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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

- Incêndio na antiga Prefeitura de Blumenau


 FOGO DESTRUÍU PARCIALMENTE A PREFEITURA DE BLUMENAU

Por Carlos Braga Mueller
Jornalista e escritor


No dia 8 de novembro  de 2018 ocorreu um incêndio que destruiu parcialmente o prédio onde funcionava a Prefeitura de Blumenau.
Este blog  já postou, em 1º de abril de 2008, um histórico desta tragédia, que na época abalou profundamente a comunidade blumenauense.

Naqueles tempos, eu muito jovem, atuava na PRC-4 Rádio Clube de Blumenau, onde exercia as funções de locutor comercial, que além de ler as propagandas anunciava os programas musicais e ajudava na apresentação dos noticiários.
A PRC-4 tinha seus estúdios no segundo andar do prédio situado na esquina da Rua 15 de Novembro com a Rua Nereu Ramos. Uma sacada permitia que dali se visualizasse a Rua 15 até a Praça Hercílio Luz, onde se situava a Prefeitura.
E entre um intervalo e outro, enquanto rodava um disco, naquela fatídica noite de 8 de novembro de 1958, pouco depois da nove e meia, eu estava na sacada quando vislumbrei um fogaréu pelos lados da Prefeitura.
Pensava-se que o fogo fosse na Casa Koffke, ou na Comercial Schrader, mas logo se constatou: era a Prefeitura que pegava fogo.

DEPOIMENTO DO REPÓRTER REINALDO FERREIRA
Em novembro de 1982,o Jornal de Santa Catarina publicou uma matéria sobre o sinistro, dando destaque ao depoimento de Reinaldo Ferreira, que era chefe do Departamento de Rádio Jornalismo da Rádio Clube de Blumenau na data do incêndio.
Reinado disse o seguinte:
“Juntamente com meu então colega Carlos Braga Mueller, estava, pelas 21,40 horas na sacada do último pavimento do Edifício “A Capital”, na esquina das ruas XV de Novembro e Nereu Ramos, onde funcionavam os estúdios da Rádio Clube de Blumenau, quando este chamou minha atenção para o que parecia ser uma língua de fogo que saía do último andar do prédio da Prefeitura Municipal.
Era o começo do sinistro, que teve em nós dois as duas primeiras testemunhas. De imediato transmiti a notícia em edição extraordinária, pelo “Repórter Catarinense”, e vendo que o fogo aumentava, mandei puxar uma linha direta para a Praça Hercílio Luz, e como espectador privilegiado passei a irradiar todos os lances do trágico acontecimento. Ao mesmo tempo, mandei colocar em cadeia as demais estações das Emissoras Coligadas, e pude fazer uma das mais espetaculares coberturas da minha longa carreira de repórter. Aí está o Carlos Braga Mueller, hoje vereador e candidato a vice-prefeito, que foi quem primeiro teve a atenção chamada para o começo do incêndio. Somos ambos testemunhas oculares da história”, completou Reinaldo Ferreira (Jornal de Santa Catarina, edição de 13/11/1982). 
Antes do incêndio
Dia 08 de novembro 1958
.... um dia após. 
 Acervo Oscar Handke

Durante muitos anos, ajudei Ferreira a apresentar o Repórter Catarinense, um noticiário que detinha enorme audiência e credibilidade.

Na mesma reportagem de 1982, o Jornal de Santa Catarina divulgou interessantes dados sobre os prejuízos causados pelo incêndio, pesquisando notícias da época, que haviam sido publicadas pelos jornais “A Nação”, órgão dos Diários Associados, e “Lume” do jornalista Honorato Tomelin,  que eram editados em Blumenau na década de cinqüenta do século passado e, também, o Relatório do Prefeito de Blumenau, Frederico Guilherme Busch Júnior, referente ao exercício de 1958.
Brigada do Corpo de Bombeiros da EI Garcia que participou no combate as chamas.
A reportagem destacava que o fogo havia sido iniciado no Arquivo Público da Prefeitura, na parte superior, de fácil combustão. Em poucos segundos toda a documentação histórica e administrativa do município era devorada pelo fogo.
Na ocasião, constatou-se o que havia sido salvo: documentos dos 1º e 2º Registros de Imóveis, sob responsabilidade de Roberto Baier e Benjamin Margarida, respectivamente; do 2º Tabelionato de Notas, Cartório da Justiça Trabalhista, sob a responsabilidade de João Gomes da Nóbrega; Cartório do 2º Ofício de Órgãos, Depositário Público e Contador do Juízo, de responsabilidade de Edgar Schneider; Serviço de Armas e Munições, e Serviço de Identificação, este último danificado pela água.
Por outro lado, entre as repartições destruídas e danificadas, encontravam-se o Cartório do Cível e Comércio, parcialmente atingido; Cartório do Registro Cível e de Títulos e Documentos, sob responsabilidade do serventuário Getúlio Braga, que ficou destruído parcialmente, sendo salvos alguns processos; a Inspetoria de Veículos, com danos parciais, a Inspetoria de Terras, grandemente danificada; a Inspetoria Escolar Municipal; parcialmente destruída; a Biblioteca “Dr. Amadeu da Luz”, pertencente ao Fórum, totalmente destruída, e o Cartório Eleitoral, parcialmente destruído, salvando-se o fichário dos eleitores.

Para a história de Blumenau foi um baque terrível: foram destruídos documentos do Arquivo Histórico de valor inestimável.

Curto-circuíto; acidente com cigarro ou fogareiro ? Ou incêndio criminoso ? Para o Dr. Marcílio João da Silva Medeiros, Juiz de Direito da 1ª. Vara da Comarca, não havia
qualquer motivo ou razões que levassem a supor tratar-se de uma ação criminosa.
No seu Relatório de 1958 o então Prefeito Frederico Guilherme Busch Júnior orçou os prejuízos em Cr$ 843.969,60, o que foi coberto quase integralmente pelo seguro.
Reforma da prefeitura atual Fundação Cultural entregue a comunidade em 08 de novembro de 2001.

E então, restou a dúvida: o que fazer ? Reconstruir o que fora destruído pelo fogo ou construir um prédio novo e moderno ?
Durante 43 anos nada foi resolvido. A Prefeitura aninhou-se na parte salva, metade do prédio, seu lado esquerdo. O Fórum e os Cartórios foram transferidos para um prédio antigo,  situado na Alameda Rio Branco, em frente ao Grêmio Esportivo Olímpico.
Somente em 2001 a parte atingida pelo fogo foi reconstruída nos moldes da arquitetura original, passando a abrigar a Fundação Cultural, porque desde 1982 a Prefeitura e a Câmara Municipal de Vereadores já haviam se instalado na Prefeitura nova, na Praça Victor Konder.
Já o que restou do Arquivo Histórico, muito pouco, vem sendo complementado ao correr dos anos por buscas incessantes dos responsáveis pela repartição, juntando pedaços e reconstituindo a história até onde tem sido possível fazê-lo.
Para saber mais acesse:

Arquivo: Carlos Braga Mueller, Acervo Oscar Handke enviado por Marlene Huskes, Dalva e Adalberto Day
Colaboração Carlos Braga Mueller/Jornalista e escritor  

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