PRC-4 RÁDIO CLUBE, A
PRIMEIRA DE SANTA CATARINA. MAS SERIA A QUARTA DO BRASIL?
Por Carlos Braga Mueller
Jornalista e escritor
(Braga Mueller atuou quase 10 anos na PRC-4 como locutor
(comunicador), de 1954 a 1963, com o pseudônimo de Charles Neto)
Blumenau sempre se destacou na área das comunicações.
No dia 1º de janeiro de 1881 circulou a primeira edição do jornal "Blumenauer Zeitung",
fundado por Hermann Baumgarten. Durou até 02 de dezembro de 1938, ou
seja, teve vida longa.
Na década de 30 do século 20 foi ao ar a primeira estação de rádio
de Santa Catarina: a PRC-4 Rádio Clube de Blumenau.
Em 1964 foi instalada em Blumenau a primeira instituição de ensino
superior do interior do Estado. No dia 2 de maio daquele ano foi ministrada a
aula inaugural da Faculdade de Ciências Econômicas de Blumenau, dando origem à
FUB - Fundação Universitária de Blumenau, hoje FURB - Universidade Regional de
Blumenau.
No dia 1º de setembro de 1969 teve início a programação oficial
da TV Coligadas de Santa Catarina, com sede em Blumenau (hoje RBS-TV
Blumenau), gerando o sinal da Rede Globo para todo o Estado.
1971, 22 de setembro: o primeiro jornal catarinense
impresso pelo moderno processo de offset começou a circular em todo o
território catarinense, o Jornal de Santa Catarina.
Enfim, sempre na frente, Blumenau tem sido, através dos tempos,
pioneira na área das comunicações.
PRC-4 RADIO CLUBE DE
BLUMENAU
Desde que o rádio foi "inventado" e o Brasil entrou na
era das comunicações sonoras via ondas eletromagnéticas, muitas datas
foram sendo registradas a cada nova rádio que ia sendo fundada no país.
Um exemplo disso é a nossa atual Rádio Clube de Blumenau, que tem o registro de um glorioso
trajeto:
Foto 1 - Estúdios da PRC-4 Rádio Clube de Blumenau, anos 40
19/03/1932: fundação da Rádio Cultura (meses depois mudou
para Rádio Clube de Blumenau)
1933: aquisição de um transmissor Collins de 150 watts
1934: início das transmissões em caráter experimental. O estúdio ficava
situado na Travessa Aymoré, hoje Rua
Capitão Euclides de Castro, no centro de Blumenau.
1935: em 18 de março entra no ar com um transmissor Philips de 500
watts de potência
1936: João Medeiros recebe a concessão para sua rádio e um
prefixo oficial: PRC-4.
O primeiro "speaker" (locutor) foi José Ferreira da
Silva.
A rádio era um "clube" de ouvintes e nem sonhava em ter
finalidade comercial.
Está registrado na história do rádio blumenauense, que a
PRC-4 teria sido a quarta emissora do país, talvez até pelo número 4 do
prefixo.
Foto 3 - Instalações da técnica de som (sonoplastia) da PRC-4 em 1950, já no prédio da Rua 15 de Novembro, esquina com Nereu Ramos.
Analisando a situação, chega-se a conclusão de que foi, sim,
a primeira de Santa Catarina; quanto a ter sido a
quarta emissora do país, permanecem dúvidas.
Transmissor de 1 kilowatt (1.000 watts) da PRC-4 em 1950, ano do centenário de Blumenau.
As fotos foram digitalizadas diretamente de uma revista (Vale do Itajaí, de 1950) e por isso não são muito boas. Mas são históricas.
Jornal de Santa Catarina 10/07/2013 | N° 12929
ALMANAQUE DO VALE | Jackson Fachini
Amigo
locutor
Jener Reinert fazendo locução no
estúdio da PRC4 - Rádio Clube de Blumenau, nos anos de 1950. A emissora entrou
no ar em testes no dia 13 de março de 1932, tornando-se a primeira rádio de
Santa Catarina, fundada por João Medeiros Júnior. Em 2007, mudou de endereço
para o Edifício Senador Evelásio Vieira. (Imagem: acervo de Joel Reinert)
O INÍCIO DO RÁDIO NO
BRASIL
A primeira emissão de rádio no Brasil aconteceu no dia 7 de
setembro de 1922, centenário da nossa independência.
A empresa Westinghouse Eletric International Co. instalou
no alto do Corcovado, no Rio de Janeiro, uma estação de 500 watts, inaugurada
com o discurso do presidente Epitácio Pessoa em solenidade ocorrida na Praia
Vermelha. Foram importados 80 receptores de rádio especialmente para o evento.
As transmissões em seguida saíram do ar.
Só 8 meses depois, em maio de 1923, as transmissões
reaparecem com uma emissora batizada de Rádio Sociedade do Rio de Janeiro,
prefixo PRA-A, fundada
por Edgar Roquete Pinto.
Foto 2 PRA-A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a primeira emissora de rádio brasileira.
Existem, porém registros de que em 6 de abril de 1919
foi feita uma transmissão experimental de radiodifusão em Recife por um
grupo que se dedicava ao estudo da eletricidade e da telegrafia sem fio,
tendo a frente o radiotelegrafista Antônio Joaquim Pereira. Este movimento
viria a se constituir mais tarde na Rádio Clube de Pernambuco, prefixo PRA-8.
Embora o italiano Guglielmo Marconi tenha obtido
a patente da invenção do rádio em 1898, a história registra que já em 1893
o padre, cientista e engenheiro gaúcho Roberto Landell de Moura já
havia testado uma primeira transmissão de voz por ondas eletromagnéticas, sem
fio, cuja patente Landell de Moura só conseguiu obter em 1900.
OUTRAS RÁDIOS PIONEIRAS
As datas de fundação e do início de transmissões das rádios
pioneiras no Brasil se confundem.
Analisando algumas, constata-se, pela antiguidade:
PRB -2 - Rádio Clube Paranaense
27/06/1924: início das transmissões
É considerada pelos paranaenses a terceira mais antiga do país,
tendo sido a primeira do Paraná.
PRB-3 - Rádio Sociedade de Juiz de Fora
30/09/1929: data da fundação
Antes do PRB-3 havia usado o prefixo PRA-J
É considerada pelos mineiros a segunda do país. Foi a primeira em
Minas.
PRB-6 - Rádio América de São Paulo
04/11/1931: data da fundação pela Organização Byington
17/08/1934: primeira transmissão
Antes do PRB-6
havia usado o prefixo PRA-O.
PRB-9 - Rádio Record de São Paulo
23/10/1928: data da fundação como Rádio Sociedade Record.
O que se constata com estes registros é que a data de fundação não
tinha nada a ver com a sequência numérica dos prefixos. Estes eram concedidos,
certamente, pelas datas dos pedidos que as rádios faziam ao governo federal, ou
então pela data em que as concessões eram expedidas.
Sabe-se que o fundador da Rádio Clube de Blumenau, João Medeiros, havia pedido
seu registro de concessão bastante tempo antes de, finalmente, recebê-lo em
1936.
Qual o critério
utilizado para se avaliar a antiguidade de uma emissora?
A data da fundação?
A data do início das transmissões? (neste caso, existiram as
transmissões experimentais e as oficiais).
A data do recebimento da concessão ?
A numeração do prefixo?
Com o prefixo PRC,
além da nossa PRC-4 Rádio
Clube de Blumenau, conseguimos localizar, pesquisando, a PRC-7 Rádio Mineira de Belo Horizonte, e a PRC-9, Rádio Educadora de
Campinas, esta fundada em 1933.
Outra dúvida: será que os prefixos seguiam uma numeração
sequencial, ou alguns números ficavam de fora ?
Teria havido uma PRC-5?
Falta muito, ainda, a se pesquisar nesta área.
Vamos em frente!
Texto Carlos Braga Mueller/Jornalista e escritor. Arquivo Carlos Braga Mueller/Adalberto Day
ADENDO
A respeito deste assunto, o blog "Caros Ouvintes"
postou a seguinte matéria:
O tema vem a propósito da matéria PRC-4 Rádio Cultura? que apresenta o mais recente estudo
do jornalista e escritor – e também colaborador voluntário do site Caros
Ouvintes – Carlos Braga Mueller.
Diante das dúvidas levantadas, pelo
menos uma delas – referente ao prefixo da primeira emissora catarinense –
podemos acrescentar dados da época, pois que nossa fonte está fundamentada na
publicação da “Relação das Estações Brasileiras de Radiodifusão”, estampada à
página 43, da edição nº 49 de 19/09/1936 da revista Carioca do Rio de Janeiro.
De acordo com a publicação, a PRC-4
Rádio Clube de Blumenau é a 19a. emissora de rádio licenciada no
país, conforme detalhe da página destacado acima. À época já existiam 65
emissoras em funcionamento no Brasil.
Em
Santa Catarina, somente cinco anos após foi instalada a segunda estação:
a Rádio Difusora de Joinville, seguindo-se a Difusora de Itajaí, em 1942;
a Guarujá de Florianópolis, em 1943 e a Catarinense de Joaçaba, em 1945.
(História do Rádio em Santa Catarina. Ricardo Medeiros e Lúcia Helena Vieira.
Florianópolis: Editora Insular, 1999).
Ola Adalberto!
ResponderExcluirMeus parabéns por esse belíssimo texto sobre a Rádio em SC. Blumenau foi pioneira nas ondas do rádio e isso, poucos conhecem.
O pioneirismo faz parte da trajetória deste povo.
Meu caro Adalberto independe de quem tenha escrito o texto que por sinal esta ótimo, Parabéns ao Sr.Braga.
ResponderExcluirEu sempre fui um amante do radio, prefiro as rádios AM por sempre tratar de assuntos da nossa cidade, é claro que nos dias de hoje já temos excelentes rádios FM com jornais matinais de ótima qualidade, lembro muito bem que em momentos difíceis a única comunicação e informação sempre vem da radio.
Quem é filho desta cidade sabe bem o que estou falando, que saudades do então picape da frigideira e tempos bons.
Amigo Adalberto, saudações,
ResponderExcluirO Carlos Braga Mueller faz parte da história do rádio e ele como ninguém pode relembrar detalhes que o ouvinte do rádio em Blumenau jamais tomou conhecimento. Tem gabarito suficiente para isso. Quero cumprimenta-los pela matéria, importante e reveladora de um acontecimento que marcou a população do Vale do Itajaí a partir do surgimento da PRC-4. Recente pesquisa divulgada em São Paulo mostra que 73% da população ouve rádio. Isso comprova a importância desse veículo no relacionamento com o povo brasileiro.
Edemar Annuseck
Sei que um de meus tios, Henrique Maurício Argus, escreveu artigos para esse jornal, na década de 30, provavelmente nos primeiros anos – 32 ou 33, quando a família de meus avós veio morar em uma fazenda da família Odebrecht, em Correia Pinto. Ficaram lá por dois anos e meio. Não tenho nenhum exemplar desse jornal, nem sei se os artigos dele tinham assinatura, ou se estou confundindo com o “Urwaldsbote”.
ResponderExcluirAnamaria Kovács
Abraço,
Eu tocava acordeon no programa do José Gonçalves, talvez fosse neste Clube da Criança. Na verdade, eu era muito ruim, mas provavelmente como meu pai era o dono da radio, permitiam que eu assassinasse as musicas... O pior, Lorena, ou melhor, estou em duvida, é que depois de muitos anos de aula, hoje nem sei mais como segurar o acordeon.
ResponderExcluirCarminha Vianna
Menos, menos, Carminha Vianna. Se lá estavas é porque tinhas algo a mostrar. Claro que crescemos e achávamos ridículas as nossas apresentações. Lembro que eu declamei um verso, em alemão, para o dia das mães e ganhei o concurso. O premio foi uma caixa de sabonetes e cada pedaço era revestido com uma espuma e esta era pintada ou impressa com florzinhas. Viu, Carminha, nada se esquece. Não sei se hoje iria declamar em alemão rsrsrs Melhor é que ainda sei um trecho da poesia. Naquela época de criança, depois menina moça e até casada, me apresentei por inúmeras vezes. Cheguei a ser professora de acordeon e meu primeiro solo de violino dei aos 5 anos num recital da Academia de Música do Teatro Carlos Gomes. Inclusive aos 14 anos já participava da Orquestra Sinfônica do TCG sob regência do Maestro Heinz Geyer. Participei da gravação do LP Nossos Pais Cantavam Assim. Mas declamar... não sei se voltaria a fazer.
ResponderExcluirLorena Karasinski
Eu também tocava acordeom. Especializei-me em músicas alemãs, mas nunca fiz uma apresentação em público. Tb, como você Carminha Vianna, me achava uma péssima acordeonista. Você se apresentava e devo aplaudi-la e parabenizá-la. Bem ou mal, tentou. E ficou uma liiiiinda lembrança, como a da Lorena Karasinski declamando. E como é bom falar/escrever sobre isso. Abraços
ResponderExcluirMercedes Oechsler
Também cantei uma música, "O Barqueiro" naquele programa. Tive que levar a partitura para o pianista poder tocar... Ainda sei cantar essa música que minha mãe me ensinou.
ResponderExcluirAlaíde Correia
O meu, quando desisti de tocar, meu pai levou para a radio, assim como também o piano que tínhamos em casa e que ele nunca conseguiu que nenhum dos 9 filhos aprendesse a tocar. Agora, na geração dos bisnetos, existem alguns com o dom da música.
ResponderExcluirrsrsrs as teclas brancas e pretas são do lado direito. Meu acordeon está aqui perto de mim, bem acoplado dentro de sua caixa. Só uso para bagunça com os netos.
Carminha Vianna
ResponderExcluirQue pena, Carminha Vianna, piano era o instrumento dos meus sonhos mas como minha mãe me dizia na época, era um instrumento caro e fora das nossas cogitações. Até toco um pouco mas só devido ao conhecimento dos outros instrumentos e a mão esquerda por ser totalmente diferente, aprendi vendo minha prima.
Lorena Karasinski
Sensacional a matéria.
ResponderExcluirParabéns!
L.C. Barreira
Muito bom, Adalberto e Braga. Sabes que eu cheguei a ir a um programa de auditório da Rádio Clube, quando tinha mais ou menos uns 3 anos? Tenho uma crônica que conta tal coisa!
ResponderExcluirAbração,
Urda Alice Klueger
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBRAGA,
ResponderExcluirEspero que goste. Página 06:
http://hemeroteca.ciasc.sc.gov.br/agazeta/1936/GAZ1936629.pdf
ATTE,
Juliano, de Itajahy.