Heinz Geyer valorizava as manifestações populares e revolucionou o meio musical local.
Heinz Geyer é o maior nome da musica na história de Blumenau. E ponto final. Pode-se polemizar, dizendo que o perfil do maestro ficou atrelado às composições e apresentações eruditas. Muitos negariam, lembrando que seus arranjos também valorizaram as manifestações populares da melodia. Mas não há como negar que, sob sua regência e supervisão, Blumenau se tornou referência no meio. Sua participação trouxe tal grandiosidade à música local, que será difícil de ser superada na história da cultura blumenauense.
Geyer nasceu em 27 de junho de 1897 na cidade de Mühlheim, na Renãnia, Alemanha. Com a inclinação precoce para a música, teve iniciação musical com professores de violino e piano, que tocou até os 13 anos. Passou então à flauta, instrumento de sua predileção. Aos 16 anos, diploma-se como flautista no Conservatório de Duisburg. Passa, então, a participar de diversas orquestras sinfônicas, sob regência de Nibbisch, e também Richard Strauss. O prestígio de Strauss ajudou a impulsionar a carreira do jovem músico, que se matricula em aulas de composição com Poalid,Thomas Moeller e Max Reger.
A história diz que foi um motivo de saúde, mais exatamente um reumatismo, o responsável pela vinda de Geyer ao Brasil, onde chegou em 27 de janeiro de 1921 no Porto de São Francisco do Sul. O clima quente trouxe o jovem para a ainda pequena cidade de imigrantes alemães. Já em 1922, com a banda da Sociedade Musical Lyra, o músico alemão participava ativamente das comemorações do Centenário da Independência, vestindo a farda do Tiro de Guerra local. De início, regeu pequenos coros e orquestras.
Logo, consolidou sua posição como regente da Lyra. A apresentação da ópera Preciosa, de Weber, no ano de 1936, é um marco na vida teatral da cidade. Registra a fase inicial de colaboração entre a Sociedade Musical e a Sociedade Teatro Frohsinn, que seriam definitivamente fundidos na Sociedade Dramático-Musical Carlos Gomes. Isolde Hering se apresenta como prima donna, no papel-título. O maestro Geyer é o responsável pela regência. Também inicia trabalhos de composição. Compôs os ciclos O Imigrante, Meu Brasil, além de duas óperas, Tilo e Anita Garibaldi. Com libreto de seu grande amigo José Ferreira da Silva, a execução de Anita nas comemorações do centenário de Blumenau é um dos grandes momentos do maestro.
Ensino
Só mesmo um regente tão cuidadoso poderia transformar uma orquestra de empresários, operários e médicos em um conjunto tão afinado como a Orquestra do Carlos Gomes. No Conservatório Curt Hering dava atenção e ouvia pacientemente um a um dos alunos, dos mais talentosos aos medíocres. No então Colégio Estadual Pedro II, a atribuição também era o ensino da música e do canto. Iniciou muitas das mais destacadas carreiras da música blumenauense.
Faltava a reprodução de seu trabalho em acetato. Na década de 60, o sonho finalmente se realizou, com a gravação do primeiro disco da Orquestra e Coro do Carlos Gomes. A realização de Blumenau Também Canta mobilizou toda a comunidade. Músicas do folclore mineiro, gaúcho e um dobrado dividem espaço com a marcha romântica Despedida, que mostra a capacidade de Geyer na composição. Todo o segundo lado do disco é ocupado por Meu Brasil, um poema sinfônico sobre temas populares, montado e arranjado pelo maestro.
O regente morreu em Blumenau, aos 84 anos, em 13 de junho de 1982.
Suplemento do Jornal de Santa Catarina, sábado 2/setembro/2000 Volume 3 – Personagens, lugares e construções.
Foto: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva/Adalberto Day
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