Com mais de 1 milhão de livros vendidos, o paranaense nascido em Londrina lança seu 36º livro, A Sorte Segue a Coragem!, no qual é taxativo: coragem não é ausência de medo, é a capacidade de enfrentá-lo.
quarta-feira, 25 de abril de 2018
- Mario Sergio Cortella
Saindo um pouco do meu padrão de postar somente
sobre Blumenau e região, a entrevista concedida à Jornalista KARINE
WENZEL DO JORNAL nsc "santa" COM Mario Sergio Cortella, Vale a pena a
leitura.
24/02/2018 | N° 14384
ENTREVISTA
Ser feliz o
tempo todo é uma forma de tolice, e infeliz, um desperdício
O impacto do discurso de ódio nas redes sociais e da intolerância nas
relações humanas. A importância de encontrar um propósito no trabalho e
aprender que a felicidade não é um estado, tampouco é constante. Essas questões
tão fundamentais e complexas são tratadas de forma direta e didática pelo
escritor Mario
Sergio Cortella, que desponta como um dos mais conhecidos filósofos
brasileiros.
Com mais de 1 milhão de livros vendidos, o paranaense nascido em Londrina lança seu 36º livro, A Sorte Segue a Coragem!, no qual é taxativo: coragem não é ausência de medo, é a capacidade de enfrentá-lo.
Com mais de 1 milhão de livros vendidos, o paranaense nascido em Londrina lança seu 36º livro, A Sorte Segue a Coragem!, no qual é taxativo: coragem não é ausência de medo, é a capacidade de enfrentá-lo.
O professor-titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP),
onde atuou por 35 anos, deu aulas de ciências da religião e também teve uma
experiência de três anos como monge. Aos 63 anos, é avô e com dois netos
manezinhos.
Apesar das críticas que faz às redes sociais, que “permitem a idiotice vir à
tona”, interage bastante com elas. São mais de 1,3 milhão de curtidores em sua
página no Facebook e 30 mil inscritos no canal de Youtube.
Em entrevista por telefone, Cortella falou, como não podia deixar de ser, sobre
diversos temas, desde sorte e eleições até confrontos e a busca por felicidade.
- Presenciamos um aumento dos discursos
de ódio, principalmente nas redes sociais. Estamos mais intolerantes?
Não, estamos mais em condições de fazer com que a intolerância, que já tinha
seu lugar, possa vir à tona de maneira ampliada. A perspectiva de rejeição a
quem não pensa ou não é como eu já existia. E hoje nós temos uma tecnologia que
tem inúmeros elementos benéficos, mas que também tem essa possibilidade de
fazer com que as pessoas tenham a capacidade de reação de modo intempestivo,
sem reflexão, sem raciocínio, dada a velocidade da comunicação. Hoje, essa
intempestividade favorece, às vezes, a perda de reflexão, de raciocínio e até
de bom senso.
- E esse seria um dos maiores perigos
das redes sociais?
Eu acho que elas são magníficas em relação a modos de comunicação, capacidade
de agregar forças, de estruturar organização de pessoas em torno de ideias e
projetos, elas são uma grande fonte de entretenimento. Mas de modo algum elas
podem ser olhadas como isentas de alguns malefícios. Dentre eles, permitir que
a pessoa, que não necessariamente é marcada por uma capacidade intelectual de
ser tolerante, tenha um palanque para se manifestar. Hoje não só há
possibilidade de aquilo que é benéfico e bonito vir à tona, mas também da
idiotice. Obviamente a questão não é da tecnologia em si, mas ela carrega a
possibilidade desse tipo de efeito colateral. Que também terá de ser testado,
ele é muito novo entre nós, é uma coisa que ainda não pegou nenhuma geração por
inteiro na nossa sociedade.
- E esses impactos das redes ganham mais
dimensão em um ano como esse, de eleições?
Sim, eles aparecem todas as vezes que temos situações que nossas posturas
são postas à prova. Isso vale em várias situações. Por exemplo, você só tem uma
briga mais intensa no condomínio, quando tem reunião de condomínio (risos).
Você só tem situação em que há possibilidades de rusgas, de quebra da
convivência, quando alguma coisa terá de ser decidida coletivamente. Então um
ano como 2018 é um ambiente mais favorecedor dessa possibilidade, porque temos
de tomar posição. E quando você tem de tomar posição relacionada à política, à
religião, ao esporte isso fica algo muito fervido em nosso cotidiano. Não é
algo tão fácil.
- E pode acabar em conflito...
Pode acabar em conflito, mas que não é necessariamente negativo, o problema é
se acabar em confronto. Porque o conflito é importante. Uma democracia, uma
família, uma relação amorosa, ela tem conflitos. Conflito é divergência de
postura de ideias e a intenção do conflito é geração do consenso. Já o
confronto é a degeneração do conflito, numa busca de anular a outra pessoa, de
excluí-la. Por isso o conflito é sempre bem-vindo, o confronto não. Por isso
uma eleição precisa ser inteligente. Quem a vencer em 2018 precisa ser capaz de
compor a paz social e impedir que o confronto venha à tona. Eu gosto muito de
um exemplo que acho que serve como exemplo para o Brasil. Abraham Lincoln,
quando foi eleito nos Estados Unidos em 1860, era um senador de primeiro
mandato em um Estado menos importante naquele momento. Ele venceu homens
poderosos e o primeiro ato foi escolher como seus ministros nas três principais
áreas aqueles que foram os que havia derrotado nas eleições. É um sinal de
inteligência impedir na política, na escola, na igreja, na família que o
conflito se degrade e vire confronto.
- Como as pessoas podem evitar esses
confrontos?
A primeira coisa é obedecer o antigo aviso que as estradas de ferro
traziam, que é “pare, olhe, escute”. Antes de atravessar qualquer linha, a do
pensamento, da discussão, do debate, preste atenção, tente capturar o que o
outro quer dizer, o quanto aquela pessoa só pensa diferente, não é teu inimigo.
Neste sentido é preciso que a gente tenha capacidade inclusive de humildade
para entender que há muitos modos de ser humano. E nós somos um deles. A gente
precisa ter uma compreensão sobre o lugar das diferenças. A capacidade de
tolerância se dá quando a gente entende que a diferença é um valor da nossa
existência à medida que aumenta nosso repertório de soluções. Portanto, ser
diferente não é ser desigual, é apenas ser diferente.
- Essa compreensão seria um passo para
avançar como humanidade?
Sim. Tem muita gente que se acalma e diz que estamos evoluindo. Mas temos
que entender que Charles Darwin nunca usou a palavra evolução como sinônimo de
melhoria, ele usava como sinônimo de mudança. Que é o que a palavra significa
em grego. Câncer também evolui, problema também se desenvolve, encrenca também
progride. Por isso é preciso o uso muito maior da nossa inteligência para que a
gente não degrade essa condição. Afinal, como um dia lembrou Mahatma Gandhi, olho por olho, uma hora
acabamos todos cegos. E neste sentido é necessário mais capacidade de
acolhimento, sem que eu abra mão da minha identidade, do meu pensamento, minha
postura. Mas acima de qualquer coisa entenda que a noção de ser humano (e eu tô
usando o ser como verbo, não como substantivo) é plural, não é individual. Não
existe ninguém no mundo como eu, mas eu não sou o único a estar no mundo.
- Seu último livro A sorte segue a
coragem! aponta caminhos para que cada um cultive a própria sorte. Como podemos
fazer isso?
Primeiro, ele visa a lidar com uma noção de que coragem não é ausência de
medo, é capacidade de enfrentar o medo. Uma pessoa que diz que não tem medo,
ela não é corajosa, é inconsequente. O que a gente não deve é confundir medo
com pânico. Pânico é a incapacidade de ação, medo é estado de alerta. E quando
a gente diz que a sorte segue a coragem expressa a noção que a coragem precisa
ser competente, para que quando a ocasião vem à tona ela possa ser aproveitada.
Por isso temos de ter a coragem como mecanismo de movimento, não como se a
gente sentasse e aguardasse a sorte, o acaso.
- Então a gente também é responsável por
nossa sorte?
Com certeza. Há um ditado caipira da minha região no Paraná que diz que o
cavalo não passa arreado duas vezes. Evidentemente tem que ser completado:
saberá montar um cavalo o primeiro que estiver prestando atenção. Segundo,
precisa ter habilidade para montar o cavalo, tem que se preparar antes. Senão
montá-lo será um desastre. Então a sorte não pode ser desprezada como um fator
benéfico ou maléfico. Também parte daquilo que faço e dá errado muitas vezes se
deve a coisas que eu não quis. E eu preciso estar preparado para alterar minha
rota e plano. Um dia Publílio Siro
escreveu que um plano que não pode ser mudado, não presta. Mas precisa ter um
plano, inclusive para ser mudado.
- Seu livro Por que fazemos o que
fazemos fala sobre carreira. É possível ser feliz no trabalho?
A gente pode encontrar felicidade no trabalho, mas não é o lugar que ele
vem sempre à tona. Aliás, nenhum lugar o é. Alguém que diz “eu quero fazer
alguma coisa que eu gosto”, é uma pessoa que está dizendo o óbvio. Só um
imbecil gostaria de fazer o que não gosta. No entanto, para se fazer o que se
gosta e obter algum ponto de felicidade nisso, é necessário fazer muita coisa
que não se gosta.
- Isso passa por encontrar também um
propósito no trabalho?
Sim, afinal de contas é aquilo que coloco como meta e vou buscar. Por que
faço o que faço? Porque me mandam, então eu tenho um propósito que é obedecer.
Faço porque quero dar um passo para outro lugar, então aquilo que faço é uma
etapa para obtenção de outra condição. O que não pode é ter uma vida
automática, robótica, superficial. Portanto alienada. O propósito é o que
impede a alienação.
Mas também há uma espécie de obsessão em se estar sempre feliz...
A felicidade não é um lugar que você chega, é uma ocorrência, é um evento que
não é contínuo. E quando ela vem a gente tem que aproveitá-la, porque sabe que
ela vai embora. Mas ela volta. Ela é um instante, um momento, não é um tempo em
que tudo será paradisíaco. Pelo contrário, a gente sabe que a vida tem
turbulências, mas ela não tem só isso. Ser feliz o tempo todo é uma forma de
tolice e ser infeliz o tempo todo é um desperdício de vida.
- Para muitos o ano começa de fato
agora, depois do Carnaval. O que fazer para ter um ano produtivo?
A gente precisa ter projetos, propostas e metas exequíveis, ou seja, que
possam ser realizados. Se eu coloco para 2018 alguns objetivos que eu tenha
muita dificuldade para alcançar, mesmo que esforço eu faça, eu vou conseguir ao
final do ano frustração. A única possibilidade de eu não ter apenas frustração
é estabelecer, mesmo que sejam poucas, metas que sejam realizáveis. E neste
sentido as grandes perguntas são: quando terminar 2018, o que eu gostarei de
ter feito? O que não terei feito, mas posso vir a fazer? E o que eu não fiz,
porque fui relapso, fui negligente e preciso melhorar minha condição para alcançar
isso? É um tempo de autoconhecimento para que não se termine em frustração, mas
que também não se abandone a colocação de metas, vivendo uma vida no
automático, alienada. Por isso um ano pela frente é uma possibilidade de
realização de projetos. Nem tudo o que desejo acontecerá, mas se eu nada
desejar, aí sim é que nada acontecerá.
3 comentários:
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Mas, é muito interessante.
ResponderExcluirGrato.
Ab.
José Alfredo Schierholt
Meu caro Adalberto,
ResponderExcluirTem um vídeo do Sérgio que eu vi outro dia onde ele falou sobre as trocas de valores, pais e filhos. Palavras dele " ANTIGAMENTE QUANDO IAMOS A UM RESTAURANTE, PAPAI FALAVA, MEU FILHO SENTE-SE AQUI,HOJE O PAI PERGUNTA, ONDE VOCÊ QUER SENTAR MEU FILHO". Eu sou um admirador dele, uma otóti entrevista sem dúvidas.Parabéns.
Amigo Zuqui, voce vio o video do Sergio sobre troca de valores dos Pais,iz BomDia Coroa. ha ha ha . Abraços Valdir eu digo o seguinte estou com saudades dos tempos que se ouvia na hora de ir dormir Boa Noite Benção Mae Benção Pai,hoje mal e porcamente quando eles voltam (quando Voltam) Bom dia Coroa ha ha ha ha . abraços Valdir
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