Mais um capítulo da história do cinema em Blumenau. Nossa cidade foi uma das primeiras do Brasil a exibir filmes, e provavelmente a pioneira a ter sala própria para exibição de filmes.
Certamente o ATLAS povoou a infância e a memória de muitos blumenauenses. Ficava localizado no alto da Rua Theodoro Holtrup, na Vila Nova, num tempo em que esta rua ainda nem era pavimentada. Para o cinema ser erguido foi necessário dinamitar uma enorme rocha que insistia em ficar bem no leito da rua.
É bem verdade que o ATLAS durou pouco, cerca de 7 anos apenas. Foi inaugurado em dezembro de 1965 com o filme alemão “Mil Estrelas Brilham” e caracterizou-se por lançar filmes alemães inéditos, do pós-guerra.
Enfrentando o poder de um novo meio de comunicação que chegava ,a televisão, ele fechou suas portas por volta de 1972, mas o prédio continua lá, para quem quiser vê-lo e recordar o tempo das famosas matinés de domingo, do Elvis cantando Viva Las Vegas, ou então dos faroestes com Django atirando para todos os lados. Sem falar nos épicos caipiras do inesquecível Mazzaropi.
A iniciativa de construir um prédio na Vila Nova e ali instalar um cinema foi de Alvacyr Ávila dos Santos, Eva Taeschner (sua esposa) e Carlos Braga Mueller.
Todos cinéfilos, encontraram assim um meio de reunir o útil ao agradável: um cinema comercial, com filmes que eles tanto gostavam de assistir!
Por aqueles anos era grande em Blumenau o número de alemães que ainda suspiravam pelos filmes dos velhos tempos, produzidos pela UFA em uma Alemanha que já era comandada por Hitler. E ele aproveitava a força do cinema para exportar os ideais de grandeza do nazismo. A guerra acabara com tudo: UFA e ufanismo!
O afluxo de espectadores de todos os cantos do município ao Cine Atlas, para ver os novos filmes alemães, era tão grande que causava problemas aos moradores das vizinhanças do cinema. Carros eram estacionados inadvertidamente na entrada de garagens particulares e o pessoal, com razão, reclamava muito.
Mas como dissemos acima, a tela do Atlas também vibrava com Elvis Presley, Mazzaropi, filmes de faroeste, de gladiadores (que saudades de Steve Reeves, Maciste, Ursus, Hércules e tantos outros personagens mitológicos gregos); filmes de terror com Vincent Price vivendo as histórias arrepiantes de Edgar Allan Poe, como “O Poço e o Pêndulo”...
E muitos namoros da época, iniciados nas poltronas do Atlas, acabaram em casamento! O meu, por exemplo.
O Cine Atlas faz parte da história do cinema em Blumenau e em Santa Catarina. E por isso foi destaque em um livro escrito pela saudosa historiadora blumenauense Edith Kormann.
Uma característica que ninguém esquece até hoje: o teto possuía estrelas recortadas, que acendiam em várias cores quando a sessão estava começando.
E o prefixo musical era o conhecido tema de James Bond.
Arquivo Adalberto Day/participação especial do Escritor e Jornalista Carlos Braga Mueller