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domingo, 12 de julho de 2009

- O Cinema em Blumenau – Parte XIV

Mais uma participação exclusiva e especial do renomado escritor e jornalista Carlos Braga Mueller, e colunista que hoje nos presenteia sobre A Filmoteca da Casa Willy Sievert.
Por Carlos Braga Mueller
A FILMOTECA DA CASA WILLY SIEVERT
A partir dos anos 50, e até os anos 80, a Casa Willy Sievert, situada no alto da Rua 15 de Novembro, em Blumenau, possuía uma “filmoteca”, com muitos filmes em 16 mm, disponíveis para aluguel.
As imagens ilustrativas são de cinema em casa. Era moda nos E.U.A. e Brasil, nos anos 40 até a década 60 do século 20. A existência deste comércio, inédito em praticamente todo o restante do Estado, devia-se à paixão que o proprietário da loja, Willy Sievert, tinha pelo cinema. Ele mesmo, sempre com uma filmadora 16 mm na mão, filmou os principais acontecimentos ocorridos em Blumenau na segunda metade do século 20. Foram desfiles de 7 de setembro, enchentes, visitantes ilustres, festas da cerveja e tudo que pudesse ser registrado nos famosos “cinejornais” do “seu Willy” (foto). Ele chegou a filmar o incêndio de um navio petroleiro em Itajaí, uma tragédia que deixou o Estado inteiro assustado.
Embora fossem mudos, estes filmes em sua maioria eram coloridos e constituem hoje em dia um registro muito importante da história do município. O Arquivo Histórico Prof. José Ferreira da Silva possui cópias destes trabalhos, em VHS. A FURB tem o mesmo arquivo, em DVD, mas a divulgação dos mesmos só é feita através de autorização dos familiares de Sievert, levando-se em conta que sua exibição não pode ter finalidade comercial. Willy Sievert filmava sempre com um tripé, no topo do qual afixava a câmera, ajustava a distância, consultava a luz e. ação! , rodava a cena. Era uma figura peculiar, conhecida por todos.
CASTLE Films, a maior produtora de filmes em 8 e 16 mm.
Depois, orgulhosamente, exibia em casa os filmes em sessões para as quais convidava parentes e amigos. Pois bem. Naqueles anos em que não havia TV em Blumenau, muitos colégios possuíam projetores para exibir filmes em 16 mm. Outros tantos blumenauenses também tinham em casa aparelhos de cinema 16 mm e faziam suas sessões privadas. Era o “home theater” da época.
Então, recorriam à Filmoteca da Casa Willy Sievert, onde alugavam filmes de diversos gêneros.

Publicidade da CASTLE Films.

Vale lembrar que o leitor deste blog, senhor Valter Hiebert, comentou (parte 13) que o Amazonas E.C. tinha sessões de cinema na sua antiga sede social, destruída por uma enchente em 1961. Segundo ele, estas sessões aconteciam no final dos anos 50, início dos 60, e os filmes eram alugados na Casa Willy Sievert.
Mas tinha um “porém”com o aluguel destes filmes. Como eram únicos (uma cópia só), Willy Siewert só os alugava para quem possuísse aparelhos de projeção em perfeito estado, que não estragassem as perfurações do filme ou riscassem o celulóide, porque se houvesse estrago o cliente tinha que pagar pelo prejuízo.
Interior da Loja de Willy Siewert
E se você tivesse algum problema técnico no seu projetor, era só falar com o Wolfgang Mueller, que trabalhava na loja, que ele sabia como consertar.
A FILMOTECA
Além dos seus próprios filmes, os cinejornais de Blumenau, que eram exibidos com regularidade no Cine Farol da Rua 15 de Novembro, Willy comprava muitas produções do cinema norte americano, as quais traziam o selo da distribuidora Castle Films.
Seu escritório situava-se bem no centro da loja, geralmente escondido por algumas prateleiras, e ali, além das atividades normais, ele gerenciava com muito carinho a filmoteca. Eram pequenas latas, onde os filmes ficavam acondicionados.
As latas, colocadas umas sobre as outras, formavam a filmoteca. Era onde os exibidores encontravam filmes, inclusive alguns de longa metragem, geralmente cedidos pelo Instituto Hans Staden, ligado à Embaixada Alemã no Brasil.
Também era possível encontrar documentários da USIS, que vinham dos Estados Unidos através da Embaixada daquele país.
E de lambuja, já existia o famoso “Picapau – Woody Woodpecker”. E todos estes filmes eram sonoros.

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A CASTLE FILMS A Castle Films foi a mais famosa distribuidora de filmes em 16 mm dos Estados Unidos. Fundada em 1924 por Eugen W. Castle, ela durou até 1984, quando encerrou suas atividades em virtude da popularidade que o vídeo alcançou a partir de então. Os blumenauenses conviviam com a Castle Films graças aos filmes que Willy Sievert (foto) comprava, para alugar.
A publicidade que esta distribuidora fazia nas revistas americanas era agressiva, anunciando os filmes e oferecendo grátis um catálogo com todas as produções disponíveis.
Os filmes podiam ser comprados pelo correio.
Um dos lançamentos sempre aguardado com expectativa era um cinejornal que a Castle produzia anualmente, intitulado “News Parade”. Um deles ficou na história, o “News Parade 1942”, que trazia imagens de Winston Churchill e Joseph Stalin, e focalizava a entrada dos Estados Unidos na 2ª. Guerra Mundial.
Em 1947 a Castle Films tornou-se uma subsidiária da Universal, um dos maiores estúdios de Hollywood, e o catálogo dos filmes foi reforçado com um elenco de artistas famosos, entre os quais os faroestes estrelados pelo “mocinho” Hopalong Cassidy, papel interpretado pelo ator William Boyd; pelo veterano Boris Karloff, eternizado pelo seu papel em “Frankenstein”; pelo cômico W.C.Fields; pela dupla de comediantes Bud Abbot e Lou Costello, que imitava o Gordo e o Magro, e muitos outros.
Um filme campeão da Castle tinha o título “Câmara Mágica” e mostrava como se faziam os truques no cinema. E quase todos estes filmes podiam ser encontrados e alugados na filmoteca da Casa Willy Sievert.

UM CINÉFILO DE CARTEIRINHA

Como fã incondicional da sétima arte, era comum encontrar o seu Willy, já na faixa dos setenta, oitenta anos, nos cinemas de Blumenau e de Balneário Camboriú, sempre atrás dos novos filmes que eram lançados por aqui.
Um verdadeiro cinéfilo !
Nascido em 1903, ele morreu em novembro de 1998, aos 94 anos de idade. Traduzindo: Willy Sievert(foto) acompanhou toda a trajetória do cinema, desde o incipiente início das primeiras imagens em movimento em uma tela, até as mais modernas inovações (som, cores, cinemascope, som estereofônico, 3D, etc).
Infelizmente, a Casa Willy Sievert não existe mais. Texto: Carlos Braga Mueller/ Escritor e Jornalista
Arquivo de Carlos Braga Mueller /Foto em preto e branco: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva/Foto em cores Pfau Comunicação/Adalberto Day

4 comentários:

  1. Excelente Braga. Gostaria de ter conhecido o Willy. Deve ter sido uma figura fascinante. Imagina a viagem De Volta ao Futuro que ele deve ter feito, várias vezes, em diferentes décadas.
    Valeu mais este belo post Beto.
    Abraço em ocês!

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  2. Foi muito bom relembrar ! Os filmes passados lá em casa e como nos divertíamos com o Gordo e o Magro.
    Além dos filmes da série que ele chamou de "Jornal de Blumenau" também fez uma só sobre a família desde que eramos pequenos até o registro do nascimentos de nossos filhos. Muito obrigada pela reportagem!

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  3. Muito interessante ...não é a toa que minha amiga Lígia tem o gosto refinado pela arte. Realmente extraordinário !!!

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  4. Adorei a reportagem. Grande lembrança pra Família. Parabéns Beatricy

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