domingo, 30 de maio de 2010

- Ônibus em Blumenau e Gaspar

A primeira linha para o Garcia
A circulação do primeiro ônibus no então Bairro Garcia foi um acontecimento especial para os moradores. O ponto de partida da linha, nos anos 40, era no antigo Colégio Luiz Delfino, no Centro, onde se encontrava a estação ferroviária. O ponto final era na Empresa Industrial Garcia. (Fonte: Viagens pela Cidade - O transporte coletivo de Blumenau/Méri Frotscher e Léa Maria Vedana.
Ônibus o "Gostosão"  em frente Rua Antônio Zendron

Ônibus Monobloco E.N.S.Glória
Linha Gaspar Blumenau, por volta de 1948/1951 Foto enviada por Ernesto Deschamps - Gasparense que foi executivo da CDL de Blumenau Os ônibus pertenciam a sua família.
A Jardineira da Auto Viação Catarinense

Para ver História sobre Ônibus em Blumenau, acesse :
http://adalbertoday.blogspot.com/2008/05/frederico-guilherme-busch.html
http://adalbertoday.blogspot.com/2008/02/empresa-nossa-senhora-da-glria.html
http://adalbertoday.blogspot.com/2008/04/auto-viao-catarinense-80-anos-de.html

Arquivo de Adalberto Day/colaboração especial de Ernesto Deschamps e José Geraldo Reis Pfau.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

- A descoberta de novas terras

O Brasil era uma imensa floresta virgem até 1526, quando a esquadra portuguesa liderada por Cristovão Jaques aportou em Porto Seguro.
A feitoria instalada na ocasião foi o primeiro núcleo colonizador no país.Nos próximos anos, algumas povoações foram instaladas pelo litoral brasileiro, mas criar um núcleo brasileiro ainda não era interesse da coroa.
Em 1532 Martim Afonso de Souza trouxe a cana-de-açúcar da Ilha da Madeira e introduziu a pecuária, favorecendo a criação da agricultura e pecuária no país.
A partir daí, a Metrópole começou a se interessar em explorar e povoar o grande país.Após abandonar o sistema de Capitanias Hereditárias considerado insatisfatório por Portugal o Brasil recebeu seu primeiro governo-geral, sob as ordens de Tomé de Souza.
Um impulso considerável surgia agora para a colonização. Em 1812 colônias de estrangeiros começam a se instalar no país, e em 1818, a Colônia Leopoldina é instalada na província da Bahia.
O império brasileiro se torna independente em 1822, quando começam a ser planejadas,as políticas de colonização da Região Sul do país.Havia o medo da invasão da fronteira Sul, cobiçada pelos espanhóis. A região era virtualmente inexplorada, e se bem povoada e utilizada pelo imigrante empreendedor, poderia alavancar a economia interna e externa do país, bem como garantir as fronteiras. Também havia a necessidade de trabalhadores voluntários e ativos, já que o trafico e a própria mão-de-obra escrava diminuía.
Assim, seis anos depois, desembarcam os primeiros imigrantes alemães a Santa Catarina, para criar a Colônia de São Pedro de Alcântara.
O empobrecimento da população rural alemã foi fator predominante pra o processo de colonização. Preços e produtos alimentícios aumentaram brutalmente, e,de forma arbitrária. Pra pagar dívidas, muitos vendiam as terras indo trabalhar como serviçais mal pagos, ou nas surgente indústria. Entre 1840 e 1900 partiram ao menos 6 milhões de alemães para outros continentes. O próprio governo alemão estimulava a corrente migratória, já que sabia ser impossível continuar sustentando a população em vertiginoso crescimento.
Farmacêutico
Dr. Blumenau
Entra em cena um obstinado farmacêutico, Hermann Bruno Otto Blumenau. De acordo com a biografia escrita por Sabine Kiefer, que abre a edição de um Alemão nos Trópicos – Dr. Blumenau e a Política Colonizadora do Sul do Brasil,os conflitos com o pai criaram no jovem farmacêutico a necessidade de provar uma capacidade para o empreendimento, de vencer na vida.
O jovem começou a se interessar pelo assunto emigração e colonização quando ainda estava matriculada na Universidade de Erlangen, Alemanha. Na mesma época em Hamburgo, se criava a Sociedade de Proteção aos imigrantes alemães.
O contato entre Blumenau e a sociedade resultou na viagem do farmacêutico ao Brasil,que ocorreu em abril de 1846.Conheceu a situação das pioneiras colônias alemães ao longo do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul, e depois permaneceu oito meses no Rio de Janeiro. Já dominando a língua portuguesa, visitou em 1847 a Colônia de São Pedro de Alcântara.
De lá, peregrinou a cavalo (e até mesmo a pé em alguns trechos) até a embocadura do Rio Itajaí. Em estado debilitado pela doença, Blumenau precisou porém regressarà sede do império.
Mas já havia encontrado o que buscava nas terras do Sul do país. Associou-se a outro alemão, Ferdinand Hackradt, e junto dele subiu o rio em busca da área ideal para a construção de ranchos à margem do Itajaí-açu.
A área escolhida foi o trecho entre os ribeirões da Velha e Garcia.
Mesmo com a dissolução da sociedade de Proteção aos imigrantes Alemães, , Blumenau não desanimou.
Voltou à Alemanha, vendeu alguns bens, e obteve alguns empréstimos, e tratou de iniciar o trabalho de persuasão, a fim de trazer o maior número possível de emigrantes para sua colônia.
E fundou essa bela cidade de Blumenau.
Para saber mais acesse:
http://adalbertoday.blogspot.com/2008/05/dr-hermann-bruno-otto-blumenau.html
http://adalbertoday.blogspot.com/2008/09/blumenau-158-anos-de-fundao.html
http://adalbertoday.blogspot.com/2007/08/blumenau-e-sua-histria.html
Jornal de Santa Catarina Sábado, 2/setembro/2000 – 150 anos Blumenau;volume 2 – O Passado.
Arquivo Adalberto Day

segunda-feira, 24 de maio de 2010

- A sede dos têxteis

Diretores e associados do Sindicato Têxtil de Blumenau (Sintrafite) em frente à sede em fase de conclusão da obra, em 1957. A entidade foi fundada em 3 de maio de 1941, tendo como primeiro presidente Guilherme Gonçalves da Luz. (Foto: Arquivo da família Maria Guerreiro/Noemir Félix P. Silva e Adalberto Day)
Publicado no Jornal de Santa Catarina –19/05/10, coluna ALMANAQUE DO VALE do jornalista Sérgio Antonello
Arquivo de Adalberto Day

História

A história da organização dos trabalhadores e trabalhadoras têxteis da região do médio Vale do Itajaí iniciou com a criação da Associação Profissional dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem, em 1941. Em 3 de maio daquele ano surgiu a primeira diretoria provisória da associação profissional. Porém foi em 8 de março de 1948, de acordo com as determinações estabelecidas pelo decreto Nº 1408, que o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio conferiu à associação profissional a categoria de sindicato, passando a entidade a denominar-se Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau.
A primeira sede própria do sindicato foi construída em 1957. O prédio em que o Sintrafite se encontra hoje, localizado na rua Luiz de Freitas Melro, no centro da cidade, foi inaugurado em 1976. Além da sede central em Blumenau, o Sintrafite conta com as sub-sedes de Testo Salto e Vila Itoupava, também em Blumenau, e nas cidades de Gaspar e Indaial. Atualmente o Sintrafite tem 22 mil associados, tendo na base 30 mil trabalhadores das três cidades.
Para saber mais acesse http://www.sintrafite.com.br/site/sindicato.php

sexta-feira, 21 de maio de 2010

- Antigamente era assim

Histórias de nosso cotidiano
Mais uma participação exclusiva e especial do renomado escritor, jornalista e colunista, Carlos Braga Mueller, que hoje nos relata sobre um passeio de Blumenau , Gaspar , até a cidade de Itajaí
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BLUMENAU, CIDADE QUE EU AMO
Antigamente era assim....
Lá pelos anos 40, 50 do século passado, quando você seguia em direção a Itajaí, a rua que levava até a divisa com Gaspar chamava-se Minas Gerais, e só anos depois foi batizada de Itajaí em 18 de agosto de 1942. Lá, na orla, batizaram de Blumenau a rua que vinha em direção a nossa cidade.
Amor com amor se paga e ambas as cidades consideraram-se quites com estas homenagens. Que permanecem até hoje.
Pois bem.
Ao deixar o centro de Blumenau, o ônibus da antiga Empresa Auto Viação Hahn, Hass & Darius”,, depois Catarinense, que fazia a linha entre Blumenau e Itajaí, seguia pelo Vorstadt e passava pelo Capim Volta.
Assim era conhecido o trecho da cidade onde hoje se localizam a Rua São Bento, o Clube Blumenauense de Caça e Tiro, o Centro Esportivo do Sesi: Capim Volta !
Em seguida, na divisa com Gaspar, onde hoje fica o bairro gasparense Bela Vista, situava-se a famosa Charqueada do Procópio. Durante muitas décadas, além de ser famosa pelo que produzia, a Charqueada também era um balizador de que os viajantes, oriundos do litoral, estavam se aproximando de Blumenau.
Antigos moradores lembram que o charque era exposto ao tempo, sol e sereno, mas saía dali com um sabor de alta qualidade.
Conta-se um fato instigante, ligado a essa região, que passou a ser lenda.
Logo depois da propriedade dos Procópio, em direção a Gaspar, existia um seleiro. Era um homem dedicado às lides da selaria, e dali saiam belas e caprichadas selas para os cavalos desfilarem garbosamente com suas montarias.
Diziam que o sogro dele era um homem muito metódico. Por isto, resolveu comprar um caixão, no qual seria enterrado quando Deus o chamasse.
E colocou o caixão, repousando e vazio, nos fundos da selaria do genro, aguardando a hora da sua morte.
Para os que têm medo de um caixão como o diabo tem da cruz, era uma tortura passar por perto e saber da existência do tal caixão.
E como todos sempre aumentam as fofocas, diziam até que de vez em quando, para "amaciar" o forro, o homem deitava no caixão, e ali dormia um bom sono !
Mas como não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe, um dia o velho morreu e o caixão, finalmente, teve o seu destino.
Recebeu com as honras de praxe o corpo do cidadão, que seguiu, dentro dele, para o cemitério da localidade.
Os mais velhos recordam do que se falava em cochichos...
Teria morrido mesmo ? Estaria apenas repousando ? Teria sido enterrado vivo ?
E à noite, quem seria aquele vulto que perambulava pelo cemitério ?
Estava criada mais uma lenda na região.
Arquivo de Adalberto Day

terça-feira, 18 de maio de 2010

- Premio Arara de Bronze


No dia 1º/fevereiro/2010, concedi uma entrevista para RBS TV de Florianópolis.
O documentário intitulado “O Fio da História”, assuntos de Blumenau e região no contexto histórico das empresas, principalmente no Ramo Têxtil.
Várias empresas foram pesquisadas, e pessoas que trabalharam nas indústrias de toda região.

No meu caso, como cientista social e pesquisador da história, discorri aspectos históricos, da Empresa Industrial Garcia. e Artex Comentei sobre a importância de se trabalhar em uma empresa que oferecia condições assistências, tais como: casas populares, coleta de lixo seletiva, duas vezes por semana, água encanada, saneamento básico, cooperativa de consumo, biblioteca, centro de treinamento, ambulatório, dentista, parque esportivo, festas populares, ajuda pecuniárias, igrejas, escolas.
O Tourfilm Brazil, Festival Internacional de Filmes de Turismo, membro oficial do Cifft – Committee International des Festivals du Film Touristique, que foi realizado em Florianópolis, de 06 a 08 de maio, recebeu 252 inscrições, sendo 72 delas provenientes da Europa, América Latina e Estados Unidos. Países como a Índia, Kênia, Jordânia, Moçambique, Tanzânia, Camboja, Birmânia e Uganda também participam do evento que mostrará as mais belas imagens turísticas do mundo.
Objetivos do Tourfilm Brazil
O objetivo geral do TourFilm Brazil International Festival é de inserir Florianópolis, Santa Catarina no seleto grupo de locais do mundo que sediam festivais de filmes de turismo, criando um ponto de convergência de técnicas, experiências e pessoas deste segmento na América Latina.
Especificamente, citamos ainda como objetivos:
Incluir Santa Catarina e Florianópolis no calendário mundial de festivais de filmes de turismo;
Promover a integração regional, América latina, do segmento de filmes de turismo;
Nivelar a qualidade dos filmes de turismo produzidos no Brasil e na América Latina, com os produzidos no resto do mundo;
Aculturar o segmento de profissionais envolvidos na concepção e produção de filmes de turismo;
Possibilitar a divulgação de filmes de destinos turísticos pouco conhecidos;
Incentivar a produção de filmes sobre turismo em Santa Catarina;
Trazer a Santa Catarina, operadores, técnicos, profissionais e empresários ligados ao turismo e eventos;
Promover a implementação de boas práticas no setor de turismo, em particular a preservação do meio ambiente;
Promover a responsabilidade social na atividade do turismo;
Criar uma base de vídeos de pontos e atrações turísticas de Santa Catarina e do Brasil, e disponibilizá-la na internet, para usuários do mundo todo.

O TourFilm Brazil
O TourFilm Brazil – Brazil International Tourism Film Festival é um festival voltado exclusivamente para o segmento de filmes de turismo, com foco na América Latina e Caribe, mas com participantes do mundo todo.

Organizado pelo ICEL - Instituto Catarinense da Educação e do Lazer, conta com o apoio da Secretaria de Estado do Turismo, Cultura e Esporte de Santa Catarina, e de diversas entidades ligadas ao turismo, em nosso estado, no Brasil e no mundo.

É o único festival reconhecido pelo CIFFT, em toda a América Latina.

Um júri internacional, presidido pelo cineasta francês Georges Pessis, e formado por profissionais de renome de países como Áustria, Alemanha, Portugal, Uruguai e Suíça julgou e escolheu os melhores filmes. Participam deste júri, representando o Brasil, Chico Faganello, Cláudio Magnavita e Sylvio Back. As categorias mais concorridas são as de destinos turísticos (125 filmes inscritos), pessoas e culturas (45 filmes), turismo de aventura (22) e natureza e ecologia (19). A categoria de animação/3D teve sete filmes inscritos, o que indica que a produção audiovisual segmentada para o turismo está ganhando maior espaço com o uso da tecnologia aplicada à produção cinematográfica.
O evento é realizado pelo ICEL – Instituto Catarinense da Educação e do Lazer com o apoio do Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado da Cultura, Esporte e Turismo e Funturismo.
Em uma cerimônia clássica os vencedores foram anunciados e premiados com estatuetas – araras de ouro, prata e bronze. O grande vencedor do festival - ganhador do Grand Prix Brasil - recebeu a Arara vermelha e está automaticamente selecionado para concorrer, no Grand Prix do Cifft, em Viena, na Áustria, em novembro de 2010, ao prêmio de melhor filme de turismo do mundo.
• Na categoria Pessoas, culturas e tradições a arara de ouro foi para o filme STURIS (Brasil), um filme que mostra belas cenas da cidade de São Paulo. Pessoas com traços diferentes apresentam a cidade e a sua diversidade étnica e cultural, mostrando que ali o publico vai encontrar um pedacinho de cada lugar do Brasil. Entre as cenas que mostram o dia a dia da cidade funcionando e os seus atrativos, como monumentos, restaurantes, teatros e parques, personagens abrem os braços e fazem gestos convidando as pessoas a visitarem esta grande metrópole. A arara de prata foi para o filme MAULLIN, El Valle de lluvias copiosas (Chile), que conta a história social e ambiental do Rio Maullin e suas margens. E a arara de bronze foi para O Fio da História (Brasil), um curta-documentário que resgata histórias das primeiras indústrias têxteis de Santa Catarina e a importância do papel da mulher para o setor.
“O Brasil merece ter uma nova visão perante o mundo, Florianópolis merece um evento deste porte por estar inserida em uma nova cultura, em uma forma de pensar e demonstrar suas belezas e Santa Catarina por ser um Estado arrojado abraça o TourFilm Brazil mostrando que é possível pensar um turismo diferente”, afirmou Jorge Oro.
O secretário de Turismo, Cultura e Esporte de Santa Catarina, Valdir Walendowsky, em diversas oportunidades ressaltou que a grandiosidade de um festival como esse não se reflete apenas nas imagens maravilhosas exibidas nas telas do TourFilm Brazil. “O que pudemos observar foi que cada vez mais cultura e turismo caminham lado a lado e não podem ser desassociadas. Esse evento constrói uma nova fase para o turismo no Estado e até no país, impulsionado pelas produções exibidas”, afirma. “O TourFilm Brazil traz bagagem para aprendermos o que está sendo feito de melhor no mundo, e qualificando nossas produções, elevando cada vez mais o que é veiculado não só sobre o que é feito em Santa Catarina, mas sim no Brasil”, completou Walendowsky.
E a segunda edição do TourFilm Brazil está confirmada para maio de 2011, em Florianópolis. Em breve será lançada toda a pré-programação e calendário para inscrições. O TourFilm Brazil foi realizado pelo ICEL – Instituto Catarinense da Educação e do Lazer, com o apoio do Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado da Cultura, Esporte e Turismo e Funturismo. O evento contou ainda com o apoio de dezenas de entidades ligadas ao turismo, no Brasil e no exterior.

Documentário sobre a tecelagem em Blumenau e região (O Fio da História). Este filme foi premiado no Tour Film Brazil, é um festival de filmes internacional de turismo e ficou em 3º lugar na categoria Pessoas, Culturas e Tradições.
Neste link abaixo, mostra o registro que fiz em meu blog

Arquivo de Adalberto Day/Colaboração e soube através de :
Geórgia Andreia Rublesch
Diretoria de Planejamento Turístico
Secretaria de Turismo de Blumenau

quarta-feira, 12 de maio de 2010

- Cia.Hering: e sua história

Cia.Hering 1890
130 anos de história.
2010 foi um ano muito especial para a Cia Hering. Tudo porque a empresa, que é a maior franquia de vestuário do Brasil, comemorou 130 anos de uma história da qual se orgulha muito, cercada de grandes conquistas, crescimento e a certeza da construção de uma marca que é reconhecida por mais de 90% dos brasileiros em todas as classes sociais.
Para marcar as comemorações, muitas ações serão realizadas. A principal delas é a criação do Museu Hering, que resgatará os 130 anos da história da companhia, cuja história está ligada ao desenvolvimento industrial do país. O espaço será criado em um imóvel tombado como patrimônio histórico do estado de SC. A casa, construída em enxaimel, tradicional técnica arquitetônica de influência alemã, tem 435m2 e fica na entrada da sede da empresa em Blumenau.

História
A gloriosa trajetória da Cia Hering iniciou-se em 1880, quando os irmãos Bruno e Hermann Hering criaram uma pequena malharia na cidade catarinense de Blumenau. Empreendedores, chegaram ao Brasil dois anos antes com a herança de uma sólida tradição de tecelões nascida séculos antes na cidade de Hartha, interior da Alemanha.
Em 1906, o envolvimento dos irmãos com a comunidade foi reconhecido através de um título concedido a Bruno Hering por seu pioneirismo em projetos de reflorestamento. Na década de 80, a empresa atingiu o status de ser uma das maiores malharias da América Latina, além de destacar-se como uma das primeiras a exportar seus produtos.
Passados 130 anos, a Cia. Hering se consolida como uma das maiores empresas de design de vestuário do Brasil e comanda três importantes marcas. A Hering, com mais de 270 franquias pelo país, deixou de ser sinônimo de camiseta para ser sinônimo de moda. Apresenta coleções antenadas com as últimas tendências. Em pleno crescimento, fechará 2010 com 325 lojas.
Já a dzarm., com perfil jovem, traz uma moda casual e aposta cada vez mais no jeanswear. Possui mais de 20 lojas exclusivas pelo país e uma ampla rede de multimarcas.
A marca PUC, focada no público infantil das classes A e B, é reconhecida por oferecer coleções coordenáveis, diferenciadas e que aliam conforto com um visual irreverente e criativo. Em 2009, as vendas totais cresceram 26,5%, com boa performance tanto na rede de franquias com mais de 70 lojas, como no canal multimarcas.
No setor têxtil, a Cia Hering está entre as 10 líderes em vendas no país: já vendeu mais de cinco bilhões de camisetas, o equivalente a 30 para cada habitante do Brasil. A sua produção, concentrada em nove fábricas, em Santa Catarina, Goiás e Rio do Grande do Norte, tem média de quatro milhões de peças produzidas por mês.
Foto enviada por Carlos Roberto Pereira - Arquivo Hering
Amaral Neto em visita a Hering 1970
Responsabilidade Social e Ambiental
Responsabilidade social e ambiental são valores que fazem parte do DNA da Cia. Hering, que monitora, minimiza, reduz riscos e impactos ambientais. A cada metro de área construída a empresa possui 58 mil metros de área verde.
Desde 1995, a Hering tem exclusividade com a marca “O Câncer de Mama no Alvo da Moda” e soma grandes resultados com essa parceria com o IBCC (Instituto Brasileiro de Controle do Câncer). Milhões de camisetas foram vendidas em todo o país nesses 15 anos. Os valores arrecadados são utilizados pelo IBCC para ajudar mulheres na prevenção e tratamento de doenças como câncer de mama e como de útero. Recentemente, a Hering também se uniu ao Grupo Cultural Afroreggae, e desenvolve coleções exclusivas que são distribuídas através do canal multimarcas
Vídeo sobre o Museu Hering :
http://www.youtube.com/watch?v=ckdwtXo0uiA
Acesse:
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A Hering e seus dois peixinhos

Artigo
Qualquer brasileiro reconhece a marca Hering, assim como muita gente do Exterior, afinal, ela foi, em 1964, a primeira empresa têxtil brasileira a exportar. Mas poucos conhecem a origem da logomarca dos dois peixinhos e, menos ainda, detalhes sobre a epopéia da criação à consolidação.
Hering, em alemão, significa “arenque”, um tipo de peixe, semelhante à sardinha, muito comum na Alemanha. Os dois peixinhos representam os irmãos Bruno e Hermann, imigrantes vindos da cidade de Hartha, no interior da Alemanha, e fundadores da notável Companhia.
Ao tomar conhecimento da colônia fundada pelo Dr. Blumenau, em 1850, o empreendedor Hermann Hering decidiu partir em busca de uma vida melhor, tendo nela chegado em 1878.
Outra curiosidade pouco conhecida é que foi em Joinville que, dois anos depois, Hermann comprou um tear circular e um caixote de fios – insumos que deram início à produção da tecelagem “Trikotwaren Fabrik Gerbruder Hering”. Começava, assim, a saga de uma das mais antigas e conceituadas companhias brasileiras em atividade.
Um ano depois da fundação da empresa, há exatos 129 anos, no longínquo 8 de maio de 1881, nascia, em solo brasileiro, o último filho de Hermann, Curt Hering.
Apesar de se tornar especialista em tecelagem e industrial de mérito, o que o conduziu à diretoria da empresa, em 1915, dela se afastou para dar vazão ao seu irreprimível espírito público, o que o fez superintendente municipal (prefeito) de Blumenau, cargo que exerceu com brilho entre 1923 e 1930.
Espírito público, aliás, herdado por seu filho Ingo, que, não satisfeito com a presidência da empresa, destacou-se como vereador (por quase duas décadas), jornalista e figura importante na fundação da Furb, da Escola Superior de Música e da Orquestra de Câmara de Blumenau.
Mas nem tudo foram flores. Durante a 2ª Guerra Mundial, o alinhamento do Brasil aos Estados Unidos gerou repercussões em Blumenau. Industriais e comerciantes foram incluídos numa lista negra e tiveram vedado o acesso ao comércio com os EUA. E a Cia. Hering teve diretores incluídos na lista em 18 de dezembro de 1942.
Foi quando se agigantou a figura de Curt Hering. Em cartas ao consulado americano em Florianópolis e ao interventor federal em Santa Catarina, Nereu Ramos, argumentava não apenas a favor de sua empresa, mas também de outras igualmente incluídas nas listas, como a Cremer.
Nascido em 1805, o poeta e dramaturgo alemão Friedrich von Schiller dizia: “Todos, sem distinção, se deixam seduzir pelas vantagens do momento: somente as grandes almas é que são capazes de comover-se com a perspectiva de um bem futuro”.
Curt Hering foi uma delas.
LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA
Ex-governador de Santa Catarina
Publicado no Jornal de Santa Catarina/Artigo edição de Sábado 08/maio/2010
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Hering: a marca mais lembrada pelos catarinenses em SC
As marcas mais lembradas pelos consumidores catarinenses foram conhecidas nesta quarta-feira, 28/7, durante o evento de premiação do 16º Top of Mind do Jornal A Notícia.
Em nível estadual, a Hering foi reconhecida como a marca de roupa mais lembrada pelos catarinenses. O Sr. Gildo José Koerich, gerente Administrativo de Vendas, representou a empresa na solenidade e recebeu o prêmio do Sr. João Joaquim Martinelli, presidente da Martinelli Advocacia Empresarial.
“O prêmio certamente traduz o respeito, carinho e desejo que o consumidor tem pela marca Hering, fruto do trabalho e dedicação de todos os envolvidos nos diversos processos da Cia. Hering”, comemorou Koerich.
Além de marcas, cidades, eventos, empresas e um empresário foram homenageados. Ao todo, 89 referências em 33 categorias receberam o prêmio.
Para a edição 2010, foram realizadas 2,4 mil entrevistas pelo Instituto Mapa, em 27 municípios do Norte, Vale do Itajaí, Grande Florianópolis, Sul, Planalto e Oeste. O levantamento tem como objetivo identificar qual marca está mais presente na mente dos consumidores, avaliando o grau de popularidade e de prestígio.
A cerimônia aconteceu no auditório da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), em Florianópolis.
João Alberto Pereira
Comunicação Corporativa

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(47) 3321.3981

Venda da Cia. Hering marca o fim de uma era para Blumenau:
Hering fechou acordo para ser incorporada pelo Grupo Soma, dono de marcas de moda como Farm, Foxton, Animale e Maria Filó. As duas empresas anunciaram a operação em comunicados divulgados na manhã desta segunda-feira (26).26 de abr. de 2021
Arquivo de Adalberto Day Cientista social e pesquisador da história

domingo, 9 de maio de 2010

- Alemão dormindo a “siesta”

A escritora e Colunista Urda Alice Klueger, nos apresenta uma crônica belíssima sobre um assunto por demais conhecido pelo Vale Europeu, “ A famosa siesta”.

Dizem que Santa Catarina tá cheia de alemão. Aqui no Vale do Itajaí, onde moro, dizem que tem mais alemão que formiga. Discordo: se tiver uma centena têm muito. O restante é tudo filho, neto, bisneto, trineto de alemão, e por aí vai. Tudo brasileiro legítimo, como dizia o nosso humorista no passado.
Daí penso no meu amiguinho Hermann Reimer, de Pomerode, apesar de ser algo assim como a sexta ou sétima geração de brasileiro, aos 23 anos ainda se acredita alemão e acha que se for para a Alemanha vai ser aceito, lá, como um igual. Canso de avisá-lo: no dia em que for visitar a Alemanha, prepare-se para ser recebido como terceiro-mundista. Daí que estes nossos alemães, digamos, “falsificados” (por favor, não fiquem brabos – eu tinha que arranjar um adjetivo!) têm toda uma filosofia de vida baseada no culto ao trabalho, e eu volto ao meu amiguinho Hermann Reimer: em monografia de especialização na Universidade Regional de Blumenau, além de defender o culto ao trabalho, contou como seu avô, seu bisavô, enfim, sua família sempre lhe disse da importância de manter-se o tempo todo ocupado, da importância de transformar-se tempo em dinheiro, da coisa vergonhosa que era o ócio.

Daí eu pergunto: diante do exposto, e do que a gente vê no dia-a-dia, alguém de vocês é capaz de imaginar um “alemão” a deitar-se após o almoço e a dormir até as cinco da tarde? Vamos imaginar esse alguém com toda a força da juventude e da saúde. Conseguem imaginar, no dia-a-dia, os nossos “alemães”, em todos os dias do ano, a dormir prolongada siesta, essa grande invenção dos povos mediterrânicos? (desconfio que os mediterrânicos já a copiaram dos árabes, que por ali andaram e ficaram na Península Ibérica por volta de oito séculos).

Bem, acabo de voltar de duas semanas maravilhosas no nosso vizinho tão desprezado, o Paraguai, e lá vi coisas que nem num ano conseguirei contar para vocês. Uma delas foi ver “alemão” dormindo a tarde inteira, todos os dias.

Vamos começar esquecendo que existe uma Ciudad Del Este, onde sacoleiros e outros curiosos fazem compras e contrabando, e onde se fica com uma impressão de sujeira e de coisas ruins sobre nosso vizinho país. Depois que a gente ultrapassa a cidade fronteiriça, vamos ter um Paraguai lindo, verde, com milhares de coisas interessantíssimas para conhecer, desde a cidade de Assunción até as cidades menonitas no Chaco. Agora complicou, não foi? Pois é, o Chaco é uma região ao Norte do Paraguai, extremamente verde apesar das escassas chuvas, e onde há como que todo um “estado” menonita. Menonita é uma religião que vem desde lá de 1520, se não me engano, e que foi fundada na Suíça logo depois que Lutero fez a Reforma Protestante. Assim como os luteranos tiveram o apoio dos príncipes alemães e acabaram ficando muito poderosos, os menonitas nunca tiveram grande apoio e foram perseguidos pelo mundo afora durante quatro séculos. O primeiro país que disse: “Venham para cá, temos terra, faremos leis especiais para vocês!” foi o Paraguai. E em 1930 eles vieram das mais diversas partes do mundo (já estavam até na China, de tão perseguidos), e criaram três “colônias” no Chaco paraguaio. Vamos dizer que cada “colônia” dessas tenha mais ou menos o tamanho do Vale do Itajaí, e que cada uma possui uma cidade que é uma sede administrativa. Fiquei em Filadélfia, mas há também as cidades de Loma Plata e Neuland, e lá tudo é alemão: desde a língua, as comidas, as construções, a organização, tudo. Daí a gente bate na grande diferença: a siesta. Donde já se viu alemão dormir la siesta? E ainda mais uma siesta de 4 a 5 horas? Siesta não é coisa de espanhóis e seus descendentes? “Alemão” de Santa Catarina teria coragem de dormir a tarde inteira sem ser chamado de malandro?

Pois é, gente, alemão menonita do Paraguai (os velhos já morreram quase todos, na verdade os alemães de lá são tão falsificados quanto os daqui, tudo paraguaio) dorme la siesta todas as tardes, nas horas de maior calor. Sem o menor constrangimento. Sem medo de ser chamado de malandro. Queria ver os “alemães” de Santa Catarina terem coragem para tanto!
Blumenau, 17 de janeiro de 2003.
Urda Alice Klueger/Escritora/Arquivo de Adalberto Day

quinta-feira, 6 de maio de 2010

- Um Passeio pela Rua principal de Blumenau III

UM PASSEIO PELA RUA PRINCIPAL DE BLUMENAU EM 1900/1903
Escrito por OTTO STANGE - Traduzido do alemão pelo seu filho ERICH STANGE
(Traduzido do original alemão para o português pelo filho Erich Stange, em julho de 1994)
Texto enviado por Fernando Pasold. Arquivo de Adalberto Day

Aqui, no lado do rio, esta em cima da sua alta escada de acesso a sua casa, a antiga dos Rabe, o alfaiate Ringling, que acaba de chegar da Alemanha. Como vai, senhor Ringling? Este dá uma puxada no seu cachimbo curto e curvo de estudante e responde: Muito à fazer, vou mostrar à este povo daqui como se faz e como deve assentar um bom terno. Estou satisfeito pelo meu começo aqui em Blumenau. Hermann Baumgarten, ao lado, sentado na sua varanda, estudando as últimas notícias, ouviu as declarações do Sr. Ringling e observa: Isto muito me alegra, Ringling, que você está satisfeito aqui, o bom serviço sempre é abençoado. Para nós, jornalistas, isto é mais difícil, pois a opinião do povo sempre difere do que está publicado, sempre existem e haverão criticas, nem se nós publicássemos um jornal com letra em couro. Há mais de vinte anos estamos lutando com nossos leitores e a política. É um ofício duro, provavelmente não ficarei velho. Bem, toda gente tem sua carga para carregar, falamos e saímos.

Ali, no outro lado, naquele terreno mais elevado, a Jenny Peters vive sossegada, plantando seu aipim, ordena as vacas, engorda seus porcos e está satisfeita. Chegamos ao canal dos Peters, lá em baixo na água passam alguns gansos que vem do rio em direção ao pátio da Jenny, procurando o curral para passar a noite. E nós comentamos a capoeira em ambos os lados, emoldurando a rua numa extensão de uns cem metros, sem interrupção, nenhuma casa, parece que a cidade acabou aqui, mas assim não é pois mal atravessamos este trecho, estamos em frente ao alto muro da residência dos von Ockel. No lado oposto o Sr. Caetano Deeke abriu uma livraria com artigos de papelaria e escritório. Em seguida vem o depósito de sal e calcário de F. G. Busch, seguido pela casa e jardim bem cuidado do mesmo, continuando com as construções do depósito de banha e manteiga para exportação. Lá ainda estão trabalhando animadamente. Caixões e caixotes estão sento pregados, enchidos e fechados e por fim, endereçados. O Sr. Bush está aí, conferindo tudo, assobiando baixinho. Quem sabe o que estará inventando agora? Será que quer trazer a eletricidade para Blumenau? ou será que vai construir uma rede de bondes até Altona? A licença para a construção desta rede ele já adquiriu há anos, ou será que está pensando em comprar um automóvel?. Dizem que já encomendou da Alemanha e que em breve estará aqui. Será então o primeiro automóvel de Santa Catarina. Quem sabe, talvez pretende instalar uma fabrica de fósforos ou uma fabrica de gelo aqui, já falou à respeito disto com alguns amigos. Também quer dar uma olhada no projetor de filmes, talvez uma coisa boa à ser instalada aqui em Blumenau. Estes pensamentos deve passar pela sua cabeça e por isso está assobiando baixinho. Pessoa como o Fritze Busch, Blumenau precisa sempre mais, trazem o progresso e vida para esta terra, ganham e deixam os outros ganharem também.
Mas o que está acontecendo lá no outro lado, no Ernst Bernhardt? Lá estão mexendo com uns blocos esquisitos, em frente à sua casa. Porque trabalham assim ainda num sábado ao anoitecer? Aproximando-nos Ah, isto nos trouxemos lá da Armação, quando estivemos la veraneando. Isto são ossos de baleia. Lá na praia de armação antigamente tinha uma pescaria de Baleias e estes osso ainda estavam lá espalhados. Ainda tínhamos lugar no carroção de quatro cavalos (Vierspaenner), aí as trouxemos. Bonitos espinhos, estes se ficam atravessados na garganta de alguém, será o fim. Interessante, não é? Mas mudando de Assunto, hoje teremos o baile no nosso salão, todos estão convidados. Também o Werner com seus rapazes fará música com nós. Certamente vocês já ficam aqui, pois a festa será grande e começará logo ao escurecer. Não? que pena. Ao lado, o alfaiate Gruner também veio olhar os ossos de baleia e, de longe, chama sua mulher, lá da porta de casa. Ela chega e aí ficam olhando os “ossinhos” por cima dos óculos. Ernst Diehm, o seleiro também vem chegando devagar e abana para seu auxiliar Heinrich Pasold, para que também olhasse os objetos estranhos. Isto é que são ossinhos para se fazer cabresto para um bicho deste, teríamos que comprar escalas métricas mais compridas primeiro, para tirar as medidas. Também a oficina deveria ser aumentada e teríamos que adquirir um bom estoque de couro. O salão de bailes dos Benhards ainda seria pequeno para isto. O vizinho do Diehm, o Sr. Theophil Eggert, com livraria instalada, observa: Estes osso devem ser de uma espécie de baleia pequena, dos mares do sul, pois as baleias do ártico são muito maiores. Vou lhes mostrar imediatamente as diferenças na minha enciclopédia o “Grosser Mayer”, que também tenho à venda. Assim entramos na sua livraria. Tirou da prateleira o último volume daquela enciclopédia de Wa-Zz, mas já está começando a escurecer. Assim vai pegando o seu lampião de querosene e o acende para termos claridade bastante e nervosamente o Sr. Egget começa a folhear o grosso volume e nós, impacientes, nos despedimos, desculpando nossa pressa, enquanto ele coça a sua barba de bode.
Ainda enxergamos as letras brancas do letreiro: Rudolf Krause, da construção ao lado. Chegamos à esquina da estrada para a “Velha”, cuidado, aí tem fundamentos de uma casa antiga, já derrubada, com porão, que agora está sendo aproveitado para a construção de uma nova casa, mas a obra infelizmente, já está parada assim, por alguns anos, esperando o acabamento. Na esquina está, bem descontraído o Sr. Krause, que olha para o outro lado da rua onde existe a firma “Hermann Ruediger & Filhos”. Neste instante o Sr. Ruediger aparece na sua varanda, dá um aceno ao Sr. Krause e os dois encaminham de um lado à outro da rua, pra cá, pra lá, pra lá, pra cá, conversando animadamente. O Sr. Ruediger, nas horas vagas, é músico, regendo de um coro de cantores e presidente de clubes sociais onde se pratica musica de canto. Sim, caro amigo e vizinho, estou planejando um negócio de milhões e milhões, na Barra do Rio. Amanhã vou ao Dr. Manoel Barreto, o promotor e ao escrivão do Juiz da Paz, o Francisco Margarida, que também já esta interessado no assunto, para tocar o negócio adiante. Ao Margarida poderia ira ainda hoje, pois ele está em casa. Vê-se daqui a janela do seu escritório, atrás da sua casa, no jardim vizinho, lá na estrada da Velha. Mas veja, lá do outro lado está chegando da sua casa o Barreto, se os dois ainda tem a conversar muito hoje, aí, desisto da minha visita ao Margarida. Vamos deixar para amanhã. Mas, vizinho, como vai o clube “Harmonie”? Muito canto e exercitando muito? Ah, sim, vizinho Krause, estamos treinando muito com canto e peça teatral. O Chico Franz Lungershausen já reservou o seu salão e palco lá na Sociedade dos Atiradores, para nós, Um dos papéis principais na peça está reservado ao senhor, esperamos que o aceite, caro vizinho Krause. Conto com a sua amizade por min. Ainda não terminei de transcrever todos os papéis individualmente e também ainda não copiei as notas, mas, mesmo assim, já teremos o primeiro ensaio hoje à noite, espero você também, muito obrigado, e até a noite.
Do centro ainda está chegando alguém. Não dá para reconhecer a pessoa, devido a escuridão, mas com o guarda-chuva que sempre carrega, o chapéu preto de abas largas na cabeça e a barba cheia e branca e sua capa preta, não podemos errar, é o engenheiro Heinrich. Krohberger, construtor e responsável por todas as construções e edifícios públicos e igrejas da cidade. Ele vai lá no outro lado do Ruediger, atravessando o pasto para a sua casa, perto do barranco do ribeirão da Velha, um pouco recuada. À esquerda, sai da sua casa o consertador de guarda-chuvas, Sr. Max Creutz, tranca a mesma e sai apressado com passo de ginasta, calça branca e paletó escuro, em direção ao centro. As pernas da calça, viradas um pouco para fora, ainda se vê branquinhas no escurecer.

Na casa da viúva Hosang já tem luz de lamparina. Vê-se a Frau Hosang e sua irmã solteirona, já avançadas de idade, tricotando, provavelmente um par de meias para o filho e sobrinho Franz, para se esquentar no inverno.
Agora, descendo o declive, chegamos à ponte do ribeirão da Velha. O corrimão, já oscilante devido à velhice e sem manutenção, não inspira confiança. Algum animal se refugia na água com a nossa chegada. Na casa de Otto Desstamm, no morro do lado esquerdo atrás da ponte, também já tem luz. Provavelmente estará escrevendo algo para a “Blumenauer Zeitung”que publica os seus artigos. Mutter Pauli, do outro lado está subindo a escada que dá acesso à sua casa. A sua filha Luise ilumina a escada com uma lanterna, para facilitar a subida.
Tiramos as botinas e as meias dos pés, arregaçamos as calças e pés no chão, como de costume, pois o centro da cidade ficou para trás e a rua agora continua bastante esburacada, esclarecida ainda por macadame já quase desaparecido e malcuidado. Para chegar em casa ainda teremos que andar um bom tempo.
Mas valeu. Estivemos novamente no centro desta simpática cidadezinha que é Blumenau, falamos com sua gente, vimos a chegada de novos alemães aos quais demos as nossas boas vindas aqui nesta terra abençoada que doravante será a sua nova pátria, para a qual trabalharão, trazendo mais progresso e bem-estar, com os pés no chão, calça arregaçadas e os sapatos pendurados nos ombros como nós, neste momento, com destino ainda incerto, mas provavelmente risonho, quando a nova casa estiver levantada, que irão construir com capricho e que será cercada por um pasto com gado e uma rocinha bem cuidada, onde o aipim, o milho, a cana-de-açúcar e o feijão, a batata, o arroz e também o tabaco, serão colhidos em abundância e o sustento da família estará assegurado.
Também o pomar de laranjas, tangerinas, ameixas, abacates, mamães, caquis, goiabas etc. ajudarão a manutenção divertidíssima do paladar. O ribeirão ou rio sempre tem peixes gostosos, a caça ainda é abundante e variada, o jardim, com hortaliças e legumes os mais diversos e os bailes aos sábados e as festas de Tiro ao Rei, para se divertirem e não devemos esquecer do jogo de cartas onde se reúnem os vizinhos nas suas casas.
Com tempo disponível, poderíamos ter adentrado ao “Affenwinkel”, aos velhos Dittrich já tempo, estamos devendo uma visita. Também o Budag teria nos recebido com alegria e conversado um pouco. E a boa Frau Lallenant teríamos dito um bom dia.
No Garcia teríamos parado no Siebert. O engenheiro Emil Odebrecht teria nos esclarecido algumas dúvidas sobre terras da colônia. Ehrat e Pamplona poderíamos ter cumprimentado e lá no outro lado do ribeirão, lá no Huscher teríamos examinado alguns couros e peles de animais selvagens poderíamos ter oferecido. Lontras, gato-do-mato, tamanduás, uma pele bonita de onça pintada também tenho, que eu mesmo matei, com tiro certeiro, pois estava matando nossos bezerros e porquinhos. O fabricante de carroças, Sr. Paul Herbst, teria comprado o nosso feijão Urucurana, do qual é freguês. Bem ainda não é o fim do mundo, teremos tempo numa próxima chegada à Blumenau.
Mas, aonde estamos? Chegamos ao latoeiro Weise e ao lado seu irmão o charuteiro. A lua, neste momento, aparece de trás do Morro do Tucano e clareira a rua. Agora dá para ver melhor, pois quase esbarrei num cavalo que se espreguiçava no leito da estrada, provavelmente pertence ao carroceiro Quest, aqui do lado do morro à direita. No lado esquerdo passamos por Mathes e no direito por Ferdinand Ruediger, subindo para o fabricante de Vinagre Rischbieter, mais para cima, à esquerda, temos a cervejaria de Hosang e Schossland à direita, na subida, a oficina de carroças de bens e ao lado, Charles Labes.
Escutamos atrás de nós o barulho da chegada de um charrete e uma voz grossa e cheia cantando uma canção popular religiosa em alemão. Já sabe que está para nos alcançar : O pastor Hermann Faulhaber em alemão. Amanhã cedo, certamente terá que administrar a missa lá na Itoupava Norte ou Badenfurth e assim, já vai hoje, pois antes da missa, deve dar aulas de religião aos confirmandos e batizar algumas crianças. Naquela região também tinha um óbito uns dias atrás, mas o enterro foi executado pelo professor da escola, mas o pastor deverá recolher os dados pessoais que serão registrados nos livros da igreja.
Ainda antes dos Gaulke, à esquerda, ele nos alcançou com a charrete. Ele pára, deve ter nos reconhecido no escuro, pois cumprimento-nos pelo nome: Ainda tão tarde indo para casa? Subam, sempre temos lugar, mal viajado é bem melhor que bem andado, mesmo não sendo o pastor, ele comenta, rindo. Aceitamos a carona.

Na estrada do ribeirão Jararaca (Scharakenbach) ele começa novamente o seu canto alto, que se escuta lá no alto nos Bottcher, Probst e August Werner. Provavelmente o pedreiro Ratzlaff, bem em cima do morro, naquela esquina esquerda, também deverá escutar a canção. E nós o acompanhamos no canto. Passando a casa do professor Haertel, já cantamos a terceira estrofe. Este abre a janela, cumprimenta-nos, pois é organista da igreja de Blumenau e sabe quem está passando na rua cantando assim.
Lá no padeiro Paul Lang sai fumaça da chaminé. O bom homem já está aprontando os pãezinhos que os blumenauenses também exigem fresquinhos mesmo aos domingos, isto ele sabe muito bem.

Passamos pela cervejaria do Rischbieter e ao jardim bem cuidado da família Lorenz e estamos nos aproximando do bairro Altona. Convém examinar este bairro de dia, com calma. Otto Jennrich com seu museu Natural e Cultura (foto), cheio de bichos empalhados como macacos, quatís, jaguatirícas, gambás, mão pelados, graxaíns e muitos pássaros regionais, lá estão para serem apreciados e estudados, para conhecimento geral e principalmente dos blumenauenses, e ainda cuida da sua fábrica de cerveja.

A cancha de bolão da Sociedade Teotônia dizem, é excelente, conforme a opinião dos seus associados altonenses como Grahl , Auerbach, Marx, Morauer, Persuhn, Thoedor Lueders, Liesenberg, Parucker, Specht, Galluff, Boettcher, Luiz Abry, Peter Christian Feddersen, August Franke e outros, todos exaltam sua “Teotônia” acima de tudo, bem, deixamos eles, cada um na sua... O senhor Pastor deve ter pensado assim, pois quando passamos por Galluff e Specht, olha para trás e fala: Este pessoal da Altona em breve não mais se distingue dos blumenauenses, pois quando a estrada for aberta definitivamente até o Schnecknberg (Morro do Caracol) , casa por casa, passando por Spernau e mais adiante ainda, ali, haverá somente uma Blumenau, grande e forte. Este tempo chegará, podem ficar certo disso. E o senhor pastor deve saber disso, se ele agora fala assim, pois com o atual progresso e o espírito de iniciativa do blumenauenses, como será o grande futuro desta cidade!

Viva Blumenau, resultado dos incansáveis imigrantes, dirigidos pelo seu fundador de ampla visão, honrado, idolatrado e querido: DOUTOR HERMANN BRUNO OTTO BLUMENAU.
Este “Passeio pela rua principal de Blumenau” foi escrito como se o passeio fosse feito no plural. Também não foi escrito por um certo personagem, foi escrito como se fosse uma pessoa qualquer, que adora Blumenau, e os blumenauenses de corpo e alma.
Lá, por 1900, ainda rapaz, com os olhos bem abertos, atravessou a cidade à caminho da “Neue Schule”, na rua das palmeiras, ou para escola pública dirigida pelo professor Saxis, lá onde hoje se localiza o Hospital Santa Catarina, na entrada do Garcia, E se agora já envelhecido, recorda e relembra a sua juventude e tem coragem para escrever sobre os tempos passados, tudo parece estar aí, na sua presença.
Na cama, por motivos de saúde, a máquina de escrever sobre os joelhos, sonhando com os olhos abertos, os velhos blumenauenses passam devagar, cada um na sua característica. O velho blumenauense que lê estas linhas, certamente também sonhará e recordará estes tempos. O jovem leitor este certamente não nos compreenderá ou estudará estas linhas interessadamente, tentando descobrir algo sobre a sua origem.

O velho e torto Karussel-Jahn e o Stiefel-August vem ao nosso encontro, mas nós vamos adiante neste nosso passeio pela rua principal de Blumenau. Não existe aí nenhuma buzina de automóvel, nem apito de trem. Uma vez ou outra um cavalo relincha ou se escuta lá do rio o tuuut, tuut dos barcos à vapor “Blumenau” e o “Progresso” e do rebocador das lanchas “Jahn”. São estes os barulhos que para cá trazem o progresso do mundo exterior. Mas para o interior, à oeste de Blumenau, escuta-se o estalo do chicote que acompanha os carroções puxados por duplas de cavalos fortes que levam para lá e para cá os bens de consumo e trazem de volta os produtos agrícolas e pastoris para sustendo da cidade e também para a exportação. São o elo que liga a civilização e cultura da cidade ao interior onde são levados e labutam os alemães, italianos e poloneses,
Nós continuamos passeando, olhando e observando tudo atentamente, o constante movimento e a evolução pela principal rua e, cuidado!: Quase fomos atropelados por uma bicicleta.
Indaial/Blumenau, maio de 1950
OTTO STANGE
(Traduzido do original alemão para o português pelo filho Erich Stange, em julho de 1994)
Texto enviado por Fernando Pasold. Arquivo de Adalberto Day

segunda-feira, 3 de maio de 2010

- TVL - TV Legislativa de Blumenau 10 anos

Depoimento do Jornalista e escritor Carlos Braga Mueller em sua participação nos 10 anos da TVL.- TV Legislativa de Blumenau. Instituída a TV Legislativa em Blumenau no dia 1º de fevereiro de 2000, iniciando suas atividades no dia 15 de fevereiro
Em 1995 foi criada, por lei, a figura da TV Legislativa no Brasil, com a finalidade de ser inserida no sistema de TV a Cabo.

No ano de 2000, por iniciativa do então presidente da Câmara Municipal de Blumenau, vereador Deusdith de Souza, foi criada a TVL - TV Legislativa, para transmitir as sessões do poder legislativo blumenauense.
A grade inicial da programação previa, além das sessões da Câmara, a edição diária de um noticioso, e também um programa semanal intitulado "Fala o Presidente", uma conversa com o presidente da Casa.
Com este espírito de informar a comunidade, começou a ser montada a estrutura para viabilizar a TVL de Blumenau.
Para comandar os trabalhos, foi contratado Antônio Amaro de Souza, o Tico, um profissional com vasta experiência na área, com passagens pela antiga TV Coligadas e pela RBS TV.
Foram me buscar para apresentar o noticiário, o TVL Notícias, até hoje no ar.

Como repórteres vieram o Fabrício Wolff, o Marcos Jana e a Cristiane Shoette..
Na busca para se encontrar um estúdio e equipamentos de transmissão mais em conta, a FURB TV venceu a licitação.
E no dia 15 de fevereiro de 2000 foi ao ar a primeira transmissão da TVL de Blumenau, que podia ser captada pelos assinantes da BTV, televisão a cabo.
Eu redigia e apresentava o TVL Notícias e tive uma grande emoção ao anunciar:

"A partir de agora está no ar a TVL, a TV Legislativa de Blumenau !"

O noticiário compunha-se de notícias curtas do que acontecia nas reuniões da Câmara, entremeadas com reportagens focando assuntos levantados pelos vereadores no plenário do legislativo.
Uma das características com que eu finalizava o noticiário era o "Você sabia ?", momento no qual eu sempre informava alguma coisa interessante sobre as atividades do s vereadores ou do poder.legislativo. Uma criação minha, que permaneceu muito tempo no ar, mesmo depois de eu ter deixado de apresentar o noticiário, no final do ano 2000.
No início do ano 2001, com a eleição e posse de uma nova mesa diretora no legislativo, foram feitos alguns remanejamentos.
Assumiu, então, o TVL Notícias o excelente Rodolfo Sestrem.
Para comprovar o pioneirismo da TVL de Blumenau, faço aqui um depoimento importante em relação à TVL da Assembléia Legislativa de Santa Catarina.
Foi um grande orgulho para aquela primeira equipe da TVL Blumenau receber, em meados de 2000, a visita de profissionais da comunicação lotados na Assembléia Legislativa, em Florianópolis, que vieram conhecer o nosso trabalho para implantar a TVL de lá, compartilhando, inclusive, o mesmo canal. Por lei, o canal que a TV a cabo reserva para o poder legislativo deve ser compartilhado pelas Assembléias Estaduais e Câmaras Municipais.
Um fato curioso: quando a Câmara Municipal solicitou à BTV um canal para a TVL, foi concedido o número 64 ou coisa parecida. O Tico ficou bravo, porque era um canal de difícil acesso. Até que resolveram liberar nº 19, onde está até hoje.

Na NET a TVL é sintonizada nº 16.
Depois dos primeiros anos, quando os programas eram gravados na TV da FURB
(hoje FURB TV), a Câmara Municipal passou a utilizar um espaço no auditório do plenário da Câmara Municipal, onde foi construído um mezanino para abrigar o estúdio e as instalações da TVL.
Em fevereiro deste ano de 2010 a TVL completou seus 10 anos de existência. Para marcar a data, foi produzido um programa especial, ouvindo depoimentos de profissionais da comunicação que passaram por ali durante este tempo, como Napoleão Bernardes, Joelson dos Santos, Ana Paula Huschel, Alexandre Pereira.
O que não se pode negar é que o pioneirismo da TVL de Blumenau veio juntar-se a outros fatos marcantes na história das comunicações de Blumenau, como a primeira emissora de rádio de Santa Catarina (PRC-4 Rádio Clube, nos anos 30); TV Coligadas de SC (a primeira televisão do Estado, em 1969), o primeiro jornal off-set (Jornal de Santa Catarina, 1971).
Carlos Braga Mueller/Jornalista e escritor em Blumenau
Arquivo TV- Legislativa e Adalberto Day/Colaboração Antônio Amaro de Souza / Tico