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terça-feira, 29 de julho de 2008

- Stammtische em Blumenau


O termo stammtisch é formado da junção das palavras stamm, que significa tronco e tisch, que significa mesa. Ou seja, numa tradução fiel "mesa de tronco".
O dicionário Michaelis (alemão/ português), acrescenta dois outros aspectos que procuram explicar o significado do termo: "Stammtisch, mesa cativa de grupo de freqüentadores". Desta forma, define um local pré-determinado (mesa cativa) e incorpora, a este local, a presença de um grupo de freqüentadores habituais. Entretanto, além dos aspectos pré-determinantes que envolvem o sentido do termo, para entendê-lo é preciso trazer à luz o espírito reinante neste ambiente. Não é outra a intenção demonstrada numa jocosa definição contida em uma placa pirografada afixada num espaço existente para a reunião destes grupos na Cervejaria Hofbräuhaus, em Munique.

A este respeito, por ocasião da comemoração dos 400 anos desta cervejaria, em 1989, o apresentador do programa especial rodado pela TV alemã ZDF assim traduziu a salada de letras contida nesta placa: "Stammtisch é: Um determinado local, uma determinada mesa, num determinado canto, onde em determinados dias, umas determinadas pessoas, num determinado horário, tomam assento em determinadas cadeiras. Ali, com uma determinada quantidade de uma determinada bebida, falam sobre alguns determinados temas, e então numa determinada hora, com um determinado porre, determinam ir para casa onde uma determinada pessoa espera, com certeza, com um determinado protesto".
E conclui o apresentador da ZDF: "Isto está determinadamente certo". Uma versão mais romântica do que significa stammtisch, passada geração após geração pela tradição oral, conta que o termo começou a ser usado na Idade Média. Os lenhadores bávaros, ao cortar a primeira árvore de uma nova área de extração de madeiras, faziam-no à altura de uma mesa e, de seus galhos mais grossos, cortavam toletes que lhes serviriam de bancos. Era ao redor desta mesa improvisada que faziam suas refeições e, ao final do trabalho diário, ali se reuniam para bater papo, planejar o dia seguinte e bebericar do vinho que traziam em seus alforjes. O seu tronco comum (stamm), era a sua própria profissão ou atividade (lenhadores) e o espírito reinante ao final de cada jornada de trabalho, ao redor daquela improvisada mesa (tisch), forjada no tronco da árvore, não era outro que relaxar, jogar conversas ao léu, cultivar a amizade, celebrar a vida.
Segundo esta versão, o hábito daqueles lenhadores ganhou as tabernas, nas cidades, e nestes ambientes, teria se perpetuado o nome stammtisch para todos aqueles que, habitualmente, as freqüentavam e costumavam, na companhia de amigos, sentar-se numa mesma mesa previamente reserv- A origem nomes dos Bairros de Blumenau

A origem dos nomes dos bairros de Blumenau
Vorstadt: “Entrada da Cidade”, isto é, para quem vinha do litoral é o que se localiza antes do centro da cidade.
Centro: Local onde ficou instalada a sede da Colônia Blumenau, conhecida como Stadtplatz – praça da cidade. Hoje engloba três ruas principais, a Rua XV de Novembro, a Rua Sete de Setembro e Castelo Branco (Beira Rio).
Ribeirão Fresco: Desde o início da Colônia Blumenau, já se conhecia o caminho principal deste bairro como Kühler Grund – palavra de origem alemã que significa Solo Fresco, daí o nome do ribeirão, como Fresco.
Garcia: Por existir nesta região moradores vindos do rio Garcia de Camboriú, hoje rio Camboriú, já em 1846. Conhecidos como gente do Garcia
Da Glória: Nome dado em 04 de fevereiro de 1938 pelo então prefeito José Ferreira da Silva por existir nesta localidade, desde 1920, o Clube Musical Glória.  Esta localidade até esta data era conhecida pelos moradores como Spectiefe – palavra de origem alemã que significa caminho ou vale lamacento, ou gorduroso.  
Progresso: O nome deriva de na proximidade da região; serem instaladas as primeiras indústrias têxteis: Empresa Industrial Garcia e a Artex, sinal de Progresso. Quando um morador vinha fazer uma "Ficha" nas empresas ou no comércio, eram perguntados: Onde você mora? - Moro no Alto Garcia, ou Garcia Alto, - mas onde fica este local? ; - Lá onde o Progresso está chegando, se referindo as indústrias.
Valparaíso: Por haver na localidade um conjunto residencial Loteamento Valparaíso – nome dado em homenagem à cidade chilena de Valparaíso.
Vila  Formosa: Margeado pela rua Hermann Huscher, este bairro foi criado em 1956 pelo prefeito Frederico Guilherme Busch Júnior.   Esta denominação foi dada em homenagem a um grande proprietário de terras no Bairro Vila Formosa, que inaugurou um curtume no dia 7 de janeiro de 1898.
Jardim Blumenau: Criado em 1956 belo então prefeito Frederico Guilherme Busch Júnior que o denominou assim, motivado pela tradição dos moradores terem em frente às casas, sempre jardins bem cuidados.
Bom Retiro: Desde cedo esta localidade era conhecida como Jammerthal – que significa Vale das lamentações. O nome do Ribeirão Retiro já consta no mapa de Blumenau de 1864.  Com a criação deste bairro em 1956, a tranqüilidade do lugar deu origem ao nome de Bom Retiro.
Velha: A origem do nome deste bairro tem duas versões: uma, que remonta a 1838 diz que na região morava uma velha senhora as margens do ribeirão; outra versão baseia-se no fato de que ali existiria uma família de cognome Velha, antes mesmo da fundação da cidade de Blumenau. Como também de referencia a serraria mais velha, do que a do Garcia.
Velha Central: Área central do curso do ribeirão Velha com ampla área plana, envoltos em pequenos morros.
Velha Grande: Área junto do ribeirão da Velha formada pelo estreito e longo  vale deste ribeirão, hoje com locais de ocupação quase que exclusivamente em áreas de declive.
Passo Manso: Desde cedo esta região era conhecida como Stiller Pass, que significa passo ou passagem calmo ou silencioso, pois o rio Itajaí-Açu ali tem suas águas calmas e tranquilas.
Salto Weissbach: Bairro na margem direita do rio Itajaí-Açu próximo da foz do Ribeirão Branco, que em alemão se diz “Weissbach”. Nome dado por imigrantes alemães que significa “Salto do Ribeirão Branco”.

Salto: Bairro localizado na margem direita do rio Itajaí-Açu, do lado sul do Grande Salto de 8 metros de altura aproximadamente.
Escola Agrícola: Na localidade em 1940 foi instalada uma “Escola Agrícola Municipal” para crianças. Com o desenvolvimento a região passou a ser conhecida como Escola Agrícola.
Água Verde: Diz a lenda que por haver nas águas do ribeirão da região grande número de algas e musgos, aparentando ser de coloração verde, daí o nome deste bairro.
Vila Nova: Bairro criado em 1956 e deu-se o nome de Vila Nova, porque na época sua ocupação com residências era recente.
Itoupava Seca: Localizado no lado Sul do rio Itajaí, o nome Itoupava de origem tupi-guarani significa corredeiras, já Seca se refere ao afloramento das pedras do leito do rio em épocas de estiagem.
Victor Konder: Nome dado em homenagem a personagem da história local. Victor Konder tinha uma fazenda nesta localidade e  foi Presidente da Câmara de Blumenau, Secretário da Fazenda do Estado e Ministro da Viação.
Boa Vista: Nome derivado de neste bairro haver um morro que desde cedo oferecia uma boa visão da área central da colônia.
Ponta Aguda: Nome dado pelo fato de o rio Itajaí-Açu nesta área ter uma curva bem acentuada, formando uma ponta de terra, daí Ponta Aguda.
Nova Esperança:  A localidade era conhecida como Morro do Abacaxi , mais tarde após o encontro de uma onça passaram a chamar Toca da Onça, nos anos 1980 após um plebiscito na comunidade optaram pela denominação Nova Esperança, por ventura da esperança dos inúmeros migrantes que chegavam ao local.
Itoupava Norte : O nome  Itoupava é de origem tupi-guarani e significa corredeiras, logo este bairro está localizado no lado Norte do rio Itajaí-Açu.
Fortaleza: Região do ribeirão Fortaleza, por ventura deste ribeirão haver próxima sua foz no Itajaí um rochedo alinhado semelhante a uma fortaleza.
Tribess: Nome dado em homenagem a um dos primeiros moradores da localidade.
Fortaleza Alta: Região próxima as nascentes do ribeirão Fortaleza.
Fidélis : Nome derivado da referência que os primeiros moradores da localidade faziam ao ribeirão ali existente, dizendo: fluss geht ganz fidel – o rio corre mansamente. A palavra Fidel, mais tarde aportuguesada passou a ser pronunciada Fidélis.
Salto do Norte: Lado norte do Grande Salto do rio Itajaí-Açu..
Badenfurt: Bairro próximo à região da foz do rio do Testo no Itajaí-Açu, onde imigrantes vindos de Baden se estabeleceram, daí o nome que significa travessia do (rio) de Baden. Trata-se de um lugar que permite a passagem de um rio, travessia do rio em uma localização da água rasa (mas não pantanosa).
Testo Salto: Bairro próximo ao salto do rio do Testo, daí a origem do seu nome.
Itoupavazinha: De origem tupy que significa “pequeno ribeirão com corredeiras”.
Itoupava Central: Região central do ribeirão Itoupava. Itoupava: corredeiras.
Vila Itoupava: Vila do ribeirão de corredeiras.
Para saber mais acesse:
http://adalbertoday.blogspot.com.br/2007/07/o-bairro-vila-formosa.html
Arquivo de Adalberto Day/ada ou que lhes era cativa. Mais tarde, o nome acabou identificando aqueles que, além da amizade, detinham outros aspectos comuns, o mesmo local de trabalho, uma determinada atividade cultural, social ou política, etecetera (mesmo tronco, mesmas raízes), que justificasse o fato de se encontrarem, ao redor de uma mesma mesa, uma mesa cativa.

Foi ali, no ambiente das tabernas que os grupos se deixaram envolver por outra bebida além do vinho, a cerveja, na maioria dos casos, como ainda hoje, era produzida nestes próprios estabelecimentos ou na cidade aonde se localizavam. Certa, errada ou meramente especulativa, esta versão é a que, sem sombra de dúvida, mais se encaixa com o jeito de ser dos stammtische espalhados pela Alemanha, Áustria, Suíça, Dinamarca e em outros países sob influência tedesca, bem como aqui no Brasil, nas cidades colonizadas por descendentes destes países.
Stammtische em Blumenau
PRECEDENTES HISTÓRICOS

Luiz Eduardo Caminha
São imprecisos os registros históricos a respeito dos grupos de stammtische, em Blumenau. Nos tempos de colônia, como não poderia deixar de ser, os imigrantes seguramente já faziam seus stammtische, quando, ao final do dia, sorvendo ou não alguma bebida, se reuniam para planejar o dia seguinte, discutir as precauções a serem adotadas no conflito com os índios, falar da laboriosa e difícil faina diária, comuns àqueles primeiros momentos da colônia, ou mesmo para relembrar ou choramingar as saudades de sua terra natal, de tantos parentes e amigos que por lá ficaram.
Os grupos eram freqüentados por homens que, ou não tinham o zelo de registrar aquelas reuniões informais ou não achavam estes registros importantes ou ainda, porque não tinham interesse que suas conversas e andanças, habitualmente noturnas, pudessem chegar ao conhecimento de suas esposas, noivas ou namoradas, muito menos à pudica sociedade da época.
É bem verdade que o Pastor Oswaldo Hesse, que aqui chegou em 1857, o historiador José Ferreira da Silva, e a escritora Christina Baumgarten fazem referências em seus escritos sobre o hábito de se reunir dos alemães aqui radicados, mas o registro formal de que estas reuniões reproduziam a tradição germânica dos stammtische, inexiste de fato. Talvez por esta razão sejam tão escassos os registros históricos destes grupos e o que mais se sabe sobre eles vem muito mais da tradição oral, referências das pessoas, lembranças de outras, ou relatos que foram passados pelos mais antigos.
O SUMIÇO DO NOME
Luiz Eduardo Caminha
Não há dúvida que contribuiu para o sumiço desta cultura, o movimento nacionalista deflagrado, a partir de 1935, pelo o governo tendo, como alvo preferencial, as colônias alemãs do sul do Brasil. Esta xenófoba campanha abafou as expressões públicas de germanicidade. Deixou-se de falar o alemão em público; diminuíram as atividades dos clubes; as Sociedades de Atiradores (Schützenverein) tiveram seus nomes nacionalizados ou foram fechadas, a educação passou a ser feita em língua portuguesa e era vergonhoso se declarar de origem alemã. Desta forma, termo e tradição desapareceram do coloquial comum dos blumenauenses e o "jeito de ser" dos stammtische acabou sucumbindo. Mais que isso, para disfarçar e fugir do aparato policial, desenvolveu-se o hábito de associar à reunião de um stammtische uma atividade sócio-esportiva, como o futebol, a bocha, o bolão, entre outras, o que acabou por transformá-los em grupos ou patotas destinados a estas atividades. Mas, o que faziam, de fato, nada mais era que perpetuar aquela tradição.
O hábito de se reunir continuou como traço cultural do blumenauense nestes grupos, entre os freqüentadores de sauna, de um mesmo bar, nos clubes de jipeiros, ou mesmo nos grupos de amigos, que a cada final de tarde ou a cada "früestück", se sentavam para um bate-papo. O que se esqueceu, foi chamar de stammtisch estas reuniões, algumas com regras, livros de ata, álbum de fotos, etc, outras sem qualquer formalidade. Deixou-se de ir ao meu stammtisch e passou-se a frequentar a minha patota, o meu grupo de bocha ou bolão, a turma do cafézinho do bar Pingüim, do Marreta ou outro que o valha.
Bairro Altona - hoje Itoupava Seca - futura Rua São Paulo. Foto da Cervejaria Otto Jennrich uma das Primeiras. Aonde um stammtisch se reunia. Ali também havia muita música e cantorias, motivo de "reclamações" de vizinhos (Arquivo Histórico José Ferreira da Silva)
Depois dos anos 50
Luiz Eduardo Caminha
Na segunda metade do século XX, já livres da xenófoba campanha nacionalista da era Vargas, alguns grupos ainda se identificavam como stammtisch. Entre estes, destaque-se aqui a existência de dois grupos de blumenauenses da gema, que se reuniam diariamente, nos fins de tarde, início de noites, na Confeitaria Socher, bem como um outro que usava as dependências do Bar do Benthien, ambos na Rua XV de Novembro. Havia ainda, nos anos 50, três outros grupos, dos quais tomamos conhecimento, que mantinham esta tradição, um na Sociedade Recreativa e Esportiva Ipiranga, outro na Itoupava Central e um outro na região do Testo Salto.
Sobre esta época, dois registros são destaques de duas crônicas do Jornalista Altair Carlos Pimpão. Uma delas, levada ao ar em seu programa radiofônico "Crônicas do Vale", na ex-Rádio Difusora, lhe foi passada por Victor Maria Flesch e aconteceu na década de 50 do século passado, com o Sr. Walter Wendlich, membro de um stammtisch que se reunia diariamente no Bar do Benthien:
“... a história ficou apenas entre os que participavam da "Stammtisch", isto é, aquela meia dúzia de alemães e brasileiros germanófilos e cervejófilos, que todas as noites sentavam na mesma mesa e ficavam tomando cerveja (não cito os nomes para evitar merchandising), de casco escuro".
No outro registro, em seu livro "Crônicas de Blumenau" o jornalista Altair Carlos Pimpao descreve com certa dose de saudade a existência do Socher, bar, café, restaurante e confeitaria: "Os homens de negócio também se reuniam ali. Muitos mantinham sua germânica e tradicional instituição, "Stammtisch", sempre a mesma mesa, que, diariamente, no horário habitual e sempre rodeada pelas mesmas pessoas,ocupando os mesmos lugares, era palco dos comentários políticos, esportivos e sociais da época"... E acrescenta o cronista: "Como também participei de uma rodinha ( o grifo é nosso), posso afirmar que foi ali que começou o movimento para a fundação do Bela Vista Country Club. Mas começaram ali muitos outros movimentos e concretizaram-se grandes transações comerciais e imobiliárias".
Intencionalmente, o jornalista apresenta um significado abrasileirado para o termo "stammtisch". De fato, se quisermos explicar, para quem nunca ouviu falar, o que significa este termo, o melhor similar brasileiro que encontramos seria "rodinha" ou "roda de amigos". Há que se destacar ainda um registro feito pela pesquisadora Edith Kormann em sua obra “Blumenau, arte, cultura e histórias de sua gente (1850-1985) quando se refere a um tradicional jogo de cartas alemão, o “skat”“:
...: "considerado esporte dos homens é também praticado por mulheres, e conforme estatísticas, cada terceira pessoa na Alemanha sabe jogar "skat" e se reúnem regularmente nos clubes e no "stammtisch" para o jogo". l

Foto do Arquivo Histórico de Blumenau - Primeira metade Sec. XX Rótulos Cervejas Blumenau
A RE-INVENÇÃO DA TRADIÇÃO
O fato é que as rodinhas, patotas, confrarias, os grupos de amigos são o correspondente brasileiro desta tradição cultural de origem tedesca. E em Blumenau as coisas foram assim. Foram!!! Porque a partir da estréia do Programa Stammtisch, em 02 de Abril de 2.000 a tradição, bem como o termo "stammtisch" passam a ser definitivamente resgatados e, hoje, não há um blumenauense sequer que não reconheça o seu significado. Trouxe aqui estes registros da História para marcar, com toda ênfase, a importância que dou, e sou testemunha, ao ressurgimento desta tradição a partir de Abril de 2.000, através do Programa Stammtisch, que tivemos a honra de estrear, ainda como quadro do Programa Feliz Cidade, na TV Galega. Foi, sem qualquer dúvida, através do Programa, que se conseguiu trazer ao momento presente, a existência desta cultura "disfarçada" em outras denominações que trazem, no seu jeito de ser, esta herança deixada pelos colonizadores e seus descendentes. Assim, é de mérito afirmar que o grande resgate desta história toda, começada em 02 de Abril de 2.000, com um simples quadro denominado "stammtisch" do programa semanal "Feliz Cidade", foi a volta do uso deste termo, bem como desta tradição. Não mais patotas, não mais rodinhas, mas "STAMMTISCH" mesmo, como os alemães o conceberam e como os descendentes dos colonizadores usavam como hábito de seu dia-a-dia. Re-inventou-se, desta forma, uma tradição que muito certamente, estava caindo no rol do esquecimento histórico. No afã de reproduzir a história, os próprios grupos procuraram se aprofundar no assunto e, respeitadas as adaptações, resgataram uma "memória social" tão vivida pelos antepassados. Foi nesta vertente que, em Blumenau, e novamente por ação direta do Programa Stammtische inventou-se uma "nova" e adaptada tradição. Falamos da "Strassenfest (tradição comum na Alemanha) mit Stammtischtreffen", uma Festa de Rua aonde todos os stammtische, patotas, confrarias e grupos de amigos comparecem para re-editar, em plena Rua XV de Novembro, as reuniões informais habitualmente vivenciadas em seus ambientes cativos, nas suas mesas reservadas.
Na Alemanha
Segundo fontes históricas, o 1º. Stammtische surgira ainda no reinado de Friedrich Wilhelm I, o Rei-Soldado, (Soldatenkönig), Rei da Prússia (1713 – 1740), mais de um século antes de se constituir o Império Alemão. O Rei Friedrich Wilhelm I criara, em seu castelo, uma espécie de grupo de adeptos do fumo, o legendário “Tabakskollegium”, que se reuniam para fumar "Tonpfeifen", literalmente cachimbos de barro ou de cerâmica. O uso concomitante de cerveja e o hábito de se reunir é apontado como provável surgimento da primeira mesa regular (ou 1º Stammtisch)
“Friedrich Wilhelm I brought what was perhaps the first "Stammtisch" round into being” (Friederich Wilhelm I começou o que, talvez, tenha sido o 1o.Stammtisch).
"Castelo Königs Wusterhausen, em Berlim. Aqui nasceu o primeiro Stammtisch do mundo".
O QUE É ISTO, GENTE ?
O Encontro de Stammtische (Stammtischtreffen) não existe em nenhuma parte do mundo. Nem mesmo na Alemanha. Esta foi uma tradição re-inventada aqui, na nossa Blumenau e hoje levada a efeito em mais de 30 cidades catarinenses.
É, na verdade uma Strassenfest (Festa de Rua), tão comum na Alemanha, aonde os Stammtische trazem para a Rua XV de Novembro (antiga Würststrasse – Estrada da Lingüiça), a principal artéria central de Blumenau, toda a sua estrutura: mesas, copos, bebidas e alimentação, procurando re-editar em plena rua, das 9:00 as 17:00 de um Sábado, as suas reuniões diárias, semanais, quinzenais ou mensais. Durante o evento, inúmeras bandas típicas, com acordeões, gaitas de boca (harmônicas), instrumentos de sopro, teufelsgeig, entre outros instrumentos, animam a festa. A alegria é a tônica e prevalece um clima de muita amizade e irreverência. Seus componentes gastam seu tempo comendo, brindando, cantando, jogando conversa fora além das rodadas de dominó, cartas, skat e outros. Um espaço especial é dispensado às crianças.
O evento, denominado “Strassenfest mit Stammtischtreffen”, deixou de lado o significado germânico para se identificar simplesmente como Encontro de Stammtisch ou, somente, Stammtisch, embora esta não seja a denominação correta. Enfim, um Encontro é uma grande reunião de Stammtische, cada qual organizado em suas próprias barracas.

A IDEIA
Tudo poderia ter começado sete (7) anos antes. De fato, em janeiro de 1993, Norberto Mette fora empossado Secretário Municipal de Saúde do Governo Renato Vianna/Vilson Souza, em Blumenau.
Com o intuito de colaborar na criação de atrativos turísticos para a cidade, o Publicitário, Jornalista e Agitador Cultural Horácio Braun, compareceu à sede da Secretaria de Turismo com o intuito de propor idéias inovadoras. Entre tantas, uma delas ficou gravada na mente do Secretário Mette: A realização de um Encontro dos Stammtische existentes em Blumenau, nas dependências da PROEB. Segundo estimativas do próprio mentor, devia haver espalhados pela cidade, mais de 1.200 destes grupos. A ordem, entretanto, naquele início de Governo, era a contenção de despesas até que as finanças da Prefeitura ficassem arrumadas. A idéia foi escanteada, mas não saiu da cabeça do Secretário e, nem tampouco, de seu proponente.
Os anos passaram e, em Julho de 1999, foi criado o Instituto Blumenau 150 anos. No ano 2000, no dia 02 de Setembro, Blumenau completaria 150 anos de existência. Diversas comissões foram formadas e Ricardo Stoedick foi guindado à condição de Presidente do Instituto. Norberto Mette comandava a Comissão de Eventos do Instituto. E foi aí, no 2º. Semestre de 1999 que Horácio voltou à carga. O Encontro de Stammtisch ficou agendado para o ano seguinte, no dia 01/09. Entretanto, ficara para discussão posterior, o local aonde seria realizado. Horácio achava que o local apropriado seria a Proeb. O Instituto queria que todos os eventos, relativos à data jubilar, acontecessem na Rua XV de Novembro.
Fonte dos textos: http://www.stmt.com.br/
Arquivo de Adalberto Day/Arquivo histórico José Ferreira da Silva.

3 comentários:

  1. Valeu Betão
    Falar sobre a nossa cultura em Blumenau, é um sucesso. O Nosso Dr. Caminha soube como nuca conduzir as raízes deixadas pelos nossos antepassados tomadores de chope, que vieram para nossa região trazer este costume. Que nem dizia o Benito di Paula “ Quem foi o Alemão que inventou a Cerveja?” Bem dito seja o Alemão que inventou a cerveja. A nossa festa de Rua Strassenfest é sucesso na certa.
    Parabéns a todos.
    noriva78l@.terra.com.br

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  2. Prezado Adalberto,

    Li o que transcreveste do site e te agradeço a lembrança. Aproveito o ensejo para comuniar-te que, finalmente, o Livro "Stammtiscch, re-inventando tradições", de minha autoria, está em vias de ser publicado, graças ao Fundo Estadual de Turismo e aos colaboradoes de Blumenau que repassaram seu recolhimento ao Fundo (em breve eu os anuncio). Foram quase 8 anos de pesquisa e, tenho certeza, vai contribuir para o resgate desta e de outras tradições que tenho esperança apareçam no rol das re-invenções e das memórias, das quais teu BLOG tem sido uma referência.

    Que Deus te abençoe e à tua esposa, bem como a todos os blumenauenses.

    Amor, Paz e Bem, que não custa nada a ninguém.

    "O Senhor é meu rochedo, minha salvação, minha fortaleza, jamais vacilarei" (Salmos 61, 7)
     
    Grande Abraço,

    Caminha

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  3. Um batalhão de informações e cultura. Obrigada por você existir e compartilhar tanta sabedoria... Estou sabendo o verdadeiro significado do Stammtisch, por você. Abraço :)

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