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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

- O Rio do GARCIA está chorando

Crônica de Pedro Prim, relatando sobre os escritos, alerta e preocupação quanto à preservação dos desmatamentos nas nascentes do Ribeirão Garcia de Udo Schadrak, publicado no Jornal de Santa Catarina 06/agosto/1979 -, e suas lembranças de infância.



A região sul da cidade é considerada a menina dos olhos verdes pela sua exuberância e beleza Cênica das montanhas e águas cristalinas. O empresário Udo Schadrak (in memória) foi um dos primeiros preservacionistas da mata Atlântica, das nascentes e dos animais silvestres da região. Meu pai Leonardo Prim trabalhou para o Sr. Schadrak plantando bambu nos rumos de sua propriedade, para que os animais silvestres de grande porte não saíssem de sua propriedade e fossem sacrificados pelos caçadores.

Enxurrada de 31/out.1961 - Garcia
Observação:
Nessa tragédia ocorrida no dia 31 de outubro de 1961, tivemos o caso do Soldado Moacir Pinheiro (morador da rua Almirante Saldanha da Gama, bairro Glória)  que acabou caindo próximo a  passarela (pinguela) após tentar atravessa-la, devido a forte correnteza, da hoje rua Hermanan Huscher (Valparaiso) cujo nível da rua era inferior ao da pinguela. Era água pelo joelho, mas ele caiu e foi arrastado para uma cerca de arame próxima onde ficou preso junto ao entulho e veio a óbito para a atual rua que empresta seu nome, ( Rua Soldado Moacir Pinheiro) no bairro Garcia em sua homenagem.. 
Outro fato foi uma tentativa feita por um morador da rua Emilio Tallmann, de salvar três crianças que vinham pelo ribeirão abaixo nos destroços da casa em que moravam. Este senhor foi HELMUTH LEYENDECKER que se atirou nas águas barrentas e com muita correnteza. Seu ato de heroísmo não foi suficiente pra salvar as tquatro crianças, pois a ponte com estrutura muita baixa não permitiu, elas foram encontradas mortas no estádio do Amazonas Esporte Clube de propriedade da E.I. Garcia.
Colaboração Valter Hiebert/Marcos Salles Leyendecker 
Ele tinha a preocupação em preservar a mata e os animais porque tinha certeza que, se o desmatamento e a caça continuassem naquele ritmo, a devastação seria total em pouco tempo. Em 06/08/1979, o Jornal de Santa Catarina publicou uma matéria do empresário Udo Schadrark, onde ele manifestava sua preocupação com a grave conseqüência dos desmatamentos nas nascentes do Ribeirão Garcia, uma região árida e muito acidentada. “Segundo ele, a extração de madeira e a remoção da vegetação original, que serve de mata-borrão, para reter a água da chuva, poderá causar destruição no Grande Garcia e na própria cidade, caso uma enxurrada, idêntica a de 1961, desabe naquela área”. Em 23/11/2008, o alerta dele aconteceu. Felizmente, a região sul da cidade, estava preservada. A tragédia foi minimizada pela preservação da mata. Diante isso, o ribeirão do Garcia continua feliz, pois, a mata ciliar em sua margem está cicatrizada até encontrar o perímetro urbano. Lá, onde o homem púbico, com suas máquinas poderosas rasga o leito do rio, brincando de tirar pedrinhas de um lado para o outro. O rio, ao entrar no perímetro urbano, foi morto, não tem mais vida.
Todos os animais que ali moravam foram esmagados ou enxotados pelas máquinas e movimento das pedras. “A vida do rio, a natureza e a população que se danem”! O importante é o poder. Os administradores públicos deveriam se perguntar quais os benefícios que a população em geral tem com isso? Esse dinheiro, talvez pudesse ser aplicado em outros serviços como: calçadas, pontes, calçamento de ruas, tubulação pluvial e outros; onde todos são beneficiados.
Esquecem os administradores públicos, que a mata ciliar é a vegetação que cobre as margens dos rios, córregos e nascentes, compondo o conjunto de plantas, animais, solo e água, um conjunto em permanente integração.
A margem do rio com a mata ciliar funciona como um amortecedor e como um filtro para a chuva. A vegetação nas margens evita a erosão e melhora a qualidade da água. Controla o fluxo e a vazão do rio e serve de abrigo para as aves e animais. As margens sem a mata ciliar as chuvas caem direto no solo e corre para o rio, provocando erosão das margens e aumenta o assoreamento da calha do rio. A velocidade das águas aumenta, favorecendo a ocorrência de inundação nas planícies.
E a qualidade da água é comprometida com o aumento da temperatura, favorecendo um desequilíbrio ecológico. São essas as conseqüências dessa tragédia que os homens públicos provocaram as margens dos rios. Tragédia ambiental prevista por muitos ambientalistas.
Pedro Prim é Advogado, pós-graduado em Gestão da Qualidade.
Texto Pedro Prim/fotos Pedro Prim e Adalberto Day
Leia mais artigos de Pedro Prim , acesse : - Pedro Prim

3 comentários:

  1. Morei de 1975 a 2000 no Garcia, primeiro no "morro do quartel" no "centro" do garcia, depois no progresso, em frente ao colegio pde jose mauricio, depois no cond. bavaria e por ultimo no zendron... Quando morava no progresso entre 1976 e 1983, pescavamos, nadavamos, brincavamos em torno do RIBEIRAO GARCIA... Naum tinha internet, video game era raro, nem todos tinham telefone, mas eramos muito felizes em torno do rio... Hoje sei que tristemente o ribeirao já chega morto naquela regiao... Lembro que depois que fui morar em outros locais do garcia iamos cada vez mais para cima para pegar agua limpa para nadar... hoje sei que somente na regiao do parque das nascentes a agua é "banhavel"... o que podemos fazer? Vamos tentar conservar o pouco que resta.....

    abraços aos amigos do Garcia..

    Evandro Mezadri

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  2. Agradeço seu Comentário, e digo ainda que, também sou filho desssa terra, nossa linda Blumenau , na qual vivi durante 18 anos na Rua São Bento , Vorstadt, parabéns por recordar e atualizar tudo o que Blumenau proporcionou e nos proporciona ainda hje ..Parabéns

    Rafael / Rotas de um Motoboy

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  3. Muito bom este post. E pensar que o governo do estado tenta colocar um código ambiental que tira ainda mais a mata ciliar dos nossos rios. Temos que nos posicionar contra isto.

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