A esquerda "12" e direita Estádio do Amazonas sendo aterrado
Quando garoto, a alegria tomava conta de nossa gente, nos idos anos de 1960 em diante. Estudar, se divertir e com uma boa educação sendo preparado para o futuro, sem vícios, sem drogas, bons exemplos fizeram parte de nossa vivencia, tanto as meninas como os meninos.
Nós os meninos, a alegria era geral, jogar bola no "12" ou Morro e no Amazonas. Também íamos no pasto do Sr. Rulenski e no pasto do senhor Souza, no Brasileirinho. Ir assistir um filme no Cine Garcia, no salão do Amazonas, banhar-se no Tapume do Garcia.
Mas meu relato hoje é sobre o "12" e o Amazonas.
Obs.: O "12" existiu devido a retirada do barro para a aterrar a antiga Praça Getúlio Vargas em 1954.
O Cantinho da Saudade
O campo do “12” ou Morro Foto Sábado à tarde, domingo pela manhã sol ou chuva, “vamos ao majestoso¹” estádio dos eucaliptos o clube “12”, para mais um jogo.Geralmente tínhamos que erguer novas traves, pois o Sr. Hipólito tinha recolhido para queimar em seu fogão a lenha. O pequeno campo do “12” ou Morro se localizava na rua Almirante Saldanha da Gama bairro Glória, próximo às empresas Garcia e Artex em Blumenau. Tinha este nome de Doze , devido aos moradores da rua 12 de Outubro, hoje Praça Getúlio Vargas e Terminal Garcia.
Muitos craques se revelaram nesse pequeno campo, e foram jogar em equipes como Amazonas, Palmeiras, Olímpico e tantos outros. Suas dimensões não ultrapassavam 60x30, mais barro que grama, e foi palco de diversos jogos valendo uma “garrafa de capilé” (troféu da época). Quem teve oportunidade de conhecer esse pequeno espaço de propriedade da Empresa Industrial Garcia, com funcionamento, a partir de 1954 até 1979, jamais esquecerá, pois irá recordar de um gol (“eu fiz alguns de cabeça²”), de machucar o pé ou o dedo no solo irregular, (era comum o atleta atuar descalço). O Nino Valênçio, disse que fez cinco só em um jogo, será? Depois se tornou um dos melhores goleiros da história do Amazonas. O Walfrido Bachmann sim esse eu acredito que fez muitos gols ...Nesse dia o Ziza foi o goleiro, o Dinho, Luizinho Deschamps, Cao, Egon, Dico, Aurélio Pinheiro, Fininho, Walfrido, Jonas Husadel, Ride, Valter Hiebert , Celesio Berns,Valmor Costa, Edson de Oliveira, Dedé, até o Rubens Sombrio, Fifinha e o Edemar Fath disseram que jogaram no 12 também. Essa era a velha guarda, na nova geração até seu final, atuaram os Oliveiras, que só eles davam um time, os Vieira, Massaneiros, Malheiros, Silvas e Fontanelas, os Siegels (Nenê,Ticanca e Bigo), os Cavacos, Oechsler, Day, Moritz, os Galassini (Zinho e Tide) os Izidoros, os Zuchi, Huzadel, os Souza , os Schnaider, e tantos outros. Até você que está lendo este artigo agora, deve ter feito um gol, ou então sabe de um amigo ou parente que diz ter feito pelo menos um. Embora ninguém acredite até o Álvaro Luiz dos Santos (Toureiro) diz ter marcado um. Antes do jogo, o aquecimento era o famoso controle, só valia gol de cabeça. O Silvio Roberto de Oliveira , O Nilton das Silva eram bons também na cabeça e controle.
¹ majestoso, só os eucaliptos.
² de cabeça, Beto Day
Amazonas Esporte Clube
O Amazonas EC, foi fundado em 19 de setembro de 1919 mas que de fato era muito mais antigo porque existia desde 1911, muito conhecido pelo nome de "Jogadores do Garcia".
O clube Alvi – Celeste - ou anilado como era conhecido o Amazonas, fundado por empregados da Empresa Industrial Garcia , já praticavam o futebol desde o inicio do século XX, era o time proletário do bairro Garcia, teve como primeiro estádio por alguns meses, onde hoje é o batalhão do exercito. Depois se transferiu para as proximidades da Rua Ipiranga (conhecida como Rua Mirador), por quase cinco anos, posteriormente por alguns meses, na rua Progresso próximo a Artex, onde existia um bar conhecido como Bar do Iko, e, finalmente, em 1926, mudou-se para o definitivo local, próximo a Empresa Garcia, até ser aterrado pela Artex, em 1974.
O nome da praça de esportes Amazonense, se chamava Estádio da Empresa Industrial Garcia, o mais belo de Santa Catarina até então.
Relembro com muita tristeza a enxurrada de 31 de outubro de 1961, que destruiu totalmente toda praça esportiva, inclusive o salão, e ali foram encontradas quatro vitimas fatais presas ao alambrado. O reduto Amazonense ficou em ruínas, tal a violência da água que transbordou do curso normal do ribeirão Garcia, para causar destruição geral e deixar um rastro de calamidade. O gramado praticamente sumiu, tal o acumulo de areia, pedras, lama, árvores, móveis, balcão frigorífico, material esportivo, troféus, tudo ficou inutilizado.
Neste período de recuperação do estádio, que se tornou mais bonito, sediando até competições dos primeiros jogos abertos em Blumenau em 1962, o Amazonas treinava num estádio construído provisoriamente próximo de onde hoje é a praça Getulio Vargas Nos jogos oficiais, o mando de campo era no estádio do Palmeiras E.C, O Estádio foi reinaugurado em 23 de setembro de 1962, com a realização de um jogo amistoso entre o Amazonas e o Marcilo Dias, com a praça esportiva completamente tomada pelos torcedores, mas o placar foi desastroso para o Azulão que após fazer um bom primeiro tempo, perde por 6x2 na fase derradeira. Mas nada que ofuscasse o brilho das festividades, em seu magnífico estádio.
Quantos jogos memoráveis, que os torcedores Amazonenses presenciaram durante muito tempo. Ver os gols do grande Nena Poli, Leopoldo Cirilo, as defesas de Rudolf Rosumek , do Antonio Tillmann, do Nino do Ziza, Valdir, Deusdith, Gaspar, a zaga firme Oscarito, Tenório,Osny, Cilinho Corsini, Eloy, Vilmar Heiden (que jogou na meia esquerda,ponta), Elizeu,Nicassio muita classe e o Malheirinho talentoso, os chutes fortes do Chico Siegel, Ivo Mass, Tarcisio Torres, e os pênaltis cobrados pelo Gepe ...que categoria! O Arlindo Eing, Rizada, enfim, tantos que fizeram a glória do Amazonas. "Dizem os mais idosos, que jogou por aqui algumas partidas, o jogador Patesko, jogador do Botafogo do R.J., que também jogou na Seleção Brasileira”.
Como esquecer os gols de bicicleta do Filipinho, e aquele gol de calcanhar que o Dico fez contra o Palmeiras, as arrancadas fulminantes do Meyer, que quase sempre se transformava em gols, o Celinho, Duflis artilheiros natos, Nilson (Bigo) – maior artilheiro da história do clube) era zagueiro, fazia tantos gols que foi jogar de centro avante assim como tantos outros artilheiros que passaram pelo Amazonas.
O principio do fim Foi em 26 de maio de 1974, um domingo bonito com sol, mas sombrio pela circunstância, que o Amazonas se despediu para sempre do seu magnífico estádio, uma baixada que foi impiedosamente aterrada, pela Artex, em trabalhos de terraplanagem executado por duas possantes maquinas da Construtora Triângulo, o Amazonas vence o Tupi de Gaspar por 3x1, com 2 gols de Bigo e um de Tarcisio Torres, pelo campeonato Taça Governador Colombo Machado Salles.
Os últimos jogadores a pisar o gramado do majestoso estádio da Empresa Industrial Garcia, foram: Gaspar, Girão, Eloi,, Nena e Adir, Nelsinho e Cavaco, Werninha (depois Poroca),Nilson (Bigo), Tarcisio e Ademir.
As comemorações juninas e natalinas, como também dia do trabalhador, dia da criança, patrocinadas pela diretoria do Amazonas e da Empresa, estando à frente da organização, o inesquecível Jose Pera, e em novembro de 1968, as comemorações do Centenário da Empresa Industrial Garcia S/A, foram acontecimentos que marcaram época.
Autor -Adalberto Day – Cientista Social e Pesquisador da História.
Arquivo de Giovani Luebke/Adalberto Day
Meu Caro Adalberto,
ResponderExcluirSaudades, saudades e mais saudades, tanto do 12 onde iniciei meus primeiros chutes e principalmente do Amazonas Esporte Clube onde todos da minha família tiveram a honra e a alegrir de vestir o manto sagrado anilado.
Tempos que mesmo o tempo é incapaz de nos fazer esquecer as emoções vivenciadas.
Ao ler a matéria, triste é perceber que muitos nomes citados já não mais nos dão a felicidade do convívio mas certamente onde estão devem estar relembrando momentos mágicos vividos no 12 e no Amazonas.
Abraços,
Adilson Siegel (Ticanca)
Prezado Adalberto, obrigada por dividir a história, cultural e esportiva da região, bem como resgatar momentos mágicos do Amazonas.
ResponderExcluirKarol Meyer
Adalberto,
ResponderExcluirInteressante notar como a tragédia das águas vem forjando a história da nossa Blumenau.
Abraços,
Paulo R. Bornhofen
Prezado Adalberto
ResponderExcluirComo é importante resgatar o passado, pois o povo que não conhece o seu passado, não consegue projetar o seu futuro.
Que bela foto esta do campo do Amazonas Esporte Clube. Traz lembranças da infância, porque algumas vezes estive ali nas festas que eram feitas, tudo muito legal.
Abraço
Prezado Adalberto, minha visão de Blumenau está mudando, não é só o centro, são também os bairros. E onde viveram pessoas, as recordações ficaram. Não pude deixar de me comover com sua referência à garrafa de capilé. Um sonho anterior a Coca-Cola. E aqui vai uma dica de pauta: empresas de fabricação de bebidas. A "antiga" Blumenau deveria estar cheia delas. Alguém se habilita a escrever? Abraços. Cao
ResponderExcluirBeto,
ResponderExcluirEstes relatos da nossa juventude são nostálgicos e fazem um bem danado pro coração.
Belas reminiscencias meu caro,
abraço
Daniel Oliveira Joguei muito nesse campo, éramos da Belo Horizonte, e íamos jogar com o pessoal da Saldanha da Gama, sempre muita briga.
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ResponderExcluirRoberto Gonçalves Campinho do 12 local que marcou na vida de muitos jovens...muitos jogos aconteciam onde o trofel era As garrafas de capiles.......O VALMOR....E O DORI...também deixaram suas marcas pois eles organizavam as disputas....Era o que tinha de melhor na região. ..Depois se deslocavam até no TAPUME DA ARTEX..para tomar banho....saudades desse período. ...Abraços ADALBERTO
Gilmar Oechsler Bom dia. Quem não lembra do 12. Sábados e domingos direto no campinho. Quantas garrafas de Capilé em disputa. Que saudades.
ResponderExcluirSonia Ruth Anton Bauler Esse campinho era o sonho de consumo dos meus irmãos. Acordavam já pensando em ir para o 12. Um dia meu irmão escorregou. Veio rolando. Meu pai vinha do trabalho e presenciou a queda. Pulou o muro, mas não deu tempo de segura-lo. Como era normal primeiro deu uns tabefes no meu irmão e depois o levou para o hospital. Mas não aconteceu nada. Acho que os tabefes doeram mais. A que tempo bom para a molecada. Era tudo brincadeira de criança. Não tinha drogas, nem sequestros.
ResponderExcluirNilton da Silva Eu e o beto. Jogávamos sempre no mesmo time. Era difícil perder. Tempo bom.
ResponderExcluirAcho que era o contrário, eu cruzava a bola já. Sabia que era gol, estavas lá ora cabecear, era a tortura dos adversários, te marcar. Principalmente bola aérea, o Silvio e o Alvinho batiam .... Lembra da zaga braba, Alvinho, Silvio, Isaías, passar por eles, era quase impossível. Batiam até na sombra, mas nós dava um jeito. Ela tempo bom... Ia falar disso, era um time que só batia, mas não intimida nos, ganhávamos deles só no cansado, eram pesados e nos só tocávamos a bola, eles iam a loucura. Eles vão ficar bravo. Mas, eles sabem que é verdade, grandes amigos. Nunca saem de minha memória, a se tivessem mais, "12" hoje em dia, talvez não tivesse tantas bandidagens
ResponderExcluirRosemeri Santiago Nossa que legal,brinquei muito nesse campinho e se não me engano essa casa branca em destaque na foto acho que era do meu Tio Oswaldo Malheiros que saudades desse tempo...
Silvio Roberto de Oliveira Jogamos muita bola juntos.Pensa um chute forte.O Beto Day quando cabeceava era como fosse mais chute.
ResponderExcluirAirton Gonçalves Ribeiro oportuna e feliz manifestação, demonstras o conhecimento e carinho que nutres pelas cores alvicelestes...!!! Parabéns, julgo teres o reconhecimento e apreço de toda nação do imortal Azulão da rua Amazonas ...!!! crime ambiental, crime social, pagaram preço elevado pela atitude rasteira e para satisfazer seu ódio incontrolável, salve o Amazonas e todos os clubes do populoso bairro do Garcia, Progresso e demais bairros vizinhos ...!!!
ResponderExcluirGermano Krueger Nesse campo do 12 ganhei algumas garrafas de capilé e tomávamos no poço do seu Tritão pai do Dedé
ResponderExcluirBelas histórias futebolísticas da época,interrompidas pelo progresso...
ResponderExcluirParabéns pelo texto.mito legal ler sobrenomes conhecidos do bairro que fizeram historia...
Alexandre Massaneiro
Sérgio Buchmann Quando vejo fotos e texto assim muito me entristece. Eu joguei futebol não muito + joguei e tbm tenho filhos que jogam muito. A GANÂNCIA AMBIÇÃO de muitos anos levaram a destruição do futebol Blumenauense. Sou realista nosso futebol foi destruído por nunca terem valorizado nossos grandes valores e locais que hoje lugares que seria talvez o estádio municipal ou nosso caldeirão. Sou sincero no que escrevo e digo,e não mudo uma palavra .
ResponderExcluirXandi Massa Belo texto, sou de 1979, mas deu pra imaginar bem como era na época...
ResponderExcluirNo tapume cheguei a me banhar em 1986/87 com amigos do zendron, bons tempos...
José Eloy Bondavalle Campo do doze e Amazonas saudade
ResponderExcluirWalfrido Bachmann Joguei muitas vezes nesses locais. Muitas saudades dos bons tempos. Obrigado Beto
ResponderExcluircheguei a jogar no campo do Doze também, saíamos ali da belo horizonte e íamos jogar ali, na época era disputado uma garrafa de Capilé como dizíamos nada mais era do que suco concentrado de groselha, tinha de framboesa, laranja e outros, muito bom este tempo
ResponderExcluirHenrique Santos
Gelásio Schnaider
ResponderExcluirBeto, eu e minha família faz parte do Grandioso campo do Dose! Saudades de minha primeira infância. A Goiabeira, os pés de limão, a Casa das Irmãs (Madri), e o Campo do 12 e os amigos (muitos deles já se foram) tempo bom. O Tempo mudará, só lembranças isto ninguém pode tirar de você. Obrigado!
Sérgio Buchmann
ResponderExcluirO QUE fiz pra ir no 12 muitos faziam. Matei aulas passei manhãs e tarde s. E rango todos sabem que não faltava.
Carlos Jorge Hiebert Russo
ResponderExcluirUma lateral do Campo do Doze era em curva, mas a gente não tava nem aí. Dos muitos craques que jogaram neste campo me lembro de um da primeira geração que ali jogou que foi o Nico mais conhecido como Mono jogava muito esse cara, ele morava na Rua 12 bem ao lado do Sr. Orlando Oliveira, quem deve se lembrar dele é o Walfrido Bachmann.
Carlos Jorge Hiebert Russo
ResponderExcluirBeto Mas tem coisas engraçadas pra contar também, já contei mas vale apena contar de novo: jogava o time do Doze contra um time do Zendron valendo aquele valioso troféu, uma garrafa de capilé, quase final de jogo e o time visitante perdendo e eis que um reserva do time deles de uma forma sorrateira pega a garrafa de capilé deles e se manda, quando descobriram foi uma debandada geral pelas ruas do bairro para recuperar o troféu que estava praticamente ganho em campo.