Blumenau,9 maio de 1955.
O
CRIME DA MALA
em Blumenau
A população desta cidade continua vivamente
impressionada com o “Crime da Mala”,
praticado pelo dentista Emílio
Martins¹ contra Nemo Pacher. O fato já foi divulgado pela imprensa,
com todos os detalhes.
Concluiu o relatório policial que houve
premeditação no crime de latrocínio. O dentista
atraiu a vitima ao seu consultório para
roubá-la. Com uma “chave Inglesa” vibrou violentas pancadas instantaneamente. A
seguir colocou o cadáver dentro de
uma mala (com o objetivo de ocultar o crime) em que iria, com toda a certeza,
enterrá-la com o seu conteúdo macabro, em algum terreno baldio. Quando, porém,
pretendia colocar o cadáver de Pacher na mala, um vizinho, Osny Borges,
que ouvira os gritos da vitima, e que mora no pavimento superior ao consultório
dentário, foi ver o que estava sucedendo. A porta do consultório não estava
fechada a chave. Osny colocou a mão
na maçaneta e abriu a porta. Foi, então, que presenciou o quadro horroroso.
Imediatamente abandonou o local e avisou a Polícia, que prendeu o bárbaro
assassino, que confessou friamente o seu hediondo crime. (M).
Enviado por André Mrozkowski jornal A NAÇÃO, edição de 3 de maio de 1955
CONDENADO
Á REVELIA
BLUMENAU, 19. O Tribunal de Júri condenou, à
revelia, o dentista Emílio Martins,
a 25 anos de prisão. Como se recorda, Emílio, em maio do corrente ano, atraiu
ao seu gabinete dentário o cidadão Nemo Pacher, que sabia possuir a
quantia de 145 mil cruzeiros, assassinando-o e roubando aquela importância. O
dentista foi preso e recolhido à cadeia pública de onde, dois meses após,
fugiu, sendo, por isso, julgado à revelia. (M)
O Crime aconteceu na edificação da Rua João Pessoa, esquina com rua Mafra. O Assassino foi capturado tentando fugir pelo beco Tijucas (hoje Rua Tijucas), próximo ao local do crime.
O Crime aconteceu na edificação da Rua João Pessoa, esquina com rua Mafra. O Assassino foi capturado tentando fugir pelo beco Tijucas (hoje Rua Tijucas), próximo ao local do crime.
¹ Emilio Martins foi condenado e cumpria pena
na penitenciária em Florianópolis.
MRoeck Röck O CRIME DA
MALA EM BLUMENAU.
(Correio da Manhã - Rio de Janeiro - Terça Feira - 10 de maio de 1955. pag 20/30.
(Correio da Manhã - Rio de Janeiro - Terça Feira - 10 de maio de 1955. pag 20/30.
MRoeck Röck Correio da Manhã - Rio de Janeiro - Domingo -20 de
Novembro de 1955 pg. 10/114.
"CONDENADO À REVELIA"
"CONDENADO À REVELIA"
Grupo Antigamente em Blumenau enviado por
José Geraldo Reis Pfau.
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Adendo:
Kiko Pacher

Na visão dos netos de Nemo Pacher, como no meu caso, partilho: Muito se conversava com os familiares e os detalhes do crime eram relatados. Meu nonno (Nemo Pacher) era um empresário no ramo madeireiro e engenho de arroz, muito conhecido na região do Vale do Itajaí. Um dos robs preferidos do meu avô era as corridas de cavalos da época, onde conheceu Emílio Martins, o autor do crime. Com o tempo, tornaram-se amigos. No dia do crime, Nemo Pacher, meu avô, foi até Blumenau pela manhã buscar um caminhão da empresa que estava em manutenção, contudo, ao chegar na oficina, não estava pronto. Tendo em vista que o reparo do caminhão não estava finalizado, resolveu visitar seu pseudo amigo, dentista Emílio Martins e aproveitar para fazer a manutenção de seus dentes de ouro. Ocorre que na mesma ocasião, meu avô precisava sacar dinheiro junto ao Banco Rural de Blumenau para pagar os colonos fornecedores de arroz. Antes de ir ao referido banco, meu avô foi até o edifício Fisher (local do crime) visitar o dentista em questão, Emilio, como suposto bom amigo, ofereceu-se para acompanhar Nemo até o banco para sacar o referido dinheiro, posteriormente, retornariam para realizar a consulta. E assim foi, após o saque, meu avô e Emílio tomaram uma cerveja no bar do Borges, próximo ao consultório, sucessivamente, foram até o consultório realizar a consulta. Sentado na cadeira clínica, com a mala com dinheiro ao lado, Emílio Martins, por trás, golpeou meu avô fortemente na cabeça com uma chave inglesa, Nemo, desnorteado, não teve muita reação, sucessivamente, Emílio passou a desferir uma série de facadas em meu avô, que veio a falecer no local. Não bastando, furou os olhos do meu avô com a faca, além de cortar as juntas do corpo para tentar colocar dentro de uma outra mala (maior). No entanto, o assassino era desprovido de perícia, os ferimentos causados ao meu avô fizeram com que muito sangue fosse derramado não só no consultório, mas pelo prédio todo, escorrendo pelas escadas e esquina da rua. Desconfiados, a população do local (incluindo crianças) questionou o que estava ocorrendo, até porque, escutaram gritos no prédio anteriormente (decorrentes da violência contra meu avô). Emílio, sem muita argumentação, afirmou que um paciente teve uma hemorragia, e é claro, ninguém acreditou, momento em que a polícia foi acionada. Percebendo a a movimentação, Emílio Martins subtraiu o dinheiro de Nemo, e embrenhou-se dentro da mata, atrás do edifício, no entanto, o assassino foi encontrado e capturado horas depois pela polícia, além do dinheiro ser recuperado. Depois de detido, Emílio foi transferido para a penitenciária de Florianópolis, onde faleceu depois de muitos anos. No dia do crime, a perícia criminal da época registrou toda a cena do crime e a imprensa local deu a repercução de praxe, abalando a região. O corpo de Nemo foi transferido para a cidade de Rodeio 12, até seu engenho de arroz, onde foi velado. Minha Nonna, Mariota, esposa de Nemo e os demais familiares não podiam acreditar no ocorrido, ocasionando as diversas consequências familiares relatadas pelo meu filho anteriormente.
Adendo 2:
Após fugir da cadeia de Blumenau em 1955 ficando preso poucos meses o Emilio Martins foi preso 5 anos depois em 1960 na cidade de Curitiba.
O processo original da condenação dele foi perdido num incêndio do Fórum de Blumenau. Por sorte tinha uma cópia anexada na Vara de família na ação de desquite feita pela esposa.Apos em 1960 ser transferido para Florianópolis, ficou lá até morrer em 21 de abril de 1968.