quinta-feira, 24 de julho de 2008
- O Cinema em BLUMENAU - Parte IV
Mais um capítulo da história do cinema em Blumenau.
Blumenau foi uma das primeiras cidades do Brasil a exibir filmes, e provavelmente a pioneira a ter sala própria para exibição de filmes .
DO SALÃO HOLETZ AO CINE BUSCH
O Hotel Holetz, que ficava onde hoje se situa o Grande Hotel Blumenau, possuía um anexo nos fundos que abrigava um salão onde muitos bailes e sessões de cinema alegraram a comunidade blumenauense durante praticamente toda a primeira metade do século XX.
Foi neste salão que aconteceram algumas das pioneiras exibições de cinema em Blumenau, ainda no tempo dos filmes mudos, em que um pianista ficava tocando enquanto as imagens passavam na tela.
Minha tia, Antonietta (Nitinha) Braga, tocou piano durante muito tempo nas sessões de cinema. Ela ficava ao piano, do lado da tela, e conforme a cena ia se desenrolando executava as músicas no teclado. Se os artistas estavam namorando, a música era suave. Se a comédia tinha perseguições, a partitura musical era ligeira, e assim por diante (somente em 1927 o cinema seria sonoro, com as gravações na própria película).
Cine Busch anos 40 - Frederico Busch Sênior – Cine Busch anos 50
No começo do século passado, o Salão Holetz continuava recebendo muitos exibidores ambulantes de filmes, mas foi em 1919 que um destes exibidores acabou ficando ali em definitivo. O Sr. Frederico Guilherme Busch Sênior, empresário, importou equipamentos e filmes da Europa e a sala foi batizada de BUSCH’S KINO (CINE BUSCH). Mas em pouco tempo o salão ficou pequeno e o Sr. Busch resolveu, construir uma sala maior e mais moderna. O projeto foi feito pelo Engenheiro Vitorino Ávila Filho, em linhas art-déco, e para “durar eternamente”, como se apregoava na época. Era o final da década de 30, e enquanto surgia na Alameda Rio Branco o novo Cine Busch , as sessões de cinema aconteciam provisoriamente na sede do Clube Náutico América (onde hoje está o espigão inacabado, ao lado do Biergarten).
O salão do América não tinha declive e as pessoas que sentavam mais no fundo não viam nada.
A situação era tão caótica que se pedia que as damas fossem ao cinema sem chapéu!
O primeiro filme exibido no América foi o policial “Charlie Chan em Honolulu”, no dia 13 de fevereiro de 1940.
Mesmo sem estar completamente pronto, o novo cinema foi reinaugurado em tempo recorde. Em 29 de junho de 1940 as portas se abriram para exibir o filme alemão “Allianz-Adolescência de Uma Rainha”. A platéia possuía cerca de 800 poltronas e a novidade era um balcão com mais 300 lugares, onde inclusive o preço era mais barato do que na platéia de baixo. No dia seguinte (30/06/1940) foi exibido o filme norte americano “Rosalie”, um musical com Eleanor Powell e Nelson Eddy.
A história registra que no dia 8 de outubro de 1954 os proprietários do Cine Busch comemoraram os 50 anos de existência do cinema (desativado em 1993), o que leva a crer que o empresário Busch tenha considerado como data inicial de suas exibições o mês de outubro de 1904 no antigo Salão Holetz. Por essa época ainda não existiam salas fixas nem no Rio e São Paulo, pois o cinema engatinhava. Não havia completado nem 10 anos.
No Cine Busch durante muitos anos depois do gongo entrava a música "A lenda da Montanha de Cristal", um sucesso da época.
Blumenau ficou assim registrada na história do cinema brasileiro como um das primeiras salas exibidoras fixas do país.
Arquivo de Adalberto Day/ Morgana Holetz Aguiar – com a colaboração especial do Jornalista e escritor Carlos Braga Mueller.
11 comentários:
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É, Blumenau sempre à frente do seu tempo... Mas essa deve ter sido uma época muito bela. Ah se eu pudesse ao menos viver um diazinho desses para apenas sentir como era...
ResponderExcluirBeto... Li a postagem de hoje.....e novamente me pergunto como foram destruir uma arquitetura tão bela do Hotel Holetz ..tão rica de detalhes....para construir aquele horrível hotel sem graça...parece mais um prédio morto, sem vida..... Imagina aquele antigo prédio passando por uma reforma, que lindo não ficaria.
ResponderExcluirum abraço.....Tere.
Breve irei à Blumenau para conhecer vocês.Gosto muito do trabalho, da seriedade das pesquisas.
ResponderExcluirBlumenau merece vocês...
Abraços cariocas
Marília Carqueja
Hoje tenho em meu acervo de filmes,alguns como Os 10 Mandamentos, Bem Hur,Django,O Dolar Furado,Noviça Rebelde, Spartacus, apenas para sitar alguns bem antigos. Assisto 1, 2 , 3 vezes cada um. A Noviça Rebelde Ja perdi a conta de qtas vezes assisti. Mas nunca a Tv ira tirar a magia de assistir um bom filme numa sala de espetáculo. Mas qdo digo sala de espetáculo não quero sitar estas salas espetáculares que temos hoje, com som stéreo onde parece que estamos dentro do filme. Falo do Cine Busch, Cine Blumenau. Grandes salas de cinema que imfelizmente só exite hoje na memória de que teve o prazer de conhecer. Fica aqui uma pegadinha para quem quizer participar e que conheceu o bom e velho Cine Garcia? Que som se houvia para anunciar a sessão de cinema e que musica tocava no começo de cada seção? Quem viveu lembrara.
ResponderExcluirMais uma bela passagem por nossa História. Eu fico a pensar de como deve ter sido nessa época,em que o cinema não era tratado de maneira tão banal como nos dias de hoje. Ora pois...ir ao cinema ao som de piano? Que magnífico! Era mesmo a apreciação da arte.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho que está realizando. É um Blog de fácil busca, organizado e bem tratado nas questões de semiótica. Parabéns e continue nessa caminhada...
Beli
Prezado Djalma,
ResponderExcluirNo Cine Atlas da Vila Nova ( que existiu de 1965 a 1972 aprox.) tocava um gongo, as luzes do teto (que era forrado de estrelas) acendiam, alternando várias cores, e em seguida começava a tocar o prefixo musical do 007.
Era assim o início das sessões naquele cinema.
Gostaria de saber a resposta da sua pegadinha: o que acontecia no Cine Garcia ?
Braga Mueller
Boa noite Sr. Braga.Como no Cine Atlas,o qual tambem tive o prazer de conhecer nas minhas fugidas do Garcia sem meu pai saber, no Cine Garcia tambem tocava o Gongo por 3 vezes mas a musica como bem lebrou o Adalberto Day, na nossa época era a musica do filme Django. Qdo o Gongo tocava, não era as luzes que piscavam no teto e sim as pulgas que fugiam assustadas.Bons tempos estes.
ResponderExcluirBom dia Adalberto,
ResponderExcluirsobre o Hotel Holetz cabe o registro de que sua demolição foi efetuada por soldados do 23° RI, depois BI, sendo os tijolos e tudo que foi aproveitável utilizado para construir o lado esquerdo do prédio da frente, aquele separado por um espaço aberto na parte inferior. Os recrutas daquele ano passaram bom tempo de seu serviço militar raspando o cimento dos tijolos da demolição. Valter Hiebert- hiebert@uol.com.br
Querido amigo,
ResponderExcluirSomente hoje consegui parar para poder te agradecer o carinho. Seu blog é maravilhoso e seu trabalho importante para a memôria de todo um povo.Parabéns e continue firme em seu propósito de não deixar morrer nossa história.
Mais uma vez agradeço o seu carinho pela minha pessoa.
Beijinhos
Morgana
Caro amigo Adalberto,
ResponderExcluirAtravés de seu belo trabalho no resgate da história Blumenauense entrei em contato com o Sr. Valter Hiebert
pois o mesmo relatou em seu blog que o Hotel Holetz foi demolido pelo exército. Entrando em contato ele me informou que tem possibilidade do Sr. Laércio Moritz ter ficado com algum tipo de documentação do antigo Hotel de minha família, achei que para minhas pesquisas poderia ser algo bastante interessante.
Se vc puder me ajudar gostaria de saber como entrar em contato com este Sr. Laércio Moritz, já que o Sr. Valter me informou que vc poderia me passar tal informação.
Desde já agradeço a sua atenção
Com muito carinho da amiga
Morgana
Prezado Carlos Braga, muito bem lembrado a música "A Lenda da Montanha de Cristal" do início das seções no cine Bush. Uma das grandes do compositor Nino Rota. A despeito de ser "tocada" por músicos no mundo inteiro, mas por serem protagonistas de uma das interpretações mais virtuosa, e também por causa disso, ficou como uma espécie de música tema do Mantovani e Orquestra. Abraços, Cao.
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