“FÉRIAS NO SUL”
A redação do Mensageiro, com intuito de ampliar o campo de suas atividades, aproveitou na ocasião da produção do filme “Férias no Sul”, fazer uma reportagem a respeito. A maioria dos leitores assistem cinema diariamente, porém não sabem o que é necessário para a realização de um filme.
Com esta reportagem queremos fazer ver ao expectador o que vê e ouve e o que não.
Tivemos certa dificuldade para encontrarmos os diretores desocupados, porque durante a filmagem de cenas que nós presenciamos não nos puderam atender. Enfim, conseguimos fazer o que vamos reproduzir.
O Produtor e Diretor, Sr. Reynaldo Paes de Barros e o Diretor de Produção, Sr. Geraldo Mohr (Foto) , foram entrevistados.
De inicio foi perguntado ao produtor qual o motivo que os levou a realizar a filmagem de “Férias no Sul” em Blumenau, ao que ele nos respondeu: Eu queria fazer um documentário aqui em Blumenau, porque é uma área característica dentro do Brasil, isto é, uma área diferente. Aqui a influência germânica é muito grande, é bem marcada. Então eu queria explorar isto em documentário. Mas um documentário não tem, possibilidade comercial no Brasil. Cheguei à conclusão de que devia estender este documentário em longa metragem para poder lucrar alguma coisa com isto. Esta foi a razão. A mim me interessava a área que queria conhecer e inclusive explorar e isso no cinema, o que não tinha sido feito antes.
A seqüência da entrevista tem o seguinte teor:
- O senhor já conhecia Blumenau antes?
Não, até 1964 não conhecia. Eu tinha lido bastante e também me interessava bastante.
- Aproveitou-se do próprio povo local para a filmagem?
Para cenas, sim. O principal da historia se passa aqui, então o pessoal tinha que ser daqui. Pessoal da terra. Em filme de locação se deixa os papeis palpitantes para o povo da cidade, ou do local. E, além disso, sabia também que tinha um grupo de teatro aqui e que havia muita gente com experiência de cena, e sabia que não ia ter problemas, em arranjar gente em Itajaí e outros lugares.
- Teve que pedir ajuda a alguém nessa filmagem? Ajuda financeira?
Ajuda propriamente financeira, não, eu tive colaboração de muita gente da cidade.
- O senhor teve que se desprover de alguma coisa para filmagem?
Bom, é claro. Praticamente desprovi-me de tudo. Quando se faz o primeiro filme não se tem ajuda oficial de ninguém, nem banco, nem alguma corporação de indústrias, nada. É particular totalmente. Então os fundos são meus e de minha família. Então me desprovi praticamente de quase tudo.
É o primeiro filme que faz?
Como diretor, sim.
- Desde quando trabalha no cinema?
No cinema do Brasil desde 1963/64. Antes estive cinco anos fora. Praticamente comecei a minha carreira aqui no Brasil em 1964.
- E a equipe que o senhor traz consigo, já são conhecidos de outras filmagens ou são pessoas que lhe foram recomendados?
Quando se está no cinema conhece-se uma porção de pessoas. Já trabalhei com vários deles. Os atores eu não conhecia. Entrevistei por cima os que davam para fazer estas partes e as convidei para que viessem participar do filme.
- Não precisaram de testes para poder selecioná-las?
Não, a gente já sabe o personagem que se precisa. Você tem uma idéia dos personagens que quer. Você vê pelo rosto, então acha se pode servir para você, vê o rendimento que pode dar e se realmente tem qualidades.
- E os atores de Blumenau o senhor teve que procurá-los ou alguém lhos apresentou?
Fui ao ensaio no Carlos Gomes e vi alguns deles em cena, e vi que tinha alguns aptos para fazer parte importante no filme. Há gente aqui que não tem experiência nenhuma, inclusive a Dagmar (Foto), que faz parte essencial do filme.
- Começou a filmagem aqui em Blumenau?
Não, comecei em Itajaí. É a chegada de um rapaz que vem passar as férias no sul, então o dia em que chega a Itajaí. De Itajaí vem para cá.
Então tem trechos filmados em Florianópolis, na estrada. Blumenau, Camboriú, várias sequencia em Rio Grande do Sul etc. Quer dizer que foram focalizados muitas coisas, inclusive regiões turísticas, atrações etc.
- E no Rio Grande do Sul também será filmado alguma coisa?
Claro, o cenário gaucho por sinal é muito bonito. Também, que eu saiba é uma área que nunca foi filmada em longa metragem. No planalto gaucho lá em cima da Serra, há também uma influencia européia. Depois no Sul, a terra muito grande que ainda não foi localizada, pelo menos que eu saiba.
- E o senhor tem tido apoio aqui em Blumenau?
Bastante. Nós tivemos realmente a colaboração e apoio de muitas pessoas. Cheguei praticamente ao fim do filme, mas em geral estou muito contente. Alguns problemas me deram trabalho, de sorte que uma coisa compensa a outra. O importante é que nós estamos fazendo um filme, o mais importante de tudo!
- E ainda vai haver algum prolongamento da filmagem ou vai terminar?
Não, primeiro vamos terminar em Santa Catarina, Blumenau. Em seguida seguiremos para Rio Grande do Sul, onde ficaremos mais uma semana e terminaremos o filme. De Porto Alegre seguiremos diretos para o Rio de Janeiro, cada qual para o seu lar.
- A Avant-Primiére será passado em Blumenau?
Sim. Isso foi combinado inclusive tive os primeiros contatos para vir filmar aqui em Santa Catarina, falei com o Dr. Laércio , então me deu uma carta de recomendação ao Prefeito e outras pessoas daqui, tinha certeza que iria ter a colaboração do Prefeito com relação a hospedagem e disse a ele que a sugestão seria feito ao Dr. Laércio, de sorte que agora está acertado. O Avant-Primiére será aqui em Blumenau, com a presença do Prefeito e autoridades locais.
- O senhor não sabe a época quando será feito a Avan-Premiére?
Eu espero que tenha terminado em fevereiro e em princípios de março. A Avant-Premiére seria logo depois.
E o senhor vai ter renda?
Não, geralmente a Avant-Premiére é feito para convidados, não tem fim comercial.
- Qual é o lucro do Produtor, então?
Será a distribuição e edição do filme no Brasil e se ele for bom também irá para fora do país.
- Quantas cópias costumam ser feito do filme?
Isso vária muito. Dez copias, ás vezes seis. Isso depende do produtor.
- Essas copias são vendidas ou alugadas?
Bem, você arrenda ao distribuidor, e esse arrenda novamente ao exibidor e teoricamente você tem 50%, o distribuidor 30% e o exibidor 20%. Mas na pratica nunca funciona desta maneira. Você arrenda seu produto. O filme é a matéria prima que por sua vez é arrendado ao distribuidor que vai exibi-lo.
- O senhor acha que o fato de o Avant Premiere ser em Blumenau também será uma atração para pessoas de outros lugares, que virão para cá para esse fim, ou acha que isso é mais uma atração local?
Acho que é mais importante para o povo local.
- E o senhor explorou todos os pontos da cidade?
Acho que sim. Fiz uma boa cobertura, procurei mostrar o melhor e o máximo de Blumenau.
David Cardoso (Foto) Focalizei saídas de fábricas, que é negócio bastante típico e as bicicletas que dão ar característica da região.
A esta altura da palestra lembramo-nos de uma observação que fizemos quando presenciamos a filmagem de algumas cenas.
Ficamos surpreendidos com a quantidade de material usado, câmeras, tripés, inúmeros refletores.
Cada cena era ensaiada várias vezes, e nas repetições eram corrigidos, a iluminação, maquilagem, etc. enfim a exigência do pessoal técnico era grande. Por isso achamos estranho que para a gravação do som, existir apenas um simples gravador portátil com somente um microfone instalado de qualquer maneira. Indagado a respeito, o Sr. Reynaldo nos explicou o seguinte: O som que gravamos, é somente um som guia, quer dizer o filme nacional usa dublagem, isto é, o som virá posterior. A gente grava no local um som guia, para se saber o que estão dizendo, exatamente como o disseram. E o som depois é gravado e sincronizado com a imagem. Isto na pratica nacional. No estrangeiro pode-se muito bem fazer a gravação direta, então o gravador trabalha em sincronia com a câmera. Isso causa muitos problemas . Tem que ter uma aparelhagem toda especial e caríssima. Tem que ter uma equipe especial, só para fazer tudo isso. Então no cinema nacional a praxe é essa. Você roda sem som. Mas anota todo o som e todo o dialogo.
- Esse pessoal de Blumenau que trabalhou, terá a voz no filme ou será dublado?
Será dublado, isso também é praxe, inclusive a dublagem é uma coisa difícil, que a pessoa tem que dar um rendimento quase tão grande quanto ele deu para a roda cena. Então temos valores profissionais muito mais experimentados que podem dar um rendimento maior. Os principais geralmente não são dublados, aqui teremos três pessoas no filme que falarão com a própria voz. A maioria dos participantes será dublada.
- E esses nossos artistas que estão trabalhando no filme receberão alguma coisa pelo trabalho?
Alguns receberão, mas a maioria trabalhou na base da cooperação.
- Queríamos então saber se um bom ator de teatro pode ser também um bom ator de cinema e vice-versa. A resposta do produtor de “Férias no Sul” para este assunto foi bem interessante.
Bem tudo é possível. O problema do teatro é que você tem que exagerar as coisas no palco, num teatro grande como no Carlos Gomes por exemplo, tem o gesto, a voz, para você ser ouvido, e sempre exagerar o que você faz para ser percebido por toda a platéia. No cinema o negócio é diferente. Se você quiser mostrar uma reação, uma expressão qualquer, você aproxima a câmera dele, então a interpretação difere no teatro nesse sentido ela é mais natural, espontânea, quer dizer se você usar todas as mímicas que usa no teatro seria exagerado no cinema. A vantagem é a seguinte: o ator do teatro está em contato com a platéia e ele tem desembaraço muito grande, e isso ajuda o interesse da câmera, porque a câmera é um expectador, é uma máquina que está vendo aquilo tudo, gravando praticamente mímicas, ações parciais, então a realidade é esta: Temos bons atores que não dão rendimento no cinema e tem bons atores de cinema que não se saem bem no teatro. No teatro você tem a bossa, a aparência, que geralmente torna-se importante, no cinema, não!
- As vezes acontece durante a filmagem de uma fita como neste caso quando a maioria dos atores são desconhecidos que são as vezes revelados talentos desconhecidos que ninguém sabia e que com isso poderão iniciar sua carreira artística.
O Sr. Acha que neste caso aqui em Blumenau tinha alguém com estas possibilidades?
Tem várias pessoas. Tem muita gente que trabalha no filme que tem tarimba para o negócio. Agora não sei se alguém faz questão de seguir sua carreira artística. Tem várias pessoas que se saíram muito bem, e se quiserem seguir o caminho teriam futuro.
- Este filme que estão produzindo em Blumenau é criação sua ou é um livro que estão reproduzindo?
Não, é criação minha. Mas não temos livro. Tem um roteiro que é um negócio específico do cinema. É uma história concebida para ser filmada. Não é uma peça de teatro e não é um romance. É tempo literário concebido em termos de cinema. Você toma o texto e vê que tudo está bolado, em relação à expressão pela imagem para o cinema, é uma história que pode ser vista e que tem enredo. Você pode notar que há muitos termos técnicos. E uma descrição visual do que vai ser o filme.
- Essa mesma equipe que trabalha com o senhor é aquela que vai fazer o trabalho de gravação, de som, etc?
Não, o trabalho deles termina com a filmagem. O restante é com outros técnicos, compositores, etc.
- Essa mesma equipe que trabalha com o senhor é aquela que vai fazer o trabalho de gravação, de som, etc?
Não, o trabalho deles termina com a filmagem. O restante é com outros técnicos, compositores, etc.
- E eles continuam consigo?
Não. Terminando o filme estão livres para assumirem outros compromissos.
- Eles têm oportunidades fáceis para serem empregados em outros filmes?
Sim. Eles são bem relacionados no rio de Janeiro e São Paulo, onde trabalham e vivem disso.
- No Brasil, temos companhias cinematográficas?
Temos sim. Se você chega ao Rio, você entra em contato com uma destas firmas e faz ver a eles que está livre, que quer trabalhar, é claro, que tem que ser antes do filme ser começado. Mas o problema é esse, nós não temos indústria cinematográfica regular, com o seu sindicato. Se fosse em outros países por exemplo, diria que estava livre, e a primeira coisa que fariam, seriam encaixá-lo num sindicato, mas aqui no Brasil não. Você tem que se fazer visto para ser, você tem que mostrar vontade de querer trabalhar.
- O senhor tem firma própria?
Eu fundei uma firma própria para rodagem deste filme.
- E no final desta filmagem está firma vai ser dissolvida?
Não, agora que comecei posso continuar com a mesma porque é mais fácil.
- O senhor já publicou como Ator?
Trabalhei. Não aqui, mas nos Estados Unidos, onde fiz o curso de cinema, onde o aluno tem que se apresentar e fazer praticamente tudo o que se relaciona com o cinema. Interpretar, fotografar, dirigir, tem que montar, etc. Já trabalhei em teatro também, na escola. Sempre estive em contacto com essas coisas. Em vários filme trabalhei em papéis secundários e em vários deles ao lado do Diretor, que acompanha o ator, e o ajuda a fazer a interpretação, e assim facilita o trabalho dele.
- Pedimos em seguida ao produtor que nos explicasse o processo de fabricação desde a filmagem até a cópia final que é exibida nas salas de cinema. Disse-nos, que é um processo fotográfico normal. O negativo é exposto durante a filmagem, revelado e depois copiado. Esta por sua vez serve para que o diretor possa examinar a qualidade da filmagem. Esta cópia é uma espécie de prova que tem o nome técnico de copião. Terminada a filmagem, todos os copiões são montados para obter a versão final do filme. Depois então é montado outra vez o negativo de acordo com esse copião que vem então ser a matriz para todas as cópias para as casa exibidoras. Quanto à gravação do som explicou-nos desta forma:
Eu chegando ao rio de Janeiro, vou trabalhar diretamente com o negativo. Antes de tudo vou montar o copião em seguida vou dublar as vozes. Após isso vem à inclusão da música, ruído e efeito de som. Isso é feito só depois de a imagem em tempo de ritmo, o tempo certo de cada imagem, as cores de cada cenas. Inclusive muitas cenas que rodei aqui ainda podem ser anuladas. Eu posso diminuir um pouco o tempo, posso cortar um pouco antes, só depois de ser feita a montagem do filme é que se vê.
Ensaio na Biblioteca
- Quantas vezes o senhor costuma filmar cada cena para escolher a melhor versão depois?
Bom, isso depende. Normalmente em cinema se usa o processo que se chama de máster-shot. Isso quer dizer, você roda uma cena em plano mais distante cobrindo toda a ação. Depois se aproxima para quebrar esta ação em vários pedaços, se tem dois personagens em ação por exemplo você vai filmar em plano geral primeiro, depois cada um em separado. Se houver mais de um personagem numa cena você pode cobrir a cena mais vezes ainda. Isso depende dos meios que você dispõe. Se realmente pode gastar tanta fita, e ser tão perfeccionista ao ponto de fazer uma cobertura total. Isso depende de estudo, e depende também da interpretação dada, por um ator que tem poucos movimentos. Então tem que se fazer uma cobertura muito grande, para se ver realmente. Quanto se trabalha com profissionais bons a cobertura é menor.
- Qual é a relação entre filme negativo e a metragem da cópia final?
O cinema nacional é na base de 3:1. Eu tenho filmes para mais de 4:1. Isso está um pouquinho acima da média do cinema nacional. Normalmente é 3:1. Tem firmas estrangeiras que fazem 10:1.
- O tempo que o Sr. Precisa para a filmagem como é escolhido?
O tempo para o cinema é sol, o sol dá tela, o sol dá beleza, o sol é a luz, e luz é fotografia. Então tudo que se vê com o sol é mais bonito. Tem mais beleza e tem mais modelagem, mais separação. Há seqüências inclusive que devem ser rodadas com tempo nublado, que também dá outro sentido à filmagem. O tempo aqui é problema sério para mim, inclusive é uma área de terra permanentemente, nublada, chove muito. O tempo não foi colaborador e nem muito amigo. Mas nós temos possibilidade de com tempo de chuva rodar no interior, se você começa uma seqüência com sol tem que terminar com sol e se fizer uma com céu nublado tem que terminar com céu nublado, e enquanto não houver a seqüência você tem que esperar e é tempo perdido.
- Ouvimos dizer que muitas cenas noturnas poderão ser rodadas de dia mediante o uso do filtro, é verdade?
Sim, isso é uma praxe comum em cinema, é possível filmar escuro em céu limpo de dia, porque se houver nuvens escurece demais as imagens. O que dá sensação de noite é o céu. Quer dizer que o filtro também escurece um pouco. Há uma combinação de cores. O laranja vai escurecer o céu, e o verde vai escurecer a tonalidade da pele. È uma combinação sanduíche. É um filtro especial para a filmagem com noite. Você tem que ter céu azul, tem que ter luz. O céu azul fica escuro e a tonalidade da pele fica escura também. Mas é possível fazer perfeitamente o efeito de noite com a colaboração do laboratório. Você inclusive falseia outras coisas. Por exemplo, você quer tomar um carro, liga a luz do carro. Se for uma janela, numa cada nos fundos, você acende a luz da janela e dá a impressão de luminosidade muito maior que a luz do sol, então você tem impressão que a noite está sendo iluminada. Você falseia dessa maneira.
- Para filme preto e branco, os artistas devem ser maquilados?
Sim. O filme não vê como o olho humano vê. Tanto é que todos devem ser maquilados de amarelo de preferência porque o filme comumente é muito acentuado para o azul, então a gente veria tudo para claro. A preferência é maquilar as pessoas que sejam muito claras. Usa maquilagem que as escurece, porque os filtros já ajudam a dar uma cor branca. Porque se não fizer a maquilagem os artistas aparecem com uma cor de defunto. No colorido você não pode exagerar muito isso, porque o próprio filme já tem contraste e a arte da maquilagem pode realçar isso.
- O senhor precisou pedir colaboração ao público para a filmagem? Ou aproveitaram as cenas naturais?
Procuramos filmar ao natural, exceto cenas de interiores que contam com a colaboração dos que tem que executar o seu papel de artista. De público em geral não foi pedido colaboração, porque seria difícil controlá-lo.
- Haveria tido dificuldade em conseguir que o pessoal que aparece na fita realmente, mesmo sendo transeunte que se porte normal sem olhar para as câmeras?
Esse problemas, sempre existiu e sempre existirá, Se a pessoa que está passando sabe que está sendo fotografada quebra a naturalidade, a não ser que sejam pessoas experimentadas. Mas acredito que é questão de curiosidade com relação ao cinema, o sujeito vendo a câmera num lugar quer ver o que está se passando. Esse problema existe, não é uma questão de má vontade, é uma característica do individuo.
- O senhor precisa filmar diversas vezes para depois escolher a cena?
De preferencia a gente limpa o fundo, para evitar a repetição.
- O material de filmagem é seu ou é alugado?
O material de iluminação é todo alugado. O que é meu são as câmeras e os filmes.
- Existem certas companhias especializadas em manter esses aparelhos para o filme de alugar?
Existe. Em São Paulo e Rio de Janeiro têm várias.
- Na passagem de um carro, de um veiculo qualquer o som é gravado posteriormente?
É gravado posteriormente. Inclusive tem uma coisa em cinema, que enquanto a ação transcorre você tem ação principal em primeiro plano.
Você vê isso em qualquer filme, mesmo no estrangeiro. O som não é sempre gravado no alto, é gravado geralmente em interiores. Em exteriores você não pode controlar. O som é gravado posterior. Você pode ter um leve ruído de fundo, para dizer que é a rua. Mas você tem que ouvir o que estão dizendo, pois é uma história que está sendo contado. A ação do fundo não importa tanto, poderia ser música, podia ser ruído.
- O barulho e ruídos de carros passando é gravado na hora ou já tem isso em reservas?
A gente pode ter esses sons gravados, ou pode gravar.
- Essas cenas de baile que fizeram, que o conjunto tocou, vai para o filme ou é dublado?
Não. Aquilo é dublado. O importante é o ritmo. Sabendo o ritmo coloca-se qualquer música com aquele ritmo; uma valsa por exemplo, o pessoal que está dançando naquele ritmo.
Finalizadas estas observações ficamos satisfeitos e pedimos para que nos fizesse umas observações finais, que foram as seguintes:
Vocês fizeram uma boa cobertura. Tenho que agradecer a vocês por esta entrevista. O filme chegou praticamente ao fim. Eu acho que em março estaremos aqui novamente para fazer a estréia. Agradecemos a todos os que colaboraram conosco e acho que seremos recompensados por esse trabalho. Espero que seja do agrado de todos. Eu acho que em si é um filme importante para o pessoal de Blumenau. E uma reprodução do clima alemão e que vai agradar a todos.
Muito obrigado
Agradecemos ao Sr. Reynaldo Paes de Barros, a boa vontade em nos atender e nos dar estes sábios esclarecimentos. Despediu-se de nós pois tinha que seguir para a filmagem e ficamos conversando com o Sr. Geraldo Mohr, Diretor de Produção. Ficamos então sabendo que ele já trabalhou como câmera junto com o Sr. Reynaldo em filmes norte-americanos. Fizeram 7 filmes de Tarzan, 2 de longa metragem e 5 capítulos para televisão.
Depois passou para assistente de produção, foi ao rio de Janeiro e trabalhou na companhia Atlântica e na cinegrafia São Luiz. Tomou parte na filmagem de duas fitas estrangeiras no Brasil: Stefanie no Rio com Sabine Sinjen e Estrada de amor com o célebre cantor alemão Freddy Quinn que foi rodado em Salvador, Brasília e São Paulo.
Atualmente está trabalhando no Filme “Férias no Sul” como diretor de produção, isto quer dizer ser supervisor de tudo, organização, requisitos, administração financeira etc.
Para nossa surpresa ficamos sabendo que o Sr. Geraldo Mohr é catarinense, natural de Rio do Sul. Porém passou muito tempo fora do País, inclusive dez anos na Alemanha.
Assim foi esta reportagem, um esforço da Redação do Mensageiro em esclarecer e deixar a par dos leitores, dos acontecimentos que empolgam não só nossa cidade, e nosso estado, mas o nosso país. Será através desta filmagem que nossa cidade se projetará ainda mais, realçando as belas paisagens e o espírito laborioso de nosso povo.
Blumenau, palco do Filme.
Para saber mais sobre o Filme Férias no Sul acesse:
http://adalbertoday.blogspot.com/2009/08/ferias-no-sul-um-filme-feito-em.html
http://adalbertoday.blogspot.com/2009/08/ferias-no-sul-um-filme-feito-em_07.html
http://adalbertoday.blogspot.com/2010/12/ferias-no-sul.html
MENSAGEIRO ARTEX – Redator responsável : Honésio Girardi
Publicação Mensal de circulação interna dos empregados da “Artex S/A” Fabrica de Artefatos Têxteis.
Ano IV – Blumenau SC – Janeiro de 1967 nº 1
Arquivo de Dalva Adalberto Day
Olá, Adalberto. Após dar uma olhada nas postagens sobre o filme, dá vontade de assisti-lo. Porventura sabe se o colega Carlos Braga Müller ou o Sr. Herbert Holetz poderiam nos ajudar nisso? Poderíamos, inclusive, organizar uma sessão e convidar os seguidores do blog. Grande abraço, Wieland
ResponderExcluirDez, em breve novidades né Adalberto, hehehe
ResponderExcluirMuito bom conhecer um pouco mais sobre as produções do meu avô, Geraldo. Posteriormente ele trabalhou também no filme "Os Trapalhões nas Minas do Rei Salomão" e ao fim migrou o ramo da produtora para a industria de filmes adultos. Infelizmente hoje já é falecido, mas certamente tinha boas histórias para contar. Obrigado pelo relato e um grande abraço!
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