Niels e Adalberto
Depoimento
(2010) do memorialista e amigo Niels Deeke ((Nascido 20/agosto/1937
faleceu em 16/novembro/2013 aos 76 anos) – Filho
de Hercílio Deeke, prefeito em Blumenau gestões - 1951/1955 e 1961/1966 - e esposa Joana Jensen Deeke (falecida em 15/09/2020 aos
74 anos).Pois
é Adalberto.... com o teu precioso Blog, consegues trazer à baila questões históricas as vezes mal
compreendidas pelos blumenauenses, e, ainda menos entendidas por alguns ¨aves
de arribação¨ - os que para cá transmigraram na esperança de aqui encontrarem o
¨Eldorado¨ de suas existências.
Tenho
para mim que um dos requisitos basilares para a profunda compreensão
das antecedências históricas e o correto entendimento da plena
contextura de uma específica região, importa na observação coeva (temporânea) aos episódios determinantes da construção
dos fatos, motivos que os provocaram e consequências. Ressalvadas, por
evidente, interpretações canhestras, capciosas ou aleivosas, as quais,
infelizmente, ocorrem aos borbotões. A evidência do que afirmo pode ser
comprovada como verdadeira, quando. um pesquisador que se preze, ao visar
o relato um acontecimento histórico do qual não foi coparticipe,
recorre aos préstimos de alguma ¨ testemunha ocular¨ do fato, ou de fonte
insofismavelmente fidedigna.
História
não se faz, não se cria, consigna-se o fato.
Bem....
na questão de confrontações territoriais, é necessário primeiro definir a
correta acepção dos termos, conforme. a seguir:
Limite é o termo que define a separação entre
os municípios
Divisa : serve para define a separação
entre dois estados federados.
Fronteira : estabelece
a separação Países ( soberanos).
A
questão dos limites intermunicipais de Blumenau não é simples de relatar,
comentá-los implicaria em longo trabalho, com mais de mil páginas, mesmo que
seja condensado o assunto.
Houve,
e suponho que ainda há, no anedotário popular diversos ¨contos
folclóricos¨ mencionando as infinitas esdrúxulas maneiras de como estabeleceram
nossos limites em Blumenau. Verdadeiras piadas que fariam desabar de riso o
mais sisudo ouvinte ou leitor.
Foto divulgação
Quanto ao Morro do Cachorro, tal denominação oficial como topônimo
não foi aceita pelo IBGE, quando procederam o registro dos limites do
Município. Não me recordo o ano em que tal aconteceu, porém lembro-me muito bem
de ter discutido com meu saudoso Pai – o velho Hercílio Deeke, também, este
assunto da não aceitação da denominação Morro do Cachorro pelo IBGE, isto pelo
menos até os anos 1955 e depois em 1960/61 a situação perdurou e não imagino se
persiste ainda hoje.
Para
fins estatísticos o promontório era então dito MORRO CAROLINA , -
Morro do Cachorro era denominação popular, e
tida pelo IBGE ,como também pelos
geógrafos barnabés, como ¨jocosa¨
.
Ciente
estou de que na atualidade o Morro Carolina é designativo de uma elevação
mediana existente ao sopé do dito Morro do Cachorro, elevação que é atravessada
pela ¨Estrada Carolina, esta estrada municipal que ao atingir
a elevação máxima, passa a percorrer território do município de Gaspar.
Conheci razoavelmente e região, porquanto o avô de minha mulher, FRITZ PASOLD (-I –F1N1: Fritz Pasold,
nascido em 07/5/1886. e falecido em 19/12/1944 em Itoupava Central. Foi
agricultor e pecuarista em Morro Carolina. Casado com Frieda Beck nascida a
01/01/1890 e falecida a 04/6/1931) foi o morador no ponto culminante no
Morro Carolina, e a parte leste de seu terreno, integrou o posterior
emancipado município de Gaspar. Era, porém, como dito, um Morro geminado
ao do Cachorro, e existente em seu sopé, melhor dizendo um estágio (degrau) do
Morro do Cachorro.
Ademais
todo o frontal sul, oeste e noroeste e o platô do cume do Morro do Cachorro foi
até 1972, propriedade particular escriturada de meu sogro Wolfgang Jensen. A antiga
TV Coligadas que no topo do Morro do Cachorro instalou suas antenas e repetidoras,
ainda em 1972 ou 73, agraciou meu sogro pela cessão do terreno com concorrida
churrascada – mais de 400 comensais deslocaram-se até lá.
As
ádvenas arribadas na nossa querida Blumenau e que hoje (2010) pontificam como
saberetes de ideologias, conspurcando nosso Templo da Saber - A Furb - deveriam
registrar a iconoclastia praticada por alguns políticos - aqui mandatários –
mas forasteiros provenientes de outras plagas - que de Blumenau entendiam
bulhufas,–valha-me Deus........por tanta inépcia........
Estrada
Carolina : O
nome desta estrada foi na década de 1970 cancelado, passando aquela antiga
via a ser denominada “rua Wilhlem Knaesel” -Cep.89.063-180, com início
á rua Gustavo Zimmernann nº 7.731.Certamente a substituição teve motivação
política, quando o burgomestre desejou
cativar prosélitos na família do
novo homenageado. Na década de 1980/90 a denominação “Estrada
Carolina” ressurge, popularmente, para os lados do Belchior, já no município de
Gaspar, como designação para o acesso, via Fidelis, alcançando as cascatas naturais
e “campings” de lazer dentre os
quais um foi denominado “Cascata Carolina”, que homenageia, evocando, Carolina
Kay Jensen, esposa do pioneiro fundador da Cia. Jensen Agricultura Ind. e
Com :LR II F 1
: RUDOLF WILHELM HARRO JENS JENSEN,
(LR II.F1) nascido a 22/6/1846
(Domingo), em Woehrden ( no continente fronteiro à ilha de Pellworm),
Süderdithmarschen, Schleswig –Holstein setentrional, Frísia do Norte,”
Nordfriesland”, a sudoeste da Dinamarca
e falecido, aos 53 anos incompletos, a 23.3.1899 em Itoupava Central, Blumenau.
Sintetizando:
Morro do Cachorro – como denominação oficial do topônimo não existia,
mas sim o Morro Carolina, com elevação de 857 m de altitude.
Em
todos os seus Relatórios dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau,
referentes aos diversos exercícios em que esteve à testa da Municipalidade,
Hercílio Deeke, sempre registrou as seguintes
Limites para o Município
de Blumenau :
I – Com o Município de Massaranduba:
Começa no ponto em que o divisor de águas entre os rio Putanga e Jaraguá
encontra a linha que une as cabeceiras dos rios Aurora e Itoupava-Rega ;
continua pelo divisor das águas dos rios Itoupava-Rega e Humberto até a
nascente do ribeirão Treze de Maio ; por este abaixo até a sua foz no rio Massaranduba ;daí por uma linha seca até a nascente do 3º Braço, afluente do Braço
do Oeste; continua pelo divisor de águas da Carolina.
II - Com o Município de
Gaspar : Começa no ponto mais alto do
Morro Carolina; segue pelo divisor de águas entre os afluentes dos rios
Itoupava e Luis Alves e pelo que fica
entre os rios Fortaleza e Belchior até o seu extremo sul; desse ponto, segue por
uma linha seca até a foz do ribeirão
Elesbão. Por este acima, até a sua nascente; daí, continua pelo divisor de
águas entre os afluentes dos rios Garcia
e Gaspar Grande, até encontrar o divisor de aguas entre os afluentes dos
rios Itajaí Açu e Itajaí Mirim, conhecido pelo nome de Serra do Itajaí.
III- Com o Município de Indaial :
...........
IV – Com o Município de Pomerode:.....................
Se
agora os apedeutas interpretam MORRO DA CAROLINA como sendo outro que NÃO o
MORRO DO CACHORRO, é problema dos que desconhecem os fatos.
Enfim
o atual Morro do Cachorro está entranhado com cerca de mais 50% de seu
território no município de Blumenau. Todo o visual que tem do Morro, com Ponto
de Fuga a partir do centro de Blumenau, da Itoupava-Seca ou da
Itoupava-Central, pertence a Blumenau.
Muito
mais, aliás imensamente mais eu teria para comentar, mas creio ter satisfeito
algo da indagação.
Cá
estanco para não esbordar – limites, divisas ou fronteiras do razoável.
Com
forte abraço,
Niels
----------------
Fim
da msg.
Para
saber sobre Niels Deeke Acesse:
https://adalbertoday.blogspot.com/2011/01/o-dia-em-que-visitamos-o-dr-niels-deeke.html