sexta-feira, 3 de agosto de 2012
- General alemão visita 23 BI
Foto e
edição : Luiz Ricardo Dalmarco
General alemão visitando batalhão do Exército em
Blumenau
Recentemente deparei-me com esta interessante
fotografia (não datada) da visita de um general alemão ao quartel-general do
então 32º Batalhão de Caçadores (hoje 23º Batalhão de Infantaria) em Blumenau, Santa
Catarina.
Realmente, a presença de um general alemão entre
oficiais brasileiros numa fotografia foi algo que me deixou extremamente
curioso, e imediatamente pus-me a analisar a foto para descobrir mais detalhes.
Tendo em vista que o batalhão de Blumenau foi
fundado por decreto ministerial de 31 de dezembro de 1938, e o rompimento de
relações com o Eixo se deu em janeiro de 1942, estabeleci uma janela temporal
bem rapidamente. Restava agora dar uma olhada melhor naqueles oficiais...
E olha só que grande surpresa!
A celebridade que se encontra à direita do general
alemão é justamente o então Tenente-Coronel Floriano de Lima Brayner – que em
1944 se tornaria o Chefe de Estado-Maior da Força Expedicionária Brasileira – e
que comandou o 32º BC em Blumenau de janeiro de 1940 até janeiro de 1941.
Pronto! Eu tinha agora uma janela ainda menor de
tempo para datar a fotografia. Mas ainda restava a questão maior: quem era
aquele misterioso general alemão? Talvez um adido militar?
Após alguma pesquisa e consulta a alguns amigos, a
resposta finalmente apareceu!
Trata-se do Generalmajor Günther
Niedenführ.
Tendo sido assessor especial do
Comandante do Exército Alemão entre 1934 e 1935, ele passou para a reserva como
Oberst em 31 de janeiro daquele ano. Contudo, em outubro de 1935, embarcou para
a Argentina como chefe de uma missão militar de cinco oficiais alemães junto ao
Estado-Maior do Exército Argentino, onde tornou-se conselheiro militar.
Nesta posição, Niedenführ recebeu
a patente de Generalmajor em 1 de maio de 1939, e encerrou sua missão como
conselheiro na Argentina em 30 de junho de 1940. Imediatamente, recebeu do OKW
a nova missão de ser adido aéreo junto ao governo brasileiro no Rio de Janeiro,
função que exerceu até 30 de junho de 1942, quando retornou à Europa. Lá,
tornou-se inspetor de uma comissão econômica (Wirtschaftsinspektion Süd) junto
ao Grupo de Exércitos Sul na União Soviética.
Generalmajor
Günther Niedenführ (centro) e Ten. Cel. Lima Brayner (direita).
Günther Niedenführ aposentou-se definitivamente em
31 de dezembro de 1942, mas em 1 de julho de 1943 ainda recebeu a promoção a
Generalleutnant.
Após a guerra, ele emigrou para a Argentina, vindo
a falecer em Vicente López, na região metropolitana de Buenos Aires, em 6 de setembro
de 1961, aos 73 anos de idade.
Bom, disso tudo o que podemos
concluir?
A foto provavelmente foi tirada no
mês de julho de 1940, durante o deslocamento de Niedenführ de Buenos Aires para
o Rio de Janeiro. Neste percurso, passou por Blumenau e foi recebido por Lima
Brayner na sede do 32º BC.
Vale notar que naquele momento – mais precisamente
no fim do mês anterior – os alemães haviam acabado de conquistar a França, e a
presença de um oficial-general do Exército Alemão era extremamente prestigiosa.
Além do mais, eram altos os indicativos de que a guerra acabaria dentro de
pouco tempo, com a invasão da Inglaterra ou assinatura de tratado de paz entre
os dois beligerantes.
Ufa, que história interessante existe nesta
fotografia!
Texto enviado por LUIZ
CARLOS DE OLIVEIRA BARREIRA
10 comentários:
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Que maravilha de resgate histórico. Agora, começo a entender de onde vem as "histórias" envolvendo Blumenau e a Segunda Guerra Mundial. Não são tão fantasiosas assim, rssss.
ResponderExcluirAbraços,
Paulo
Bom dia
ResponderExcluirMais uma curiosa passagem na nossa história ! Muito bom , já encaminhei para alguns conhecidos.
Abraço
Allan
0lá Bom Dia! 0brigado pelo envio da foto que mostra a visita de um gal. alemão ao então 23 BI. Eu nunca entendí o porque da entrada do Brasil na guerra contra a Alemanha. Nós sempre fomos um povo pacifico e creio que fomos arrastados pelos americanos. Estra história de submarinos alemães terem torperdeados navios mercantes brasileiros, é dificil de acreditar. Afinal, a marinha alemã deveria ter outras pioridades do que deslocar seus submarinos além de 10 mil kilometros, para afundar navios mercantes brasileiros. Para concretizar uma empreitada destas, haveria a necessidade de se instalar uma base para reabastecimento etc., e se esconder debaixo dágua por quanto tempo? Abrs. Curt PS. quando começou a guerro eu contava com 11 anos e quando terminou, com 17.
ResponderExcluirBelo e interessante resgate. Parabéns. Assim a história deixa de uma só visão.
ResponderExcluirMuito interessante este registro mas não é de admirar pois Blumenau,na época,tinha um forte laço com a Alemanha o que,posteriormente,demandou em verdadeiras humilhações a certos moradores daqui.
ResponderExcluirMuito interessante Adalberto. Obrigado por compartilhar.
ResponderExcluirAbs, Claus Jensen
Esta postagem é para os amantes da História. Belesa de reportagem.
ResponderExcluirBoa noite Adalberto, tudo bem?
ResponderExcluirFiz uma pesquisa sobre blogs de Blumenau no google e acabei conhecendo o seu.
Gostei muito da qualidade do seu trabalho. Parabéns!
Eu e minha esposa estamos lançando, a partir da próxima segunda-feira, o site chamado Mulheres de Blu. Será um site focado para as mulheres de Blumenau e região e envolverá o universo feminino, seja em moda, beleza, saúde, casa & decoração, cultura, etc. Nós fizemos parcerias com pessoas especializadas em cara área para que escrevessem pra gente.
Uma das coisas que sempre pensei, desde que bolamos a ideia do site, foi em ter um espaço no site para as mulheres blumenauenses que se destacaram, seja como empresária, esportista, religiosa, etc. E, como historiador, o senhor nos traria essas valiosas informações para que adicionássemos no site. O foco principal do nosso site é passar informação.
O que o senhor acha da ideia?
O senhor pode visualizar o site ainda em construção no endereço www.mulheresdeblu.com.br/off
Caso o senhor tenha ao menos achado interessante a ideia, eu gostaria de uma oportunidade de poder lhe mostrar melhor o projeto. ok?
Um forte abraço!
César
veja algumas fotos do meu blogger Genealogia Behringer segunda guerra mundial. Tem algumas fotos que são do meu pai que serviu o exercito no ano de 1937.
ResponderExcluirBom dia de domingo prezado Adalberto,
ResponderExcluirEncontrei esta foto procurando uma do Quarte Gal. do 2º Exercito quando este era situado em 1956 na rua Conselheiro Crispiniano no Centro de S. Paulo próximo ao Teatro Municipal.
Como militar ali servi em 1956 e não consigo encontrar uma foto daquele tempo.
Meu nome: 2º Sgt. Ref. Domingos Walter Ramazíni Arruda - natural do Jaçanã na SP Capital
meu email: walterdearruda@gmail.com Residindo na cidade de Valinhos a Terra do Figo Roxo.
Em 1944 durante a Guerra eu com 7 anos morava em Guaiaúna bairro ao lado do bairro da Penha e munido do cartão de racionamento eu ia às 4:30 hs. da madrugada enfrentar a fila do Pão que já estava longa para levar pra casa um pão ou bengala de água cascuda e deliciosa feita com um pouco de fubá e a padaria se chamava S. Pedro. Coincidentemente na minha segunda casa que resido a Padaria tb se chama S. Pedro mas fechou recentemente.
Obrigado por sua atenção nem preciso dizer sobre a historia de nosso Pais lendo as Atas dos Livros de Anais dos Jesuítas ou imaginando a fundação da nossa primeira cidade do Brasil em 1531 a cidade de S. Vicente, destruída em 1542 por um maremoto e reconstruída a seguir. Dela primeira ainda se conserva o marco histórico visível português e as ruínas abaixo à superfície. Grande Abraço de Walter!