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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

- Professor José Ferreira da Silva

Vitima de acidente rodoviário sofrido na noite do dia 22 de dezembro de 1973 (faleceu dia 31), na rodovia BR-277, quando o Volks em que viajava foi abalroado por um caminhão FNM, o professor José Ferreira da Silva lutou durante 10 dias contra a morte, internado na sala de terapia do hospital Cajurú, em Curitiba. Logo após o acidente, quando sofreu a primeira intervenção cirúrgica, entrou em estado de coma e até sua morte permaneceu inconsciente. Morreu às 06h30min horas de domingo, assistido pela esposa Dona Anita e pelos seus cinco filhos. De Curitiba, seu corpo foi transladado de avião até Navegantes, chegando a Blumenau à 15h30 minutos.
Em câmara ardente, foi velado no salão nobre da Prefeitura Municipal, e às 17h30 minutos, depois de cumpridas as cerimônias religiosas dirigidas pelo vigário da paróquia de São Paulo Apóstolo, Frei Bernardo Oeschler, foi conduzido numa viatura do Corpo de Bombeiros ao Cemitério São José, onde foi sepultado. Milhares de pessoas de todas as partes do estado acompanharam o cortejo, que seguiu pela Alameda Duque de Caxias, Praça Mascarenhas de Morais e rua 7 de Setembro.

No cemitério, José Ferreira da Silva recebeu as homenagens da Academia Catarinense de Letras, da qual era membro, da Sociedade Dramática Musical Carlos Gomes e da Prefeitura Municipal de Blumenau.

SUA VIDA
O professor e historiador José Ferreira da Silva morreu aos 77 anos de idade, deixando uma vasta folha de serviços prestados as comunidades em que serviu ao longo de sua vida. Natural de Tijucas, onde nasceu em 16 de janeiro de 1897, era casado com Ana Ferreira da Silva e deixa cinco filhos, Êrico, Zenaide, Zélia, Luís e Ana Maria.
Aos dois anos de idade passou a residir em Florianópolis, onde freqüentou posteriormente a escola primária. Também cursou a escola paroquial de Santo Amaro do Cubatão (hoje da Imperatriz), sob a regência do professor Sebastião de Oliveira Dias. Posteriormente, fez o secundário no ginásio Catarinense e no Colégio São José, de Pareci, no Rio Grande do Sul. Já o curso colegial colaborava na revista infantil de Petrópolis, “O Beija-Flor”.

Em canoinhas, o professor José Ferreira da Silva, iniciou suas atividades no magistério.
Tendo prestado exames para professor perante o então diretor geral de Instrução, o escritor, teatrólogo e autor da letra do hino de Santa Catarina. Horácio Nunes Pires, Ferreira da Silva, foi nomeado regente da escola primária de Canoinhas, onde permaneceu até 1919.
Ali também foi tabelião interino.

Transferido em 1919 para Bom Retiro, hoje Luzerna, exerceu ali o magistério até o ano seguinte, quando foi removido, a pedido, para o município de Blumenau, onde dirigiu, durante meses, a escola subvencionada de Arapongas, no atual município de Indaial.
Em Canoinhas, trabalhou na imprensa colaborando no jornal “Timoneiro do Norte”, com artigos sobre a história do município e do movimento dos Fanáticos, que mal havia terminado. Em 1920, foi aprovado em concurso para Escrivão de Paz e Tabelião do então 7º distrito de Blumenau, hoje município de Rodeio, onde permaneceu por quadro anos consecutivo. Em Rodeio, apesar do meio ainda pouco desenvolvido, fundou o semanário “O Escudo”, que dirigiu até 1924.
Nesse ano, foi transferido para a sede do município, como titular do cartório do Crime, Civil e Comercial, tendo como juiz de direito o bacharel Amadeu Felipe da Luz, de quem foi grande amigo e colaborador.

Em 1926, fundou com Otaviano Ramos, chefe da estação postal telegráfica e poeta, o jornal “A Cidade”. Passou então, a desenvolver intensa atividade intelectual, publicando contos, crônica e comentários e mais criticas esparsas por vários jornais e revistas. Deu a publicidade diversos estudos históricos, biografias traduções do alemão e do italiano, idiomas que dominava com relativa segurança.
Deixando o cargo de serventuário de justiça, montou escritório de advocacia, como solicitador depois de concurso prestado perante o tribunal de Justiça do Estado, associando-se ao Desembargador aposentado Pedro Silva e ao advogado provisionado Max Mayr.

Ingressando na política, foi candidato ao conselho Municipal pouco antes da Revolução de 1930. No ano seguinte, foi nomeado Inspetor Federal do ensino Secundário, tendo exercido estas funções no ginásio Santo Antonio de Blumenau, no ginásio Bom Jesus, de Joinville, no ginásio Lagunense, de Laguna e no ginásio Barão de Antonina, de Mafra, encaminhando os processos de reconhecimentos desses educandários.
Já havia dado à publicidade vários trabalhos históricos e fundado outros jornais, quando, em 1935, foi eleito para vereador e presidente da Câmara Municipal, cargo que exerceu até janeiro de 1938. Nesse mês, foi nomeado prefeito de Blumenau. Permaneceu no cargo até maio de 1942. Deve-se à sua administração, entre outras obras a construção do prédio do Fórum e da Prefeitura (em parte destruído pelo incêndio de 1958); a canalização do ribeirão Bom retiro e consequente abertura da atual Rua Nereu Ramos (entre a rua XV de novembro e 7 de setembro); a Escola Agrícola Municipal; o campo de aviação de Itoupava Central; a abertura da Rua Presidente Getúlio Vargas; o “Museu Fritz Müller”; o matadouro municipal de Itoupava Seca; o serviço de abastecimento de água potável; o Grupo Escolar “Machado de Assis” e mais de 20 escolas isoladas, o prédio da intendência de Rio do Texto (atual) município de Pomerode, a estação meteorológica e vários outros melhoramentos.
Como procurador da “Aliança da Bahia”, grande organização securitária e de capitalização. Ferreira da Silva permaneceu vários anos fora de Blumenau, residindo no rio de Janeiro e Curitiba, não tendo, entretanto, perdido contato com Blumenau, nem com a sua atividade intelectual.
Mesmo residindo em Curitiba, fundou o mensário “Blumenau em Cadernos” em 1957, que vinha dirigindo até a data de seu falecimento e que, dado o extraordinário desenvolvimento que atingiu e o prestigio que conquistou nos meios culturais do país e mesmo no exterior, constitui-se, hoje, no maior repositório histórico e regional de Santa Catarina.

Voltando a Blumenau, em 1962, Ferreira da Silva foi convidado pelo então prefeito Hercílio Deeke, para dirigir a Biblioteca pública “Dr. Fritz Müller”, que aquele blumenauense havia oficializado por lei.
A Biblioteca contava, então, cerca de 3.000 volumes.
Nesse meio tempo, a Câmara Municipal, reconhecendo os bons serviços prestados por Ferreira da Silva a Blumenau, concedeu-lhe o titulo de Cidadão Blumenauense.
Assumindo a direção da Biblioteca, prestigiado pelo prefeito que construiu o novo prédio, Ferreira da Silva imprimiu tal ritmo de desenvolvimento a esse Departamento Cultural que a Biblioteca Dr. Fritz Müller é hoje, com um acervo de cerca de 50 mil volumes (em 1974), a maior do Estado. Os prefeitos que sucederam a Hercílio Deeke na administração municipal também lhe deram todo apoio, incentivo que ele dotou a biblioteca de encadernação, tipografia. Seção Braille, discoteca e outros setores indispensáveis ao grau de desenvolvimento que a Biblioteca atingiu.

O governo da República Federal da Alemanha, reconhecendo os serviços prestados e o trabalho intelectual do professor Ferreira em prol do estreitamento, cada vez maior, das relações entre o nosso e aquele país, não só o convidou para uma visita a Alemanha, como conferiu-lhe, por decreto de 15 de abril de 1970, a comenda da “Ordem do Mérito”, no grau de Grande Oficial. As insígnias da ordem foram-lhe entregues, em grande solenidade, pelo Cônsul Geral da República Federal em Curitiba, Rolando Zimmermann.
Em 1970, Ferreira da Silva foi eleito para a Academia Catarinense de Letras, tomando posse da cadeira nº 4. Anteriormente já havia sido, também, eleito Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina.
A secretaria do governo do Estado, pelo seu Departamento de cultura lhe conferiu diploma de reconhecimento pelos serviços que presta com a publicação de “Blumenau em Cadernos”.

Ferreira da Silva foi, também, sócio honorário da Sociedade Dramático Musical Carlos Gomes, da Sociedade Recreativa e Desportiva dr. Blumenau, do circulo de Orquidófilos de Blumenau e de outras. É o decano dos radialistas de Santa Catarina, pois foi durante muito tempo, o primeiro locutor da PRC – 4, a pioneira da radiodifusão de Santa Catarina, pois foi durante muito tempo um dos mais antigos jornalistas do estado.
José Ferreira da Silva tem um total de 20 obras publicadas. ““O Padre Jacobs” foi sua primeira obra e a que se seguiu: “A colonização do vale do Itajaí”, “O Doutor Blumenau” (duas edições), “ Calendários Blumenauense”, “Fritz Müller”, “Blumenau, “Relatório do Prefeito”, “Anita Garibaldi”, “ O Catolicismo em Blumenau”, Colônias Para o Brasil”, “História de Blumenau”, História do Município da Penha”, “As terras do Itajaí Mirim e Vasconcelos Drummond”, “ Itajaí, a Fundação e o Fundador”, “Terra Catarinense”, “Cronografia do Dr. Blumenau”, “Blumenau - Pequeno Guia Turístico”, “A Bandeira do Brasil” e “Otaviano Ramos”.
Ferreira da Silva fez também duas traduções: “ Dança Macabras” e “Viagens Pelas Colônias Alemãs da Província de Santa Catarina”, tendo outras obras inéditas, tais como; Descendo o São Francisco”, “ A Imprensa em Blumenau”, “ Os Monumentos de Blumenau” e “ Chega de Enchentes”.

Acesse também:
http://adalbertoday.blogspot.com/2011/06/jose-ferreira-da-silva.html

Revista Blumenau em Cadernos – Tomo XV * Janeiro e Fevereiro de 1974 * nº 1 e 2
Arquivo: Sávio Abi-Zaid/Adalberto Day

6 comentários:

  1. Adalberto,

    Tenho alguns livros do José Ferreira da Silva e sempre tive interesse em saber mais da vida dele. Por isso, obrigado pelo belo texto.

    Abraços,

    Paulo

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  2. Adalberto
    José Ferreira da Silva foi uma das mais importantes personalidades da história de Blumenau e, porque não dizer, de Santa Catarina


    Braz dos Santos

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  3. Adalberto
    Muitos e valiosos serviços prestados pelo professor que merecem serem reconhecidos e divulgados.
    Parabéns pela iniciativa,
    Antunes Severo

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  4. Olá Beto
    Mais uma vez nos brindando com relatos memoráveis.

    Um abraço

    Eliane Day

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  5. Oi Adalberto. Mais uma vez, parabens pelas postagens do seu blog. Nao conhecia nada sobre a historia de Blumenau, e graças aos seus relatos, estou aprendendo muito. Bellissimo trabalho. Bom fim de semana.

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  6. Boa tarde Adalberto

    muito interessantes as últimas matérias postadas.
    Alguns relatos mais desconhecidos.
    Que bom podermos ampliar nossos conhecimentos a respeito de nossa cidade tanto de fatos mais antigos e mais recentes.
    Abraço

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