Sestrem faleceu no dia 01/junho/2002
domingo, 18 de janeiro de 2009
- Tempo e placar no Dêba
A escolha oportuna e feliz do tema “Tempo e Placar no Dêba” ecoa entre os fanáticos torcedores blumenauenses. Mauricio veio cursar direito na FURB em Blumenau e se apaixonou pelo Blumenau Esporte Clube.
- Nasci e me criei em Lages, e por assim dizer, torço para o Internacional. O velho Inter, de tantas jornadas gloriosas e divertidas, o Leão da Serra. Muito cedo comecei a freqüentar o estádio Vidal Ramos Júnior, e me seduzi por aquele futebol que – bem diferente dos poucos jogos televisionados – tinha textura de vida real, cheiro de grama e pipoca fresquinha, gosto de bergamota e pé-de-moleque. E tinha sons, muitos sons.
Internacional de Lages 1988 :Em pé: Aloísio Maguila, Bin, Madruga, Zé Rubens, Nei e Muralha;Agachados: Marciano, Weber, João Carlos, Zé Sérgio e Marcos Lima.
Rodolfo Sestrem (foto Airton G. Ribeiro - Airton Moritz)
Sestrem faleceu no dia 01/junho/2002
Sestrem faleceu no dia 01/junho/2002
Era o palavrão a cada gol perdido, era o uuuhhhh da bola que passou rente ao poste e deixou na garganta o grito de gol, era o som que escapava do rádio do vizinho de assento: - O Internacional joga com Madruga, guardião do arco rubro; o lateral-direito é Alves, jaqueta dois; os homens da zaga são Dudu, o xerife do Morro do Posto com a três, e Dutra jaqueta quatro; fechando o setor defensivo a classe e a experiência de Cláudio Radar, meia-dúzia às costas!
O futebol era uma degustação organoléptica da vida. Usava todos os sentidos. Audição, paladar e olfato já explicados, o tato quando apertava o braço do meu pai a cada ataque inimigo, e a visão, ah, a visão daquelas camisas vermelhas espalhadas pelo gramado verde em busca da bola branquinha sob um céu azul, cinza ou negro e estrelado.
Não posso dizer que o Inter daria um livro porque o livro está quase pronto mesmo. E não é do Inter que quero falar hoje, mas dos adversários. Aliás, de um adversário. Não o Figueirense de Albeneir ou o Avaí de Bizu, nem o Joinville de Nardela ou o Criciúma de Jorge Veras. Falo do Blumenau, o BEC, que a vida acabou por tornar um adversário alvo de meu afeto
Acesse:
O BEC em 1989 : em pé Leandro, Alaércio, Silva, Gassem , Sidney, e Derval - Agachados Serginho, Osmair, Mirandinha, César Paulista e Cide.
No início, era o temível Blumenau. Zeca, armador habilidoso, bom chute de fora da área, sempre jogava bem contra o Inter. Mas a grande ameaça era Piter, goleador implacável. Até hoje quando lembro da voz de Toninho Waltrick, plantonista da Rádio Clube anunciando um gol na rodada, me vem assim: - Bola na rede, dizia Toninho. – É festa de quem?, perguntava Mário Motta, hoje na RBS e à época narrador da Clube. Respondia Toninho: - É festa tricolor na rua das palmeiras em Blumenau, Piter abre o placar contra o Renaux.
Anos depois, um trauma. 1988. O Inter precisava vencer para fugir da segunda divisão, e não depender dos dois últimos jogos fora, contra Avaí e Figueira. O BEC lutava para ir às finais. Era um sábado à tarde, e sofremos muito até Weber fazer 1x0, já com o segundo tempo bem avançado em minutos. A vitória parecia certa, mas o centroavante Chicão acertou uma cabeçada incrível aos quarenta e três minutos. Parecia que a bola não tinha forças para chegar ao gol, mas chegou e entrou no canto esquerdo, como que impulsionada pelo vento. 1x1 o placar final, e o tento de Chicão foi chamado de “e o vento levou”.
Levou mesmo, o BEC às finais e o Inter ao rebaixamento...
Três anos depois fui morar em Blumenau, para cursar Direito na FURB. E longe do Inter, que só me chegava pelo plantão da Rádio Nereu, adotei o BEC. O time estava mandando os jogos no histórico Aderbal Ramos da Silva, e a voz de Rodolfo Sestrem vinha de todos os lados, de todos os rádios: - Teeeeempoooo e placaaarrrr no Dêeeeba...
Lembro especialmente de um jogo contra o Criciúma, então o poderoso campeão da Copa do Brasil. Dia 10 de novembro de 1991, Dêba lotadinho. Soares fez 1x0 para o Tigre, mas o BEC foi empurrado pela torcida até empatar com Chicão, batendo pênalti rasteiro no canto direito, lá no gol do barranco. E só não saiu a virada porque aquele Criciúma tinha Alexandre na meta, em grande tarde. Ficou o empate, e saímos do estádio satisfeitos com a garra dos jogadores do Blumenau.
Vi outros jogos no Dêba, grandes lembranças que a demolição do estádio não vai apagar. Mas dói ler nos jornais que começa hoje o campeonato catarinense, e não teremos o Inter e o BEC na disputa. Que saudade de saber que Lages e o Inter estavam ao alcance de três horas pela 470, ou de simplesmente almoçar no Moinho antes de seguir para o Aderbal Ramos da Silva. Se fechar os olhos e ficar em silêncio, acho que ainda consigo ouvir a voz imponente de Sestrem anunciar teeeeempo e placaaarrr no Dêeeebaaaa...
Era um belo tempo, caro e saudoso Rodolfo Sestrem. Eu era feliz e sabia.
Arquivo : Colaboração especial de Maurício Neves de Jesus /Adalberto Day
acesse:
A História do Futebol de Lages e Região
28 comentários:
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Ainda mais em um domingo de manhã, que tão bem combina com as lembranças que tenho de preparação para os jogos no Dêba ( pilhas pro radio, comprar ingresso antecipado na janelinha da bilheteria, etc), ler uma crônica assim me deixa por demais saudoso. Lembro muito bem quando ficava na arquibancada coberta, e sempre havia um poste na minha frente, rs mas mesmo assim. Dá, dá sim muita saudade. Eu torço pelo futebol de Blumenau. Sou sócio-torcedor do Metrô, pois incentivo todo trabalho sério que seja feito aqui. Gosto muito de ir aos jogos, porém o charme do antigo Dêba, esse ninguém tira.
ResponderExcluirParabéns pela crônica.
Abraços
Márcio
http://novablumenau.blogspot.com
Adalberto, obrigado pela deferência. Márcio, obrigado pelo comentário. Eu tenho um amigo que era diretor no Metrô, o Jair Theiss, e eu mesmo fui auxiliei a diretoria do Clube Atlético Lages. Mas saudade de verdade eu tenho é do Inter, do BEC e do Dêba tremendo ante o vozeirão de Sestrem...
ResponderExcluirEra bom o tempo de BEC, Ainda mais no Aderbal...
ResponderExcluirBoms tempos que serão dificeis de voltar
Abraços e Saudações Tricolores
André BEC
As lagrimas estão nos meus olhos nesse momento, relembrando do VELHO DEBA, poruqe fizeram isso com nosso querido deba?
ResponderExcluirNÓS TE AMAMOS DEBA, BEC VOLTA BEC!!!
FUTEBOL DA CIDADE?PIADA!!!
ResponderExcluirSe isso é futebol da cidade, tamo ferrado!!!
realmente tempos de deba que acho que nao voltam mais la
ResponderExcluirmais chega cedinho...compra aquela pipoca.....aquela gelada....a galera chegando e se amontuando na geral....ao gritos de BECCCCC.....BECCCCCC isso so de lembrar realmente e uma forte emocao......
espero que o BEC volte e logo.
Parabéns ao Maurício e ao Adalberto pela importante matéria. Agora instalado em São Paulo a serviço da Rádio Record, espero futuramente escrever não só sobre o DEBA mas alguma coisa que guardo do meu início de rádio em Blumenau. Transmiti em todos os estádios que se possa imaginar, até no Vermelhão em Lages, no oscar Rodrigues da Nova em Joaçaba, no Estádio do antigo Frigor na Itoupava Central... Devo estrear na próxima semana na Rádio Record de São Paulo. Um grande abraço aos amigos.
ResponderExcluirEdemar Annuseck-São Paulo-SP
Adalberto Day!
ResponderExcluirSou Jéssica Roda, estudante do 8º período de Jornalismo na UNIVALI.
Este semestre começo a fazer o pré-projeto do meu TCC. Não tenho o tema bem definido, apenas decidi no ano passado que gostaria de fazer algo que envolvesse o esporte feminino em Blumenau. Hoje, numa busca com as palavras chaves no site de pesquisa Google encontrei um blog com uma notícia sobre a conquista do Campeonato Brasileiro Feminino de Handball por Blumenau, na qual o senhor fez um comentário.
Vi no seu Blog algumas matérias sobre o BEC, mas gostaria de saber se o senhor tem algum conhecimento sobre o histórico do esporte feminino na nossa cidade.
Desde já, obrigada!
Jéssica Roda.
Adalberto e Mauricio,
ResponderExcluirparabéns pelo belo trabalho.
Só tá faltando o livro, né Mauricio.
ivannaatz RT @michaeldiderot @ @adalbertoday tá aí uma coisa q tenho saudades. Dêba lotado ! (eu também).
ResponderExcluirBEC meu amor por ti é eterno - não morre nunca ! - Naatz Ivan
ResponderExcluirBons tempos, gritei muito, sofri com as derrotas e vibrei com as vitórias.....
ResponderExcluirParabéns a você Beto, por oportunizar este espaço e aos colaboradores que não nos deixam esquecer deste tempo.
Forte Abraço,
Mauro Bremer
Saudoso Bec Parabéns a vc Professor Adalberto e Maurício Neves de Jesus por nos trazer tão belas recordações,e tbm recordações q nos deixam engasgados rs. A garfada de 88,e outras como a incompetência dos dirigentes da época,Estaduais direcionados,as inúmeras vezes que fosmos gafados pela arbitragem. Quero prestar aqui minha Homenagem ao saudoso Rodolfo Sestrem,um narrador sem meias palavras,comentarista,radialista,verdadeiro no maior sentido da Palavra.Não desmerecendo os que temos hoje,os de hoje divulgam o que o torcedor quer ouvir ,citam bombas e não dão nomes aos Bois. Rodolfo Sestrem DAVA nome doa a quem doer.Quero tbm deixar dito ao Sr Maurício Neves de Jesus que depois de vinte e tantos anos o Inter se recuperou daquele rebaixamento de 88,quando da penúltima tentativa do do Bec subir quando fomos desumanamente garfados e o Inter subiu. Se o Gol de Chicão foi chamado de:(o vento levou”).Digo o mesmo naquele jogo o Bec subir o vento levou” rs.. Boa noite e Obrigado por tão belas recordações.Grande abraço Professor Adalberto e tbm a Maurício Neves de Jesus por tão bela Cronica.
ResponderExcluirMeu caro Adalberto,
ResponderExcluirQue saudade deste que sem a menor sombra de dúvidas,foi um ícone do esporte, amador e profissional em nossa cidade, lembro das coberturas dos JASC. Até que eu sei ele transmitiu todos,e com uma maestria única. Sem dúvidas um excelente profissional. Parabéns.
Nelson Krambeck
ResponderExcluirNunca mais a os jogos tiveram a mesma emoção que tinha com Rodolfo Sestrem era único .
Paulo Cesar
ResponderExcluirAqui vc corre comigo atrás da branca oficial...Decorridos cronometricamente 25 da etapa complementar. O placar brahma chopp aponta...Blumenau 1 Avaí tbm 1.
Amilton Machado
ResponderExcluirSestren pra mim foi o cara mais importante de Blumenau ele merece sempre ser lembrado. Essa crônica do quarentinha escutei muito na clube de Indaial muito bom .Sestren Quarentinha e você Day são merecedor de todas as homenagems .Parabéns que lindo eu tiro o meu chapéu pra você saúde felicidades
Juca Deschamps
ResponderExcluirGrande Sestrem, uma figura humana maravilhosa. Foi meu repórter de polícia, quando eu era editor da página no JSC.
Cheio de histórias, contava que ia às festas, tomava seus schnaps sem muito cuidado.
Quando perguntado sobre como terminara a festa, arrematava:
- Daí me levaram pra casa!
Carlos Reif
ResponderExcluirFui motorista dele algumas vezes qualquer mulher chegando perto dele com uma criança na mão ele ajudava depois ele dizia meu povo grande figura
Moacir R. Oechsler
ResponderExcluirSestrem era mágico jamais terá outro igual
Wilson Sestren
ResponderExcluirMeu primo. uma pessoa singular e de um coração enorme.
Marino João Sant'Ana
ResponderExcluir,servi muito cafezinho pra ele na lanchonete pinguim.do seu zani rebelo
Isaias Blumenau
ResponderExcluirGrande papo. Tinha um grande senso de humor. Leal com os amigos. Deixou saudades.
Sandra Scharf Neuwiem
ResponderExcluirLembro que senti falta de acordar com sua "Ave Maria" quando viajou para o Vaticano. Fiquei feliz da vida com seu retorno... só por alguns dias!
Mario Rocha
ResponderExcluirRodolfo Sestren conheci na década de 1966 na terceira companhia de fuzileiros do batalhão 23 BI fomos parceiros de farda pessoa especial após passagem no nosso glorioso exército nossa amizade tornou-se mas sólida ele trabalando na rádio eu sendo comerciário na rua xv novembro ele sempre aparecia para um papo café deixou um vazio muito grande o esporte principalmente o futebol perdeu um grande locutor saudades
Valter Siemamn
ResponderExcluirQue saudade do galo como ele falava trabalhei muitos anos com ele na clube depoi na nereu tempo bom inesquecível ele e o Mirandinha peninha e tantos outros a geladinha ficava até mais saborosa depois dos jogos rsrs saudade do galão
Ivan Holtrup
ResponderExcluirOuvi muitas narrações desse gigante no Sesi, na época do BEC, e porque não, também em tempos mais longínquos, no "Deba" (Aderbal Ramos da Silva), estádio acanhado na Rua das Palmeiras. A voz era inconfundível.
Orlando Kurtz
ResponderExcluirMeu eterno amigo foi vereador, foi candidato a Deputado estadual e melhor radialista de Santa Catarina.