Novamente a participação exclusiva do renomado Jornalista e
escritor Carlos Braga Mueller, hoje com mais um tema : "O Maestro HEINZ GEYER".
HEINZ GEYER: A MUSICALIDADE DE UM GÊNIO QUE DEIXOU SAUDADES
Por Carlos Braga Mueller
Nunca mais alguém compôs uma ópera em Blumenau! Quem fez isto
chamava-se Heinz Geyer ! A ópera ? Anita Garibaldi!
Para as novas gerações é preciso lembrar: Geyer foi um maestro que
deixou uma herança musical que até hoje persiste nos corações blumenauenses.
Nascido na Alemanha no dia 27 de junho de 1897, o então jovem
músico chegou a Blumenau em 1921 e aqui fincou suas raizes familiares e
culturais.
Logo teve o reconhecimento da comunidade pela sua esmerada
produção artística, ingressando nos vários movimentos artístico-musicais da
então pacata Blumenau.
Foi na antiga Sociedade Teatral Frohsinn, depois Sociedade
Dramático-Musical Carlos Gomes, que ele regeu os mais destacados concertos da
sua carreira.
Embora o prédio onde hoje está o Teatro Carlos Gomes tenha sido
inaugurado no dia 1º de julho de 1939, só no dia 5 de dezembro de 1942 o
auditório recebeu sua primeira apresentação: um grande concerto dirigido pelo
maestro Heinz Geyer.
Os anos 40 e 50 marcaram o sucesso e a ascensão de Geyer e de
Blumenau no cenário cultural brasileiro.
BLUMENAU CANTA NO RIO E SÃO PAULO
Maestro Heinz Geyer no Concerto do seu Jubileu de Ouro, em 08 de maio de 1971 (Fonte: Centro de Memória do Teatro Carlos Gomes)
Divulgação da ópera ANITA GARIBALDI em São Paulo (25/11/1957). Fonte: Livro "O Maestro Geyer", de Edith Kormann.
No ano de 1941 o então governador do Estado de São Paulo, Adhemar
de Barros, convidou Geyer e sua equipe para se apresentarem na capital
paulista, patrocinando a viagem da orquestra e do coral do Carlos
Gomes. Na ocasião os blumenauenses cantaram no programa radiofônico "A
Hora do Brasil" vários números musicais, terminando com o "Hino
Nacional para 8 vozes", um arranjo do maestro Geyer. No Rio de
Janeiro se apresentaram em um Sarau Musical no Tijuca Tenis Clube.
Esta excursão teve o incentivo de Assis Chateaubriand, dono dos
Diários e Emissoras Associados, que veio a Blumenau conhecer de perto as
atividades do maestro e do Carlos Gomes (pouco depois, Chatô, como era
conhecido, iria comprar o jornal diário "A Nação" de Blumenau,
incluindo nossa cidade no rol das cidades que possuíam jornais da cadeia dos
Diários Associados).
Enquanto dirigia o Coral e a Orquestra da SDM Carlos Gomes,
Heinz Geyer ainda ministrava aulas de música e canto no Colégio Pedro II e,
quando sobrava um tempo, aproveitava para dar os retoques finais na sua grande
obra-prima: a ópera ANITA GARIBALDI !
A ÓPERA ANITA GARIBALDI ESTRÉIA NO CENTENÁRIO DE BLUMENAU
Opera Anita Garibaldi
A imagem de 1950, mostra
componentes da Opera Anita Garibaldi. O
Evento foi realizado no Teatro Carlos Gomes alusivo ao centenário de Blumenau. O
Maestro foi o talentoso Heinz Geyer O primeiro e segundo da (E) para a (D) não
identificado, o terceiro é Sr. Ramers, o quarto Sr. Rubens Heusi e o quinto Sr. Karbeck, . Arquivo Rubens Heusi
Publicada no Jornal de Santa Catarina coluna Almanaque do
Vale dia 06/07/2012. Jornalista Jackson Fachini
Fruto de uma ideia de José Ferreira da Silva , que escreveu o
libreto, Geyer criou sua grande obra-prima: a ópera Anita Garibaldi, homenagem
à catarinense que ficou conhecida como a "heroína de dois mundos".
A estréia aconteceu no dia 02 de setembro de 1950, dia do Centenário
de Blumenau, no palco do Teatro Carlos Gomes. Houve mais duas apresentações,
nos dias 04 e 06 de setembro.
Nos dias 07 e 09 de dezembro de 1956 os blumenauenses puderam
aplaudir uma nova e curtíssima temporada da ópera.
"Anita", como Geyer a tratava carinhosamente, foi
encenada em São Paulo ! A apresentação deu-se no dia 25 de novembro de
1957 para um público que a aplaudiu de pé.
Logo em seguida, em 31 de dezembro de 1957, Geyer vendeu para Fred
Hering os direitos da ópera.
A derradeira apresentação de Anita Garibaldi aconteceu no palco do
Teatro Carlos Gomes nos dias 1º, 3 e 6 de junho de 1963.
OS ELENCOS
Na estreia (1950), Anita foi vivida por Norma Cresto e coube a
Lubo Maciuk interpretar Garibaldi. O elenco contou com muitos blumenauenses,
como Leonor Lydia Fuchs, Vitor Bona, Mario Kielwagen e Caetano
Deeke Figueiredo, entre outros.
A segunda temporada (1956 Blumenau/1957 São Paulo) teve no elenco
Maria Sá Earp como Anita, Manrico Patassini como Garibaldi, José Perrota como o
Coronel Albuquerque, Diva Allegrucci como Maria da Glória, Vitor Bona como
João.
Já em 1963 os papéis principais foram vividos por Hercília Block
(Anita), Felippo Baroni (Garibaldi), José Perrota (Cel. Albuquerque) e a
blumenauense Rita Schwabe (Maria da Glória).
A OPERETA "VIVA O MINISTRO"
Além da sua ópera "Anita", Geyer compôs uma opereta:
"Viva o Ministro".
A estreia deu-se no Teatro Carlos Gomes, no dia 14 de julho de
1965, seguida de mais duas apresentações, nos dias 15 e 17 de julho.
O tema da opereta é baseado em um texto alemão, traduzido e
adaptado por José Ferreira da Silva (texto) e Erika Martins Flesch (versos).
O elenco contou com o tenor paulista Benito Maresca e a soprano
blumenauense Rita Schwabe, além da participação de Luiz Adão Quintanilha, Herbert
Berndt, Heitor Mueller, Alfonso Maria Flesch. E à frente da Orquestra Sinfônica
e do Coro Orfeônico do Carlos Gomes, lá estava o autor, Heinz Geyer !
O ÚLTIMO CONCERTO NO CARLOS GOMES
No dia 8 de maio de 1971 o maestro regeu seu último concerto no
palco do Teatro Carlos Gomes, ao qual emprestara 5 décadas de sua vida.
Depois de uma viagem a Alemanha, Heinz Geyer foi convidado para
dirigir o coral e a orquestra do Centro Cultural 25 de Julho. Aceitou e ali se
reencontrou com muitos dos seus ex-alunos.
HOMENAGEM EM 2012
Relembrando a vida e morte do maestro, que nasceu em um mês
de junho (27/6/1897) e morreu também em junho (13/6/1982) ,foi
realizada no dia 28 de junho passado, no Teatro Carlos Gomes,
uma apresentação especial em sua homenagem. Participaram os Coros misto e
masculino do Centro Cultural 25 de Julho, a Orquestra Prelúdio (do Teatro), e a
Orquestra da FURB. Obras do maestro foram executadas e muitos dos
ex-alunos de Geyer estavam com seus instrumentos no palco, mostrando a arte que
aprenderam com o mestre.
UM ALEMÃO BRASILEIRÍSSIMO
Nos programas dos seus concertos, Geyer sempre incluia músicas
brasileiras. Foi o autor de "Rio de Janeiro", uma homenagem à
"cidade maravilhosa".
No seu último concerto no Carlos Gomes a primeira parte
priorizou uma sequência de músicas-exaltação ao país que o adotou,
inclusive "Aquarela do Brasil" de Ari Barroso, e trechos da ópera
"O Guarani" de Carlos Gomes. E era com orgulho que regia para as plateias o
seu arranjo do Hino Nacional Brasileiro para 8 vozes.
Adendo:
CIDADÃO BLUMENAUENSE
É importante incluir nesta
"memória" a observação feita por Osmar Hinkeldey em comentário a
esta postagem:
O Maestro Heinz Geyer tornou-se cidadão
blumenauense pela lei 1175, de 08 de agosto de 1963, votada e aprovada pela Câmara
Municipal de Blumenau.
Foi uma reconhecida homenagem a quem
tanto fez pela cultura musical da nossa terra.
Osmar também lembra que, para a
historiadora Edith Kormann, "Anita Garibaldi"
Foi a obra-prima do maestro, com o que
concordamos plenamente.
LEMBRANÇAS
Faço ainda um depoimento pessoal.
Nos anos 50 eu estudava no curso ginasial
do Colégio Pedro II e as aulas de música eram divididas em "Teoria" e
"Canto".
A teoria era ministrada em classe
pelo saudoso professor Orlando Ferreira de Mello.
Já o canto fazia parte da aula comandada,
ao piano, pelo maestro Geyer.
O piano estava situado no Salão
Nobre/Auditório do Pedro II e para chegar lá descíamos uma ampla escadaria. Na
época só existiam as antigas instalações do colégio, no alto do morro.
Geyer executava as músicas ao piano e
nós, ao seu redor, cantávamos em coro.
Geralmente músicas do folclore brasileiro
(Carlos Braga Mueller)
Para saber mais acesse :
Fonte: Livro "O Maestro Geyer" de Edith Kormann.
Texto Carlos Braga Mueller/escritor e jornalista
Arquivo Carlos Braga Mueller/Rubens Heusi e Adalberto Day
PARABÉNS POR MAIS ESTE BELO ARTIGO.
ResponderExcluirESTE BLOG ESTA SENDO PARA MIM UMA FONTE INESGOTAVEL DE CONHECIMENTOS.
ABRAÇOS GASPARENSES DA ARLETE.
Gostei do artigo.
ResponderExcluirEsses personagens não devem ser esquecidos pois fizeram a história de nossa cidade.
Foi meu professor no Pedro II,grande homem.
Como sempre, ótima e ilustrativa postagem do Carlos Braga, que junto com o Adalberto Day se empenham em preservar a rica cultura blumenauense.
ResponderExcluirFlavio Monteiro de Mattos
Olá Adalberto
ResponderExcluirmuito boa esta matéria do Carlos Braga.
Talvez seja interessante registrar que o maestro Heinz Geyer, tornou-se cidadão blumenauense pela Lei 1175 de 08 de agosto de 1963, da
Câmara Municipal de Blumenau.
Com relação a ópera "Anita Garibaldi" é afirmado pela escritora Edith Kormann, que foi sua obra-prima.
Abraço
Obrigado, Carlos Braga-Müller e Adalberto Day, por contribuírem para manter viva a memória do maestro Heinz Geyer, que foi tão importante para a nossa história no campo da música e da cultura. Grande abraço, Wieland
ResponderExcluirPrezado Carlos, seu texto do maestro Heins Geyer me remeteu, já que eram muito amigos, ao extraordinário pianista Arthur Rubinstein, e desse, a filha brasileira do grande músico internacional. O Arthur quando ainda só um plebeu judeu polonês teve um filho com a aristocrata italiana Paola Medici. Essa para fuzir do próprio marido e da sociedade européia veio dar a luz aqui no Brasil em 1924. O então também pianista e brasileiro por convição Henrique Oswald ficou encarregado de cuidar da criança. Mais tarde sua filha, a Mimma também participou dessa tarefa. E a criança, a Luli Oswald, tornou-se uma grande pianista. Ela viveu aqui na cidade do Rio de Janeiro, e foi protagonista de muitas boas histórias, inclusive uma em que foi abduzida por marcianos. Outra em que ela se cruzou com o violonista André Rieu, eu conto no meu blog, em:
ResponderExcluirhttp://caozone.zip.net/arch2011-06-26_2011-07-02.html.
Parabéns.
Cao
Hoje,2 de março 2018, "navegando" pela Internet,tive um grande prazer ao ler este artigo sobre maestro Heinz Geyer. Muito bem escrito, deixou-me emocionada, pois conheci o maestro
ResponderExcluire sua esposa Hedy,amigos dos meus pais, Irene e Ademar Fuchs.
tive a honra aos 21 anos de participar da "Anita Garibaldi" cantando a parte de
Maria da Glória. Infelizmente não encontrei a reprodução da gravação feita em sua
estreia em 1950.Hoje gostaria de mostrá-la para minhas bisnetas.......
Leonor Lydia Fernandes Rosa
São Paulo
Carlos Müller, obrigada por fazer-nos adentrar na melhor parte das nossas memórias. Lembro muito bem de você e seu lindo trabalho, assim como do maestro por quem eu e minha família tínhamos grande admiração.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirNa foto, o primeiro da esquerda para direita é o meu avô Adolpho Krause, já falecido.
Hoje,31/01/2022, tive novamente o prazer de ler o artigo do sr Braga sobre HEINZ GEYER, com quem em 1950 cantei na ópera ANITA GARIBALDI, no papel de Maria da Glória. Daquela dia impor-
ResponderExcluirtante, hoje aos 92 anos ficou a emoção e a boa lembrança das músicas que então interpretei.
Apreciei também as fotografia das casas e prédios constantes do Blog a.c. pois morando
em Blumenau,onde fui aluna do Colégio Sagrada Família recordo-me dos imóveis então existentes.
Minha família (3 filhas,4 netos, 2 netas, 2 bisnetas e l bisneto), gostam de ouvir minhas histórias a respeito.
Parabens sobre o Blog a.c.
Saudações leonorfuchs@com br
ResponderExcluirGostaria de acrescentar que uma das melhores coisas a se fazer em Blumenau, na adolescência
éra Nadar no Rio Itajaí,.... o que eu fiz muiiiiiito
Leonor Fuchs