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sexta-feira, 4 de março de 2016

- Estabilidade e ineficiência

ESTABILIDADE E INEFICIÊNCIA

Por Cezar Zillig/Neurologista em Blumenau
Cezar Zillig é médico, neurocirurgião de formação, atuando em Blumenau desde 1978.
Entre 2004 e 2015 foi colunista semanal do Jornal de Santa Catarina.
Publicou os seguintes livros:
Dear Mr. Darwin “A intimidade da correspondência entre Fritz Müller e Charles Darwin”. 1997.
Dose o Stress, Tempere a Vida. 1998.
Fritz Müller: Reflexões Biográficas. 2000 [em co-autoria]
De Ventos e Brisas. (poemas) 2000.
Fritz Müller, Meu Irmão. [2004]
Foto divulgação Internet
Em Blumenau e região, temos ótimos servidores públicos e que nem necessitariam de estabilidade para bem servir. Servidores  de carreira que poderiam até exercer cargos públicos e de confiança dos governantes. Aos nossos bons funcionários públicos nossa admiração e estima.  Dia do Servidor público 28 de outubro.
Como ocorre frequente em consultórios médicos, mormente nos de psiquiatria, neurologia, recentemente atendi um paciente que estava arrasado, chutando o pau da barraca. A causa de seu infortúnio era curiosa, bizarra: aposentado depois de mais de trinta anos na iniciativa privada em Blumenau e sentido-se ainda com energia, aceitou um convite para atuar como secretário da fazenda num pequeno município. Afinal, uma experiência nova, pensou. E aí começou o calvário que culminou na procura de socorro médico.  Acostumado com coisas como disciplina, hierarquia, eficiência, não conseguiu engolir alguns subalternos relapsos, preguiçosos, vadios, acostumados a se refugiar atrás da excrescência chamada "estabilidade no emprego". A tal da "estabilidade" é um defeito congênito, uma espécie de microcefalia, que acomete o funcionalismo público brasileiro em todos os níveis. (Existiria em também em outros países? Países sérios?)
A justificativa, segundo consta, é proteger o servidor de perseguições políticas quando da alternação do poder. Pode ser, mas na iniciativa privada também há troca de poder e ninguém, que tenha valor, perde emprego por causa disto. Ademais, as leis trabalhistas do setor privado já são suficientemente paternalistas para proteger muito bem o trabalhador, de tal maneira que a "estabilidade" inventada para o setor público é totalmente casuística, demagógica, servindo apenas para promover a ineficiência e proteger os péssimos "concursados", como muito bem experimentou o meu infeliz e deprimido paciente. Ressalte-se que bom servidor não necessita da proteção desleal da "estabilidade". Desleal para com o cidadão, o contribuinte que paga por um serviço caro e que em geral é muito mal prestado.
O fato de meu paciente não ter sobrevivido entre os indolentes "trabalhadores estáveis" indica que ele tem estômago, que não se deixou contaminar pela cultura da ineficiência. "Nem o próprio prefeito consegue fazer um servidor de má vontade trabalhar", bravejava o desiludido homem.
A questão não se esgota por aqui; o assunto continua. Quando se pará para pensar a respeito, se conclui que as consequências deste detalhe aparentemente inofensivo tem um efeito deletério impactante para a sociedade. É apenas um dos tantos males insuspeitos que assolam este pobre país e sua gente. 
ESTABILIDADE E INEFICIÊNCIA II 
A relação entre empregado e empregador, é um contrato de compra e venda: um vende a sua operosidade e o outro paga por ela. Se isto não for cumprido, o contrato terá que ser rompido; a tal da "estabilidade no emprego" é uma cláusula leonina onde desde o início fica claro que o contrato não poderá ser rompido, mesmo sem a contrapartida do serviço prestado. (Para alguém ser demitido em regime de "estabilidade no emprego" necessita quase cometer um crime hediondo para que o empregador - o estado - lhe ponha no olho da rua!)
"Estabilidade no emprego" é uma carta branca para o indivíduo só trabalhar quando e o quanto quiser. Neste regime empregatício, poucos são os servidores produtivos, que têm iniciativa, que enxergam e executam o trabalho a ser feito. Uns poucos que carregam o piano enquanto o resto faz pouco mais que figuração.
É imoral. É a mãe do corpo mole e da ineficiência; é uma das razões do porquê no setor público estar sempre faltando efetivo, sempre há longas filas, as obras levam séculos para serem concluídas e ainda por cima são de baixa qualidade. 
Desacorçoado em meio da maior crise de incompetência já vista no país, o povo acredita que basta tirar do poder os governantes atuais e demais figurinhas funestas da república que tudo estará resolvido. Ledo engano. Enquanto existir a deformidade da "estabilidade", o brasileiro continuará a ser mal servido. Mal servido em qualquer área: rodovias, trânsito, saúde, segurança, educação, etc. Afinal, a interface do governo (Federal, estadual e municipal) voltada para o cidadão pode ser representada por um servidor desmotivado que não vê a hora de ir para casa ou se aposentar. E antes que o desolado contribuinte reclame, lhe apontam o indecente aviso encontradiço em repartições, mormente nas piores, com o profilático Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940, Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Uma verdadeira mordaça.
Mesmo a maior carga tributária do planeta não está sendo suficiente para manter o inchado setor público brasileiro. O mais irônico é que alegam ser este um regime democrático: do povo, pelo povo e para o povo!

Que tal perguntar ao povo o que ele acha da estabilidade no emprego praticada no setor público? 
Texto dr. Cézar Zillig

6 comentários:

  1. Meu caro Adalberto,
    Primeiro que um texto primoroso,já respondendo a pergunta feita no texto, "enquanto vivermos com políticos corruptos nunca haverá mudanças, por tanto vai continuar a grande maioria dos serviços públicos muito ruin". Claro que não vamos generalizar ,pois neste meio temos ótimos profissionais(é bem verdade que a minoria). Entendo que quando se cria uma lei erronia desta(estabilidade) já é criada com segundas intenções, pois somente para eles se perpetuarem em tais cabides de empregos públicos, lamentável. Com tudo ,volto a repitir texto primoroso, parabéns.

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  2. Prezado Dr Cezar Zillig, seu texto contém muitas verdades, porém em nenhum momento podemos generalizar. Sou aposentada pelo serviço público do Estado de São Paulo, professora e como tal não existe e não existia a menor possibilidade de deixar o "paletó na cadeira". Assim como há médicos e médicos. Alguns sequer levantam os olhos do papel para fixá-los no paciente; fazer o exame clínico, nem pensar, além de muita rispidez para com o paciente.Tenho sofrido isso na pele e mais, com pessoas idosas. Logo, existe sim a falta de responsabilidade em qualquer profissão. Penso ser uma questão de educação.
    Por outro lado, se o indivíduo tem estabilidade é tão somente por ter prestado um concurso e não por ser colocado no cargo por apadrinhamento. Se teve capacidade para ser aprovado, merece a estabilidade.

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  3. Nossas experiências são muitas em se tratando do serviço público. Todos os dias temos estes dissabores.
    A mordaça existe e a mentira também a fortalece.
    Conhecemos pouquíssimos servidores que trabalham e são criticados pelos colegas.
    São preguiçosos, sem educação, autoritários, 'chefinhos' e normalmente não estão lotados em uma função adequada.
    E, falando em prefeito, um de Ipatinga-MG perdeu as eleições, por fazer os funcionários da saúde trabalharem e tratarem bem os pacientes. Pronto, foi o suficiente para uma grande campanha contra o mesmo.
    Uma laranja e ele se tornou ficha suja.
    O que foi, o que é, sempre o será!

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  4. "Alguns - médicos - sequer levantam os olhos do papel para fixá-los no paciente; fazer o exame clínico, nem pensar, além de muita rispidez para com o paciente."
    Profissionais deste tipo deveriam ser botados incontinenti no olho da rua!
    Agora, se forem servidores "concursados", continuarão a prestar este tipo de (de)serviço até se aposentarem.
    A tal da "estabilidade" talvez seja a principal razão para a indolência tão frequentemente encontrável em repartições públicas.
    Médicos inclusive.

    Cezar Zillig

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  5. BOM DIA!EXISTE UMA CONSTITUIÇÃO QUE NELA ESTA QUE OS DIREITOS SÃO IGUAIS PARA TODOS! SÓ QUE TEMOS DOIS EXEMPLOS FALHOS: SAÚDE DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO(Não lembro o artigo)E SE NÃO ME ENGANO NO ARTIGO 50: SEGURANÇA DIREITOS IGUAIS PARA TODOS INDEPENDENTE COR RAÇA, OU POSIÇÃO SOCIAL ETC...(É APLICADO?) Enquanto existir a deformidade da "estabilidade", o brasileiro continuará a ser mal servido. Mal servido em qualquer área: rodovias, trânsito, saúde, segurança, educação, etc. Citei dois exemplos que existe no papel e não são respeitados :Saúde,e Segurança. Os dois estão ligados a estabilidade no funcionalismo publico: EXEMPLO: SE A PESSOA COMUM CHEGA A UM DESSES AGS DA VIDA Pra reclamar os direitos delas a um especialista, a um exame de alto custo, ou mesmo baixo,QUAL A RESPOSTA Q SE RECEBE? VC VAI TER QUE AGUARDAR, E NÃO SE ALTERE POR ESTA SUJEITO AS PENAS DA LEI QUE PODEM O LEVAR A PRISÃO COM PENAS E ETC...OU SEJA VC É MAL CUIDADO PESSIMAMENTE ATENDIDO E TEM Q CALAR A BOCA, O Q da ao Funcionário publico a segurança de te XINGAR,DESACATAR sem vc poder reagir. ISSO É UMA VERGONHA COMO DIZ O SR JORNALISTA Boris Casoy. POR ESSAS E OUTRAS QUE SOU CONTRA A ESTABILIDADE!ACHO QUE VC DEVE SE MANTER NO EMPREGO POR MÉRITOS A SERVIÇOS PRESTADOS.E QUANTO A CONSTITUIÇÃO: PRECISA SER REVISTA COM URGÊNCIA, POIS NELA A MUITAS BRECHAS QUE CABEM EMENDAS ABSURDAS. ISSO ALGUM DIA VAI MUDAR? NÓS VAMOS VER ESSA VERGONHA MUDAR? DESCULPE ME ALONGAR GRANDE ABRAÇO!

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  6. Que bom poder ler as crônicas do Dr. Cezar Zillig, meu dileto amigo e colega de faculdade!
    Cezar, parabéns pelo que escreve e como escreve!!
    Sucesso e vida longa para este blog !

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