sexta-feira, 1 de outubro de 2021

- Morro do Cachorro

Niels e Adalberto
Depoimento (2010) do memorialista e amigo Niels Deeke ((Nascido 20/agosto/1937 faleceu em 16/novembro/2013 aos 76 anos– Filho de Hercílio Deeke, prefeito em Blumenau gestões - 1951/1955 e 1961/1966 - e  esposa Joana Jensen Deeke (falecida em 15/09/2020 aos 74 anos).
Pois é Adalberto.... com o teu precioso Blog, consegues trazer à baila questões históricas as vezes mal compreendidas pelos blumenauenses, e, ainda menos entendidas por alguns ¨aves de arribação¨ - os que para cá transmigraram na esperança de aqui encontrarem o ¨Eldorado¨ de suas existências.

Tenho para mim que um dos requisitos basilares para a profunda compreensão das antecedências históricas e o correto entendimento da plena contextura de uma específica região, importa na observação coeva (temporânea) aos episódios determinantes da construção dos fatos, motivos que os provocaram e consequências. Ressalvadas, por evidente, interpretações canhestras, capciosas ou aleivosas, as quais, infelizmente, ocorrem aos borbotões. A evidência do que afirmo pode ser comprovada como verdadeira, quando. um pesquisador que se preze, ao visar o relato um acontecimento histórico do qual não foi coparticipe, recorre aos préstimos de alguma ¨ testemunha ocular¨ do fato, ou de fonte insofismavelmente fidedigna.

História não se faz, não se cria, consigna-se o fato.   

Bem.... na questão de confrontações territoriais, é necessário primeiro definir a correta acepção dos termos, conforme. a seguir:

Limite é o termo que define a separação entre os municípios

Divisa :  serve para define a separação entre dois estados federados.

Fronteira :  estabelece a separação Países  ( soberanos).

A questão dos limites intermunicipais de Blumenau não é simples de relatar, comentá-los implicaria em longo trabalho, com mais de mil páginas, mesmo que seja condensado o assunto.

Houve, e suponho que ainda há, no anedotário popular diversos ¨contos folclóricos¨ mencionando as infinitas esdrúxulas maneiras de como estabeleceram nossos limites em Blumenau. Verdadeiras piadas que fariam desabar de riso o mais sisudo ouvinte ou leitor.

Foto divulgação
Quanto ao Morro do Cachorro, tal denominação oficial como topônimo não foi aceita pelo IBGE, quando procederam o registro dos limites do Município. Não me recordo o ano em que tal aconteceu, porém lembro-me muito bem de ter discutido com meu saudoso Pai – o velho Hercílio Deeke, também, este assunto da não aceitação da denominação Morro do Cachorro pelo IBGE, isto pelo menos até os anos 1955 e depois em 1960/61 a situação perdurou e não imagino se persiste ainda hoje.

Para fins estatísticos o promontório era então dito MORRO CAROLINA , - Morro do Cachorro era denominação popular, e  tida pelo IBGE ,como também  pelos geógrafos  barnabés, como  ¨jocosa¨ .

Ciente estou de que na atualidade o Morro Carolina é designativo de uma elevação mediana existente ao sopé do dito Morro do Cachorro, elevação que é atravessada pela ¨Estrada Carolina, esta estrada municipal que   ao atingir a elevação máxima, passa a percorrer território do município de Gaspar. Conheci razoavelmente e região, porquanto o avô de minha mulher, FRITZ PASOLD (-I –F1N1: Fritz Pasold, nascido em 07/5/1886. e falecido em 19/12/1944 em Itoupava Central. Foi agricultor e pecuarista em Morro Carolina. Casado com Frieda Beck nascida a 01/01/1890 e falecida a 04/6/1931) foi o morador no ponto culminante no Morro Carolina, e a parte leste de seu terreno, integrou o posterior emancipado município de Gaspar.  Era, porém, como dito, um Morro geminado ao do Cachorro, e existente em seu sopé, melhor dizendo um estágio (degrau) do Morro do   Cachorro.

Ademais todo o frontal sul, oeste e noroeste e o platô do cume do Morro do Cachorro foi até 1972, propriedade particular escriturada de meu sogro Wolfgang Jensen. A antiga TV Coligadas que no topo do Morro do Cachorro instalou suas antenas e repetidoras, ainda em 1972 ou 73, agraciou meu sogro pela cessão do terreno com concorrida churrascada – mais de 400 comensais deslocaram-se até lá.

As ádvenas arribadas na nossa querida Blumenau e que hoje (2010) pontificam como saberetes de ideologias, conspurcando nosso Templo da Saber - A Furb - deveriam registrar a iconoclastia praticada por alguns políticos - aqui mandatários – mas forasteiros provenientes de outras plagas - que de Blumenau entendiam bulhufas,–valha-me Deus........por tanta inépcia........

Estrada Carolina  :  O nome desta estrada foi na década de 1970 cancelado, passando aquela antiga via a ser denominada  “rua  Wilhlem Knaesel” -Cep.89.063-180, com início á rua Gustavo Zimmernann nº 7.731.Certamente a substituição teve motivação política, quando o burgomestre desejou  cativar prosélitos  na  família do  novo homenageado. Na década de 1980/90 a denominação “Estrada Carolina”  ressurge, popularmente,  para os lados do Belchior, já no município de Gaspar, como designação para o acesso, via Fidelis,  alcançando as cascatas  naturais  e “campings” de lazer  dentre os quais um foi denominado “Cascata Carolina”, que homenageia, evocando,  Carolina Kay Jensen, esposa do pioneiro fundador da Cia. Jensen Agricultura Ind. e Com  :LR II F 1 :   RUDOLF WILHELM HARRO JENS JENSEN, (LR II.F1) nascido a 22/6/1846  (Domingo), em Woehrden ( no continente fronteiro à ilha de Pellworm), Süderdithmarschen, Schleswig –Holstein setentrional, Frísia do Norte,” Nordfriesland”,  a sudoeste da Dinamarca e falecido, aos 53 anos incompletos, a 23.3.1899 em Itoupava Central, Blumenau.

Sintetizando: Morro do Cachorro – como denominação oficial do topônimo não existia, mas sim o Morro Carolina, com elevação de 857 m de altitude.

Em todos os seus Relatórios dos Negócios Administrativos do Município de Blumenau, referentes aos diversos exercícios em que esteve à testa da Municipalidade, Hercílio Deeke, sempre registrou as seguintes

Limites para o Município de Blumenau :

I – Com o Município de Massaranduba: Começa no ponto em que o divisor de águas entre os rio Putanga e Jaraguá encontra a linha que une as cabeceiras dos rios Aurora e Itoupava-Rega ; continua pelo divisor das águas dos rios Itoupava-Rega e Humberto até a nascente do ribeirão Treze de Maio ; por este abaixo  até a sua foz no rio Massaranduba  ;daí por uma linha seca  até a nascente do 3º Braço, afluente do Braço do Oeste; continua pelo divisor de águas da Carolina.  

II - Com o Município de Gaspar :  Começa no ponto mais alto do Morro Carolina; segue pelo divisor de águas entre os afluentes dos rios Itoupava e  Luis Alves e pelo que fica entre os rios Fortaleza  e Belchior  até o seu extremo sul; desse ponto, segue por uma linha seca  até a foz do ribeirão Elesbão. Por este acima, até a sua nascente; daí, continua pelo divisor de águas entre os afluentes dos rios Garcia  e Gaspar Grande, até encontrar o divisor de aguas entre os afluentes dos rios Itajaí Açu e Itajaí Mirim, conhecido pelo nome de Serra do Itajaí. 

III- Com o Município de Indaial  :  ........... 

IV – Com o Município de Pomerode:.....................

Se agora os apedeutas interpretam MORRO DA CAROLINA como sendo outro que NÃO o MORRO DO CACHORRO, é problema dos que desconhecem os fatos.

Enfim o atual Morro do Cachorro está entranhado com cerca de mais 50% de seu território no município de Blumenau. Todo o visual que tem do Morro, com Ponto de Fuga a partir do centro de Blumenau, da Itoupava-Seca ou da Itoupava-Central, pertence a Blumenau.

Muito mais, aliás imensamente mais eu teria para comentar, mas creio ter satisfeito algo da indagação.

Cá estanco para não esbordar – limites, divisas ou fronteiras do razoável.

Com forte abraço,

Niels

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Fim da msg.

Para saber sobre Niels Deeke Acesse:

https://adalbertoday.blogspot.com/2011/01/o-dia-em-que-visitamos-o-dr-niels-deeke.html

 

14 comentários:

  1. BOM DIA QUERIDO AMIGO! Sensacional os relatos do Sr Niels Deeke. Relatos esses que só vem acrescentar conhecimento. Eu particularmente só conhecia o morro do cachorro como o morro da ante da emissora de TV rs. E a estra Carolina só a parte q compete á Luiz Alves. Apesar de ter que recorrer ao GOOGLE por palavras difíceis citadas kkkkkk, só tenho a dizer que isso é história e fonte de aprendizado. Quanto ao Dr Niels Deeke Trabalhei com ele na antiga Saturno e posteriormente foi meu cliente na loja Arapuã. Pessoa sensacional dentro de si uma alma simples e de bom coração. Abraço meu amigo e obrigado sempre!

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  2. Osni W Melin
    Em 1968 estive no morro do cachorro pelo 23 R.I. Na época estavam instalando a antena da TV Coligadas de Blumenau. Abraço.

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  3. Marli Bauer Marco
    Dr.Niels Deeke pessoa incrível, foi diretor da Fábrica de Chocolates Saturno,fui secretária dele,mais tarde talvez uns dois ou três anos antes de seu falecimento,ainda fui vê-lo na sua casa,pessoa que guardo com muito carinho em meu coração.

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  4. Doroty Adam Bussmann
    Ca-ram-ba, que aula!!!!!!!!!!!!!!!!! Sensacional!!!!!!!!!!!!

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  5. Sueli Mesquita
    Foi meu Amigo de infância e adolescência... fui ao passado...com situações inusitadas...

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  6. Elisete Maria
    Tive um convívio com Dr.Niels Deeke no período nós CORREIOS Com FILATELIA.
    Uma Pessoa Maravilha, Inteligente, amava Filatelia é Numismática.
    Aprendi muito com o Saudoso Dr.
    GRATIDÃO SEMPRE....

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  7. Eliane Feldmann
    Trabalhei com Niels Deeke durante 6 anos quando ele era diretor da Chocolates Saturno. Pessoa espetacular

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  8. Adalberto Caram Lima
    Tive algum contato com ele, realmente muito afável. Era casado com Joana Jensen sim ,só não sabia que também já faleceu. Uma pergunta ele era irmão da Vera Deeke?

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  9. Estimado Adalberto, muito obrigado por compartilhar o precioso relato do Dr. Niels Deeke. Como bem relatou o Serginho, nem sempre era fácil acompanhá-lo, dado o padrão de formação que recebeu. Conhecê-lo e ser merecedor de sua amizade me foi um grande privilégio. Ao Adalberto Caram Lima informo que era, sim, irmão de Vera Deeke. Grande abraço!

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  10. Vilma Mendes
    Ele era fantástico, sempre com muita sabedoria, falava umas palavras em português que eu desconhecia, depois explicava o significado, andava sempre as pressas, eu o atendia quando trabalhava no banco. Grande ser humano.

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  11. Edmundo Edi
    Muito bom amigo Adalberto, graças à vc. São relembrados os tempos que muitos não conviveram a história do passado.

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  12. Flavio De Almeida Coelho
    Certa ocasião , Niels teve a gentileza de me encaminhar resultado de pesquisa sobre minha família , interessante foi saber que meu avô Manoel Jorge de Almeida Coelho liderou a instalação da Cruz no “ Morro da Cruz” em Florianópolis nos idos de 1870

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  13. Meu caro Adalberto!! Mais uma linda história, mesmo porque além de história é de fato uma aula. Todavia, uns entendem outros nem tanto, logo, se perguntarmos a maioria dos cidadãos blumenauenses onde fica o morro da Carolina e ou a estrada da Carolina ninguém vai sabe, salvo consultar o tio GOOGLE ,e mesmo assim não vai aparecer este relatos. Parabéns pela linda história.

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  14. Então... somente eu sei a localização da maior rocha retirada do cume do Morro do Cachorro pelo Sr Wolfgang Jensen como uma pequena lembrança da sua ex-propriedade na época.

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