quinta-feira, 28 de agosto de 2008
- O Cinema em Blumenau – Parte V
Mais uma participação exclusiva do renomado escritor e jornalista Carlos Braga Mueller, que hoje nos presenteia com texto sobre Cinema – O Cine Mogk da Itoupava Norte.
WALTER MOGK, MÁGICO, EXIBIDOR, SONHADOR!
Durante 45 anos o bairro da Itoupava Norte, em Blumenau, teve o seu cinema. Timbó, Indaial, Pomerode e Gaspar, também. E todos levavam a marca de Walter Mogk, um homem simples, inteligente, que amava os espetáculos, principalmente o cinema.
Foto:Gilberto Viegas
Quem conheceu o “seu Mogk” já sessentão, não podia imaginar a vida fantástica que ele havia vivido.
Sua História:
Seu pai, Karl, era oficial do exército alemão e no começo do século 20 servia no território africano, região da atual Namíbia, onde casou com uma conterrânea e ali constituiu família. Walter foi o primeiro filho varão do casal e quando nasceu, o pai o estendeu em seus braços em direção ao por do sol, enquanto falava emocionado:
“Este é meu amado filho, África... e esta é minha amada África, meu filho.”
Mas veio a primeira guerra mundial e a situação mudou para os Mogk. Perdida a guerra, tiveram que retornar para a Alemanha, perseguidos pelos ingleses, que dominavam aquela parte da África. Todavia, também a Alemanha estava arrasada pela guerra. Veio então a idéia de se procurar uma nova terra, quem sabe parecida com a África: a América do Sul, o Brasil.
Antes de viajar para a o Brasil, o jovem Walter conheceu um velho mágico chamado Opialek, que lhe ensinou todos os truques de magia que conhecia. Opialek havia sido famoso e agora amargava o ostracismo. Não só ensinou tudo a Walter como lhe presenteou com os seus equipamentos de mágica.
O Brasil esperança
Enquanto o pai trabalhava de sol a sol, o jovem Walter revelou propensão à música e foi aluno do maestro Heinz Geyer. Começou a construir violinos, que tinham excelente sonoridade. Mas um dia, visitando o interior do Vale do Itajaí, não conseguiu refrear seu enorme desejo de ser mágico: tantas localidades carentes de diversão excitavam o seu imaginário...
E com as aulas que recebera de Opialek marcou sua estréia como mágico para a pequena localidade de Aquidaban, hoje Apiúna.
Foi aplaudido e não parou mais: com o nome de OKAHANDJA viajou por grande parte do Brasil, e até pela Argentina, tendo inclusive se apresentado no mais famoso circo da época, o Sarrasani.
O Cinema
A maioria dos espetáculos de mágica de Okahandja era dividida com filmes de cinema.
Na primeira parte o “salão” era ocupado pelo mágico, depois começava a exibição de um filme.
Programa de “palco e tela”, como era chamado. De tanto ver os filmes e acompanhar o sucesso que eles faziam, Walter pensou seriamente em montar um cinema só para ele. Comprou um aparelho de projeção, fez sociedade com um cidadão em Curitiba e instalou um cinema no Bacacheri.
Não deu certo. O sócio o passava para traz nas finanças. Mogk pegou seu equipamento e o trouxe para Blumenau.
Seus pais tinham montado um salão de baile perto da Tecelagem do Sr. Kuenhrich, na outra margem do rio, conhecida como Itoupava Norte, e onde só se chegava de balsa. E foi nesse salão que ele começou as suas exibições cinematográficas.
A primeira sessão aconteceu no dia 3 de setembro de 1941 com o filme “O Tirano de Alcatraz”. Cadeiras de palha, um só projetor, Walter era sempre obrigado a fazer uma ou mais paradas para mudar os rolos da película. Para aproveitar o mesmo filme, o jovem exibidor inaugurou outras salas nas cidades vizinhas. E assim, surgiram os cinemas de Pomerode, Indaial e Timbó. E depois o de Gaspar. Eram os “Cines” Mogk ! O filme passava domingo à tarde na Itoupava Norte. Logo em seguida era despachado de ônibus, ou alguém levava, para Pomerode, onde tinha sessão à noite.
Outro filme, que estava em cartaz sábado à noite e domingo de tarde em Indaial, seguia para Timbó, bem pertinho, para ser exibido no mesmo domingo, à noite. Com o tempo, o fordeco da família fazia todo este trabalho. E nos dias de semana, Walter ainda percorria vários salões do interior, exibindo os mesmos filmes.
Em 1968 Walter Mogk e os filhos Ralf, Haraldo e Ingo inauguraram o “novo” Cine Mogk da Itoupava Norte.
Todos os equipamentos de projeção, de som e inclusive as poltronas estofadas, eram de fabricação própria, levavam a marca Mogk. Depois da enchente de 1983, veio a de 1984. A televisão tinha dado um baque nos cinemas, que estavam fechando nas cidades e nos bairros. Assim, em setembro de 1986, com “Rambo II” atirando na tela, Walter Mogk foi abaixando definitivamente as portas do seu cinema da Itoupava Norte. Os de Indaial, Pomerode, Timbó e Gaspar já tinham paralisado bem antes.
Fechava-se assim, de forma melancólica, mais uma página da história do cinema em Blumenau.
Arquivo Adalberto Day/participação especial do Escritor e Jornalista Carlos Braga Mueller
11 comentários:
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Olá Arildo !
ResponderExcluirSegue um resgate da história do Cine Mogk que tenho certeza, vais gostar de ler e relembrar tua infância.
Adalberto !
Parabéns pelo trabalho.
Abraços !!!
Schmitt
Olá,
ResponderExcluirEstou pesquisando a história do Cinema em Blumenau, e foi muito bom ter encontrando seu blog, confesso que peguei todas as reportagens que se referem ao tema, mas junto estão as fontes, não se preocupe!
Meu email é sarah.koinonia@gmail.com
Até mais.
Obrigada pela indicação do blog Cine Garcia.
ResponderExcluirSim, estou lendo vários livros e pesquisas sobre o tema.
Realmente é um tema encantador!
Abraço, e boa semana
Parabéns pelo merecido histórico do Grande Mágico Mogk, atualmente sou o único mágico profissional de Blumenau, e com 30 anos de carreira pouco eu vi sobre esse grande visionário o qual sou fã.
ResponderExcluirMagicordialmente;
Mágico Elimar
(47) 8416-3979 / 3323-5202
BLOG: http://magicoelimar.blogspot.com/
ORKUT: Mágico Elimar
TWITTER: @magicoelimar
http://www.facebook.com/profile.php?id=1348655037
"O Mágico com mais tempo de atividade em Santa Catarina, são 3 décadas de experiência."
Henrique Santos Costuma ir de vez em quando, era muito bom
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ResponderExcluirSuperfã
Djalma Fontanella Fui várias vezes. O ruim era que pra voltar pro Garcia tinha que correr lá pro ponto que ficava no Ferro Velho Puff, na rua São Paulo
ResponderExcluirSuperfã
Francisca Santiago Quando me mudei do Garcia fui morar próximo ao Cine Mok. Era nossa diversão de domingo a tarde.
Tarcisio Holanda Muito virtuosa, a estrada percorrida pelo Sr Walter Mogk, na construção da cultura e da diversão no vale do Itajaí. Seu esforço lapidou o conhecimento por quase meio século, de muitos jovens e adultos, por onde suas casas de espetáculos se estabeleceram. Meu digníssimo Adalberto Day, continue resgatando essas memórias, o que somos hoje é razão direta do esforço e do trabalho dos nossos antepassados. Abraços,
ResponderExcluirAdelia Glatz Blog Adalberto Day
ResponderExcluirGrata, pela postagem. Trouxe calorosas lembranças. O Último filme, que o Cine Mock rodou, foi dos Trapalhões. Teve que colocar sessões extras. Eu mesmo, assisti, sentada no corredor. Abraços, Ilustríssimo
Márcia Carls Que legal Sr. Adalberto, o Rubens ficou muito contente, diz ele que foi uma época muito feliz. Parabéns.
ResponderExcluirMeuu pai montou alguns cinecinemnas em blumebau Edgar ringuenberg
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