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terça-feira, 25 de agosto de 2015

- Fritz Müller.& Gustav Stutzer

BLUMENAUENSES ILUSTRES E O QUE ELES DISSERAM (SEM CENSURA)



Por Carlos Braga Mueller/Jornalista e escritor




O Pastor protestante Gustav Stutzer chegou a Blumenau  em 1885 e ficou apenas dois anos por aqui. Comprou terras do Dr. Blumenau, não conseguiu pagá-las, enfim, provocou muitas dores de cabeça para o fundador.
Mas neste curto espaço de tempo conheceu profundamente a vida e o povo de Blumenau e no seu retorno a Alemanha escreveu muitos livros, alguns contando suas experiências na América do Sul.
No livro “In Deutschland und Brasilien” ele descreve uma conversa íntima, e áspera, que teve com o naturalista Fritz Müller.
Johann Friederich Theodor Müller, ou simplesmente Fritz Müller, se mudara da Alemanha para Blumenau a fim de pesquisar a floresta tropical. Estudioso, ajudou Darwin a elaborar sua tese sobre “a origem das espécies”. Era um homem de difícil diálogo, mal humorado, segundo Stutzer. O Pastor o procurou e conseguiu  chegar ao seu gabinete de trabalho. A primeira pergunta do naturalista foi seca:
- O senhor não teve medo de me procurar ?
- Medo por quê? respondi. Não tenho medo de homem nenhum.
- Deveras? O senhor teria procedido melhor se tivesse medo do Dr. Blumenau e tivesse ficado na Alemanha. Eu sei que o senhor é um ortodoxo (pastor protestante) e eu odeio essa gente.
Stutzer retrucou:
- Sei que o senhor é um naturalista célebre, cujas pesquisas e resultados respeito plenamente, mas cujas conclusões filosóficas, entretanto, não valem nada.
- Não se dê ao trabalho de querer me catequizar, disse Fritz Müller com aspereza. Não creio naquilo que o senhor chama de Deus. E o que classifica de espírito não passa de funções do cérebro. E o que entendem como pecado são puras ilusões. Eu não necessito de um salvador e digo como Voltaire: tudo é matéria.
Stutzer escreveu que este palavreado oco não o impressionou e lhe veio à mente o versículo do salmo: “Os tolos dizem em seu coração: Deus não existe !”
E respondeu então a Fritz Müller:
- O senhor vai além das atitudes de Darwin, que é amigo e patrocinador de missões cristãs entre os gentios e pagãos, ao que o naturalista retrucou:
 - Isso são remanescentes ridículos da sua educação inglesa.
Evitando continuar com o difícil diálogo, Stutzer encurtou a conversa:
- Eu vim aqui apenas para conhecer o homem desta comuna mais conhecido no mundo. A sua reação violenta, Dr. Müller, mostra que, no íntimo, o senhor ainda não está perfeitamente convencido.

E dizendo isto, Stutzer despediu-se. 
(Fonte: Blumenau em Cadernos, Tomo VI, nº 3)
Publicada na Revista Bela vida – Junho/2015
 

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

- A Ponte Preta

- A imagem mostra a famosa Ponte Preta sobre o Ribeirão Garcia, na Rua Progresso em Blumenau, com acesso a Rua Rui Barbosa. À esquerda a imagem é de alunos da antiga Escola Rudolf Hollenweger, que aparece na foto em pé de chapéu. À direita, o dia da inauguração da nova Ponte, 18 de fevereiro de 1978 – de concreto - A nova ponte recebeu o nome de Gustavo Krug, mas até hoje é chamada carinhosamente pela comunidade de “Ponte Preta” Devido ser de madeira e pintada com óleo queimado. 
Obs: A atual ponte Gustavo Krug (ponte preta) foi demolida dia 12 de agosto de 2015 para ser construída uma nova com com 27 metros de extensão e 12,30 metros de largura. Para amenizar a situação principalmente de pedestres e estudantes, foi construída uma ponte pênsil de 50 metros,  rua Jornalista Israel Corrêa, ligando a rua Progresso. Custa R$ 1,1 milhão.

Demolição da Ponte 12.08.15 - Foto André Luiz Bonomini
Demolição da Ponte 12.08.15 - Foto André Luiz Bonomini
 Ponte pênsil (Rua Jornalista Israel Corrêa e Progresso)  - Foto André Luiz Bonomini
Vergonha passados 5 meses e 11 dias (23/01/16) assim está a Ponte Preta. Demolida em 12/08/15
Ponte entregue a comunidade  a partir de 18 de abril 2016
Inaugurada dia 14/05/2016
As noves vigas de sustentação da nova estrutura da Ponte Preta.
Um novo impulso com essas noves vigas, nas obras da Ponte Preta com acesso a Rua Rui Barbosa, foi dada no dia 26 de Janeiro de 2016.
 História
- A Ponte Preta foi uma antiga reivindicação da comunidade, anteriormente existia apenas uma ponte pênsil “Pinguela”. A intenção do Professor Rudolf Hollenweger, era construir a ponte onde se localizava a escola no inicio da Rua Júlio Heiden,30 que desde 1904, existe uma “Pinguela” dando acesso Rua Catarina Abreu Coelho/Rua Júlio Heiden.
- A imagem do final dos anos de 1960, mostra um grupo de amigos sobre os pilares da “Ponte Preta”, se preparando para um bom mergulho no Ribeirão Garcia. Era comum este tipo de encontro para banharem-se no caudaloso e profundo (naquela época) Ribeirão Garcia. O mergulho era feito dos pilares da ponte.
- Em reunião com a comunidade, Hollenweger cedeu e prevaleceu o anseio da maioria e a ponte de madeira, mais larga e coberta, pintada de preto, foi erguida na década de 1920, com acesso a atual Rua Rui Barbosa Quem morava onde hoje é a Rua Rui Barbosa dizia que morava no “Krohberger ” ou Krohbergerbach “bach ribeirão”, ou ainda somente “Kroba”, devido a primeira família a morar na região Sr. Heinrich Krohberger, que chegou por aqui por volta de 1858 e falecido em 22 de abril de 1914 - que possuía uma grande propriedade - era engenheiro, agrimensor prestou serviço em vários governos inclusive com Dr. Blumenau, projetou as primeiras e maiores obras de vulto do município , entre os principais estão a construção das pontes do Garcia e do Salto, igrejas católicas e evangélicas.
A Imagem mostra a Ponte Pênsil (atual), onde fizemos referencia da Escola Rudolfo Hollenweger, acesso Ruas Catarina Abreu Coelho/Júlio Heiden. Arquivo de Adalberto Day e Dalva Day /Colaboração Nelson Krug.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

- Adivinhe que país é este?

             Jornal de Santa Catarina Edição 11.391 - sexta  19.09.2008
Ainda somos um outro país?
Como seria recebida hoje a propaganda que, há mais de quatro décadas, transformou Blumenau na Europa brasileira. A peça ocupou oito páginas de uma das revistas mais populares do país e marcou o início do turismo de lazer na cidade

Blumenau - Em meio ao vale surge a cidade de ruas limpas, casinhas com cortinas coloridas e flores no quintal. Nelas, moram brasileiros louros de sotaque catarinense. Mas, observada com certo distanciamento, não é que parece um pedacinho da Alemanha? É a Blumenau dos anos 60 convidando os brasileiros a visitar a cidade. O convite foi um anúncio de oito páginas na edição de setembro de 1968 da revista de circulação nacional Seleções Reader’s Digest .
Era a primeira vez que o município se mostrava ao país como a Blumenau Germânica. A campanha publicitária, batizada de Adivinhe que país é êste (assim mesmo, com acento circunflexo), é considerada um marco para o turismo da cidade.
- Essa iniciativa foi inédita no Sul do país. Nem Gramado (RS) existia como cidade turística. É a melhor peça da vida da comunicação deste município - entusiasma-se o publicitário José Geraldo Reis Pfau, dono de um dos poucos exemplares daquela Seleções na cidade.

As fotos do anúncio mostravam casas de "telhadinho em pé", de traços estilo técnica enxaimel, e faziam referência a paisagens da Alemanha, Áustria, Escócia, e Luxemburgo.
O blumenauense era descrito como acolhedor e educado, alguém que, em vez de limpar os pés para entrar em casa, limpava para ir à rua. A ideia era convencer os leitores de que conhecer Blumenau era viajar ao Exterior sem passaporte ou moeda estrangeira. Deu certo.
Ao transpor o apelo da campanha para os dias de hoje, publicitários e representantes de entidades ligadas ao turismo são unânimes em afirmar que alguns dos conceitos explorados no anúncio não condizem mais. Mas a maioria acredita que a identidade germânica ainda é a melhor forma de atrair turistas.

- Só nós temos condições de ter um cenário 65% verde, casinhas enxaimel, gente loirinha, falando alemão na rua, tudo limpinho. Isso tudo ainda existe - complementa Pfau.

Os adjetivos atribuídos ao comércio, hotéis e restaurantes, no anúncio de 1968, pediriam um realinhamento, concordam os publicitários Pfau e Cao Hering, ambos no ramo há mais de 30 anos. Os hotéis, por exemplo, foram anunciados como de categoria internacional. Procurador do município do governo Carlos Curt Zadrozny - prefeito que encomendou a campanha a uma agência paulistana - , o advogado Eunildo Rebelo compara:

- Em Gramado, o comércio de rua fica aberto 365 dias do ano. Aqui, chega sábado à tarde e fecha tudo. Deveríamos fazer pousadas bem feitas, em vez de hotéis verticais. Combinaria mais.

O presidente do Convention & Visitors Bureau, Luciano Monteiro Bem, diz que o aniversário de 40 anos do anúncio serve para reflexão. Ele admite que houve desaceleração nos investimentos, "como em todo o país", mas aponta avanços na qualidade do turismo receptivo, novas atrações, como o Feliz Natal em Blumenau, e a modernização dos hotéis.

Blumenau turística?

Entenda como se deu o pioneirismo de Blumenau na promoção do turismo:

- Em 1967, o prefeito Carlos Curt Zadrozny levou a experiência adquirida na iniciativa privada (ele era um dos principais acionistas da Artex, hoje Coteminas) para a prefeitura e criou a Comissão Municipal de Turismo

- Foi o início do turismo como atividade de negócios, com planejamento e incentivos municipais

- Em 1968, ele encomendou a uma das maiores agências de propaganda do país, a Denison Propaganda S/A, uma campanha para divulgar a imagem germânica da cidade. Foi aí que surgiu a campanha Adivinhe que país é êste

- O anúncio foi veiculado na edição de setembro da revista Seleções - leitura obrigatória das famílias brasileiras na época, com popularidade equivalente à da Revista Veja hoje em dia.

- Na época, já existiam em Blumenau hotéis como Grande Hotel, Rex e Glória e restaurantes como o Gruta Azul

- Os anos seguintes foram de investimentos, tanto da iniciativa pública quanto de empresários.
Foi aí que surgiram restaurantes como Frohsinn e Moinho do Vale.

- Blumenau, que já era conhecida pela produção de cristais, instrumentos musicais e malhas, tornou-se um pedacinho da Europa no Brasil. Tudo isso muito antes da Oktoberfest, que começou em 1984

- De lá para cá, muita coisa mudou (além da Oktober). Os tremores econômicos do país nas décadas de 80 e 90, além da crise têxtil, reduziram a capacidade de investimentos do setor turístico na cidade, cedendo espaço para outros destinos no Sul do país, como Gramado, Florianópolis e Balneário Camboriú
Fonte: Arquivo histórico, publicitários e ex-funcionários do governo municipal de Carlos Curt Zadrozny
Fotos acervo José Geraldo Reis Pfau e Adalberto Day
Trabalhos de publicitário para a Revista  Carlos Henrique Knapp 
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