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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

- Contos do Valdir



Apresentamos hoje alguns contos narrados e vivenciados pelo amigo Valdir Salvador.
Por Valdir Salvador. Proprietário de Antiquário. Rua México, 296, Ponta Aguda, Blumenau – SC.




 O caso das Rãs do morro do Abacaxi.
Certa vez no alto do conhecido e tradicional, morro da Caixa D’água,  (Abacaxi) houve certo comentário que colocou apavorados todos que por ali circulavam a noite. Jornais, Rádios de Blumenau, e a própria população, intrigados com um certo  ¹coaxar.
Como em todos os casos, apareceram os valentões que diziam que iriam solucionar o mistério, mas fraquejavam ao chegar ao local.
Os maridos das mulheres que trabalhavam até às 22 horas, tinham que ir buscá-las nas portas das fábricas, pois o  tal do ronco e o barulho era assustador. Policias, populares mais corajosos, desvendaram o mistério do “barulho dos roncos e chiados”, eram de algumas rãs  gigantes que um certo morador  tinha comprado em São Paulo para criação. Algumas haviam fugido e nas capoeiras de beira de estrada, faziam suas cantorias nunca ouvidas até aquele momento.
Dia de chuva
Dia de chuva é dia para lembrar e refletir o passado, como dizia o saudoso Ataulfo Alves: “que saudade da professorinha que me ensinou o beabá , os jogos de botão pelas calçadas, era feliz e não sabia! . Também dia de Bolinho de chuva.  Como era lindo ver, observar as meninas do bairro de trancinhas, vestidinhos rodados (Godê) estampados com flores, a brincar  de Amarelinha, de Casinha , com criatividade ; aprender a cozinhar em latinhas de leite em pó da marca Ninho da Nestle. Cozinhavam ovos em latas de  cera para assolho da marca  Blumenau. A fabrica se localizava próximo ao  Grupo Escolar Santos Dumont, na rua Amazonas. O carinho, cuidados que tinham por suas bonecas sempre muito  bem vestidos.  Lembro-me com muitas felicidades quando meu  pai nos levava para passear ou à escola. Não era em um carro de luxo e com o combustível e a manutenção cara, mas  de bicicleta N.S.U Alemã ,com a cestinha presa no guidão e em cima do quadro da bicicleta, ou no Bagageiro atrás que era protegido por uma rendinha na lateral da roda para nós não colocarmos os pés dentro da roda. Eu fecho meus olhos e me vejo  jogando Futebol  na  rua (também aos domingos assistir o nosso querido Amazonas em seu magnifico estádio) , em frente a nossa casa na rua Belo Horizonte, bairro Glória, em pleno movimento que na época (anos de 19(50) eram as Carroças, Bicicletas, e carro de Boi, há há , outros jogos era a Kilica ( Bolinha de Gude - Vidro) tampinhas de garrafas que jogadas a distancia direcionadas  em um circulo (roda) riscada no próprio chão de barro batido.  E as  tampinhas de garrafas no choque, o prêmio era jogar para o chão da altura do umbigo para que ficasse uma em cima da outra mesmo só uma parte.
Os famosos torneios de bilboquê de madeira pendurado por uma corda e para encaçapar em um furo central acionado por um cabo segurado em uma das mãos. Outro era o famoso pião que eu nunca fui bom no manuseio , alguns colegas faziam o mesmo rodar até a palma de sua mão. O que eu (Valdir) fui até campeão foi a beleza do tiro ao alvo com a  funda (Estilingue) a munição era por nós fabricada com bolinhas de Argila que com as mãos a transformávamos em pequenas “bolinhas (pilotas)” e então esperávamos nossa mãe, tirar o pão do forno a lenha e as colocávamos  para secar. Fazíamos até as ditas pilotas para vender aos amigos.
Outro brinquedo de muita criatividade era tirar uma roda ferro de da chapa do fogão a lenha, e na ponta de uns 0,80 centímetros de um cabo de vassoura prender um gancho de ferro para manter a roda em pé e com isso proporcionar direção e velocidade, depois vinha a bronca da  mãe por ter tirado a roda do fogão.

Mas o mais famoso e prazeroso era cassar com gaiolas (cultura da época), e encontrar no mato cipó para nos balançar e imitar o Tarzan, do seriado das 17 horas patrocinado pelos produtos da Nestle o tradicional Toddy .
Valdir e sua Tilapia em 15 01 17
 Mas também muito legal era pescar com caniços próximo ao poço nos fundos da cooperativa dos Empregados da Empresa Industrial Garcia, e balaios emprestados de nossas mães que voltava cheio de capim e lixo do ribeirão.  Quando já éramos adolescentes,   fazíamos nosso próprio Circo Tourada cujo boi  era o cabrito do Bernadino Oliveira e do Alidor seu irmão, o circo era todo rodeado com lençol e cobertores que cada artista fornecia, tinha portaria e bilheteria pois era para adultos e seus filhos. Tudo muito bem esquematizado e organizado,  era lindo, propaganda de rua com palhaços utilizando auto falantes. Existia na rua Emílio Tallmann, a história do Menino Santo. Vinham romeiros de longe a procura da cura. Em certos momentos os policiais calculavam até 5 mil devotos. O menino de nome Vilmar dizia ver Nossa Senhora de Fátima. Teriam ocorridos supostos milagres, cegos voltando a enxergar, deficientes largando as muletas, mas na realidade era tudo farsa planeja. Eu Valdir, aproveitava o grande movimento para já exercer minha atividade comercial de vendas de lanches, capilé com cuca e mata-fomes comprado no Maneca Padeiro.
Tiro fatal!
Amigos, esta historieta que vou narrar é um episódio que aconteceu “lá pelos antigamente”. Certa vez no interior do oeste de Santa Catarina, por questão de um acerto de rumo de terras  um dos proprietários levou um tiro mortal   terminando o conflito de forma trágica. A família teve que providenciar o funeral, mas como o lugarejo era por demais pequeno, não havia agencia funeral.
Os encarregados do funeral, se locomoveram com um pequeno caminhão G.M.C. muito velhinho, até a  próxima cidade que ficava a uns 60 quilômetros de distancia buscar  em  urna funerária, o (Caixão) para efetuar o velório.  Lá chegando primeiro foram tomar umas e outras, para depois retornar já com o “²esquife.  Colocaram o caixão na carroceria  do caminhão, e se puseram estrada afora.  Vinham normalmente quando a certa altura aparece um caroneiro.  Como já mencionado que o lugar era pequeno pararam, para que o cidadão pudesse subir na carroceria, mas comunicaram que estavam levando um caixão para o velório do compadre Antônio que havia sido baleado mortalmente.
O caroneiro subiu e ao avistar o caixão acenou positivamente, então seguiram viagem de retorno. Em certo momento do percurso começou a chover, o moço caroneiro  que não tinha luxo abriu o caixão e abrigou-se dentro deixando uma pequena abertura para respirar e se livrar da chuvarada. Seguiram  em frente rumo ao velório. Mais distante outro cristão estava à beira da estrada apanhando aquela tempestade a pedir carona. O condutor parou o velho caminhão e logo foi dizendo “pode subir e fazer companhia ao outro caroneiro”.  O novo caroneiro subiu olhou e só avistou o caixão e imaginou “estão de brincadeira comigo” e concluiu: o outro é um defunto que estão levando.  Mas tudo bem o bom era ter conseguido a carona.  De repente o protegido do aguaceiro dentro do caixão, percebeu que havia cessado as chuvas, abriu o caixão e já foi logo perguntando “parou de chover???”.  O susto foi tão grande que o segundo caroneiro levou que mesmo com o caminhão em movimento, se atirou para fora da carroceria e quase morreu.... arrebentou-se todo!.
Bem vou parar por aqui, pois com os meus 71 Anos (Outubro/2015), teria muito a contar, e o lápis está acabando. Observaram a palavra acabando? Mais uma prova que sou descendente de Açoriano e com muito orgulho.
¹Coaxar : cantar ou rosnar dos sapos e rãs.
²Esquife : caixão mortuário.
Imagens divulgação Internet e Adalberto Day 

3 comentários:

  1. Boa tarde! Quanto a historia das Rãs não tive conhecimento.Lembro de que em minha infância eu uns amigos pegamos as rãs nos banhados da região,um onde tem o loteamento do Tallmann,e um outro em um terreno do Dr Dalilo das Neves. Pegamos limpávamos,e as levávamos ao Gruta Azul situado na Rua Floriano Peixoto, olha dava uma grana.E quanto aos brinquedos brinquei com muitos dos citados Kilica,bilboquê,pião,fazer as pelotas pra caçar,Pescar em toda extensão do Ribeirão Garcia.AS TAMPINHAS: COLOCÁVAMOS VARIAS CORTIÇAS uma dentro da outra pra tampinha ficar pesada, CORTIÇAS essas que venham nas tampinhas da época.Caçar de gaiola não caçava, nunca tive passarinhos presos. O FUNERAL CITADO NÃO TENHO LEMBRANÇA ACREDITO que muitos episódios semelhantes aconteceram naqueles anos. NÓS ERAMOS FELIZES, NÃO SABÍAMOS. OU SABÍAMOS?R: SABÍAMOS SIM!ESPERAR O ANO INTEIRO PELO NATAL,ganhar um presente dentro as possibilidades de nosso Pais e era maravilhoso.HOJE AS CRIANÇAS TEM TUDO E MAIS UM POUCO E NÃO SABEM APROVEITAR.OU MELHOR AS CRIANÇAS DE HOJE ESTÃO TEM INFÂNCIA??? OBRIGADO POR NOS FAZER LEMBRAR DE TANTAS COISAS MARAVILHOSAS Q VIVEMOS. ABRAÇO PROFESSOR.

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  2. Meu caro Adalberto,
    Facilmente viajei no tempo agora,pois lendo este texto tirando a historia da Rã, e do caixão, todas as outras vivenciamos quando jovens.
    quão bom era e não sabíamos,hoje sim,tenho a plena certeza que vivemos muito bem a nossa infância nos rios,nas caçadas,nas brincadeiras acima citadas.
    Muito bom o texto,parabéns.

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  3. Muito divertidos os contos do Valdir.
    Parabéns.
    Antunes Severo

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