumenau já se anda apressado, está chegando o progresso; bem o Woldemar quer mostrar o seu velocípede que trouxe da Alemanha, na sua recente viagem..
Continuando o passeio pela rua das Palmeiras, eles vêem assustados, saindo apressados do jardim do Dr. Blumenau, dois rapazes, que certamente queriam roubar umas jabuticabas, atravessaram cegamente o leito da estrada, sendo, por um triz, quase atropelados pelo Sr. Woldemar, que, num reflexo, pulou da bicicleta, evitando assim o choque.
O desastre que poderia ter conseqüências desastrosas, assim foi evitado no ultimo instante, como se diz, por um fio de cabelo, Quem são estes dois rapazes descuidados? ele pergunta, ainda chocado, ao Sr. Professor Rudolf Damm, que neste momento vem subindo a rua.
Se não me engano, foram o Phillip Brandes e o Maenne Lueders. Pensei que eram meus sobrinhos Baumgarten, grita o Reinhold Anton, o farmacêutico do outro lado da rua. Ele, neste momento saiu da sua porta para olhar o mecânico Frischknecht não pode deixar de fazer logo a sua rima.:
Andar de ciclo é muito bom,
porém é necessário aprender
pois facilmente vai ao chão
ou atropelamento acontecer.
(é uma tradução livre do tradutor, pois em alemão era):
Flitzepede fahren ist ser schoen
man muss es nur auch erst verstehn
denn leicht passiert’s den fahrradsmann
dass er die Fussleut’s rampelt an.)
Todos riram e cumprimentaram o poeta improvisado. Jacob Schmitt, o delegado de polícia, bate nas costas estreitas de Frischknecht com a pesada mão: - Então como sempre, rimas facilmente! - e aos outros presentes fala: - Bom apetite, vamos ver se sobra um copo de cerveja para mim e se vocês tomam cerveja do Jennrich e Rieschbitter, não esquecem de abrir um do Hosang também, mas sempre na medida e sempre com calma e sem barulho exagerado, pois como sabem devido ao meu ofício, neste caso, deverei agir. Ernst Kielwagen diz seco: - Sempre devagar, vizinho, com nós não se precisa preocupar e se alguém não está de acordo que não olhe para cá. E o madeireiro, senhor Saint-Martin Hofer, com comércio de sarcófagos, baús e móveis em geral na rua dos atiradores fala: - Baús de todos os tamanhos e modelos tenho sempre à disposição. Todos riram. Pessoal, sempre com calma diz Sheidemantel, senão tiro uma foto que publicarei no jornal “O Imigrante”, retirando-se em seguida, subindo a rua das Palmeiras, em direção ao porto.
Também nós seguimos o nosso caminho, devido ao acontecido com o ciclista, quase esquecemos os imigrantes, mas na saída ainda avisamos: - ‘Imigrantes’, E logo alguns se locomoveram em direção ao porto para ver o vapor e o desembarque dos novos alemães que estavam chegando.
Também o latoeiro Behnke era curioso e acompanhou-nos à porta do Teatro Frohsinn. Ele passou pelo caminho da cadeia pública, para encurtar e trouxe consigo o guarda-chaves da cadeia, o sapateiro Peter que também queria ver os recém chegados. Mas no alto do barranco do porto da balsa estava o Sr. Schrader com o pequeno Cunha e o Fides Deeke que vieram naquele momento do prédio da Câmara Municipal, do outro lado da rua.

Os recém-chegados já desceram do vapor. Eugen Germer estava entre eles para carregar a bagagem e levar ao hotel Holetz. (foto) Tinha que levar toda a carga em diversas corroçadas, cheias de caixotes, malas, cestas e pacotes de todos os tamanhos e tudo mais que os imigrantes trouxeram. Porém as suas espingardas os homens não largaram, alguns até tinham duas. Luiz Abry esclareceu aos mesmos, que já amanhã cedo seguirão em carroções puxados por quatro cavalos até a Hansa. Lá o ribeirão Taquara deverá ser colonizado, e até no Sellim o pessoal já pode escolher suas glebas, pois já estão medindo e catalogando ambas as margens do mesmo.
Em seguida, todos caminhamos pela rua do porto ao prédio da Câmara. Os dois policiais, cuidadores da ordem em Blumenau, o Katzwinkel e o Krause, fizeram olho grande quando vieram as belas armas trazidas pelo alemães, pois eles só usavam um sabre curto no cinto quando estavam em “serviço”. Hoje o policial Katzwinkel estava descalço, ou melhor, de chinelos, pois no domingo calçou uns sapatos novos que provocaram bolhas nos pés, e assim, estava impossibilitado de usar seus botins, foi isto pelo menos, o que nos contou, desculpando-se.
Caminhando, chegamos à ponte sobre o ribeirão Garcia, a velha ponte de madeira. Era a segunda ponte que foi construída naquele local, pois a enchente de 1880 tinha a arruinado e carregado parte da primeira, impossibilitando a sua reconstrução. Atravessada a ponte, invadimos o Hotel Holetz, logo ao lado. Mas o Sr. Holetz, enérgica e resoluta, nunca perde a calma. As empregadas tem que se mexer e pular para cumprir as suas ordens, e servir a todos. Ao redor das compridas mesas foram colocados bancos de madeira e o jantar já está pronto e abundante. O Karl Holetz e o Sr. Orth acabaram de matar um porco que eles já mesmo, nos fundos, criaram, e assim, carne não faltou à mesa.
Rua XV de Novembro aos fundos Igreja
Servem até salame, pois o açougueiro Poerner os tem pendurado no teto do seu picador. Mas certamente não será posto à mesa hoje, só à pedido especial. Hoje é servida uma deliciosa feijoada fresca, comida gostosa que é aceita por todos, principalmente para quem tem fome. E isto não nos falta e muito menos aos imigrantes. Aqui o pessoal deverá pernoitar.
Camas para todos infelizmente não tem, mas o Richard Holetz aí tem o grande salão, com paredes de tábuas e lá cada um se ajeita como pode, entre as bagagens e com cobertores fornecidos pelo proprietário.
Nós nos despedimos dos imigrantes e do coitado do Richard Holetz, que devido à sua doença, depois de um principio de enfarte, não pode se locomover e sair de traz do balcão, fica sempre sentado na sua cadeira, observando o movimento e nada lhe escapa. Só pode andar com a ajuda de duas bengalas, com as quais se locomove passo a passo.
Otto Strobel, marceneiro e freguês, traz neste momento ao senhor Holetz o último número do “Urwaldsbote”. O próximo número só sairá depois e amanhã. Este jornal Blumenauense é difundido em todo o vale.
Chegando a estrada, estamos vendo as crianças do Leopold Knoblauch, com sua carrocinha puxada por dois cabritos, bonito para ver, pois os dois bodes estão bem treinados e puxam com muito jeito. O Knoblauch também está por perto, observando para que nada de mal vá acontecer com seus filhos, ainda mais com tanta assistência, devido à chegada dos imigrantes e sua constante movimentação na estrada.
Aí vem chegando, montado no seu cavalo branco, o Sr. Wilhelm Schaefer, dono de uma serraria lá em Nova-Rússia, perto do morro do “Spitzkopf”. Frente a sua loja, aos cuidados do seu filho Richard, escutamos que ele a chamara para dentro da loja: - Rudolf, - e novamente: - Rudolf Sprengel, vá para a Lieschen Strobel e pergunta se ela ainda tem pãezinhos frescos, pois trouxe uma fome danada, e alguns pãezinhos de Strobel sempre são bem-vindos. Depois você vai ao correio, provavelmente terá algo para nós. Em seguida dirige seu cavalo branco ao portão da entrada do pátio, aí ele vê a senhorita Gretchen, que está no jardim ao lado, embaixo do pé de abacate grande. Oh, Dona Margarita, como vai? E as aulas, como vão? Os dois vizinhos são muito amigos. Ela é a professora da escola estadual local. A senhorita, amigável como sempre, responde: - Obrigada Sr. Guilherme, tudo vai bem. Como vai lá, com seus Deutsh-Russen no Spitzkopf? Pode se ver bem este morro da “Kaiserstrasse” (Alameda Rio Branco), lá do fundo com seus 950 metros de altura, ele dá um fundo bonito para a paisagem Blumenauense deste lado. Não vai tão bom como se esperava, responde o Sr. Schaefer, à pergunta da Dona Margarita. Os colonos estão inquietos devido aos bugres que ultimamente, novamente aparecem por lá. A insegurança é grande e o pessoal não quer ficar lá, falam em ir para Benedito Novo, para onde alguns já partiram. Mas o meu filho Erwin que está lá, apareceu aqui nestes dias e disse, que lá em Liberdade, o clima também não parece tão seguro, ele consegue se manter por lá, mas os bugres lá também ameaçam. Estes irmão vermelhos ainda são perigosos, principalmente nas casas isoladas e avançadas na colônia, que mal foi aberta, mas com o tempo a situação vai melhorar. O principal é não abandonar a colonização e o nosso pessoal deve sempre mostrar os dentes, e no último caso, usar as armas para se defender.
Montado no sue pangaré velho, aparece agora lá da Kaiserstrasse, o Sr. Christian Schmidt, vulgo “Millionen-Schuster”; capacitado e amado professor e orientador dançarino de quadrilhas e poloneses: “Las dames en avant, a la bonheur teuts avers” - Com elegante gesto ele tira o seu chapéu, descobrindo assim a sua careca cor de marfim. Ao seu lado cavalga a sua graciosa filhinha, recém saída da escola, parecendo “Branca de Neve”. Lá no Holetz dobram a esquina, seguindo com seus cavalos em direção à ponte do Garcia, conversando animadamente.
Indaial/Blumenau, maio de 1950
OTTO STANGE
(Traduzido do original alemão para o português pelo filho Erich Stange, em julho de 1994)
Texto enviado por Fernando Pasold. Arquivo de Adalberto Day

domingo, 21 de março de 2010

- Ensino é tradição na cidade de Blumenau

Um tema importante, para pesquisas e nossos visitantes do Blog. A Escola Nº 1, ao contrário que muita gente pensa, não foi a primeira escola de Blumenau. Acompanhe o texto do jornal de Santa Catarina de setembro/2000 e saiba mais.
Foto: Eraldo Schnaider
Apesar de toda dificuldade dos colonizadores, Blumenau também foi berço de um grande número de educandários. Já nas primeiras levas de colonos a chegar a colônia, aparece também o primeiro professor da cidade. No dia 3 de junho de 1852 desembarca Fernando Ostermann, 26 anos. Além da área central, duas tardes por semana ministrava aulas também à população ribeirinha. A educação dos colonos era uma das prioridades do fundador.

Em 1862, ficou pronta a casa d’escola, a primeira escola do municipio. O espaço foi criado pelo pastor Oswald Hesse (Foto) na colina onde atualmente está a Igreja Evangelica-Luterana. Sua primeira turma de alunos contava com 38 integrantes. Dois anos mais tarde, fez-se mais uma escola, em separado, especialmente dedicada ao aprendizado das meninas. Foi erguida no local onde mais tarde foi instalada a agência dos Correios, na Alameda Rio Branco. Então,as duas eram as únicas escolas públicas na zona de colonização.
Porém, a escola conhedica como a nº 1 de Blumenau se localiza na Itoupaba Central. O nome (nº1) vem do fato da região ter sido dividido em lotes, ns quais eram construídos os prédios de interesse da comunidade. O número 1 foi destinado à escola, o 2 à igreja, o 3 ao cemitério e assim por diante.
Ninguém sabe ao certo, quem construiu o prédio, até hoje conservado pelo município. Acredita-se que tenha sido o engenheiro alemão Heindrich Nicholas Passold, que viveu na cidade entre 1860 a 1877, quando faleceu. Seu túmulo está,inclusive no cemitério localizado atrás da edificação.
Construída em 1870, no local funcionava uma das três primeiras escolas da Colônia Blumenau, a Escola Nº da Itoupava Central, e a igreja da região. Em 1992 a construção foi restaurada para sediar um museu, o qual funcionou por alguns anos. A Fundação Cultural de Blumenau restaurou o prédio novamente em 2001.Foto Lysandro Lima.
O ensino local teve grande impulso com a chegada de representantes de Hamburgo na colônia. Era daquela cidade a maioria dos imigrantes e de lá também vinha grande partte do suporte financeiro e material para a empreitada de Blumenau. Foi deles a idéia da Neue Deustsche Schule, a Nova Escola Alemã. Oficialmente aberta em 1° de maio de 1889, surgiu em oposição ao primeiro vigário de Blumenau, o padre José Maria Jacobs, que fundara o Colégio São paulo.

Recebendo dinheiro e professores da Alemanha, em 1933 o pior acontece:as idéias nazistas se infiltram e ganham força na instituição. Com a forte campanha de nacionalização, por volta de 1937 as atividades da Schule sofrem sérias restrições, que resultam no fim do educandário. Em 1942, a escola fica em poder do Estado, que mais tarde seria reaberta e rebatizada como Pedro II, hoje a segunda maior escola estadual de Santa Catarina.

Jornal de Santa Catarina, sábado 2 de setembro de 2000 – 150 anos Blumenau;volume 3 – O Passado.
Arquivo de Adalberto Day

quinta-feira, 18 de março de 2010

- Coragem para enfrentar o desconhecido

Quando os pioneiros chegaram à foz do ribeirão da Velha, só encontraram o mato cerrado. Existia também o perigo das pumas, onças, cobras e dos insetos peçonhentos e a mais diversas infinidade de surpresas que a densa Mata Atlântica podia proporcionar aos atentos imigrantes. E ainda haviam os “selvagens”, muito falados e temidos pela violência de algumas ações contra os exploradores.
A tarefa dos imigrantes, porém,exigia mais coragem do que enfrentar feras e índios:criar uma comunidade capaz de se desenvolver com a opulência,mesmo enfrentando obstáculos como as enchentes e a falta de recursos. O farmacêutico Hermann Bruno Otto Blumenau sabia que este era o real desafio. Quatro anos antes, ela já havia conhecidoo Sul do Brasil e, em 1848, chegou à região margeada pelo Itajaí-Açu , onde daria inicio ao seu empreendimento com Ferdinand Hackradt, que logo seria desfeita.
Blumenau acreditava que os imigrantes especializados em um oficio, ou experientes em um determinada área, levariam vantagem sobre os demais. Assim chegaram de inicio profissionais qualificados, como ferreiros, oleiros, carpinteiros, veterinários e agrimensores. Mesmo tendo grande parte dos pioneiros se dedicado em primeira instância à pequena agricultura, as demais habilidades foram úteis no início da colônia. A cana-de-açúcar, o aipim e o milho logo se tornaram importantes na economia colonial. Mas já havia certa diversificação: poucos anos depois, o fumo em folha já abastecia, por exemplo, uma fábrica de charutos na colônia, empreendimento que teve atenção especial de Blumenau.

A rusticidade dos primeiros ranchos logo foi dado espaço a moradas mais acabadas. Wilhelm Friedenreich, que já se apaixonara pela natureza do local, começou a construir já em fevereiro de 1851 a morada para sua família. Tentou colocar na simples residência todo conforto possível naquela época e naquele lugar.
As casas iniciais eram de pau-a-pique, cobertas com folhas de guaricana. Pouco depois, já surgiram casas feitas com tábuas de madeira, cortadas com serra de traçador. Os telhados, ao menos, já eram compostos com peças de olaria. A rusticidade, contudo, permanecia nos lares dos colonos.
Jornal de Santa Catarina, sábado 2 de setembro de 2000 – 150 anos Blumenau;volume 2 – O Passado.
Arquivo de Adalberto Day/Sônia Baier Gauche

segunda-feira, 15 de março de 2010

- O primeiro tecelão a se aposentar



A imagem de 1976 mostra o senhor Cristóvão Rachbert Rosembrock. Rachbert, como era conhecido, foi o primeiro tecelão a se aposentar pela empresa Artex em Blumenau. A Artex foi fundada em 1936 por Otto Huber e Theóphilo B. Zadrozny. Estiveram na fundação também Max Rudolf Wuensch, Albert Hiemisch, Alfredo Hess, Artur Rarbe e Ricardo Peiter. (Foto: Arquivo de Dalva e Adalberto Day)

Publicado no Jornal de Santa Catarina – 04/03/10, coluna ALMANAQUE DO VALE do jornalista Sérgio Antonello.
Artex- 1938
Arquivo de Adalberto Day

sexta-feira, 12 de março de 2010

- Protesto em Blumenau em 1934

Em 1933 Vargas nomeia como Interventor de Santa Catarina o Coronel Aristiliano Ramos. Na época, o então prefeito de Blumenau Antônio Cândido Figueiredo, contrário a esta nomeação, envia telegrama ao Governo do estado renunciando ao cargo, isto porque não concordava em estar sob comando indireto do político Nereu Ramos. O povo da região também não se alinhava ao novo presidente e dá maioria de votos na eleição parlamentar de 1933 ao partido Republicano. Como represália a esta posição política, no ano seguinte o Interventor Aristiliano Ramos desmembrou os distritos de Blumenau, criando assim os municípios de Indaial, Gaspar, Timbó e Dalbérgia (Ibirama). Reduziu desta forma, o território da cidade a menos de um terço de seu tamanho, prejudicando Blumenau política e economicamente [6].
Como reação, a população blumenauense saiu às ruas em passeata de protesto. "O comercio e as indústrias paralisaram suas atividades durante vários dias e a cidade entrou em convulsão,motivando a exoneração do prefeito Jacob Schmidt". Em seu lugar assumiu o capitão Antônio Martins dos Santos, da Força Pública do Estado. Ele veio com a missão de reprimir os protestos e manter a ordem. Após seis meses, transmitiu a posse a João Gomes
Acesse:
http://www.indaial.com.br/

1. na coluna à esquerda
2. Especiais - Fotos antigas
3. Década de 30
4. 1934 emancipação
– Colaboração José Geraldo Reis Pfau/Adalberto Day

terça-feira, 9 de março de 2010

- O Cinema em Blumenau – Parte XVIII

Mais uma participação exclusiva e especial do renomado escritor, jornalista e colunista, Carlos Braga Mueller, que hoje nos relata sobre as peripécias dos exibidores de cinema Ambulantes.
Por Carlos Braga Mueller
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Bate o gongo. Apagam-se as luzes. Vai começar uma sessão de cinema muito especial. Prepare-se, porque aqui, e agora, vocês vão conhecer algumas..


PERIPÉCIAS DOS EXIBIDORES DE CINEMA AMBULANTES!

Antes que o empresário Eduardo Delatorre construísse o seu majestoso Cinerama em Balneário Camboriú, muitos exibidores ambulantes de filmes passaram pela então pacata praia do nosso litoral, que um dia seria a mais badalada do Estado.
Por volta de 1962, a convite do presidente do Iate Clube de Camboriú, Sr. Engels, comerciante em Blumenau, eu e Alvacir Ávila, ambos cinéfilos de carteirinha, nos municiamos de um aparelho projetor de 16 mm e lá fomos em direção ao litoral, levando filmes para exibição.
O Iate Clube de Camboriú era uma imensa construção de madeira que abrigava inclusive um enorme salão para festas. O palco devia ter uns 20 metros de boca.
Localizava-se próximo onde hoje a Terceira Avenida desemboca no túnel sob a BR-101; Quem olhasse de longe pensava tratar-se de um hangar de aviação.
Pois bem. Lá estávamos no salão, Alvacir e eu, e ainda a Eva, futura esposa dele, com uma grande tela na mão para estender no palco. O que não contávamos era com uma largura daquele tamanho! Não havia tela que fosse de lado a lado. O jeito foi esticá-la com cordas o quanto deu, deixando-a balouçante, a mercê de qualquer vento. Para as exibições seguintes a solução foi levar um “pano branco” maior.
Durante alguns meses acostumamo-nos a , todos os sábados, esticar a tela, montar o projetor e exibir os filmes.no Iate Clube Camboriú. Foi lá, no restaurante do clube, que aprendi a gostar de camarão.

JESUS, O FILHO DE DEUS
Nestes capítulos que contam histórias e fatos do cinema em Blumenau, já descrevi uma sessão de cinema ambulante que fizemos, eu e Alvacir, em um salão paroquial de Belchior Baixo lá por volta de 1963.
Resumindo: a energia era tão fraca que quando se acendia a lâmpada de 1.500 watts, a força caía quase a zero.
O filme programado havia sido anunciado pelo vigário local e o público era imenso. Afinal, o título da película, “Jesus, o Filho de Deus” , havia sensibilizado os moradores dali, que não poderiam ficar na mão.
A solução, “luminosa”, veio do vigário. Chamou alguns fiéis e mandou que percorressem rapidamente a região, pedindo que os que estivessem em casa apagassem suas luzes.
Só assim, a energia elétrica permitiu que motor e lâmpada do projetor de filmes funcionassem.
E todos puderam assistir e aplaudir a história de Jesus, uma produção italiana que tinha vindo direto da Distribuidora Barone de São Paulo.
CÂMERA MÁGICA
Mas algo muito peculiar estava para acontecer ainda naquela mesma noite.
Antes do filme “Jesus, o Filho de Deus”, exibimos um documentário em inglês, produzido pela Castle Films, que pertencia à filmoteca do senhor Willy Siewert,.de Blumenau.
O título em inglês era qualquer coisa como “Câmera Mágica” e mostrava como se faziam truques no cinema. Apresentava, inclusive, rodeios de cow-boys americanos.
Quando a sessão terminou, um senhor aproximou-se de nós e perguntou quanto cobraríamos para exibir de novo o documentário. Ele havia gostado muito de ver os rodeios na tela.
Não lembro quanto pagou, mas passamos de novo o documentário, que devia ter uns 8 a 10 minutos.
Terminada a apresentação ele insistiu: queria assisti-lo novamente..
E assim exibimos mais 3 vezes o curioso curta-metragem, para um espectador mais curioso ainda !
Se avançássemos quase 50 anos no tempo, chegando a 2010, teria esse espectador a oportunidade de possuir seu aparelho de DVD e, com o controle na mão, assistir quantas vezes quisesse o seu filme preferido.
Ou então, seria uma presença obrigatória na grande arena da Festa do Peão de Boiadeiro, de Barretos !
Em 1962 os tempos eram outros.
Se alguém dissesse que um dia um filme caberia num pequeno disco de DVD, iria passar por mentiroso....Naquele longínquo 1963, alguém acreditaria, por exemplo, que “ E o Vento Levou”, de 3 horas e meia, cujos rolos eram acondicionados em mais de 10 latões para chegar aos cinemas e ser exibido, poderia ser compactado em dois disquinhos ?
Texto: Carlos Braga Mueller/arquivo de Adalberto Day

CONFIRA: Cinema na Visão dos Cinéfilos
* Carlos Braga Mueller 
http://www.youtube.com/watch?v=B1C-h3sgyPk

segunda-feira, 1 de março de 2010

- Udo Schadrack

Udo Schadrack
Por Lauro Eduardo Bacca/autor
O empresário blumenauense, foi inegavelmente o precursor da defesa do ambiente natural em Blumenau, onde nasceu em 1910. Estudou formalmente por oito anos no Colégio Santo Antônio, considerado de excelente qualidade. Iniciou sua vida profissional aos 14 anos, tornando-se mais tarde, próspero empresário na área comercial e como agente de seguros. Aos 17 anos, tornou-se sócio do Theater und Gesank Verhein Frohsin, atual Teatro Carlos Gomes, em cuja orquestra foi violonista por alguns anos.
Exerceu por trinta anos, desde a fundação até seu falecimento, a presidência do Conselho Curador da Escola de 1º e 2º grau Barão do Rio Branco de Blumenau. Era sócio FBCN – Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza e de outras entidades.
Udo (Foto) tinha 22 anos quando o pai Ferdinand faleceu em 1932, e herdou as terras no ribeirão Caetés, que compreendia as matas da quase totalidade da vertente norte do Morro Spitzkopf e proximidades Em 1950 adquiriu um terreno vizinho de 100 hectares (Santos,2004) que incluía o cume do morro Spitzkopf, ampliando a propriedade herdada, para pouco mais de 500 hectares.
A partir de 1932, cessou também toda a exploração de madeira na propriedade que, felizmente, não havia sido intensa. A única exceção foram oito grandes carvalhos-vermelhos doados por Schadrack para a confecção dos bancos da atual Catedral de São Paulo Apóstolo de Blumenau (LONGO,1981,b).
Tendo participado de caçadas quando jovem, prática extremamente comum à sua época, Udo Schadrack impressionou-se ao perceber, ano após ano,a rápida diminuição da fauna, o que o fez tornar-se um dos seus mais ferrenhos defensores, tarefa que executou com extrema dedicação e sem esmorecer até a sua morte, apesar de ter sofrido inúmeras decepções e dissabores de toda a ordem.
Spitzkopf
Ficou sócio  nº 45 do Spitzkopf-clube , já referido,tornando-se seu presidente em 1948.Como proprietário, tornou público pelos jornais da cidade que, em julho de 1952, transformou legalmente área como Parque de Criação e Refúgio de Animais Silvestres, junto a então Divisão de Caça e Pesca do Ministério da Agricultura.
A constatação que seus esforços resultaram no aumento da fauna tanto em sua propriedade como nas vizinhanças foi uma alegria logo acompanhada de problemas,pois isso passou a atrair para ali também os caçadores ou, como escreveu Udo Schadrack ,”exterminadores de nossa fauna, os quais escolhem o meio mais fácil de matar a caça,essa mesma caça, que estou criando e protegendo no meu Parque de Criação, com sacrifícios que poucos conhecem”.
Udo Schadrack por várias vezes denunciou nominalmente caçadores que seus guardas surpreendiam em seu Refúgio Indignava-se sobremaneira que entre os mesmos haviam funcionários públicos que deveriam ao seu ver, dar o exemplo de cumpridores da lei.Embora sem se indispor contra a justiça, sofreu com a demora da mesma e até com a absolvição de alguns acusados,fatos que aumentavam a sensação de impunidade por parte dos infratores.
Sobre o desfecho de um episódio de denuncia contra um caçador, escreveu “!...! a Policia fez o que lhe cabia fazer: elaborou os laudos !...! e encaminhou o caso a justiça, que julgou improcedente a queixa e absolveu o réu, sim, ABSOLVEU O REÚ !...!” (SCHADRACK, 1974, não paginado).

Escrito dessa forma, parecendo um verdadeiro grito de inconformismo a ecoar do papel, esse longo artigo publicado no Jornal de Santa Catarina em dezembro de 1974, bem resume o empenho e perseverança de Schadrack na defesa de nossa fauna. Tal manifestação repercutiu intensamente, suscitando nos dias seguintes, no mesmo jornal, como poucas vezes acontece, uma série de manifestações de leitores, todos apoiando suas argumentações. Além de manifestações públicas com denúncias ou apelo em defesa da fauna, Udo Schadrack empenhou-se também em ações pró-ativas como, por exemplo, visando melhorar a fiscalização da caça, encabeçou um abaixo-assinado e endereçado ao Governador Heriberto Hulse (1958-1961). Contendo adesão de dezenas de lideranças blumenauenses, pedindo a efetivação do Senhor Celso Silveira no cargo de fiscal de armas e munições em Blumenau. No preâmbulo do texto, identificou-se como “batalhador que sou pela defesa de nossa fauna”.
Dono de um estilo preciso e eloquente na escrita, as vezes satírico, Udo arremata:
!...! Fala-se muito em turismo, cognominado também de “indústria sem chaminé”.
Efetivamente, sem chaminé, o turismo muito bem poderia existir em nosso país, mas SEM FAUNA, o turista apenas serviria de testemunho a um irremediável crime cometido contra a natureza, que ao povo brasileiro foi confiada por Deus em uma abundância, riqueza e beleza, que pode causar inveja aos outros povos menos ricamente abençoados, mas que sabem conservar e proteger os seus encantos naturais. (SCHADRACK,1974, não paginado).
Castelinho da Moellmann, atual Castelo da Havan
Tombado pela Fundação Catarinense de Cultura, é o segundo atrativo mais fotografado do sul do Brasil. Construído em 1978 pelo empresário Udo Schadrack, de família tradicional blumenauense, o prédio consiste numa réplica da prefeitura de Michelstadt, cidade localizada ao sul da Alemanha. Até 1999 foi a sede da Comercial Moellmann, uma das mais importantes empresas do Estado. A partir de 2002, o prédio passou a abrigar a Secretaria Municipal de Turismo. Atual Castelo Havan inaugurado em 31 de maio de 2008. Presentes Hans Schadrack, filho do empresário Udo Schadrack,
_________________
Nesse mesmo artigo, ao mencionar a visita que receberá no ano anterior de 1973, fruto de iniciativa da nascente ACRAPENA , do Botânico Raulino Reitz e outras importantes autoridades do então IBDF, Schadrack manifesta publicamente pela primeira vez sua intenção de doar grande parte da propriedade a uma entidade oficial que garantisse a transformação daquela região em Parque Nacional, com a aquisição naturalmente dos terrenos adjacentes !...! inaproveitáveis para a lavoura ou urbanização mas ótimas para a proteção da natureza e vital para a proteção da cidade de Blumenau”. (contra enxurradas).
(SCHADRACK, 1974, não paginado).
Tal promessa de doação Schadrack repetiu alguns anos mais tarde, em 1979, quando publicou artigo com o título de “Alarma” , tanto no extinto jornal “A Nação” como no jornal de Santa Catarina (SCHADRACK,1979a;1979b).
Tal artigo consistia em uma séria e contundente advertência contra o desmatamentos que passavam a intensificar-se nas cabeceiras do ribeirão Garcia, tornando aquele vale, bem como áreas de municípios próximos, mais sujeitas às conseqüências das enchentes e enxurradas, provocadas por fortes chuvas que ao encontrariam mais a resistência, proteção e efeito esponja da densa vegetação que ali começava a ser mais intensamente destruídas.
Udo Schadrack morreu em 16 de dezembro de 1983, sem saber que suas vigorosas sementes estavam germinando com muito viço, ainda que lentamente. Vinte e um anos mais tarde,  "em 04 de julho de 2004, era criado o Parque Nacional da Serra do Itajaí, englobando área até maior que a sugerida por ele".. Por coincidência,, na noite do seu velório, exatamente como havia advertido em “Alarma”, abatia-se sobre o vale do Garcia um das maiores enxurradas de sua história, causando prejuízos e perdas de toda ordem aos particulares e aos cofres públicos de Blumenau.
Blumenau em cadernos – 50 anos. Edição especial 1957-2007, onde fui citado por Lauro Bacca na página 31.Autor: Lauro Eduardo Bacca/Dados da família de Udo Schadrack.
Arquivo de Adalberto Day

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