quinta-feira, 27 de maio de 2021

- A História do Rio Itajaí-Açu

A história do Rio Itajaí-Açu

 A maior bacia hidrográfica de Santa Catarina
O nome "Itajaí-Açu" é de origem tupi e foi adotado pelos índios que ocuparam a Praia de Cabeçudas, no município de Itajaí, estando ligado à formação de pedra conhecida atualmente como Bico do Papagaio. Na sua forma original, esta formação assemelhava-se à cabeça de uma ave, o jaó. Por este motivo, a palavra Itajaí-Açú significa: ita = pedra; jaí = o pássaro, a ave; açu = grande . Ou seja: rio grande do jaó de pedra.
Alternativamente, o nome "Itajaí-Açu" pode significar "grande rio repleto de pedras", através da junção dos termos tupis itá ("pedra"), îá ("repleção"), 'y("rio") e gûasu (" grande").[1]
São 53 municípios do Vale do Itajaí, Norte e Grande Florianópolis
Da rocha de onde brota em três nascentes de água cristalina, descendo em corredeira para se encontrar com outros rios e ribeirões e encorpando-se até formar um gigante, o rio Itajaí-Açu desperta nas pessoas encanto e medo. 

Em toda a sua longa e sinuosa caminhada, o rio carrega muitas histórias. Histórias de gente que veio navegando em barco improvisado de muito longe e, há muito tempo, para desbravar e povoar o Vale do Itajaí, numa mistura de povos, hábitos e costumes que influenciaram a formação de uma identidade cultural própria. 

História de gente que nasceu à beira do rio, banhou-se em suas águas, constituiu família e de perto do majestoso nunca arredou pé. Gente que viu o Itajaí-Açu se transformar e transformar a paisagem do Vale. Gente que viu o rio ser manchado de tinta, carregar lixo doméstico, engolir suas próprias margens, arrancar árvores, invadir lavouras, ruas, casas, indústrias e comércios. Gente que viu o Itajaí-Açu interromper vidas e sonhos. 

Gente que ergueu prósperos empreendimentos às margens do rio ou simplesmente usou das suas águas para fertilizar o solo. Hoje, são cerca de 1 milhão de pessoas (20% da população catarinense) vivendo na maior bacia hidrográfica de Santa Catarina, com 15 mil km². Mas, afinal, qual o limite dessa bacia? A pergunta é oportuna, pois o mundo também discute, com mais ênfase, soluções para a escassez de água, que ocorre em algumas regiões do Planeta e agora no Sudeste do Brasil. 

O Jornal Metas mergulhou na Bacia do Itajaí e dela emergiu com bons exemplos, projetos e avanços tecnológicos que podem garantir a preservação de toda essa riqueza natural. Ações simples, como a do casal Wigold Schaffer e Miriam Prochnow, proprietários da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), na cidade de Atalanta, no Alto Vale. Na contramão das boas iniciativas, fica claro que as agressões à Bacia do Itajaí continuam. É bem verdade que o despejo de lixo doméstico e industrial diminuiu, porém, as escavações aumentaram, arrastando uma quantidade enorme de sedimentos para dentro dos rios e ribeirões. Essa é a nova ameaça que precisa ser combatida pelos órgãos de fiscalização.  Aliás, o poder público, maior interessado, é o que menos faz para conservar os recursos hídricos e todo o rico ecossistema existente na Bacia do Itajaí. 
Faltam recursos, prioridades e boa vontade. Mesmo diante da pressão da sociedade e do Ministério Público, as iniciativas de reduzir o despejo de esgoto doméstico no Itajaí-Açu e seus afluentes não passam de boas intenções. A ameaça também vem de cima. Toda vez que chove forte, o Vale do Itajaí entra em estado de alerta e soluções são lembradas para o recorrente problema das enchentes. 

E elas se tornaram cada vez mais trágicas à medida que áreas verdes são invadidas e devastadas. Precisamos de soluções urgentes para reverter esse cenário assustador, porém, a lentidão das decisões e dos trabalhos tornam as coisas mais difíceis.

Estamos, portanto, diante de enormes desafios na gestão dos recursos hídricos da Bacia do Itajaí, mas acreditamos que tudo começa por uma mudança de atitude da sociedade. São as pessoas que farão a diferença para que o Vale das Águas continue a ser uma terra de oportunidades e de prosperidade.

O que é a bacia?
A Bacia Hidrográfica do Itajaí está em uma área de 15 mil km², correspondente a 16,14% do território catarinense, onde estão assentados 53 municípios de três regiões: Vale do Itajaí, Norte e Grande Florianópolis. É a maior bacia de Santa Catarina e o Rio Itajaí-Açu é de maior curso d’água, com extensão de mais de 300 quilômetros desde suas nascentes até a foz, nos municípios de Itajaí e Navegantes. São cerca de 1 milhão de habitantes vivendo nessas regiões, incluindo duas importantes cidades no contexto econômico - Blumenau e Itajaí. O PIB - Produto Interno Bruto - do Vale é o maior de Santa Catarina, assim como o colégio eleitoral. 
Os principais rios da bacia são: Itajaí-Açu, do Oeste, do Sul, do Norte (Rio Hercílio), Itajaí-Mirim, Benedito e Luís Alves. Já a nascente mais distante da foz é a do Rio Hercílio (Itajaí do Norte), localizada no município de Papanduva, no Norte do Estado. Pelo rio, são 334 quilômetros de distância até a foz.
Uma bacia hidrográfica é todo um território cujas águas são drenadas para rios que irão desembocar em um mar ou em outro rio maior. A área é delimitada por uma linha imaginária chamada de “Divisor de Águas”, que são pontos altos que dividem o escoamento das águas, entre um rio e outro. A Bacia do Itajaí é formada por sete grande sub-bacias onde são sete grandes rios e seus afluentes. 

O Itajaí-Açu inicia no encontro dos rios Itajaí do Sul e Itajaí do Oeste, para depois se juntar ao Itajaí-Mirim há oito quilômetros do mar, passando a ser chamado apenas de Itajaí.

 Principais rios:
- Itajaí-Açu. Nasce em Rio do Sul, no encontro do Itajaí do Sul e Itajaí do Norte. Foz em Itajaí no encontro com Itajaí Mirim.

- Itajaí-Mirim. Nascente mais distante em Vidal Ramos. Foz em Itajaí no encontro com o Itajaí-Açu.

- Itajaí do Norte. Nascente mais distante em Papanduva. Foz no Itajaí-Açu em Ibirama.

- Itajaí do Oeste. Nascente mais distante em Rio do Campo. Foz no encontro com o Itajaí do Sul em Rio do Sul.
- Itajaí do Sul. Nascente mais distante em Alfredo Wagner. Foz no encontro com o Itajaí do Oeste em Rio do Sul.
- Benedito. Nascente mais distante em Doutor Pedrinho. Foz no Itajaí-Açu em Indaial.
- Luís Alves. Nascente mais distante em Luís Alves. Foz no Itajaí-Açu em Ilhota.

Jornal Metas, o SEU JORNAL
Com circulação desde 18 de março de 2000, o Jornal Metas, da cidade de Gaspar, no Médio Vale do Itajaí, nasceu da visão de dois empresários que acreditaram na pluralidade da informação. Em junho de 2002, a publicação passou para as mãos de José Roberto Deschamps, que trouxe a sua experiência comercial e visão empreendedora na área da comunicação. Desde então, investimentos na qualidade editorial e gráfica, com profissionais capacitados, e em tecnologia têm feito do Jornal Metas um dos mais conceituados veículos de comunicação impressa do interior de Santa Catarina. Em novembro de 2006, o Jornal Metas passou a ser bissemanal – quartas-feiras e sábados, o que deu um dinamismo ainda maior na busca e publicação da notícia.
Por conta da visão empreendedora de seu diretor e do compromisso das equipes com a informação, o Jornal Metas ocupa hoje o topo do ranking de veículo de comunicação impressa mais premiado do interior do Estado. Por seis anos consecutivos – 2010 a 2015 – o veículo venceu o mais concorrido prêmio de jornalismo de Santa Catarina: o Troféu Pena de Ouro, organizado pela Adjori - Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina. O site do Jornal Metas é também tricampeão do Prêmio Adjori/SC de Novas Mídias. Em 2014, o Jornal Metas também foi vencedor do Prêmio Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores. As premiações conferidas ao Jornal Metas não só comprovam o caminho do sucesso trilhado, mas também revela a capacidade de uma equipe de se reinventar a cada dia, para levar o melhor jornalismo aos seus leitores, pois o Metas é verdadeiramente O SEU JORNAL 

domingo, 16 de maio de 2021

- A curva do Rio Itajaí-Açu em Blumenau

A Curva do Rio Itajaí-Açu em Blumenau

Quando dr. Blumenau esteve por aqui pela primeira vez acompanhado pelo canoeiro Ângelo Dias, logo se encantou com a exuberância das matas, do rio e principalmente com a curva do rio. Este ano foi 1848 e veio para fazer o reconhecimento de sua futura “Colônia Blumenau”, jamais confundir com Colônia alemã.

As boas línguas contam que ao passar pela curva do rio se encantou tanto, que decidiu estabelecer por aqui seu projeto, mesmo sabendo através dos indígenas que lhes disseram: “dr. Blumenau, mas aqui pega enchente - teria respondido Hermann Blumenau ao indígena, “não enche” ...”

Como se formou a Curva do Rio Itajaí Açu em Blumenau?

Um capitulo a parte e é preciso entender, pois não é nos ensinado nas escolas entre tantos assuntos que não nos ensinam.

Existe uma pedra ou Laje chamada Lontra., ao ser observada pelos indígenas, deram o nome (quando o nível do rio estava abaixo de 2 metros) é escura e tem uma figuração comparada a uma “Lontra”. E essa laje começa do outro lado na rua Itajaí  na parte visível e passa por baixo do rio até onde se localiza mais ou menos a praça dr. Blumenau, e casa Caça e Pesca. Os colonos a chamavam de "Hunger stein" pedra da fome.

Bem, mas o que ela tem a haver com a curva? ... há milhares de anos quando o rio começou a se formar, ele (teria) começado a "forçar" o lado frontal dessa Pedra ou Laje, e "percebeu" que não dava para seguir reto e se curvou a aceitar, contornar e formar a curva do rio, ou Ponta Aguda também nome chamado pelos indígenas. Simples assim ... nesse caso aquele ditado: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”  as águas se “curvaram” é a lógica.

  “ PEDRA DO LONTRA  - como marco referencial da nossa conjuntura. 

Presumia-se, até os anos sessentas do século passado, que o nível das águas do rio Itajaí Açu, quando considerado em seu fluxo padrão, estivesse situado a cerca de 1,50 metros acima do nível do mar, no trecho, de seu curso, diante da posterior cidade de Blumenau, ou mais precisamente na linha da flor d’água que fluía sobre a Pedra do Lontra. Nos primórdios da colonização o que mais importava quanto ao nível das águas, era a condição de haver fluxo de águas com volumes suficientes à viabilidade da navegação, se bem que, por evidente, houvesse grande preocupação com possíveis enchentes. Nos períodos de longa estiagem a antiga Colônia permanecia completamente isolada de qualquer comunicação, por não haver, então, via alternativa de trafego que não fosse o Itajaí Açu.

Situações de calamidade ocorriam quase anualmente quando a pequena vazão das águas não permitia que as embarcações, provindas de Itajaí, com toda sorte de mantimentos e mesmo novos colonos, alcançassem Blumenau, necessitando procederem, quando ainda possível, o desembarque em Gaspar, cujo atracadouro situava-se onde, no presente, encontra-se a cabeceira da margem direita da Ponte Hercílio Deeke. Era o quanto acontecia com o vapor São Lourenço – de navegação marítima - que desde 1874 foi a embarcação que mais significativamente atendeu a Colônia Blumenau. O primeiro aportamento do São Lourenço em Blumenau, ocorreu em 22/11/1874.

O ponto referencial para verificarem se haveria condições de navegabilidade até o porto de Blumenau, era o cabeço da ¨Pedra do Lontra¨. Antes de 1937 era dita ¨ Otter Stein¨, mas devido a nacionalização que então ocorria de forma coercitiva, passaram nos documentos oficiais a referi-la como Pedra do Lontra, no masculino, porque na língua germânica Otter, ou seja Lontra, é masculino.

Na verdade, trata-se de uma extensa laje de pedra estratificada (em camadas) que se estende desde a margem direita do Itajaí Açu até pouco antes da margem esquerda, quando termina formando um cabeço mais elevado.

Observada do alto da margem, em períodos de seca, a aparência da escura laje coberta de liquens à guisa de pelagem cujos filamentos remexiam com a fraca correnteza, era a de uma gigantesca lontra, com o corpo submerso e cuja cabeça sobressaia da água, faz, com rio, a partir do local onde se encontra a casa “Caça e Pesca.” A chapada daquela pedra (“ Pedra ou Laje Do Lontra”- no masculino, como costumavam chamá-la até o ano de 1954 e com tal denominação a referia Raul Deeke, que estudou detalhadamente as enchentes visando emergir o casco do “Vapor Blumenau”, então semi submerso na foz do ribeirão de Tigre (Tigerbach) para colocá-lo nesta laje.

Na linguagem popular a Pedra da Lontra indicaria grande flagelo de seca, provocando escassez de alimentos – consequência muito relativa na atualidade e portanto denominação injustificável, vez que no passado, estando o rio, antes do seu aterro com pedras que forma o atual talude, mais largo em oito metros ou mais, motivo porque a Pedra do Lontra surgia com maior frequência, quando a vazão d’água em uma superfície mais larga era muito maior.. Há, entretanto, um raso canal – com a largura de cerca 3,50 metros e talvez 2,00 m de profundidade, em sentido oeste a partir do cabeço da Pedra, ou seja em direção à margem direita do rio. O mencionado canal foi aberto justo no ponto da ¨ NUCA do LONTRA ¨, segundo ouvi dizerem, resultou de explosão procedida por volta de 1905 pela empresa alemã que construía a Estrada de Ferro, porquanto era necessária maior profundidade naquele ponto para possibilitar que os vapores que transportavam os trilhos e ferragens das pontes da futura linha Férrea, pudessem ultrapassar aquele baixio, trafegando até alcançar a Foz do Velha onde localizava-se o primeiro canteiro de obras da ferrovia e também a Itoupava Seca no local onde construíram as oficinas da dita empresa. Pessoalmente penso que tal obra de explosão aconteceu muito antes, entre 1880 e 1905, ou talvez com os recursos dos 5 contos de réis, remetidos pelo Império ao dr. Blumenau, visando melhorias à navegação do rio. Sintetizando: A Laje do Lontra representa, na verdade absoluta, uma Barragem, um Talude, uma Represa, enfim um imenso Paredão submerso, que impede o escoamento das águas em nível profundo. Acaso removido, com o aprofundamento da calha em até quatro metros, o fluxo da vazão de fundo teria nível idêntico ao que apresenta o fundo do dito portinho da praça Hercílio Luz. Sim – parece inacreditável, porém o fundo do rio no dito portinho, situado a menos de cem abaixo da Laje, é 04 metros mais profundo que a chapada da plataforma da Laje do Lontra. Removida a laje, certamente ocorrerão efeitos colaterais, quiçá danos à sedimentação da areia na Prainha, o que, porém, poderá ser evitado mediante construção de proteção específica, em concreto.

Então a feitura de tais canais não traria vantagem alguma no escoamento das águas, quando muito formaria duas imensas ilhas, a ILHA DA PONTA AGUDA e a ILHA DO ABACAXI.

CANAL EXTRAVASOR, sim.... mas do Escalvado em direção à Penha. Tal Barra Morta foi um CANAL Extravasor NATURAL para quando níveis das águas alcançassem 16,00 metros em Blumenau.

Durante as tratativas do Kennel Clube que, em 1961, determinaram o assentamento do Vapor Blumenau, em 08/9/1961, sobre pilares do concreto na “Prainha”, foi, por Raul Deeke, aventada a hipótese de erigirem duas grossas pilastras sobre a Laje da Lontra, elevadas até nível idêntico ao do piso da Ponte Adolfo Konder (então já existente) para então lá sobreporem, sobre travessões de concreto constituídos em berço, o casco da embarcação com sua proa embicada para montante do rio. Pretendiam proceder o acesso ao Vapor Blumenau, após sua firme fixação sobre os pilotis, mediante o lançamento de uma ponte pênsil (pinguela) até barranca do rio próxima à Prainha.

2) Kennel Clube de Santa Catarina : Criado em 14/5/1952, com sede em Blumenau, cuja finalidade era amparar e fiscalizar a criação de cães de toda espécie, como os de caça, serviço, guarda ou luxo, porém todos de raça. Em 26/10/1952 ocorreu a 1ª Exposição de Cães promovida pelo Kennel Clube de Santa Catarina, realizada na sede social do Clube Blumenauense de Caça e Tiro, então ainda situado no bairro Bom Retiro, mais precisamente na atual ( ano 1997) rua Porto Alegre.

Raul Deeke inicialmente abraçou tal ideia, e insistiu junto ao seu irmão Hercílio Deeke, que então era o Prefeito Municipal, a fim de que a Prefeitura executasse as duas pilastras e travessões do berço. No entanto Hercílio Deeke, apesar de considerar a ideia louvável, ponderou que naquele período de crise financeira, a execução das soberbas pilastras, dariam margem à acerbas críticas, vez que nem mesmo meios havia para restabelecer o prédio da Prefeitura Municipal incendiado cerca de três anos antes.

Autoria : NIELS DEEKE, in memorian e Adalberto Day cientista Social e pesquisador da história. Arquivo Adalberto Day 

Leia mais:

A história do Rio Itajaí Açu.

https://adalbertoday.blogspot.com/2019/10/historia-do-rio-itajai-acu.html

A Pedra da Lontra:

https://adalbertoday.blogspot.com/2011/09/pedra-do-lontra.html