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quinta-feira, 19 de março de 2009

- O Cinema em Blumenau – Parte IX

Introdução:
Mais uma participação exclusiva e especial do renomado escritor e jornalista Carlos Braga Mueller, que hoje nos presenteia sobre Cinema e o nosso saudoso Cine Carlitos. A considerada sétima arte, nos fascina a cada instante.
Significado de CINEMA:
Podemos dizer que basicamente, é luz - feixes luminosos projetados. E nos humanos gostamos de luz. No cinema, luz dirigida. O homem possui um fascínio natural pelo que brilha, cintila, resplendece. A luz da razão, a luz do olhar. O cinema , hipnotiza, encanta.
O Termo Cinema vem do grego kinema, movimento, atos - luz em movimento e o e somos apaixonados por movimentos. Apreciamos nossas próprias emoções projetadas em histórias de ação, paixão, amores, guerras, reviravoltas de destinos, mundos fictícios desfilando na tela para o prazer.
Cinema é a mais simples e complexa representação da alma humana e é por isso que ele provoca tantas e tamanhas sensações no expectador. As bilheterias estão abertas para mais uma sessão no Cine Clube Carlitos.
Cine Clube CARLITOS /Cinema do CARLOS GOMES/Cine CARLITOS
Por Carlos Braga Mueller
A história dos cinemas de Blumenau pode ser avaliada por atitudes ousadas, como a de Frederico Busch Sênior, o pioneiro que montou a primeira sala fixa para cinema no sul do país, o Cine Holetz, depois Cine Busch.. Ou então pela abnegação de um heróico Walter Mogk, que percorria o interior no seu fordeco, com o projetor nas costas, para exibir filmes nos salões de baile. Até que um dia montou quatro cinemas fixos. Outros exemplos foram dados por José Julianelli, também exibidor itinerante, que deixou muitas histórias interessantes. Vale citar o amor pela sétima arte demonstrado por pessoas como Alvacyr Ávila dos Santos, no Cineclube Carlitos; Reynaldo Olegário, no Cine Garcia; Herbert Holetz, no Busch. Hoje vamos falar do Cineclube Carlitos e dos movimentos cinematográficos que ele desencadeou, como os Cinemas do Carlos Gomes e o Cine Carlitos da Rua Nereu Ramos. No mês de setembro de 1974 reuniram-se em Blumenau alguns apreciadores de cinema e resolveram fundar um cineclube. Entre eles estavam Alvacyr Ávila dos Santos, sua esposa Eva, Norberto Cremer, Carlos Braga Mueller e Luiz Contardo Salvador.. Depois de ser escolhido o nome Carlitos, homenagem ao imortal Charles Chaplin, ficou decidido que a sede seria instalada no primeiro piso da casa de Alvacyr, no bairro Itoupava Seca. A sede teria que ter uma sala para a exibição de filmes, ou seja, um pequeno cinema. Assim surgiu o Cineclube Carlitos, na Rua Engenheiro Paul Werner, esquina com Rua Fides Deeke. Os filmes eram exibidos com dois projetores de 16 mm, isolados em uma cabine. A sala tinha 33 poltronas estofadas e uma tela que permitia a exibição em cinemascope.

O grande diferencial era que os interessados telefonavam durante a semana e marcavam antecipadamente os seus lugares, que eram numerados, escolhendo a sessão de sábado ou as sessões de domingo. Dessa maneira as sessões sempre lotavam. Para amenizar o calor, Alvacyr instalou um ar condicionado. Naquele tempo a refrigeração dos cinemas era feita por ventiladores gigantes, localizados geralmente abaixo da tela, que faziam muito vento...e barulho também. Para a sua inauguração o Carlitos escolheu um filme de Luchino Visconti, “Os Deuses Malditos”(1969), que formou com Morte em Veneza (1971) e Ludwig (1972) a famosa trilogia alemã do italiano Visconti. Estrelado por Dirk Bogarde, Ingrid Thulin e Helmut Berger, entre outros, o filme se passa na Alemanha de 1933. O Barão Joachim von Essenbeck comunica que está deixando o seu império de usinas de aço nas mãos de um desconhecido. A ascensão do nazismo é analisada pela ótica de uma família aristocrática, que se digladia internamente na luta pelo poder, assassinando uns aos outros, sem hesitação, para alcançar seus objetivos. O Cineclube Carlitos divulgava sua programação nos jornais e nas rádios e era freqüentado não só pelos moradores da Itoupava Seca, mas vinha gente do Garcia, da Velha, da Itoupava Norte e da Vila Nova para assistir os filmes ali exibidos. Tornou-se um ponto de referência para os cinéfilos e apreciadores de bons espetáculos do cinema. Até que veio a enchente de 1983, com quase 16 metros acima do nível do Itajaí Açu, e inundou a sala.

A mesma enchente invadiu a platéia do Cine Blumenau e o primeiro piso do Cine Busch, ou seja, a cidade ficou bastante tempo sem ter cinema no centro. O Cine Blumenau não voltou a funcionar. O Cine Garcia não existia mais. O Atlas idem. E o Mogk da Itoupava Norte , também inundado pelas enchentes de 1983 e 1984, reabriu mas só funcionou até dezembro de 1986. A solução foi achar outro local para exibir os filmes do Carlitos. O Pequeno Auditório do Teatro Carlos Gomes, com suas 220 poltronas, estava ocioso a maior parte do tempo. O Cineclube Carlitos e o Carlos Gomes firmaram então um convênio para a exibição de filmes à noite, dando seguimento às atividades do cineclube, expandindo as sessões para os associados do Teatro e para o público em geral. Esta atividade durou até 1989 e ficou conhecida como o Cinema do Carlos Gomes.

Ali foram exibidos filmes memoráveis, como os documentários “Os Últimos Dias de Hitler”, um sucesso de público, e “Woodstock”. Em determinado momento os grandes lançamentos da Warner Bros. e da Paris Filmes eram exibidos em Blumenau sómente no Carlos Gomes, entre eles sucessos como “Máquina Mortífera” e o primeiro “Batman”. No Cinema do Carlos Gomes os projetores eram de duas bitolas: 16 e 35 mm. Em 1989 as atividades do Cinema do Carlos Gomes foram encerradas e o Cineclube passou a ocupar uma sala batizada de Cine Carlitos, situada na Rua Nereu Ramos, no centro de Blumenau.. O Carlitos continuou com os lançamentos Warner e Paris até 1992, quando então também cessou suas atividades. Entre os grandes filmes ali exibidos, que marcaram época, estão “Uma Linda Mulher”, “O Pai da Noiva” e “Dança com Lobos”. Com o fechamento do Cine Busch logo depois, encerrava-se o ciclo dos cinemas de rua em Blumenau. Começava a era do cinema no Shopping Neumarkt. No início eram duas salas, depois foram expandindo até chegar às atuais 6 salas de exibição no piso superior do shopping, administradas pelo grupo gaúcho GNC Cinemas. Afinal, o que provocou o fechamento dos cinemas de rua em Blumenau ? Como em tantas outras cidades pelo Brasil afora, a falta de segurança nas ruas foi a principal causa . Muitos deixavam seus carros estacionados nas proximidades dos cinemas, e ao voltarem da sessão não encontravam mais o veículo. Havia sido roubado. O mesmo acontecia com as motocicletas. Ademais, faltavam nas imediações ambientes sociais, bares e restaurantes, como as atuais praças de alimentação dos shoppings, que são vigiadas por seguranças e dotadas de ar condicionado. Houve, portanto, a migração dos espaços de cinema para os shoppings e muito lentamente algumas cidades voltam a ganhar de novo seus cinemas de rua. Em São Paulo, que possuía a maior concentração de cinemas espalhados pela cidade, foi promulgada há pouco tempo uma lei municipal que dá incentivo, inclusive dispensa de impostos, a empresas que instalarem cinemas de rua. E por aqui? nem pensar!

Será que terminaram os tempos de heroísmo dos verdadeiros amantes da sétima arte? Arquivo e Introdução Adalberto Day/participação especial do Escritor e Jornalista Carlos Braga Mueller

5 comentários:

  1. Boa Noite professor!!!

    Adorei a matéria de seu blog que fala sobre o cinema.
    Fui da época do Cine Busch e lembro de minha mãe me levando ao cinema para assistir filmes dos Trapalhões. rssss
    E sempre ouso meus pais falando dos filmes que eles assistiam na época de namorados.
    Bem antes do Cine Busch.


    Obrigada

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  2. É sempre interessante falar de Cinema. O Braga tem uma bagagem imensa de Cinema, rádio e TV. Tive a oportunidade de entrevistá-lo, e algumas conversas, fizeram-me admirá-lo muito. Também tive contato com o Alvacyr, que foi um dos fundadores do Carlitos. Sem dúvida, a pergunta no final do artigo é pertinente. Não gosto do cinema fechado, acanhado, tímido...saudade do que não vivi.

    Parabéns, Beto!

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  3. CARO SR ADALBERTO DAY

    GOSTEI MUITO DE SEU BLOG É INTERESSANTÍSSIMO, O PASSADO LEVA AO SAUDOSISMO DE UMA EPÓCA COM POUCA TECNOLOGIA MAS MUITA QUALIDADE DE VIDA.

    TALVEZ SERÁ INTERESSANTE BUSCAR UMA FORMA DE COLOCAR OS TRÊS TEMPOS NAS PÁGINAS O PASSADO, O PRESENTE, E AS TENDÊNCIAS DO FUTURO SOBRE O TEMA OU LOCAL TRATADO. É MUITO FASCINANTE TAMBÉM A ESCRITA DA SRA URDA, JÁ TINHA OUVIDO E VISTO ALGUNS DE SEUS ESCRITOS.



    ABRAÇOS E PROSPERIDADE EM SEU EMPREENDIMENTO.

    JUCELI

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  4. Adalberto,
    obrigado por mais este valioso presente.

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  5. Boa Noite!
    O Cine Clube Carlitos fez, naquela época, o que eu a uns anos atraz comentei, por e-mail com o pessoal que é responsavel pelas exibições cinematograficas hoje em Blumenau.Por que não exibir bons filmes em dias e horarios diferenciados?Assisti muintos e bons filmes la.Telefonava durante a semana e reservava o meu lugar.Qdo acabava o filme, retornava a pé para o Garcia.Tudo pela vontade de ver bons espetaculos.Hoje,apesar te termos 6 salas cinematograficas,não temos o glamour daqueles tempos.Esperavamos anciosos pela presença de determinados filmes na cidade.Quem não se lembra do Cine Blumenau atolado de pessoas para assistir Inferno na Torre,Tubarão,ET.
    Assistir A Noviça Rebelde(perdi a conta de qtas vezes assisti)Ben Hur.E tambem comodamente istalados la no Cine Clube Carlitos e assistir Hair,Mad MaxI como se fosse uma sessão particular.Pena que estes tempos não voltem mais.

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