Contos Folclóricos Catarinenses
SOB O DOMÍNIO DOS BOTOCUDOS
JOSÉ DEEKE
Tradução de
Niels Deeke, neto do autor.
Original em alemão, compilado, em 1927, por José Deeke junto sua seleta de contos folclóricos catarinenses, intitulada “Am Lagerfeuer”.
“A M L A G E R F E U E R”
( Ao Redor da Fogueira do Acampamento)
por
J O S É D E E K E
SOB O DOMÍNIO DOS BOTOCUDOS
O cacique mirava alternadamente para mim e para minha mãe adotiva e seu olhar estava tão severo como jamais vira antes.
“Então ele quer ser um “cocolé”? Começou dizendo, sempre a olhar com raiva para Kruro.
“Você o criou muito bem, pelo que vejo! Mais de dois verões e dois invernos esteve conosco e pensei que se tornara um dos nossos. Já divisava com orgulho que depois de receber o “botoque”, poderia tê-lo entre os guerreiros e agora acontece isto! Enganei-me acreditando na tua capacidade de educar. Em vez de nos trazeres um irmão, crias um inimigo em nossa tribo”.
Depois do discurso do cacique começou um grande tumulto. Kruro gritava alto e se jogava aos pés do seu amo pedindo perdão, enquanto o resto da tribo se atirou sobre mim e tive a certeza que pretendiam de vez acabar com a minha vida.
Mas isto não ia ao encontro dos objetivos do cacique. Não porque tivesse pena de mim ou quisesse proteger Kruro, de maneira alguma, sua intenção era bem outra. Ele necessitava de nova oportunidade para reafirmar sua posição de comando, mostrando aos seus súditos como era benevolente e agia com inteligência.
Ele precisava de um motivo, pois desde quando, no ano anterior, tomara a jovem Mendosa por esposa, havia se rendido totalmente ao seu fascínio. E como ela há pouco tempo lhe dera um belo filho homem, seu amor pela jovem não tinha mais limites. Esta era uma legítima filha de Eva - sabia aproveitar a paixão do velho cacique e fazia dele o quem bem queria. Assim não permitia mais outras mulheres ao seu lado e queria que seu rebento fosse declarado futuro cacique.
Entretanto todas estas suas pretensões conflitavam com os costumes dos botocudos e além disso os guerreiros haviam reclamado das determinações do cacique, quando tiveram de curvar-se aos caprichos de Mendosa, submetendo-se às ordens de uma chefia de mulheres, isso o botocudo jamais admitiria.
Esse fato chegou-lhe como por encomenda e na hora certa. Ordenou aos guerreiros que me soltassem e depois que olhou para Kruro e para mim, conforme tive a impressão, o fazia com uma simpatia um tanto forçada ele emitiu seu julgamento:
“Há pouco fui muito severo, entretanto, o caso não é tão grave. A “criança achada” - assim me chamavam - “ainda não é nossa inimiga - só até agora não entendeu exatamente que pertence a nós. E isto, Kruro, é culpa sua, você não cumpriu direito os seus deveres de mãe! Por isto terás que realizar esta missão a partir de agora, dedicando-te de corpo e alma à educação do garoto. Em virtude disso te libero das obrigações de “segunda esposa” - e tu, referindo-se a mim, “sejas atento e obediente e não demores a demonstrar provas de que, efetivamente, és um dos nossos, a fim de que te tornes um bom guerreiro, pois a idéia de que poderias ser meu sucessor, como anteriormente eu pretendia, já não alimento mais, após constatar o que aconteceu hoje”.
Os companheiros do grupo se deram por satisfeitos com essa decisão, principalmente Mendosa, pois desta forma quase todos os seus desejos estavam realizados! Mas ainda existia a terceira e mais velha das esposas, todavia esta não era empecilho algum aos seus objetivos exclusivistas, porque a reduzira a condição de servente. Desse modo, com a exclusão de Kruro, passou,.Mendosa, a ser de fato a “única rainha”.
Quem mais sofria com a nova situação era minha mãe adotiva, contudo ela não me culpava por isto. Conhecia muito bem os motivos que levaram o cacique a decretar a dissolução da comunhão matrimonial, além de não achar tão grave o meu erro. E interessante, em vez de intensificar minha educação para identificar-me como um autêntico botocudo, de acordo com as instruções que o cacique ordenara, começou por vezes a dialogar comigo acerca dos brancos e pediu que eu lhe dissesse mais a respeito da vida de meus conterrâneos. Desejava saber se entre os brancos, os “cocolés”, também haviam “festas da irmanação”, como se confraternizavam e como realizavam a “reconstituição das famílias”. Porém muito eu não podia contar, pois sabia que havia grandes festas, entretanto se eram “de irmanação”, naturalmente, não poderia afirmar. Mas que entre nós todo homem só tinha uma mulher - e isto para sempre, eu sabia com certeza, e esta condição e comportamento dos meus patrícios agradou muito à Kruro.
Certa noite um guerreiro retardatário veio com a notícia que os “Caecés” estavam por perto. Eu não sabia o que a palavra significava, pois os bugres entre si denominavam-se “irmão” e “irmã”, todas as demais pessoas eram “cocolés”.
Dos “caecés” que quer dizer “amigos”, nunca ouvira falar, e isto me pareceu bastante estranho, pois notei que destes chamados amigos aparentavam ter muito medo e isto também se percebia na conversa dos guerreiros e pelas caras amedrontadas das mulheres.
Finalmente consegui, através do diálogo com minha mãe adotiva e pelo que ouvi das conversas dos guerreiros, ter uma visão mais ampla da “nação” dos botocudos. E relatar todo o seu histórico soará para muitos tão obscuro e lendário que dificilmente acreditarão na sua veracidade.
De acordo com o que me foi possível apurar, a tribo dos botocudos foi, há passados inúmeros anos, um grande povo, sedentário, que habitava em reduto fixo.
Porém quando os invasores brancos chegaram mais próximo, provocando a escassez da caça, tiveram que decidir-se pela sua divisão, repartindo-se em grupos. Só o rei ficou com um contingente, residindo na primitiva sede, o restante ele retalhou em várias facções, designando um cacique da casta real para cada uma das tribos, que se espalharam por todos os cantos da floresta a fim de melhor poderem prover sua subsistência, impedindo ao mesmo tempo, o avanço dos brancos.
No princípio realizavam na corte do rei a “festa da irmanação”, o que observaram por continuados períodos. No correr do tempo espaçaram a reunião para intervalos maiores e nestas ocasiões efetuavam a colocação dos “botoques”, praticando a “reconstituição das famílias” - procedendo mudanças quanto à investidura de caciques e, em virtude desse congraçamento na corte real, possuíam o mesmo idioma e idênticos costumes.
Entretanto, na sucessão dos anos, com a aproximação sempre maior dos brancos, as reuniões tornaram-se mais difíceis, além de alguns grupos terem abandonado sua fidelidade, porque não pretendiam continuar dependentes da dignidade do monarca, o cacique. Teriam surgido desavenças entre diversos ramos, tudo isto provocando na seqüência histórica, total distanciamento entre os vários segmentos tribais, a ponto de fazer com que, na atualidade, cada ramo autônomo tivesse o seu próprio cacique cujo posto respeitam como sendo o de maior proeminência.
O ramo tribal cuja aproximação acabavam de anunciar, caso não houvesse nos
últimos anos, acontecido alterações, estaria sob o comando do cacique “Pé Grande” e deveria ser muito numeroso.
O “Pé Grande” era um homem violento e cruel, que em razão dessas suas atitudes, há muitos anos passados tivera uma séria discórdia com o nosso cacique que se chamava “Água Clara”, e a desavença quase resultou numa guerra entre as duas tribos.
No momento não se sabia, com precisão, se “Pé Grande” havia esquecido a dissensão, como era o caso de nosso cacique que relevara a questão. Esperaria o outro chefe, com um grande número de guerreiros, enfrentar a nossa fraca tribo de seu dito “amigo” para dar-lhe uma lição?
Estavam cientes que “Pé Grande” trazia muita gente consigo e isto depreendia-se pela espessa nuvem de fumaça das fogueiras ao longe, enquanto a nossa tribo estava desfalcada de muitos membros que adiantaram-se à nossa frente, seguindo à caça, e agora estávamos isolados, afastados por dias, talvez semanas, do grosso de nossos guerreiros. Os problemas da presente situação eram de provocar dores de cabeça no cacique.
Seria melhor seguir em “marcha forçada” para nos reunirmos ao resto de nossa tribo antes que o “amigo” percebesse nossa presença? Deveria enviar um mensageiro aos nossos guerreiros, “irmãos” da vanguarda, para que regressassem imediatamente? Ou então, confiante, partir ao encontro dos “amigos” e cumprimentá-los?
Mas afinal tudo se resolveu diversamente, pois enquanto o cacique quebrava a
cabeça, procurando encontrar uma solução, ouviu bem perto a sonora voz de “Pé Grande” : “Irmão Água Clara” - você não me dá boas vindas?”
“Água Clara”, com um salto, levantou-se apavorado. Mas só por um instante durou o susto, depois fingiu a maior alegria e, desarmado, correu em direção ao local de onde partira a voz.
“Bem vindo, querido irmão - que alegria me trazes “Pé Grande”, visitando este meu miserável pouso!”
Os dois saíram da floresta e foram para o meio do acampamento, quando os guerreiros, da mesma forma, levantaram-se e expressando alegria cercaram os dois caciques .
Essa atitude foi acertada, pois caso demonstrassem ou cometessem um só gesto de desconfiança ou hostilidade, seria o fim de nossa tribo, porque “Pé Grande”, para sua visita, não trouxera consigo menos de quarenta guerreiros bem armados. O perigo passou.
Os “amigos” juntaram-se aos nossos guerreiros e sentados junto à fogueira, riam e conversavam. Nisso pude constatar que o idioma dos “amigos” já se diferençava muito do nosso.... Minha mãe adotiva, explicou-me que essa dessemelhança era pouca, haviam outros ramos da tribo com os quais não podiam se entender, tanto a língua modificara-se com o tempo.
Na seqüência visitamos os diversos grupos de “Pé Grande” e enviamos mensagens para chamar ao acampamento todos os grupos do nosso ramo para que, igualmente, tivessem a oportunidade de renovar o bom relacionamento com os “amigos”.
Os dois caciques se entendiam bem, porém os dois “Pataemas”, pois “Pé Grande” também trouxera o seu curandeiro, não conseguiam se entrosar. Mantinham “divergências religiosas”, entretanto não pude compreender do que se tratava. Era mesmo muito difícil entender algo sobre a crença dos bugres, mas pareceu-me, de acordo com o que Kruro me contara, não haver uma legítima crença preestabelecida, com princípios constantes. Além disso os “Pataemas” tratam dos assuntos religiosos como bem entendem e referente à “história sagrada” contam lendas sem impor fé doutrinária, nem são consideradas como dogma ou motivo de fé pelo povo, admitindo-se também incluir nos contos tradicionais qualquer outra lenda recém criada, entre as quais também existe a tradição oral do dilúvio.
No transcurso das semanas chegaram nossas tribos que reunindo-se às demais, formaram um vigoroso contigente de guerreiros, capacitando-os a começar a prática de ações mais rentáveis. Quase diariamente empreendiam, aqui ou acolá, assaltos às colônias e vivia-se na maior fartura, pois carne havia a vontade e também “cerveja” não faltava, já que a região era rica em mel e o milho traziam das plantações dos brancos mortos ou expulsos.
Os repetidos sucessos dos bugres os tornaram sempre mais audazes e ao contrário do seu costume ficaram, por semanas e até meses, no mesmo lugar resolvendo inclusive festejar, em conjunto, o próximo encontro da “irmanação” naquele local.
Contudo os vingadores dos brancos assassinados não dormiam no ponto. E quando ao alvorecer de um dia o acampamento das tribos estava despreocupado e profundamente adormecido, após uma noite de alegria, apareceu, repentinamente, um grupo de caçadores de bugres que saltaram para dentro do reduto, gritando e dando tiros por todos os lados.
Os bugres terrivelmente assustados com os tiros deflagrados para matar, levantaram-se e fugiram como loucos pelo mato adentro. Acompanhavam-nos as mulheres que não tinham filhos ou que possuíam apenas um, mas aquelas que tinham crianças pequenas e não podiam carregar todos fugindo tão rápido, jogaram-se no chão e aos pés dos brancos pediam misericórdia. Mas os vitoriosos caçadores brancos, apesar de lhes implorarem clemência, não conheciam perdão, massacraram mulheres e crianças, dizendo que era necessário exterminar até o último daquela raça de bandidos assassinos que não
merecia qualquer piedade ou compaixão.
Minha mãe adotiva também procurou fugir e a todo custo quis levar-me consigo. Eu, no entanto, achei que tinha chegado a hora de livrar-me do cativeiro indígena.
Segurei-me com força num palanque do rancho e enquanto Kruro, puxando por onde podia, tentava arrastar-me e insistia, até suplicando, que fugisse com ela. Porém, eu procurava me recordar do que ainda sabia do meu minguado português e gritava para os assaltantes brancos que também era um branco, seu conterrâneo, e que ali estava porque fora raptado pelos bugres.... e que não me matassem .....e assim por diante.
Mas da pobre Kruro, minha fiel e dedicada mãe adotiva que com tanto desvelo
cuidara de mim, dando-me todo seu amor e carinho, eu, o ingrato, na confusão daquele momento, não me lembrava.
Não posso culpar os brancos por pensarem que deviam livrar-me dela.
Mas quando ela foi atingida por uma bala no peito que lhe perfurou o coração e me lançou, sorrindo, um último olhar cheio de amor e reprovação, para em seguida cair morta no meio do acampamento, só então entendi o que eu tinha feito e soltando um grito de dor, me atirei chorando para abraçar o seu corpo sem vida.
Tudo porém estava terminado. Os brancos levaram todos os arcos, flechas e lanças que os bugres, no susto do ataque, tinham abandonado intactos, em depósito, nos cavaletes e, amarrando-os em fardos, prepararam a carga para levá-la como prova da vitória e todo o restante foi incendiado.
Os cadáveres foram abandonados no chão. Supliquei para ao menos sepultarem
Kruro, mas os caçadores de bugres apenas riram, dizendo que para isto os “patifes vermelhos” teriam tempo de sobra.
E assim acompanhei os caçadores brancos no seu regresso, sempre perseguido pelos bugres que observavam a grande distância os nossos movimentos, pois temendo as armas de fogo, não podiam se aproximar. Estavam sem armas, nada mais poderiam fazer - e aos caçadores isto divertia e sentiam prazer quando, ao longe, ouviam os lamentos e xingações raivosas que os bugres lhes dirigiam. Contudo senti calafrios por todo o corpo quando reconheci a voz de “Água Clara” a gritar: “Menino achado, filho dos “cocolés”, inimigo e traidor que até assassinaste tua própria mãe! Volta e paga com o teu sangue todo o mal que nos fizeste.”
Não tive culpa do assalto dos brancos, sabia tanto quanto os bugres sobre o ataque, mas nisto não teriam acreditado, pois estavam convictos de que fora eu quem buscara os caçadores brancos para atacá-los. Enfim, o episódio foi mortificante e calou profundamente na minha alma.
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Bem......, isto é tudo que a história contém e aqui termina. Só posso dizer que não consigo esquecer aquele horrível assalto que me liberou e matou Kruro. Resolvi dali em diante colocar-me a serviço da catequese para ajudar a um dia talvez, levar este povo selvagem, os irmãos de minha inesquecível mãe adotiva, ao convívio pacífico com a civilização. Porém até agora foi tudo em vão, por mais que me esforçasse e gritasse para os bugres, quando próximo encontrávamos sinais de sua presença, nunca recebi uma resposta sequer.
Teriam me reconhecido? Desconfiariam das minhas boas intenções? Ou porventura tratava-se de outro ramo tribal que não entendia a língua na qual eu me expressava? Para estas indagações não tenho resposta.
Contudo não consigo esquecer o passado. Condeno os seus assaltos, desejando que chegue o dia em que lhes seja transmitido um conceito mais humano de vida e que observem a Lei de Deus: “Não matarás”. Por outro lado não posso concordar com a matança cruel dos botocudos, conforme pregam alguns, porque sempre me torna à memória, com toda nitidez, a derradeira hora que passei entre meus companheiros indígenas. Vejo minha querida Kruro dirigindo-me o seu último olhar quando já atingida mortalmente, e em meus ouvidos ainda ressoa a voz do cacique, me censurando :“Menino achado, filho dos “cocolés”, inimigo e traidor que até assassinaste tua própria mãe! Volta e paga com o teu sangue todo o mal que nos fizeste.”
Com isso João Baiano encerrou sua história.
“Agora conhecem a vida de Jeremias e deverão concordar que nada leva ao descrédi-to do seu relato. E caso um ou outro tópico lhes pareça duvidoso, peço não me responsabilizarem, pois contei precisamente como a ouvi de Jeremias.”
Mas nenhum dos ouvintes disse palavra. Todos escutaram a história com muito interesse e ainda por algum tempo ficaram a olhar pensativos para a fogueira, quando finalmente se recolheram para dormir.
No outro dia, retornaram para o Braço do Sul. Nau¹ não esqueceu, nesta ocasião, de certificar-se através da antiga planta que Rankow² lhe dera, se as últimas anotações topográficas correspondiam à realidade, comprovando o acerto das observações que este último incluíra.
No Braço do Sul, onde os homens foram pagos e despedidos, ficaram só por uma noite, seguindo, de volta, para Blumenau. Todavia fizeram várias paradas e pequenos desvios, pois Nau queria ainda conhecer a “Velha Colônia”. E assim aconteceu que neste ínterim participaram de uma “Schützenfest” o que interessou muito Nau, vindo a conhecer alguns velhos colonos que ainda passaram os primeiros tempos com o Dr. Blumenau.
Como o pessoal que festejava estivesse com espírito alegre e desinibido, logo se tornaram comunicativos e circularam anedotas dos antigos blumenauenses, como as o do “Schirmonkel” (tio dos guarda-chuvas), do “Zündhütchen” (foguetinho), do “SchwizzerBuchbinder”(encadernador suíço) do “Krischan Pipendeckel” (nome próprio, sem tradução) e outros tipos exóticos.
FIM
Nota de Fim, por Niels Deeke
Jeremias : Jeremias André Gonçalves, intérprete mestiço, que habitava em 1877 a localidade de São Lourenço - região de Ponta Grossa, no Paraná . Foi trazido à Colônia Blumenau, pelo Comandante das Guardas de Batedores do Mato - Frederico Deeke. Este, no citado ano, foi, em memorável viagem, a pé, seguindo pelo rio Preto e Mafra, até alcançar a região de Ponta Grossa no Paraná, com a finalidade de contratar o referido intérprete pelo prazo de um ano. Chegados a Blumenau acomodou, durante um ano, o caboclo Jeremias em sua própria residência que situava-se onde, atualmente, está edificado o prédio do Teatro Carlos Gomes. Partiram em diversas expedições, à selva, com o objetivo de, utilizando o linguajar, estabelecer contato verbal com os botocudos. No entanto a língua “Caingang” de Jeremias, diferia algo do dialeto próprio dos botocudos-Xocklengs, ou Aweikoma, (Caá-ubwabwa) , { aliás os membros desta tribo repudiam a denominação que lhes deram de
“ Xockleng ” cuja tradução é “Aranha” }, da região do Alto Vale, o que só em 1914, após o aldeamento, foi constatado, resultando portanto infrutíferas as tentativas. Frederico Deeke apreendeu com Jeremias os rudimentos da língua Caingang e inteirou-se dos costumes indígenas dos Coroados-tinguis paranaenses.
Segundo transmitiu Frederico Deeke, Jeremias era pessoa tranqüila e de trato agradável, motivos que lhe valeram elogiosas referncs.
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¹Nau ............... – personagem sob cujo pseudônimo, o autor refere-se, na vida real, ao Engº Karl Wettstein .......
²Emil Ramkow – personagem sob cujo pseudônimo, o autor refere-se, na vida real, a si próprio, José Deeke.
Amigo Beto. Boa noite.
ResponderExcluirMeus sinceros agradecimentos pela remessa dessa empolgante historia dos ancestrais do Dr. Niels. Eu estava curioso para saber se o José da historia não seria o avô do Niels, mas, no final desta foi confirmado. Obrigado e um grande abraço ao amigo e ao Dr. Niels.
Eutraclínio A. Santos
Prezados/as, fico imaginando se os botocudos ao invés de levado o avô, se tivessem surrupiado o neto. Claro, nada contra o avô evidentemente, mas com certeza o chefe deles agora, com a tribo inteira sentada em volta da fogueira, estariam implorando em uníssono: “dr. Niels conta agora aquela da onça pintada do Spitzkopf”. Abraços. Cao
ResponderExcluirCaro Adalberto, somente alguém que conheceu de perto a questão dos habitantes primitivos da nossa região, bem como seus costumes, poderia escrever relato tão rico como este. Teria Frederico Deeke, pai de José Deeke - este teria sido criado pelo tio, Henrique Krohberger -, ensinado a este algo do que apreendeu com o vasto contato que teve com o povo silvícola? Um grande abraço, Wieland Lickfeld
ResponderExcluirOla ricas informacoes
ResponderExcluirmas tenho interesse em saber da Epoca 1920 em diante que tipo de documentos identidade, declaracoes alforrias e cartas,Registros diversas haviam e onde encontrar?pois preocuro informacoes obre minha Avo falecida em 1960 no rio de janeiro e ainda tenho uma Tia descendete direto de indios das matas de MUQUI>
nao sei origens mas estou interessado em saber.
obrigado neyous@live.jp
Saudacoes : em Nome de: Sebastiao andre ESCravos) (?) e genorina da Conceicao (INDIA )
ResponderExcluirRica demais sua Historia... venho a meses preocurando informacoes sobre os Botocudos e Puris de Muqui,/ES.
Minhas duvidas se puder ajudar sao:
Minha avo foi pega a laco nao sei se nas matas de muqui ou bahia ou Minas gerais. sendo que ela ficou depois de pega em Muqui./ES pelos anos de 1910/20/ pois ela faleceu em 1966. ENtao ela vio a conhecer meu Avo nao sei se Ex-Escravo alforriado. ambos viviam am muqi e tiveram varios filhos seis deles jah mortos e ainda restam 3 irmas a mais velha com 73 anos que vive no Rio de Janeiro Eu sou Neto e tenho 51 anos completados este Mes. Gostaria de saber qual as tribos que habitam estes 3 estados e principalmente Muqui/ES?
E qual /quais documentos de Posses de escravos ou outros documentos haviam na Epoca que se tenha registro sobre compra venda batizado, casamento cartas de liberdade etc...??
isto para que eu possa depois vir a participar socialmente e culturalmente e aprender a lingua correta.
agradeco por qualquer informacao desde jah um muitissimo Obrigado
andre Costa
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