sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014
- Victor Felix Deeke
Em histórias
de nosso cotidiano apresentamos uma pequena biografia de Victor Felix Deeke. Texto enviado gentilmente pelo Sr.
Gunter (falecido em 18 08 2021).
Por Gunter
Deeke
VICTOR FELIX DEEKE nasceu no
município de Ibirama no dia 08 de dezembro de 1911. Concluiu seus estudos no
Colégio Santo Antônio – Blumenau, onde se formou em Técnica Contábil, um curso
ao qual sempre atribuiu como sendo o sucesso de sua vida. Durante algum tempo
prestou serviços no Banco Nacional do Comércio, mas logo sentiu que ali
não prosperaria muito. Com 21 anos de
idade, logo após o falecimento de seu pai, partiu sozinho para o então
longínquo Estado do Rio de Janeiro, em busca de novos horizontes.
Trabalhou durante seis (6) anos na Indústria ARP, inicialmente na cidade de Nova
Friburgo onde se aprofundou com a produção de rendas e filó, e
posteriormente no Rio, promovido a representante comercial da mesma. Lá,
casou-se pela primeira vez (1936) com Elsa Deeke, filha de Walter e Luiza
Ebérius.
Ainda estava
na cidade maravilhosa, quando recebeu e um convite para retornar ao Estado de Santa
Catarina, com o objetivo de assumir um posto elevado no (Banco) Caixa Agrícola de Blumenau,
entidade financeira pertencente ao Grupo
Hering. Quem lhe fez este convite, foi o industrial Curt Hering, líder da família
Hering, num encontro havido entre ambos, em algum lugar qualquer da cidade
carioca. Victor relutou em voltar, pois havia progredido muito
profissional e financeiramente, vivia em excelentes condições de conforto em
Copacabana, desfrutava de total confiança da família ARP, mas acabou cedendo às
promessas de Curt, até porque, sentiu ser o momento certo para retornar ao
estado natal.
Ao chegar a
Santa Catarina, instalou-se provisoriamente em Blumenau, onde se
familiarizou com as normas do Banco. Passados alguns meses, destinaram-lhe a
responsabilidade da construção da sede da filial do Banco em Jaraguá do Sul –
para, depois de concluída, assumir sua respectiva gerência. Residiu algum
tempo em Jaraguá. Feito isso, a matriz de Blumenau confiou-lhe nova missão - na
verdade, uma repetição da primeira, qual seja, a construção de outra filial do
Banco em Mafra, a qual também
foi erguida com rapidez e sucesso, e finalmente, foi transferido para a cidade
de Joinville, para novamente construir a sede do Banco e posteriormente
gerenciá-la. Nessa cidade, nasceu seu filho Gunter.
Um ano depois, o Caixa Agrícola foi
vendido ao então Banco INCO.
Victor Deeke desligou-se do quadro de colaboradores, tendo como motivo
principal de sua saída, o fato de seu irmão Hercílio também ser Gerente
do Banco INCO, e as normas da época impediam a existência de parentesco
em cargos de confiança, na mesma instituição financeira.
Em 1940, foi
convidado novamente por Curt Hering, para assumir a direção da Cia.
Fábrica de Papel Itajaí, localizada na Barra do Rio, a qual se encontrava em
delicadíssima situação econômico-financeira. A família Hering (não sei como) detinha um grande lote de
ações, mas, além de residirem em Blumenau, nenhum deles entendia das
engrenagens do fabrico do papel. Eles sempre confiavam esta missão a terceiros,
e o resultado foi horrível, sendo que no ano de 1940 aquela indústria estava à
beira da falência, máquinas paradas, operários em greve.
Victor aceitou a
missão. Viu-se diante de um enorme obstáculo! Foi nessa empreitada, à frente
dessa indústria, que ele dedicou-se de corpo e alma, enfrentando os maiores
desafios de sua vida. Mudou-se de Joinville para Itajaí, e nos anos seguintes,
contando com o apoio de todos os colaboradores e acionistas da empresa,
reergueu a indústria numa época difícil, devido ao racionamento de gasolina, o
qual impossibilitava a busca de matéria prima em fabriquetas interioranas (celulose e pasta mecânica), por
conseguinte, limitando deveras a produção do papel.
Diante de
tal situação, e com o mundo em guerra, apostou no impossível e partiu em março
de 1945 para os EUA, num voo que durou muitos dias, com o objetivo de
encontrar, comprar, e finalmente, importar a tão importante celulose, matéria prima vital
para a indústria papeleira. A viagem foi realizada com sucesso. Entretanto, ele
não admitia de forma alguma a hipótese de importa-la e descarrega-la no porto
de Santos, para depois trazê-la de caminhão até Itajaí, desde que, na década de
40, o nosso porto de Itajaí só recebia navios de médio porte, e com escalas
esporádicas. Mas havia outro obstáculo: trazer apenas a celulose até Itajaí era quase inviável, porque tal frete não
comportava a escala de um navio grande neste porto. Era preciso haver alguma
carga de retorno para formar um volume compensador. Para tanto, antes dessa
viagem, realizou uma reunião com os produtores de Fécula (Farinha de Mandioca),
cujo produto poderia ser exportado aos EUA via porto de Itajaí, e já
levou em mãos uma procuração dos
feculeiros para garantir ao Armador, esta carga de retorno (Cia. Lorenz, Max Wirth, Cassava, e
Geismar). Antes de partir, trocou
ideias com os práticos Manoel Caetano Vieira e Manoel Isidoro, obtendo dados
técnicos da entrada da barra e do canal de acesso. Desta forma, a viagem aos Estados Unidos foi
coroada de pleno êxito, e no inicio de 1946, com a presença das autoridades de
todo o estado, sob os aplausos de milhares de pessoas e ao som dos hinos da
Banda Militar, adentrava no porto de Itajaí, o grande navio de longo curso M/V
FENRIS, de bandeira sueca, com 120 metros de comprimento e capacidade para
4.000 tons, trazendo a tão esperada celulose.
O porto de Itajaí estava aberto à
navegação de longo curso!!
Ainda em Nova
York, ao contratar com o representante do Armador sueco “Brodin Line” para
trazer a matéria prima, Victor Deeke solicitou simultaneamente a permissão para
agenciar os seus navios neste porto de Itajaí, tendo então fundado em 1º de
outubro de 1945, a SAMARCO – Agência Marítima e Comercial Ltda., cuja
empresa tornou-se uma das expoentes no ramo de agenciamento marítimo nos portos
de Imbituba, Itajaí, São Francisco e Paranaguá.
A sucessiva
importação da celulose através desses navios suecos, não prosseguiu por muito
tempo, porque, com o final da guerra em maio de 1945, a preciosa gasolina
voltou ao mercado e os caminhões da Papel Itajaí puderam trazer da serra
catarinense, a celulose produzida por pequenas fabricas no planalto
catarinense. Mas, paralelamente à testa
da Cia. Fábrica de Papel Itajaí, Victor Deeke continuou impulsionando muito a
Samarco, e esta, prosseguiu no desenvolvimento de agenciamento marítimo,
conseguindo outras cargas, tanto na exportação como importação, e mais tarde
sobressaiu-se na importação dos Jeep Willys, importados em caixas e montados
numa linha de montagem improvisada, nas próprias instalações da Samarco, em
Itajaí. Época áurea! (1951).
Com o fim da
II Grande Guerra Mundial, Victor Deeke aumentou significativamente o
patrimônio da Cia. Fábrica de Papel Itajaí, comprando sucessivamente as
fábricas de Bacaina do Sul em 1946, Ituporanga em 1947, Perimbó em 1949, sendo
que em 1951 iniciou a realização do seu grande sonho, que foi – na época, a
construção da mais moderna fábrica de papel do mundo, denominada filial Canoas,
hoje conhecida como Klabin – no município de Otacílio Costa.
A construção
dessa fábrica que hoje lá está, desde a aquisição do maquinário na Alemanha em
1951, do transporte das máquinas ao Brasil, além do transporte rodoviário de
Itajaí serra acima, até o seu funcionamento final que ocorreu em 1956, levou
cinco anos de uma luta inglória, exigindo de todos aqueles que com ela
colaboraram em sua construção, um esforço quase que sobre humano, tamanha as
adversidades de toda sorte surgidas naqueles anos, e é uma história única,
merecendo ser descrita em livro a parte. Na década de 1950, não existia no
Estado de Santa Catarina, energia suficiente para gerar os enormes motores da
fábrica nova. Então, além do maquinário importado da Voight na Alemanha, foi
importada também, uma razoável usina hidroelétrica construída pela Siemens, a
qual foi instalada embaixo do açude da filial de Perimbó (hoje Petrolândia), e essa energia gerada em Perimbó era
transmitida a Canoas através de postes e fios pelo meio do mato, cruzando
fazenda de jagunços, havendo 50 kms de distancia entre uma e outra, e somente
este detalhe já pode dar uma ideia ao leitor, do tamanho da obra que foi a
implantação desta unidade. (Estive em
Otacílio Costa em julho do ano passado – 2013 – por ocasião dos 60 anos de
atividade da Escola Elsa Deeke – nome dado pelo Governador Irineu Bornhausen em
homenagem a minha mãe – ipso-facto- ao meu pai, por ter sido ele quem construiu
a primeira escola, ainda de madeira e com 4 salas, afim de possibilitar os
estudos básicos aos filhos dos operários. Os professores também eram mantidos
pela fábrica, mas com licenciatura reconhecida pelo estado. Nessa visita, fui saber que ainda hoje,
apesar da existência da portentosa Celesc, a Klabin ainda se utiliza em 50% da
energia provinda da filial de Petrolândia).
1 Na
foto da condecoração da Ordem da Vasa, isto foi precisamente em 1962, na nossa
casa em Cabeçudas, então ele estaria com 51 anos. O Embaixador Jens Malling
entregou a Ordem em nome do Rei da Suécia. Na foto aparecem meu pai, a esposa
Ruth Deeke e o Embaixador. (Os embaixadores em geral, por si só, não podem
condecorar um cônsul sem a anuência do Rei);
Com o
incremento das escalas dos navios suecos, muitos problemas surgiram, e veio a
necessidade urgente de se instalar um vice-consulado na região. Para tanto, Victor
Deeke foi a pessoa escolhida para exercer o honroso cargo, cujo diploma foi
assinado no ano de 1951 pelo Rei Gustavo Adolfo – da Suécia, em conjunto com o então Presidente
Getúlio Vargas e o Governador Irineu Bornhausen. Durante 30 anos
prestou relevantes serviços à coroa, sendo por três vezes condecorado pelo Rei
da Suécia, sendo que duas delas, a Ordem de Vasa e da Estrela do Oriente,
as mais importantes distinguidas a um Cônsul honorário.
Em 09 de
setembro de 1952, numa das suas inúmeras viagens que empreendeu à Europa, com a
finalidade de assistir aos estudos da construção das maquinas da fábrica Igáras,
levou junto sua esposa – Elsa -, esta já bastante enferma, na esperança
de encontrar soluções mais modernas para combater o câncer, mas ela não
resistiu e faleceu no dia 07 de setembro de 1953, exatamente um ano depois, em Zurique
(Suíça). Suas cinzas foram
trazidas uma semana depois, e seu enterro ocorreu no Cemitério Municipal de
Itajaí.
Como já dissemos
a Cia. Fábrica de Papel Itajaí, compunha-se da Fábrica Matriz em Itajaí, e das
filiais Bocaina, Perimbó, Ituporanga, e finalmente, a filial Canoas, situada
hoje em Otacílio Costa, e que era a fábrica mais moderna do mundo após a
guerra, pelo fato de ser “processo contínuo”, ou seja, entrava a tora de pinho
por um lado e saía o papel pronto do outro, enquanto que as demais fábricas no
resto do mundo, até aquele data, só produziam o papel à partir da celulose
pronta.
Em outras palavras, as fábricas antigas
precisavam de duas fábricas, uma para produzir a celulose e depois a outra,
para produzir o papel.
Em 1958, uma
dificuldade financeira ocorrida na época (devido
a variação do dólar no custo da compra do maquinário), praticamente
inviabilizou a manutenção da unidade Canoas. Seria muito difícil suportar a
crise. Victor Deeke – àquela época, já era o segundo maior acionista individual
da Cia. Fábrica de Papel Itajaí, e ocupava o cargo de Diretor Geral –
com amplos poderes e assinatura isolada, mas o Grupo Hering insistiu na venda e
Victor Deeke cedeu à pressão. Havia propostas de grupos nacionais nessa
aquisição da unidade Canoas/Perimbó, porém, à preço de banana, mas o nosso
personagem não se conformou com isso, e realizou mais duas viagens aos EUA
e concluiu a venda ao grupo americano
chamado Olin-Mathinsson, e que depois de realizada a transação,
batizaram a nova filial brasileira de Olin-Kraft, e esta mesma fábrica mais
tarde voltou as mãos de brasileiros, hoje pertencente ao grupo Klabin.
Algumas
fotos de Canoas (ou Igaras) sob a neve, no ano de 1955. (Essa filial da
Fábrica de Papel, tocada por ele em pessoa, inicialmente foi nominada de
Canoas, devido ao Rio Canoas que a banhava. Posteriormente, meu pai rebatizou-a
de Igaras, um nome indígena, talvez devido sua infância em Ibirama ao
lado de Eduardo (o Katangara) e os índios Botocudos (Xoklens), porém, devido as
chuvas e tempestades que atrasaram a conclusão da obra por quase um ano, um
prejuízo monstruosos, meu pai ficou um tanto supersticioso e voltou a
nominá-la de Canoas.)
Não obstante
a venda das unidades Canoas e Perimbó (hoje
Petrolandia) aos americanos, ainda continuavam “vivas” as fábricas de
Itajaí, Bocainda e Ituporanga. Entretanto, já viúvo e um tanto desgostoso com a
venda daquela que fora seu ideal, ele se desfez - no ano de 1958, de todas as
suas ações da Cia. Fábrica de Papel Itajaí, e dela se desligou para sempre,
entregando-a a seus sucessores, em excelentes condições econômico-financeiras,
em virtude do produto da venda da filial da hoje Otacílio Costa, cuja negociação
- na época, representou a maior soma de dólares até então estrada no Estado
de Santa Catarina.
No mesmo ano
de 1958, após o desligamento da Fabrica de Papel, Victor reassumiu
pessoalmente o comando da SAMARCO – Agência Marítima e Comercial Ltda.,
empresa fundada por ele mesmo no dia 01º de outubro de 1945.
Na politica
teve curta passagem e nem essa a sua praia. Admirador do Governador Nereu Ramos, com quem sempre
manteve inúmeros diálogos em Palácio, em prol do desenvolvimento da indústria
papeleira, fundou - à pedido deste,
o primeiro Diretório Municipal do PSD em Itajaí, e foi o seu primeiro
Presidente, mas desvencilhou-se dessa missão em curto espaço de tempo.
Em 1960,
Victor casou-se pela 2ª vez, com a Dna. Ruth Yvonne Renaux Deeke, com a qual
teve duas filhas, Vânia (1961) e Ivana Vitória (1968), esta última, gêmea, mas
a outra faleceu alguns dias após o parto.
Esse Capitão
de Indústria, empreendedor por excelência, ainda realizou outras obras de
vulto, como por exemplo, importação de cimento em grande escala, importação de
veículos Willys e Ford, serrarias e beneficiamento de madeira, armazéns e o
primeiro porto privado em Itajaí, no entanto, impossível nos detalharmos sobre
sua vida e obra, num resumo como este.
Victor Felix
Deeke
foi uma pessoa de personalidade forte e marcante. Muito decidido, esteve sempre
atrelado a obras de vulto. De índole desenvolvimentista, era deveras arrojado,
no entanto, jamais se deixou envolver pelo ímpeto da aventura. Seus projetos
foram sempre sólidos e sérios. Seus feitos geraram riqueza, impostos e
empregos; engrandeceu nossa cidade, nosso estado, quiçá, o Brasil. As
adversidades surgidas ao longo da vida, foram vencidas com muito trabalho,
muita coragem e muita firmeza. Nunca com retalhos ou sonegação. Sempre soube
formar excelentes equipes de colaboradores, e deles se cercou ao longo dos anos
e das etapas. Eram quase todos da cidade de Itajaí, deles nunca se esqueceu e à
eles sempre lhes rendeu eterna gratidão.
Morreu na
madrugada do dia 07 de setembro, na cidade de Blumenau, pouco antes de
completar 80 anos, e foi sepultado na mesma tarde, no cemitério da Fazenda de
Itajaí. (Faleceu na mesma data da morte da primeira esposa – 7 de setembro)
Texto e fotos Gunter Deeke
7 comentários:
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Bela história de mais um grande empreendedor de Santa Catarina. Parabéns.
ResponderExcluirJosé Geraldo Reis Pfau
publicitário.
Bom Dia Beto, que história, é muito bom podermos partilhar deste saberes. Um abraço.
ResponderExcluirMeu caro Adalberto, que historia incrível.
ResponderExcluirPois no final dos anos 80 eu conheci, e vendi relógios de ponto para as duas unidades, Itajaí e Otacílio Costa , alias não sei se vc sabe mas quem faz todo recolhimento do lixo na cidade de Otacílio Costa é a BLUMETERRA, que faz seu tratamento de lixo nas terras da referida empresa.
Mas que historia fantástica ,realmente admiro estes desbravadores de tal época, parabéns......
ResponderExcluirGrande homem este Sr. Victor Deeke, fui ao sepultamento dele, com meu pai, que trabalhou vários anos nas empresas Samarco de Blumenau e Itajaí, como gerente de oficina mecânica dos saudosos Willys Owerlad do Brasil.
Lamentável que tão pouco restou de um império destes.
Hoje apenas agência Marítima Samarco de Itajaí.
Família de muito respeito e caráter.
Henry G. Spring
Nosso agradecimento, Adalberto, ao Sr. Gunter Deeke, por compartilhar conosco tão interessantes aspectos da vida de seu pai. Sem dúvida, um relato impressionante. Lembro do dia em que conheci o Dr. Niels Deeke em sua casa, por volta de 2000 ou 2001. A certa altura comentou sobre a fábrica de papel em Itajaí e mal conseguia esconder o entusiasmo e a admiração ao se referir ao poder, à época talvez incomparável em Santa Catarina, deste seu tio. Fico feliz por poder agora conhecer em detalhes quem foi Victor Félix Deeke. O Eduardo que aparece no texto, apelidado pelos índios de Katanghara (o reto, o rijo), é o chamado 'pacificador' dos índios na região da então Colônia Hamônia, Eduardo de Lima e Silva Hoerhan (Niterói 1892 - Ibirama 1976),segundo consta, bisneto do Duque de Caxias. Grande abraço!
ResponderExcluirExcelente história! Eu trabalho na unidade de fabricaçao de papel da Klabin de Otacílio Costa e não conhecia a história. Fiquei fascinado, pois até hoje alguns dos equipamentos que foram montados na decada de cinquenta ainda estão em operação.
ResponderExcluirMeu nome é Sérgio. Meu mail: sfliz@klabin.com.br
Meu pai (Victor Felix Deeke) sempre esteve bastante atrelado à essa família, porque ele foi Diretor Geral da então Cia. Fabrica de Papel Itajaí, na qual os HERINGs – quer seja a Cia. Hering ou pessoas físicas, detinham a maior parte do capital.
ResponderExcluirMeu pai quando jovem, e tão logo superou o falecimento do seu pai José em 1931, partiu para o Rio de Janeiro, estendo a viagem até Nova Friburgo, onde trabalhou na Fábrica ARP, e depois de dois anos tornou-se seu representante na cidade do Rio de Janeiro, Lá casou com minha mãe e ficou muito bem de vida, morando em Copacabana. Certo dia, vendendo produtos da sua representada ARP em alguma loja, encontrou-se com Curt Hering, o qual simultaneamente tentava fazer a mesma coisa - vender seus produtos Hering. Nesse dia Curt disse ao Victor Deeke: “Mas porque você não retorna à Santa Catarina? Um jovem competente como você deveria estar puxando o carro junto conosco, e não fazendo concorrência. Conheci seu pai etc. etc, e completou: Nós abrimos um Banco chamado Caixa Agrícola, e estamos precisando de bons elementos, afinal, você já trabalhou em Blumenau no Banco Nacional do Comercio, tem alguma prática.
Meu pai topou a parada e veio de volta. Destinaram-lhe a incumbência de instalar uma filial do Caixa em Jaraguá do Sul. Isto significava comprar o terreno, construir a sede do Banco, e comprar desde a primeira régua até o ultimo lápis e depois, contratar funcionários. Concluída a missão, destinaram-lhe fazer a mesma coisa em Corupá, depois Joinville, sempre partindo do ZERO. Lá eu nasci. Enquanto meu pai gerenciava essa filial joinvilense, aconteceu a compra do Caixa Agrícola pelo Banco INCO, e como seu irmão Hercílio era gerente do Inco em Blumenau, a lei ou as normas da época não permitiam irmãos gerentes. Victor Deeke então se desligou do Banco. Eis que surge novamente Curt Hering, convidando Victor Deeke (nunca confundir com Victor Hering) para assumir a Fabrica de Papel Itajaí, naquele momento em greve, praticamente falida. Assim viemos para em Itajaí. Meu pai se desligou da Fabrica por sua livre e espontânea vontade no ano de 1958, resistindo aos apelos de Ingo Hering para que não saísse. A venda da filial Canoas – hoje Klabin em Otacilio Costa, construída com sacrifícios quase que sobre-humanos, deixou-o muito entristecido, e já viúvo e tendo um único filho (eu) com 19 anos, procurava uma coisa menor, desde que eu não havia mostrado o mínimo interesse por aquela industria. Aliás, com a venda de Canoas – que na época representou a maior entrada de dinheiro em SC, deixou a fabrica flutuando em grana. Prefiro não me estender nesse assunto, mas devido a má administração dos sucessores, após 5 anos estava completamente quebrada. Meu pai assumiu a Samarco, e estou com ela até hoje.
Meu pai sempre demonstrou infinita gratidão à Curt Hering, e posteriormente ao seu filho Ingo.
Abraços/
Gunter