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terça-feira, 9 de março de 2010

- O Cinema em Blumenau – Parte XVIII

Mais uma participação exclusiva e especial do renomado escritor, jornalista e colunista, Carlos Braga Mueller, que hoje nos relata sobre as peripécias dos exibidores de cinema Ambulantes.
Por Carlos Braga Mueller
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Bate o gongo. Apagam-se as luzes. Vai começar uma sessão de cinema muito especial. Prepare-se, porque aqui, e agora, vocês vão conhecer algumas..


PERIPÉCIAS DOS EXIBIDORES DE CINEMA AMBULANTES!

Antes que o empresário Eduardo Delatorre construísse o seu majestoso Cinerama em Balneário Camboriú, muitos exibidores ambulantes de filmes passaram pela então pacata praia do nosso litoral, que um dia seria a mais badalada do Estado.
Por volta de 1962, a convite do presidente do Iate Clube de Camboriú, Sr. Engels, comerciante em Blumenau, eu e Alvacir Ávila, ambos cinéfilos de carteirinha, nos municiamos de um aparelho projetor de 16 mm e lá fomos em direção ao litoral, levando filmes para exibição.
O Iate Clube de Camboriú era uma imensa construção de madeira que abrigava inclusive um enorme salão para festas. O palco devia ter uns 20 metros de boca.
Localizava-se próximo onde hoje a Terceira Avenida desemboca no túnel sob a BR-101; Quem olhasse de longe pensava tratar-se de um hangar de aviação.
Pois bem. Lá estávamos no salão, Alvacir e eu, e ainda a Eva, futura esposa dele, com uma grande tela na mão para estender no palco. O que não contávamos era com uma largura daquele tamanho! Não havia tela que fosse de lado a lado. O jeito foi esticá-la com cordas o quanto deu, deixando-a balouçante, a mercê de qualquer vento. Para as exibições seguintes a solução foi levar um “pano branco” maior.
Durante alguns meses acostumamo-nos a , todos os sábados, esticar a tela, montar o projetor e exibir os filmes.no Iate Clube Camboriú. Foi lá, no restaurante do clube, que aprendi a gostar de camarão.

JESUS, O FILHO DE DEUS
Nestes capítulos que contam histórias e fatos do cinema em Blumenau, já descrevi uma sessão de cinema ambulante que fizemos, eu e Alvacir, em um salão paroquial de Belchior Baixo lá por volta de 1963.
Resumindo: a energia era tão fraca que quando se acendia a lâmpada de 1.500 watts, a força caía quase a zero.
O filme programado havia sido anunciado pelo vigário local e o público era imenso. Afinal, o título da película, “Jesus, o Filho de Deus” , havia sensibilizado os moradores dali, que não poderiam ficar na mão.
A solução, “luminosa”, veio do vigário. Chamou alguns fiéis e mandou que percorressem rapidamente a região, pedindo que os que estivessem em casa apagassem suas luzes.
Só assim, a energia elétrica permitiu que motor e lâmpada do projetor de filmes funcionassem.
E todos puderam assistir e aplaudir a história de Jesus, uma produção italiana que tinha vindo direto da Distribuidora Barone de São Paulo.
CÂMERA MÁGICA
Mas algo muito peculiar estava para acontecer ainda naquela mesma noite.
Antes do filme “Jesus, o Filho de Deus”, exibimos um documentário em inglês, produzido pela Castle Films, que pertencia à filmoteca do senhor Willy Siewert,.de Blumenau.
O título em inglês era qualquer coisa como “Câmera Mágica” e mostrava como se faziam truques no cinema. Apresentava, inclusive, rodeios de cow-boys americanos.
Quando a sessão terminou, um senhor aproximou-se de nós e perguntou quanto cobraríamos para exibir de novo o documentário. Ele havia gostado muito de ver os rodeios na tela.
Não lembro quanto pagou, mas passamos de novo o documentário, que devia ter uns 8 a 10 minutos.
Terminada a apresentação ele insistiu: queria assisti-lo novamente..
E assim exibimos mais 3 vezes o curioso curta-metragem, para um espectador mais curioso ainda !
Se avançássemos quase 50 anos no tempo, chegando a 2010, teria esse espectador a oportunidade de possuir seu aparelho de DVD e, com o controle na mão, assistir quantas vezes quisesse o seu filme preferido.
Ou então, seria uma presença obrigatória na grande arena da Festa do Peão de Boiadeiro, de Barretos !
Em 1962 os tempos eram outros.
Se alguém dissesse que um dia um filme caberia num pequeno disco de DVD, iria passar por mentiroso....Naquele longínquo 1963, alguém acreditaria, por exemplo, que “ E o Vento Levou”, de 3 horas e meia, cujos rolos eram acondicionados em mais de 10 latões para chegar aos cinemas e ser exibido, poderia ser compactado em dois disquinhos ?
Texto: Carlos Braga Mueller/arquivo de Adalberto Day

CONFIRA: Cinema na Visão dos Cinéfilos
* Carlos Braga Mueller 
http://www.youtube.com/watch?v=B1C-h3sgyPk

3 comentários:

  1. Oba!!!!Hoje tem sessão, sim senhor!
    Obrigado Braga e Beto, voces tornam mais saboroso o meu dia.
    Show de bola, como sempre.
    Grande abraço.

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  2. Betão
    Eu já li tudo que o sr. Braga Muller escreveu sobre filmes. Tu lembras o quanto eu gostava de ir ao Cine Garcia e as vezes nós iamos no Cine Busch, Blumenau e noMoog, na na Itoupava, mas também viamos os filemes ali no começo da XV - fileme de Rua. Lembrei de mais um detalhe além do Cine Garcia a gente ia no Amazonas que também passava todas as quartas. O Sr. foi o primeiro apresentador de TV que eu gostei, ele era muito bom, só não lembro o nome do programa, mas era antes do JN. É impressionante como ele nos relata detalhadamente sobre cada capilo dos XVIII que escreveu, daria para fazer um livro, fala com ele para fazer isso. Beto também quero dizer que seu trabalho é reconhecido e visto por todo mundo.
    Parabéns ao Braga e você
    Tonho - eu ra da Vila lembras?

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  3. Olá, estou procurando noticias e informações históricas sobre o Iate Clube Camboriu. Como encontrei uma citação aqui, imaginei que talvez vc possa ter mais alguma informação. Se puder me ajudar com algo, pois estou fazendo um Blog do Iate e gostaria de resgatar fatos históricos. Meu email pessoal é flavianaregis@hotmail.com Muito obrigada!

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