terça-feira, 10 de junho de 2008
- Fritz Muller "o Sábio"
O sábio e naturalista Fritz Muller primeiro morou no Bairro Garcia e depois transferiu-se para a Rua Itajaí, 2195 – bairro Wostard, em 1856, porém sua casa não é considerada a mais antiga, pois passou por várias modificações. .Fundação: 17 de junho de l936 (hoje, o Museu de Ecologia Fritz Müller).
- Oficialmente, a história nos relata que em 28 de agosto 1852, o fundador da colônia Blumenau, Dr. Blumenau, distribuía os primeiros lotes aos colonos. Era nesse contexto que se iniciava a colonização do Garcia, passando a receber os primeiros contingentes de imigrantes alemães. O objetivo Geral desta colonização era a agricultura.. Fritz Muller foi o primeiro a adquirir a concessão de terras no Garcia.
História: Johann Friedrich Theodor Müller, nasceu na aldeia de Windschholzhausen, na Alemanha, em 31 de março de 1822. “Fritz Müller” como era chamado, estudou matemática e ciências naturais, foi doutor em Filosofia e concluiu a faculdade de medicina aos 27 anos. Mas foi um livreto escrito por Dr. Blumenau, que falava da colônia no Brasil, que o convenceu a embarcar para o nosso país, em 19 de maio de 1852. Suas habilidades de cientista e sábio contribuíram na formação de opiniões e influenciaram comportamentos. Sem deixar de manter contato com os pesquisadores na Europa, manteve grande amizade com Charles Darwin que o chamou “Príncipe dos Observadores”. Não foi em vão: Fritz Müller descobriu, observando, que borboletas de cores semelhantes tinham um gostou muito ruim, e que isto as protegia de seus predadores. E então? Darwin utilizou esta descoberta na sua Teoria da Seleção e denominou tal forma de mimetismo de Mimetismo Mülleriano. Müller também descobriu uma forma larval de que preencheu dali por diante, uma lacuna que existia na teoria evolucional dos crustáceos. Fritz Müller escreveu o livro “Pró-Darwin”, defendendo a teoria de Darwin sobre a seleção natural das espécies.
- Fritz Müller em 1840 e 1841 estudou como aprendiz de farmácia, influenciado pelo seu avô materno, um honrado químico. Ainda em 1841 iniciou a sua vida universitária. Estudou matemática e ciências naturais e recebeu o grau de doutor em filosofia aos 22 anos de idade com a tese “As sanguessugas dos arredores de Berlim”. Em 1845 foi aprovado em concurso para professor ginasial em Erfurt e apesar de ter assumido o cargo, sua carreira durou pouco. As perseguições políticas aos religiosos de pensamento liberal eram severas e Fritz Müller não tinha na época muita opção, tinha que ensinar o que o governo queria. Diante de seu propósito de jamais ser hipócrita (“sempre que tiver de falar, hei de dizer a verdade” – frase em carta enviada ao irmão August), abandonou seu emprego. Ainda em 1845 foi estudar medicina e tornou-se sócio de uma comunidade liberal e secretário do Partido Democrata, do qual participavam estudantes e operários que protestavam contra o poder do Imperador Frederico “O Grande”. Foi neste mesmo período que optou por não ser mais cristão (o avô e o pai eram pastores protestantes) e frisava “eu odeio os hipócritas que trazem um credo nos lábios e um bem diferente no coração...” (citado em carta ao irmão August). Fritz Müller na sua indignação se referia às instituições religiosas da época e não a religião em si, pois acreditava em Deus e dizia que para senti-lo bastava observar a natureza. Em 1848 conheceu sua companheira Karoline Töellner com quem passou a viver. Em 1849 terminou o curso de medicina.
Contudo, não colou grau por discordar e se negar a pronunciar as palavras cristãs que foram acrescentadas na época ao juramento de Hipócrates “... que assim me iluminai Deus em seu sacrossanto evangelho” (Pinto, 1979).
Sem poder exercer a medicina, voltou a lecionar, mas dessa vez como professor particular. Em 1852 nasceu sua segunda filha, Johanna. Escolheu o Brasil, por sua rica flora e fauna, em segundo lugar porque acreditava que aqui a índole alemã poderia se conservar mais facilmente do que entre os ianques e em terceiro lugar porque o fundador da Colônia Blumenau, já me era conhecido de muitos anos”. Em 19 de maio de 1852 embarcou para o Brasil a bordo do veleiro Florentin, juntamente com a sua família e o irmão August que também trouxe a família. Dois meses depois chegaram ao Brasil, atracando no porto de São Francisco do Sul (Litoral Norte de Santa Catarina) e em 22 de agosto chegaram a Blumenau (SC). Em 1856 partiu para Desterro (hoje Florianópolis (SC)) por imposição do Dr. Blumenau que estava descontente com o comportamento “antireligioso” de Fritz Müller que começava a influenciar os demais colonos. Em Desterro, lecionou no Liceu Provincial por 0nze anos, e morou na praia-de-fora (hoje beira-mar norte). Para assumir o cargo de professor, por imposição legal, mas sem causar contrariedade a Fritz Müller, naturalizou-se cidadão brasileiro em 09 de agosto de 1856, deixando desta forma de ser cidadão alemão. Retornou a Blumenau em 1867, foi pesquisador itinerante do Museu Nacional do Rio de Janeiro, trocou inúmeras correspondências com Charles Darwin ao qual dedicou um trabalho com crustáceos realizado em Desterro, reforçando as idéias de Darwin. Recebeu dois títulos de Doutor Honoris Causa de universidades alemãs (Bonn e Tübingen). Foi juiz de paz em Blumenau (SC) e presidente da Câmara de Vereadores- Em 1867, o sábio naturalista se ofereceu para ser pesquisador no Vale do Itajaí-Açú e foi atendido. Pode retornar para a Colônia de Blumenau e retomar sua vida livre de simples colono e pesquisador. Fritz Müller alugou uma casa mais próxima ao povoado e em pouco tempo vendeu sua residência à margem esquerda do rio e comprou outro lote na região do Garcia a uns 20 minutos do povoado, talvez nas imediações da atual Companhia Souza Cruz.
- Fritz Müller jamais retornou a Europa; permaneceu isolado e distante dos grandes centros científicos de então. O ostracismo em que viveu Fritz Müller, demonstra a excelente formação que recebeu em seus dias de universitário, permitindo-lhe prosseguir ampliando seus conhecimentos autodidáticamente ao ponto de ombrear com os maiores vultos de sua área. Na obra de Alfred Möller, que abrange praticamente a totalidade do que Fritz Müller publicou, constam 248 artigos científicos tratando tanto de zoologia quanto de botânica. Fritz Müller faleceu em Blumenau em 21 de maio de 1897, aos 75 anos. Gozava de grande reputação no meio acadêmico internacional e nos últimos anos de vida recebeu homenagens e títulos relevantes, procedentes de diversos países. Foi Ernst Haeckel quem assumiu a solene missão de redigir-lhe o necrológio. No entanto, é a consideração, a importância e o respeito que Charles Darwin lhe concedeu o que melhor traduz a grandeza deste cientista que humildemente viveu entre nós.
Fonte: Museu de Ecologia Fritz Müller /Horst Kalvelage/Arquivo Dalva e Adalberto Day
2 comentários:
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Prezado Adalberto. Obrigado por transmitir mais uma página do seu notório cabedal de conhecimentos. Muito boa essa história de Fritz Muller, que a gente sabe apenas por alto. Parabens e um abraço.
ResponderExcluirEutraclínio Antônio dos Santos
Olá, você tem alguma matéria, imagens das enchentes de Blumenau ou sabe o nome de algum livro q eu possa encontrar sobre esse assunto
ResponderExcluirtenho trabalho para fazer e esta bem difícil de achar, achei um Blog deu e peguei bastante coisas de lá mais é muito pouco ainda se vc poder me ajudar agradeço muitoo..
Obrigada pela atenção ..
Maiara Binsfeld