Em histórias dos Natais uma contribuição importante e exclusiva de
Carlos Braga Mueller/escritor e jornalista em Blumenau.
COMO A ARAUCÁRIA BRASILEIRA TRANFORMOU-SE NO PINHEIRINHO DE
NATAL EM BLUMENAU
Vale a pena relembrar um fato narrado por um antigo morador de
Blumenau, no qual, através de carta enviada a uma irmã na Alemanha, ele conta
como a criatividade preenchia o vazio e a saudade da velha pátria europeia.
Acostumados a festejar o Natal na Europa em torno do presépio
e do pinheiro do Tirol, os imigrantes usavam aqui galhos da mata nativa
para substituir o tradicional pinheirinho, até que o administrador e
fundador da Colônia, Hermann Blumenau, teve uma ideia verdadeiramente
luminosa, como revela o imigrante Otto na carta enviada a sua irmã, da
qual extraímos trecho em que ele se refere ao Natal.
Pinheiro Tirol (europeu) foto reprodução
A tradução foi feita pelo historiador Frederico Kilian e
publicada no Tomo XV da revista histórica Blumenau em Cadernos.
Otto (não foi revelado seu sobrenome), motivado pela saudade e
pela emoção, escreveu:
Blumenau, em 1º de janeiro de 1867.
"Querida Irmã !
........ Já estamos aqui pouco mais de cinco anos e neste ano
tivemos o nosso primeiro pinheirinho de natal.
Araucária Brasileira - Foto reprodução
Mas não é o pinheirinho alemão "Abies pectinata", mas
sim uma árvore com folhas aciculares mais duras; nasce no planalto, a
"Araucária brasiliensis", que foi introduzida aqui na colônia pelo
próprio Dr. Blumenau, que arranjou as sementes da zona serrana. Cresce muito
ligeiro e dentro de quatro a cinco anos já pode ser cortada para servir de
árvore de natal.
Nos anos anteriores, nossa árvore de natal era um arbusto ou
pequena árvore com galhinhos simétricos e que enfeitamos com pequenas fitas de
cores, cortadas de restos de fazenda, com as quais prendíamos aos ramos
as flores das múltiplas orquídeas que aqui abundam; e pendurávamos, em
falta das costumeiras gulodices (doces, maçãs e peras) as frutas que nascem
aqui, como bananas, cachos de uvas maduras e várias frutas silvestres.
Também não faltavam as velinhas de cera, pois além das
abelhas domésticas, já introduzidas na colônia, existem ainda aqui nas matas
abelhas de várias espécies, que se alojam nos troncos ocos das árvores e que
produzem uma cera escura, mas que serve para fazer velas.
Assim, em todos os anos não deixamos de ter a nossa árvore de
natal, mesmo nos três primeiros anos, em que a vida era dura de fato.
Como moravam os colonos (Blumenau 1870). Foto reprodução
Mas a festa do nascimento do Menino Jesus nos viu em torno da
tradicional árvore de natal, reunidos em louvor ao nosso Deus e unidos no
propósito de não desanimar, e de crer na bondade divina, que nos foi anunciada
há dezoito séculos pelos anjos com o cântico "Gloria in Excelsis".
E neste dia, em que um novo ano despontou no firmamento, encimado
pela bela constelação do Cruzeiro do Sul, símbolo da paz neste céu tropical,
quero retribuir os votos de felicidades que nos enviastes com tua carta e
dar-te a certeza de que aqui estamos, com a Graça de Deus, vivendo
felizes e contentes por sabermos que nossos sacrifícios serão para o bem de
nossos filhos e para o progresso desta terra, que lhes escolhemos para sua
pátria, que também já é nossa, pois abriga o nosso lar e nos dá a oportunidade
de vivermos em paz e liberdade.
Receba e transmita a todos os teus os abraços afetuosos de teu
irmão, que muito te estima.
Otto."
Arquivo Adalberto Day e Carlos Braga Mueller
Estimados Braga Müller e Adalberto, nossos antepassados, não importa a origem, precisaram de uma enorme capacidade de adaptação para poder sobreviver na nova pátria. Que bom que não abriram mão de seus valores e tradições, incluindo neste esforço também o hábito de festejar o Natal com um Tannenbaum, mesmo que no início não fosse uma Tanne (pinheiro). Graças a isso temos os pinheiros em nossas casas até os dias atuais. Abençoado Natal a ambos e às suas famílias. Grande abraço!
ResponderExcluirSenhor Adalberto.
ResponderExcluirQue alegria quando recebo e-mails seus, sempre com muitos conteúdo e todos ótimos e sempre repasso para pessoas do meu relacionamento. Todas apreciam muito. Eu também. E destaco a crônica da Dalva ( Meu Natal Inesquecível) que me transportou para a infância...
Também do Braga Mueller enfim todas sobre Natal. Amigo isto é fazer acontecer o Natal, despertar emoções, sentimentos...
PARABÉNS que DEUS continue iluminando o senhor e toda sua dedicada familia sempre em levar a arte, cultura e lazer atodos de forma tão ética e real.Sao exemplo para todos nós dando o exemplo de cidadania e solidariedade.
Desejo de coração que neste Natal, nosso presente maior, traga ao senhor extensivo a sua especial Familia, muita luz, paz, amor e muita saúde...Que no próximo ano o Senhor continue realizando seus sonhos e continue repassando para nós, seus admiradores seu conhecimento, sabedoria ...
Carinhosamente
Maria Cecilia Sada
Adalberto
ResponderExcluirEm casa do meu Avô paterno, também no inicio quando veio da Suíça, enfeitava este tipo de pinheiro (Araucária) lá na Serra Vencida, município de Presidente Getúlio, mais tarde já tinha os pinheiros alemã, por ele plantados, mesmo assim sempre continuou a utilizar as Araucárias, também tinha uma plantação de onde todo ano fazia o corte, mais tarde quando foi vendido as terras dele, quem comprou preservou as Araucárias até os dias de hoje.
Eu particular gosto mais desta árvore, primeiro pela Brasilidade, hoje não pode mais ser utilizada, mas aonde tem uma decorada me trás ótimas lembranças de menino quando passávamos o Natal em casa dos avós. Aqui em Curitiba tem muitas casas que as tem em seu Jardim.
Na casa de meus avós a Decoração era toda feita com doces,ou chocolates os tais docinhos de Natal, (não existiam as bolas de decoração para pinheiros) muito comuns aqui no Sul, minha esposa faz todos os anos, assim mantemos viva a tradição.
Ao amigo e a seus familiares, nós Família SPRING desejamos uma excelente ceia e FELIZ NOITE de NATAL.
Um forte abraço.
Henry Georg Spring
Adalberto Feliz Natal! Minha mãe ainda cultiva a tradição de fazer o pinheiro de Natal natural. Adorei seu post e o Texto do Sr. Braga!
ResponderExcluirEliane Wamser
Linda história. Nunca soube que se pendurava frutas na árvore de natal
ResponderExcluirMaribe Santos
Meu caro Adalberto, veja vc que nem nos tempos mais difíceis as arvores de Natal estavam presente(como diz o texto) ,sempre foi feito arvores de Natal, símbolo tradicional de tal data.
ResponderExcluirE hoje em dia, aqui no condomínio temos famílias que dizem que isso é bobagem ,ora como podemos chamar de bobagem uma tradição.
Somos eu e minha esposa em casa e temos nossa singela arvore , que tradicionalmente é desfeita em 6 de janeiro.
Abraços e parabéns pelo texto ,muito bom....
Meu Prezado Irmão e amigo Beto...
ResponderExcluirQuero retribuir os "votos de Felicidades que nos enviaste, e dar-te a certeza de que aqui estamos com a Graça de Deus,vivendo felizes e contentes" rodeados pela Família Querida...
E aproveito para augurar a você e todos que lhe são caros,um ANO NOVO repleto de PAZ e REALIZAÇÕES...
Antonio Aires
Apreciei muito esta matéria colega
ResponderExcluirparabéns por sua postagem de real alcance.JOSÉ RODRIGUES
Interessante postagem colega,gostei da matéria,de narrativa exemplar.
ResponderExcluirParabéns.
O pinheiro " Tirol" mostrado no site do nobre professor Adalberto é semelhante ao que vi na Floresta Negra, no sul da Alemanha e fronteira suíça com ramos mais espessos mas não sabia ao certo o seu nome no reino vegetal pois sempre deparava aqui no Brasil com o pinheiro classificado como Araucária e que nunca vi por lá.tenho inclusive um ramo desse pinheiro alemão ,já seco ,guardado .
ResponderExcluirBOM DIA! Braga Müller e Professor Adalberto DAY. Com toda a luta, sacrifício dos colonizadores Otto,Hermann,e outros, nunca deixaram de lembrar as tradições da terra Natal.Tradição essa que vem a longo de todos esses anos.Existem muitos q ainda fazem o pinheiro de Araucária, ou o pinheiro alemão esse tenho aqui em minha casa. Até meados dos anos 70 Meu Pai ainda fazia os pinheiros com velas, e posteriormente com o Pisca-pisca em forma de velas. E era um NATAL MARAVILHOSO OU NÃO?Nós esperamos um ano inteiro pra ganhar um presentinho,sem saber qual, só dentro da possibilidade de cada um, e era uma FESTA.Nos dias de hoje o Natal é tudo muito lindo, iluminado,só se vê o lado comercial da tão maravilhosa Data. As crianças tem presentes o ano inteiro,e o presente de Natal passa a ser só mais um.O NATAL É MUITO + DO QUE COMERCIO E PRESENTES COM ÁRVORES E ENFEITES ARTIFICIAIS,NATAL É VIDA É RENASCIMENTO,E RECOMEÇO!ABRAÇO QUERIDOS Braga Müller e Professor Adalberto DAY
ResponderExcluirBelo texto. Detalhes interessantes como o dos frutos pendurados. Parabéns !!
ResponderExcluirMeu caro Adalberto,
ResponderExcluirDiferente do comentário anterior que fiz em 2013, quero relembrar a árvore de natal que minha finada vó(materna) fazia. Era cortado um pinheiro aqueles com espinhos nas pontas das folhas.A decoração da mesma era um momento muito aguardo por todos nós na época, pois ela devorava com velas em cachimbos grampos, punha algodão na base dos galhos, as bolas coloridas ,e quando era sorteado para colocar o acabamento final na ponta do pinheiro há , era uma emoção única. Moralmente este acabamento era um anjo,ou uma vela diferenciada,e então no dia tão esperado eram acesas as velas ficava lindo, que bom recordar novamente ,obrigado.
Para o nosso primeiro Natal no Brasil, minha mãe ainda trouxe da Alemanha alguns enfeites de árvore de Natal, incluindo as velas. Como de costume, a árvore foi enfeitada na tarde do dia 24 de um dezembro muito quente (1953). Por último foram colocadas as velinhas vermelhas e a árvore deixada em seu lugar de destaque para aguardar a festividade na noite. Chegou a noite e o momento de acender a velas e que surpresa... todas elas estavam viradas para baixo, impossíveis de ser acesas. Foi um Natal sem luz, pois a cera alemã servia para climas europeus, não para o verão brasileiro.
ResponderExcluirMesmo residindo em São Paulo a mais de 30 anos adoro ter qualquer tipo de notícia de Blumenau minha querida cidade.
ResponderExcluirQuando os meus pais, irmão e irmãs estávamos em casa, tínhamos sempre plantado no quintal o pinheiro espinhoso que todos os anos o meu pai cortava um deles e a minha mão enfeitava com bolas coloridas que naquele tempo eram confeccionadas com um finíssimo vidro, quebrava-se com muita facilidade, hoje são de plástico.
sem que nós percebêssemos, os meus pais jogavam balas no ar que quando caiam no chão faziam barulho e nós nos disputávamos as balas com uma alegria sem fim achando que o Papai Noel era quem estava jogando as balas.
Eu e um dos meus irmãos tínhamos um calendário com 25 janelinhas, desde o dia 01 de dezembro de todos os anos nós abríamos a janela do dia correspondente até chegar a janelinha de numero 25 que era o dia do natal.
A frente do calendário tinha uma linda paisagem de natal e em cada janelinha que depois de aberta também apresentava uma linda paisagem natalina e na 25° janelinha tinha o desenho de um presépio com Jesus na manjedoura.
Embora éramos em três irmãos e duas irmãs apenas eu e um dos irmão tínhamos os calendários natalinos porque éramos os mais velhos.
Lembro que o meu pai trabalhou na antiga de chapéus NELSA e nas horas de folga ele cortava a grama do jardim do presidente da fabrica de chapéus e por ser bastante conhecido dessa família por prestar serviços nos jardins da residência ganhava todos os anos brinquedos usados para que o Papai Noel pudesse colocar em baixo do pinheiro de natal da nossa casa e esses calendários também foram doados por essa família da fábrica de chapéus.
Não vou esquecer nunca esses momentos mágicos de indescritível felicidade.
Feliz Natal a todos e que Deus ilumine os seus caminhos com os raios ensolarados do sucesso.
Vitor Soares
Apenas um acréscimo no meu comentário efetuado a pouco.
ResponderExcluirA paisagem dos calendários natalinos eram de uma aldeia onde tinha neve, enfeites de natal nas casas, pinheiros de natal enfeitados nas ruas, trenó de Papai Noel, etc.
"As janelinhas que nós abríamos eram as próprias janelas e portas das casas dessa aldeia que fazia parte da paisagem desses calendários.
Lembro muito bem que atrás dos calendários estava escrito que a fabricação dos mesmos era da Alemanha.
Saudades...
Como não se encantar com as histórias de Natal? O registro mais antigo sobre pinheiros enfeitados para o Natal é aquele do alemão Lutero, data de 1530, em que passeando pela floresta notou a beleza de pinheiros na neve sob as luzes de estrelas. Voltou para casa e tentou com objetos disponíveis recriar aquela cena na floresta. Quanto a figura do Weihnachtsmann... Nasceu... Bem... Isso já é uma outra história!
ResponderExcluirImagens da cidade maravilhosa de São Sebastião do Rio de Janeiro em:
http://caozonemais.wixsite.com/caolinks
Boa noite Adalberto. Todas minhas homenagens pelo teu trabalho. Quando criança eu e meu irmão Valter (falecido) quando o natal se aproximava eramos encarregados por nosso pai a ir buscar um pinheiro de espinhos, que ele tinha comprado de um colega de serviço ( Empresa Industrial Garcia) Esta casa onde tinha este pinheiro para vender ficava na Rua Progresso perto de cemitério.A missão de transportar tinha o preço de muitas espinhadas (rsssss) mas valia a pena pela alegria que nos proporcionava na noite de natal. A decoração na nossa casa era muito parecida com a descrita pelo Nilton Zuqui.
ResponderExcluirCarlos Hiebert
Excelente e bem oportuno post, parabéns !
ResponderExcluirUm abençoado e promissor Natal !
Adalberto, que bela história para conhecer no natal. É muito importante sabermos como nossos antepassados viveram, como preservaram os valores, a cultura, a esperança. Precisamos ter isto como nosso guia, nessa estrada que nos leva ao futuro.
ResponderExcluirObrigado a você e ao Carlos Braga Mueller por este "presente", que traz o passado e leva ao futuro. Feliz Natal.
ResponderExcluirJacinto Nicoletti
Jacinto Nicoletti Blog Adalberto Day gosto muito destas histórias, além de interessantes nos faz lembrar do passado, parabéns por estás histórias.
Amigo Beto bonito o comentário do Sr Klaus sobre as velas com cera Alemã de não resistirem o calor insuportável do Brasil, e veio a tirar o brilhantismo de seu Natal com luz ha ha ha ha ,mAS NEM POR ISTO DEIXARAM DE FESTEJAR, VIVA ELES, MAS SABES beto UMA DAS MINHAS GRANDES LEMBRANÇAS É QUE NA ÉPOCA NÃO TÍNHAMOS O PELOTÃO DE CAPINAÇÃO DE RUA PELA PREFEITURA, E VOCE SE LEMBRA QUEM ERA OS RESPONSÁVEIS PELA LIMPEZA E CAPINAÇÃO NA FRENTE DE SUAS CASAS PARA RECEBER O BOM velhinho ,NOS SE NÃO ELE NÃO IA TRAZER OS PRESENTES LEMBRO BEM RUA DO fifa ( belO horizonte)FICAVA UMA BELEZA. E LA VINHA ELE COM SEU SININHO E O SACO DE PRESENTE A SUAS COSTAS. ABRAÇOS. Valdir.
ResponderExcluirZilair Schoepf
ResponderExcluirO pinheiro era vivo, com espinhos ou tannenbaum. Velas de cera, lametas e algodão fingindo neve.
Celso Santos
ResponderExcluirPinheirinho de Natal é sempre uma doce lembrança da família. Momentos mais aconchegantes da vida. Feliz Natal, Prof° Adalberto Day & família.
Sandro Luiz Siegel
ResponderExcluirEssa foto é quase igual quando a minha mãe(in memòriam) tinha na casa dela no bairro bom retiro, Blumenau
Salmos de Souza
ResponderExcluirComo dizia aquele humorista do Balança Mas Não Cai, Leleco, tempo bom, não volta mais. Boas Festas para vc e família, Adalberto Day
Patricia Jaqueline Wendt
ResponderExcluirque lindo maravilhoso tenho saudades de minha avó ela fazia esses pinheiros enormes era maravilhoso de pinheiro de espinhos ficava demais
Araci Willi Kraft
ResponderExcluirNo meu tempo de criança na casa dos meus pais era assim
Meus pais faziam o Pinheiro sempre com a árvore ARAUCARIA bem grande e cheias de bolas de vidro algodão e aqueles fios de prata. Era linda a árvore bem grande. Que saudades.
Catarina Tecla Mistura
ResponderExcluirLinda a história, pois quando eu era criança e até mocinha, sempre em minha casa tivemos esses pinheiros, com bolinha de vidros, as velinhas coloridas, e fios bem fininhos prateado ou dourado e algumas gotinhas de algodão. Nossa que saudades dia 24 as velinhas eram acesas, cantava a noite de Natal , e as primaradas se juntava, os vizinhos também e depois a meia noite íamos a missa do galo.
Que tempos bons, boas recordações e obrigada por fazer a gente lembrar de um passado gostoso.
Cecilia Barbieri Rautenberg
ResponderExcluirBlog Adalberto Day eu que te agradeço por nos trazer essas histórias,vc é muito,mas muito,especial.
Que Deus te abençoe sempre e muito mais.