O tratamento carinhoso que lhe é dedicado, e até site existe com
esta vinheta, é PEDRO II. Só. E precisa mais ?
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Adendo de Urda A. Kluger
Fui aluna do Pedro II durante sete anos - lá fiz o
Ginásio e o Científico. Era um grande colégio, com laboratórios, prédios novos
(na região da Alameda (isto foi de 1966 a 1972), maravilhosos professores
catedráticos, e tudo o mais que se possa imaginar de um grande colégio. Devo ao
Pedro II grande parte da minha formação. Naquele tempo em que eu estudava lá,
também lá estudava uma mocinha que se elegeu miss Blumenau, chamada Vera
Fischer. A diferença é que eu estudava no Ginásio e ela fazia o Clássico. De miss
Blumenau ela passou a miss Brasil, e foi um imenso acontecimento em Blumenau a
chegada dela à nossa cidade depois da eleição para miss Brasil. Foi recebida
triunfalmente no centro da cidade, e no dia seguinte foi recebida no nosso
colégio. Lembro como ela chegou em carro aberto, acompanhada pelo nosso
diretor, o professor Joaquim Floriani, e de como ela era bonita! Usava um
vestidinho mini de veludo vermelho, uma longa echarpe de lã branca em torno do
pescoço e, nos lábios, uma coisa que nunca víramos, e que mais tarde se
tornaria popular, o "brilho". Nosso diretor impava de orgulho, de
braço dado com uma miss Brasil de verdade, coisa que naquele tempo tinha
muita importância. Foi feriado no colégio, e todos nós nos aglomerávamos na Rua
Pandiá Calógeras para ver aquela coisa magnífica!
O professor Joaquim Floriani era alguém muito
especial, duro na manutenção da disciplina daqueles mais ou menos 5.000 alunos,
orgulhoso da nossa fanfarra que era a melhor da cidade a desfilar no 7 de
setembro, cioso do que o colégio apresentaria em tal desfile, mas muitas vezes
tendo atos de brandura nos quais a gente nem acreditava muito, como um dia em
que faltou um professor na nossa sala, e ele levou para lá um toca discos
com discos de iê-iê-iê e disse para que nos aproveitássemos a folga
dançando. Muitos anos depois, na altura da virada do século, uma noite, na
FURB, soube do falecimento dele. Sem titubear, fui ao velório, imaginando onde
caberiam os 5.000 ex-alunos do Pedro II que imaginei que apareceriam lá -
e, pasma, dei-me conta de que a única ex-aluna que fora até lá tinha sido
eu. Não sei como as pessoas esquecem o passado tão facilmente.
Como gostaria, agora, de lembrar, um por um, dos
maravilhosos professores que tínhamos então! Sei que minha memória me trairá,
mas vou tentar lembrar ao menos de alguns:
- prof. João Joaquim Fronza, de História, que além
de ensinar História, ficava fazendo sugestões sobre leituras
de Literatura, e eu não perdi nenhuma sugestão daquelas. Lembro como
li, aos 15 anos, "Os sertões", de Euclides da Cunha, por sugestão
dele. Era uma grande professor, que infelizmente tinha as mãos atadas naqueles
anos de ditadura, e pouco podia expressar do seu íntimo;
- professora Tereza Paiva Ribeiro, também de
História, que alavancou de vez este gosto que tomou conta da minha vida;
- professor Onésio Girardi, de Geografia, que não
via por que não ^pôr em prática, já naquela altura, a
interdisciplinaridade, e estava sempre nos enchendo de novidades;
- professor Alfredo Petters, de Matemática,
com quem eu aprendia Matemática com o prazer de quem faz um piquenique;
- professora Lori Petersen, de Ciências, que nos
levava para o laboratório, nos fazia aprender sobre células com o olho nos
microscópios ,
espiando células de cebola, além de um dia ter levado todo um grupo de
formandos, de ônibus, até Foz do Iguaçu, pelas ínvias estradas sem asfalto
daqueles tempos. Tal viagem, na altura, tinha mais ou menos as
dificuldades de se ir a Marte hoje. E ela era uma mocinha, pouquinho mais velha
que nós. Não dá para esquecer, também, como a professora Lori Pettersen, um
dia, dissecou um sapo com a nossa turma;
- professor Alceu Natal Longo, de Biologia,
que nos introduziu no mundo da Ecologia, e que tanto saber deixou na minha
vida;
- professor Evaldo Trierweiler, de português, que
era como que um guru para mim, e sem o qual eu não teria aprendido gramática.
Que me perdoem os que não estou citando aqui e que
muito ajudaram na formação da minha personalidade e da minha vida.
Estudávamos para valer, e eu tinha dois amigos
inseparáveis: o Piá (Osvaldino Quirino Filho) e o Jairo Rosa, ambos um pouco
mais jovens do que eu - e, incrivelmente, com pouco mais de 50 anos, os dois
morreram. É coisa que quase não dá para acreditar.
Eu era boa aluna, dessas que estava sempre em
primeiro lugar na sala (normalmente, no terceiro trimestre eu já tinha 30
pontos na maioria das matérias, quando se precisava de somente 28 pontos para
passar - mas nunca deixei de ir uma aulinha que fosse, até o final do ano), mas
havia um outro aluno, que sempre estava em outra sala, que era como eu. Seu
nome era Arleto Alves, e nós dois éramos os dois melhores alunos do colégio.
Escrevo tais coisas, agora, tentando saber o que aconteceu com aquele menino,
que rumo ele tomou na vida, pois depois que acabou nosso tempo de Pedro II,
nunca mais soube dele. Deve ter tido uma vida brilhante - seu apego à escola já
dizia tal coisa. Certa vez, creio que já no terceiro
Científico, o Arleto Alves e eu acabamos sendo colocados na mesma sala.
Foi a maior competição que se possa imaginar, cada um de nós querendo ser
melhor que o outro - no finalzinho do ano somamos todas as nossas notas,
pontinho por pontinho, e eu tinha conseguido um pontinho a mais que o Arleto.
Grandes vitórias da adolescência!
Já me estendi muito - penso que algum dia devo
escrever um livro contando as venturas dos tempos de Pedro II. Encerro contando
que, muitos anos depois, quando eu já era historiadora e me aposentara como
bancária, fui pedir emprego no Colégio Pedro II, e trabalhei lá por dois anos e
meio. Fui uma das experiências mais maravilhosas da minha vida - chegava,
estacionava meu carro no lugar onde meus antigos professores estacionavam as
suas lambretas, e convivia com minhas turminhas inesquecíveis, cumprindo o
meu papel de professora de História, que era o papel de inquietar. Até hoje
encontro tais aluninhos por todos os lados, muitos já formados, já casados, já
pais - e então penso na maravilha que foi e é ter um Pedro II na vida!
Urda Alice Klueger
Escritora, historiadora e doutoranda em Geografia
pela UFPR
Texto Carlos Braga Mueller/jornalista/escritor em Blumenau.
Ф . In Arquivo de Hercílio Deeke consta a Cópia da “Ata da continuação da Assembléia Geral Extraordinária” convocada para 08 de junho de 1942, pela “Sociedade Escolar Pedro II” – na qual, entre outros assuntos, foi deliberada a doação, por unanimidade de votos, sem encargos ou condição alguma, ao Estado, dos bens componentes do patrimônio da mencionada sociedade. Presentes diversos sócios entre os quais Hercílio Deeke, Curt Hering, Max Tavares D’Amaral Foram objeto da doação, cf. entendimentos havidos com o Interventor Federal no Estado o Dr. Nereu Ramos : O patrimônio, da Escola Pedro II, constando dois terrenos sitos na cidade de Bl’au, respectivamente à rua Bom Retiro e à Alameda Rio Branco, com os prédios neles encravados, bem como o material escolar existente na mencionada Escola Pedro II. Pelo segundo ponto a ordem dia, tratou-se de dissolver a sociedade, proposta que foi aprovada por unanimidade de votos.
ResponderExcluirФ Em 1952, junto à Escola Normal e Ginásio Estadual Pedro II, funcionava o “Clube de Sociologia Fernando de Azevedo”, do qual era presidente em 06/8/1952 o Sr. João Gregório Pereira Gomes.
Aditado por Kerusco.bnu@.......
Segundo as pesquisas feitas por meu marido, Rolf Odebrecht, a Neue Deutsche Schule foi uma escola criada expressamente como interconfessional, embora dirigida durante 17 anos pelo Prof. Pastor Hermann Faulhaber, que se destacou sobremaneira na vida cultural de Blumenau.
ResponderExcluirCaro amigo Adalberto, nosso Charles Mueller logo, logo pega uma vaga na Academia Brasileira de Letras. Ele tem trazido fatos super interessantes como o do Colégio Pedro II. Tb passei por lá fazendo o ginásio. E gostaria de acrescentar que além de Joaquim Floriani, Misses Clemens, Professor Rodolfo Gerlach que era o Diretor em 1960 lembro-me dos professores Vitor Gerlach, Nicolau, Zulma Althoff (hoje senhora Altair Pimpão) que foi minha professora de Canto Orfeônico, Wilson Alves Pessoa (Tico), não me recordo do nome da professora de francês e do professor de Latim que vinha ao colégio de lambreta.
ResponderExcluirParabéns pela matéria brilhante.
Edemar Annuseck
São Paulo - SP
Adalberto e Braga Mueller
ResponderExcluirO Pedro II é a única escola que conheço que se transformou numa estrela de primeira grandeza num asteroide sem a mínima importância. Meu irmão mais velho, hoje com 74 anos, formou-se no curso Clássico do Pedro II, cujos professores eram notáveis pelo saber e pela forma como sabiam manter a disciplina nas salas de aula. Concorria em igualdade de condições com o Colégio Santo Antônio, onde estudei, com bolsas de estudos, que me eram concedidas sempre com grande prazer por Frei Odorico , sempre com a interveniência do amabilíssimo Frei Fulgêncio. Minha professora de Português, à época, era a jovem Marina Wolstein, irmã do famoso Professor Rivadavia. Em certa ocasião, como castigo por algo que não lembro, me foi dada a tarefa de escrever 100 vezes o Hino Nacional. Fi-lo com letras tão miudinhas, mas tão miudinhas, e apenas 10 vezes,, e ganhei os parabéns por ter cumprido a tarefa. Faleceu poucos anos depois vítima de câncer.
Braz dos Santos.
Maravilha,meu amigo e irmão...
ResponderExcluirComo sempre digo:somos herdeiros de fatos fantásticos,e ao ouvirmos as vozes do passado,os revivemos no presente...
Antonio Aires
Muito legal ver as fotos antigas do Pedro II, onde eu também tive o prazer de estudar. Adalberto, porque as fotos antigas parecem de uma realidade mais bonita? Abraços, Sylvio Zimmermann.
ResponderExcluirBrilhante, caro Adalberto.
ResponderExcluirParabéns ao Braga Mueller também.
Bom 2013!
Antunes Severo
Prezada Urda,
ResponderExcluirQue bom que a minha matéria reacendeu em ti a lembrança dos professores do Pedro II de uma determinada época, aquela em que você estudou ali, e confirma: o Pedro II possuia excelentes mestres !
Quero penitenciar-me por uma falha que cometi ao não citar o professor de Português dos meus tempos, o inesquecível Joaquim de Salles, que me incentivou, de todas as formas, a dedicar-me à sua matéria e principalmente às redações.
Como se vê, confrontando a minha relação e a tua, o quadro dos professores no teu tempo já era outro, mesmo assim persistia a qualidade, uma espécie de marca registrada perene do educandário, motivo de orgulho para todos nós, alunos, o que confere lugar de honra para o ensino público em nossa região.
É importante assinalar que a maioria dos blumenauenses, de uma maneira ou de outra, possui algum vínculo com a história do Pedro II.
Aproveito também para agradecer o complemento que foi enviado pela Sra. Renate Odebrecht, em Comentários, nos lembrando que, segundo pesquisa de seu marido Rolf, "a Neue Deutsche Schule foi uma escola criada expressamente como interconfessional". Com esta assertiva, confirma-se que a partir de então Evangélicos de Confissão Luterana e Católicos tinham tratamento idêntico nas salas de aula.
A todos que nos acompanharam através deste blog no decorrer de 2012, o meu muito obrigado e os votos de um Feliz 2013.
Carlos Braga Mueller
Jean Sontag
ResponderExcluirAdalberto e Braga Mueller Ótima lembrança, escola que fez parte da minha educação. Encontrei a foto Ana Lucia, que é minha atual aluna de piano!
Boa tarde Adalberto
ResponderExcluirMuito boa esta matéria sobre o Pedro II.
Também tenho boas lembranças deste Colégio, porque lá fiz o Ginásio e o Científico.
Gostei muito também do adendo da Urda que muito me lembrou o meu tempo, em especial o Prof. Fronza, meu professor de Geografia, que tinha uma memória fantástica: certa vez recitou em sala de aula o poema I-Juca-Pirama de Gonçalves Dias, de cor !!!
Abraço
Adalberto e Braga Mueller
ResponderExcluirMeu grande amigo Beto. Obrigado por mais essa historia maravilhosa de marcos e pessoas tão conhecidas nossas. Conheci a maior parte desses professores do Pedro II. Um deles, Ewaldo Trierweiler, foi meu vizinho aqui por muitos anos e nos dávamos muito. Tanto com ele como com sua esposa. Foi vitima - como muitos - da famigerada ditadura e chegou a ser preso por haver feito certo comentário em aula. Na época, havia o tal serviço secreto do exercito que se infiltrava entre os estudantes e foi o que aconteceu com ele. Como era uma pessoa muito benquista na sociedade, houve um movimento popular de protesto contra a medida e acabaram soltando o professor. Muitos desses acontecimentos durante a ditadura permanecem em minha memória. Linda a historia da Urda de seu tempo de estudante. Obrigado mais uma vez por essa passagem. Um grande abraço e uma boa nova semana.
E.A. Santos
O guga (gustavo kuerten),tambem estudou ali na 8 serie
ResponderExcluirBraga e Beto, não tem algo mais delicioso do que estes mergulhos no passado.
ResponderExcluirComo os meus filhos ~irão descrever o seu tempo de colégio no futuro, eu não sei, provavelmente só vão lembrar dos vários celulares: do tijolão ao Tablet, e da falta de tempo para curtir algo que não cheire a tecnologia. Abraço e parabéns por mais este post.
Que bom encontrar fotos do Colégio Pedro II/Blumenau/SC,onde estudei. Muito bom o seu site. Obrigada! Roselinda Ziegler Valenti,email: bright.sunset30@gmail.com
ResponderExcluirSou do tempo do pf mario manske de ciências e osmar barbieri de historia e diretor Pacheco.anos de 1975.
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